Boletim diário da ONU Brasil: “ONU encerra programas humanitários no Iêmen devido à falta de recursos” e 9 outros.
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Posted: 26 Aug 2019 02:11 PM PDT
Criança iemenita sofre de desnutrição grave aos quatro meses de idade. Foto: Giles Clarke | OCHA.
As Nações Unidas anunciaram na semana passada (21) que estão sendo forçadas a encerrar diversos programas humanitários no Iêmen, devido ao fato de o dinheiro prometido pelos Estados-membros não ter sido efetivamente pago à Organização.
“Estamos desesperados pelo financiamento prometido”, disse Lise Grande, a Coordenadora Humanitária das Nações Unidas para o Iêmen. “Quando o dinheiro não chega, pessoas morrem”, completou.
Em evento para angariar recursos para o Iêmen, realizado em fevereiro deste ano, a ONU e seus parceiros humanitários receberam a promessa de 2,6 bilhões de dólares para atender às necessidades urgentes de mais de 20 milhões de iemenitas. Até o momento, menos da metade deste valor foi recebido.
Dentre os 34 principais programas humanitários da ONU no Iêmen, apenas três têm recursos suficientes para funcionar até o fim do ano. Vários programas foram encerrados nas últimas semanas e muitos projetos de grande escala, pensados para ajudar famílias pobres e vítimas da fome, não puderam ser iniciados.
A previsão é de que outros 22 programas sejam encerrados, caso o financiamento não chegue nos próximos dois meses. “Temos vergonha desta situação”, disse Grande. “É muito difícil falar para uma família que não temos mais dinheiro para ajudá-la.”
O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) informou que a ONU foi obrigada a suspender grande parte das campanhas de vacinação no país em maio deste ano. A aquisição de medicamentos foi suspensa e milhares de trabalhadores da área da saúde não estão mais recebendo apoio financeiro.
Planos de construção de 30 novos centros de nutrição foram descartados, 14 abrigos e quatro instalações especializadas em saúde mental para mulheres também foram obrigados a encerrar suas atividades. Além disso, uma estação de tratamento de água, que era usada para irrigar áreas agrícolas, foi fechada no último mês de junho.
“Milhões de pessoas do Iêmen que não têm culpa de serem vítimas neste conflito dependem de nós para sobreviver”, lamentou a coordenadora humanitária da ONU no país.
Se os fundos prometidos na conferência de fevereiro não forem entregues nas próximas semanas, a distribuição de comida para 12 milhões de pessoas será reduzida, e pelo menos 2,5 milhões de crianças desnutridas serão retiradas de serviços essenciais.
Ainda, 19 milhões de pessoas irão perder a possibilidade de atendimento médico, incluindo 1 milhão de mulheres que dependem da ONU para ter acesso à saúde reprodutiva. Programas de água potável que atendem 5 milhões de pessoas serão encerrados até o fim de outubro, e dezenas de milhares de famílias deslocadas podem ficar desalojadas.
“Esta é a maior operação humanitária do mundo a lidar com a pior crise humanitária”, apontou Grande. “Quando recebemos investimento, fazemos uma enorme diferença.”
Ela também agradeceu os doadores que cumpriram suas promessas, dizendo que com o dinheiro “conseguimos dobrar e, em algumas áreas, triplicar a quantidade de ajuda que prestamos”.
“A diferença que fazemos quando temos recursos é imediata”, afirmou. “Em metade dos distritos onde pessoas não tinham o que comer, as condições melhoraram ao ponto dessas famílias não correrem mais o risco de passar fome”, concluiu.
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Posted: 26 Aug 2019 01:59 PM PDT
Com o apoio da Rede de Juventude Indígena (REJUIND) e do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), o evento aconteceu no espaço Maloca, na Universidade de Brasília (UnB). Foto: UNFPA
Com o foco em ampliar as discussões acerca de saúde sexual, reprodutiva e direitos, a Rede Brasileira de População e Desenvolvimento (REBRAPD) realizou no início de agosto (8) consulta temática com foco nos povos indígenas.
O objetivo foi reunir segmentos dessa população e de outros grupos da sociedade civil para debater os avanços e as lacunas encontradas 25 anos depois da Conferência Internacional de População e Desenvolvimento (CIPD), realizada no Egito.
Com o apoio da Rede de Juventude Indígena (REJUIND) e do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), o evento aconteceu no espaço Maloca, na Universidade de Brasília (UnB).
Segundo Rayanne França, uma das coordenadoras da REJUIND, a consulta específica para a população indígena representa o trabalho colaborativo feito com a sociedade civil e demonstra a necessidade de levar adiante as pautas das juventudes indígenas.
“A gente percebe o quanto a juventude tem focado nestas agendas ao falar de saúde sexual e reprodutiva, direitos. Então, estar nestes espaços nos mostra a importância de empoderar a juventude como sujeitos de direito”, ressaltou Rayanne.
A oficial de Gênero, Raça, Etnia e Comunicação do UNFPA no Brasil, Rachel Quintiliano, participou da mesa de abertura fazendo referência ao marco internacional da Conferência Internacional de População e Desenvolvimento, realizada no Cairo, em 1994.
Raquel mostrou a importância que o UNFPA e a agenda do Cairo têm nas discussões sobre população, principalmente com relação à capacidade de as pessoas planejarem suas vidas reprodutivas: ter ou não filhos, com quem e quando e o impacto disso na dinâmica populacional, para além de discutir o acesso a informações e direitos daquelas pessoas que estão em situação de maior vulnerabilidade.
“Neste ano, o UNFPA, ao publicar seu relatório anual, intitulado como ‘Um trabalho Inacabado’, fez uma extensa reflexão sobre as metas ainda não alcançadas do Plano de Ação da CIPD. Nessa análise, identificou três grandes esforços que devem ser empregados por toda a comunidade internacional até 2030. É necessário zerar as necessidades de contracepção não atendidas, as mortes maternas evitáveis e as violências ou práticas nocivas contra mulheres e meninas”, relatou a oficial.
A atividade contou com acadêmicos indígenas e fez parte do marco Plataforma Cairo + 25 Brasil, composta por mais de 15 eventos em dez estados, uma ação coordenada pela REBRAPD com o objetivo de discutir lacunas, desafios e oportunidades na agenda do Cairo. A intenção é ampliar a participação da sociedade civil e da comunidade científica, com especial atenção para pesquisadores e pesquisadoras do campo da saúde coletiva, relações internacionais e demografia.
O que foi a CIPD?
A Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (CIPD) foi realizada no Cairo, em 1994, e representou um marco histórico e uma mudança de paradigma na abordagem global sobre os temas de população e desenvolvimento: se antes os objetivos eram exclusivamente demográficos, após a CIPD o foco se tornou a promoção dos direitos humanos, com ênfase no exercício dos direitos reprodutivos e na autonomia das escolhas individuais. O ano de 2019 marca o 25º aniversário da Conferência, cujo documento foi pactuado por 179 países.
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Posted: 26 Aug 2019 01:38 PM PDT
O secretário-geral da ONU, António Guterres, e outros membros da organização posam com as três vítimas de terrorismo que falaram em evento oficial do Dia Internacional. Foto: UN Photo | Eskinder Debebe.
As cicatrizes do terrorismo “são profundas” e, por mais que possam diminuir com o passar do tempo, “elas nunca desaparecem”, disse o chefe da ONU na última quarta-feira (21), em sua mensagem para marcar o segundo Dia Internacional de Lembrança e Tributo às Vítimas de Terrorismo.
“O terrorismo, em todas suas faces e manifestações, continua a ser um desafio global”, disse Guterres. “Ele causa danos duradouros a indivíduos, famílias e comunidades”, acrescentou.
A Assembleia Geral das Nações Unidas estabeleceu em 21 de agosto o Dia Internacional de Lembrança e Tributo às Vítimas de Terrorismo, um dia para honrar e apoiar as vítimas e os sobreviventes. O dia também serve para divulgar e proteger os direitos humanos, exigir o justo cumprimento das leis e para prevenir e combater o terrorismo.
Vítimas e sobreviventes em todo o mundo demonstram “grande resiliência, coragem e energia” ao estabelecer alianças globais, enfrentar e contrariar falsas narrativas disseminadas por terroristas, e ao falar abertamente “contra a ameaça terrorista e sobre a ausência de justiça”, disse Guterres.
Ele defendeu um “apoio a longo prazo e multifacetado para as vítimas e os sobreviventes do terrorismo”, através de parcerias entre governos e sociedade civil, “para que possam se recuperar, reconstruir suas vidas e ajudar outros”, apontou.
“Apoiar as vítimas do terrorismo é uma das maneiras com as quais nós nos responsabilizamos por defender seus direitos e a nossa humanidade compartilhada”, disse o chefe da ONU. “Ao ouvir o que eles têm a dizer, podemos aprender mais sobre como unir nossas comunidades contra o terrorismo”, apontou. Ele também pediu a todos para “refletirem sobre as vidas que foram modificadas para sempre por conta do terrorismo”.
“Vamos nos comprometer a mostrar às vítimas que elas não estão sozinhas e que a comunidade internacional se solidariza com elas, onde quer que estejam”, concluiu o secretário-geral. “Em seus clamores por recuperação e justiça, elas falam por todos nós”, concluiu.
Atrocidades cruéis
Na estreia da exposição fotográfica para marcar a data, na sede da ONU em Nova Iorque, o secretário-geral disse que a ameaça terrorista e o extremismo violento estão “entre os nossos desafios mais complexos”.
Ele citou os “ataques hediondos” em Cabul, Cairo, Nigéria, Burquina Faso, outros locais próximos à bacia do Chade, e ao redor do mundo. “Muitas vidas inocentes foram tragicamente perdidas” por essas “atrocidades cruéis”, lamentou.
No começo deste ano, Guterres se encontrou com sobreviventes de ataques terroristas cuja “coragem e resiliência” o comoveu. “A mensagem deles era clara e simples”, disse. “Vamos transformar essas experiências traumáticas em energia positiva para alcançar mudanças.”
Nenhum país segue ileso
Yury Fedotov, diretor executivo do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), declarou que “muitas pessoas continuam a perder suas vidas para o terrorismo, e famílias e comunidades continuam a sofrer”.
“Os recentes ataques terroristas no mundo todo expuseram a terrível verdade de que nenhuma sociedade ou país permanece ileso ao terrorismo”, disse Fedotov.
O chefe do UNODC disse ainda que o escritório faz “tudo o que pode para impedir que tais tragédias aconteçam novamente”. “Os nossos primeiros e principais parceiros são as vítimas e sobreviventes do terrorismo, e o UNODC está empenhado em empoderar todos os que sofreram por este crime para que possam agir”, completou.
Ainda assim, vítimas e sobreviventes muitas vezes enfrentam desafios em sua busca por justiça, como dificuldades em acessar informação antes, durante e depois do processo penal; falta de mecanismos adequados baseados em gênero e idade; e também falta de apoio médico, financeiro ou legal a longo prazo.
“Os governos devem se esforçar para adequarem suas abordagens judiciais colocando o foco nas vítimas e nos seus direitos, como parte de suas ações antiterroristas e para que possam sanar todas as necessidades das vítimas ao mesmo tempo em que os criminosos são levados à Justiça”, disse o diretor do UNODC.
Apontando que as mulheres “são constantemente alvo dos terroristas”, ele citou o manual do UNODC sobre ‘ Dimensões de Gênero nas Respostas da Justiça Criminal ao Terrorismo’, documento que assinala medidas adequadas em relação às questões de gênero para uso dos governos, e que também aborda desafios específicos, “como preconceito e discriminação”.
“Nós precisamos de lideranças e da participação ativa de mulheres, se quisermos intensificar a prevenção e melhorar nossas respostas ao terrorismo”, afirmou Fedotov. “As vozes de todas as vítimas e sobreviventes de terrorismo são essenciais no combate e na prevenção a ataques futuros”, concluiu.
Ataque à embaixada dos Estados Unidos em Nairóbi
Sobreviventes de ataques terroristas participaram do evento em Nova Iorque em comemoração à data, se posicionando contra o ódio e compartilhando suas experiências.
Sarah Tikolo se tornou viúva aos 21 anos, com um filho de 4 meses, no dia 7 de agosto de 1998, quando seu marido Geoffrey foi morto no ataque à embaixada dos Estados Unidos em Nairóbi.
“Vivi com essa dor por muitos anos e foi muito difícil”, revelou. Mas recentemente ela decidiu que para ajudar a si mesma e o seu filho, ela precisava perdoar, como “o único modo de seguir em frente”, acrescentou.
Sarah contou que viver com raiva e amargura estava lhe causando “ainda mais danos”, “tanto física quanto emocionalmente”.
Agora é ela quem trabalha na embaixada dos EUA e comentou ser grata por ter como apoiar o estudo universitário de seu filho. “Não poderia estar mais orgulhosa dele e do que ele conseguiu”, declarou ao público do evento na sede da ONU em Nova Iorque.
Sobreviventes do ataque terrorista em Londres
Thelma Stober, do Reino Unido, sofreu “ferimentos graves e permanentes”, como a perda de um membro e danos a órgãos internos, como resultado dos ataques terroristas em Londres, em 7 de julho de 2005, no qual 52 pessoas morreram em seus caminhos para o trabalho, e centenas foram feridas.
“Após ter a sorte de sobreviver a esta atrocidade, resiliência, para mim, tem sido a persistência inabalável, a coragem e a determinação que carrego para alcançar o meu ‘propósito’, que é poder usar minha experiência para fazer a diferença na vida de outras vítimas e sobreviventes de terrorismo e outros crimes”, contou.
Por fim, Stober comentou que muito já foi escrito sobre ajudar vítimas de terrorismo, mas indagou: “quem vigia para garantir uma implementação eficaz, justa, transparente e igualitária sobre o assunto? Quem garante que os Estados-membros serão cobrados pelos compromissos que acataram?”. Para ela “este é um papel que deve ser o da ONU”.
Viúva do 11 de setembro
Maureen Basnicki, aeromoça da companhia aérea Air Canada, estava fazendo escala na cidade alemã de Mainz quando seu “amado esposo Ken” foi assassinado nos ataques de 11 de setembro de 2001 em Nova Iorque.
Basnicki disse que muitas coisas nos últimos 18 anos a ajudaram a lidar com a morte de Ken, entre elas “trabalhar incansavelmente para defender vítimas de crimes violentos e do terrorismo”, apontou.
Ela pediu à ONU “que cobre e recomende que as vítimas que cruzam fronteiras recebam o apoio pleno de seu país de origem”, e que garanta que esse apoio esteja “disponível não só em um primeiro momento mas também a longo prazo”.
“Leva apenas um segundo para acabar com a vida de alguém, mas todo o resto de uma para reconstruir outras”, disse. “Todas as vítimas no mundo de qualquer tipo de terrorismo precisam de apoio”, concluiu.
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Posted: 26 Aug 2019 01:28 PM PDT
Mulher durante protesto em Manágua, Nicarágua, em abril de 2018. Foto: Foto: Celia Mendoza/Voice Of America
O governo da Nicarágua deve cessar represálias contra funcionários da Radio Dario e acabar com a censura a outros trabalhadores da mídia, disseram nesta segunda-feira (26)relatores de direitos humanos das Nações Unidas.
“Alegações recentes mostram a repressão sistemática de jornalistas e trabalhadores da mídia, que relataram terem sido assediados, silenciados, ameaçados e agredidos”, disseram os especialistas.
Ataques contra a mídia e os defensores de direitos humanos aumentaram consideravelmente desde abril de 2018. Especialistas da área estão preocupados com o impacto que tais ações têm não só nas liberdades de expressão e de reunião pacífica mas também na redução acelerada do espaço cívico em um momento crítico para a sociedade nicaraguense.
Trabalhadores da emissora Radio Dario na cidade de León foram vítimas de assédio, ameaças, detenções arbitrárias e atos de violência. As instalações da emissora foram invadidas por indivíduos pró-governo que causaram danos graves ao espaço e impediram o trabalho dos funcionários. Temendo por suas vidas, algumas das vítimas saíram do país, deixando suas famílias em situação precária. Autoridades nicaraguenses não tomaram medidas para prevenir, investigar ou indiciar tais atos.
“Ataques a jornalistas e trabalhadores da mídia violam os direitos de indivíduos e da sociedade de procurar e receber informações. Em um contexto frágil como o da Nicarágua, o trabalho da mídia é de importância primordial no fortalecimento do espaço cívico”, disseram os especialistas em direitos humanos.
“Também estamos preocupados com campanhas de difamação e intimidação da mídia, (nas quais) os funcionários são acusados de serem inimigos da pátria. Esta é uma tática usada para induzir a sociedade a deixar de confiar na mídia, além de dissuadir o povo de se manifestar.”
Os especialistas manifestaram preocupação não só com a equipe do Radio Dario, mas também com a situação de jornalistas, trabalhadores da mídia e defensores dos direitos humanos em outras partes do país.
“Tememos que a situação dos trabalhadores da Radio Dario seja apenas um de muitos casos de repressão na Nicarágua. Nos preocupa que a mídia local possa não denunciar (possíveis problemas) por medo de represálias”, disseram os especialistas.
O comunicado é assinado por Michel Forst (França), relator especial sobre a situação dos defensores dos direitos humanos; David Kaye (Estados Unidos), relator especial sobre a promoção e a proteção do direito à liberdade de expressão e opinião; Clement Nyaletsossi Voule (Togo), relator especial do direito à reunião e associação pacífica; e Agnes Callamard (França), relatora especial sobre execuções extrajudiciais, sumárias ou arbitrárias.
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Posted: 26 Aug 2019 01:14 PM PDT
Atualmente, três iniciativas contam com a colaboração da equipe do UNFPA, todas com atendimento direto a adolescentes em situação de vulnerabilidade. Foto: UNFPA/Reprodução
Promover e tornar conhecidos os direitos de adolescentes, mobilizar ações de integração e oferecer apoio para que eles consigam planejar o futuro e desenvolver seu pleno potencial. Esses são alguns dos objetivos que movem diferentes projetos no oeste do Paraná, fruto de parceria entre o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e a Itaipu Binacional.
As aproximações começaram em abril, com a chegada em Foz do Iguaçu de uma equipe com dedicação exclusiva ao projeto Prevenção e Redução da Gravidez Não Intencional na Adolescência nos Municípios do Oeste do Paraná.
Aos poucos, outros programas apoiados pela Itaipu Binacional na região e que trabalham com o público adolescente foram recebendo apoio programático. Atualmente, já são três iniciativas que contam com a colaboração da equipe do UNFPA, todas com atendimento direto a adolescentes em situação de vulnerabilidade.
Redução nos índices de gravidez na adolescência
O primeiro projeto que contou com a aproximação e ação direta do UNFPA em Foz do Iguaçu foi o Anjo Gabriel. Criado em 2015 para atender gestantes moradoras do Jardim Canadá, na periferia de Foz do Iguaçu, a iniciativa acabou tendo como foco mães adolescentes, que são a maioria na região.
“Nesses quatro anos de projeto, atendemos 125 mulheres. Dessas, 70% foram mães entre os 11 e os 15 anos de idade, 28% entre os 16 e 19 anos, e 2% tiveram o primeiro filho com 20 anos ou mais”, explicou a coordenadora do projeto Anjo Gabriel, Judite Dalcin.
De acordo com Judite, os altos índices de gravidez não intencional na adolescência no Jardim Canadá refletem a extrema vulnerabilidade em que vivem dezenas de adolescentes.
“São meninas que vivem em meio à drogadição, à exploração sexual, sem (acesso a) saneamento básico, com famílias sem emprego e que deixam a escola por causa de uma gravidez não planejada”, declarou.
No projeto, as gestantes aprendem diferentes atividades, como corte e costura, confecção do enxoval do bebê, culinária e primeiros-socorros. A exigência é que elas residam na região e estejam realizando exames pré-natal. De todas as que foram atendidas pelo projeto, menos de 10% tiveram uma segunda gravidez.
Com a aproximação das equipes de UNFPA e Itaipu, o Anjo Gabriel tem recebido apoio na divulgação de informações sobre saúde e direitos. E, por meio de ajuda financeira do UNFPA, em agosto inicia também a oferta de aulas de música.
“Na última semana de agosto começam as aulas do coral com 50 crianças e adolescentes da região. Serão dez meses de curso, com aula uma vez por semana. As crianças que passarão pelo coral receberão orientações, formação e a possibilidade de um futuro melhor”, disse Judite.
“Nossa expectativa é de que, tirando essas crianças e adolescentes da rua, oferecendo mais cultura e conhecimento, elas possam ter mais perspectiva, inclusive evitando a evasão escolar e uma gravidez não desejada”, declarou.
Habilidades para a vida
Outra iniciativa que tem recebido apoio da parceria entre Itaipu e UNFPA é o Trilha Jovem Iguassu. Em sua décima edição e com 1.170 adolescentes e pessoas já alcançadas, o projeto trabalha com jovens de 16 a 24 anos e de baixa renda familiar.
Com atividades no contraturno escolar, a iniciativa busca capacitar esses jovens para o mercado de trabalho, especificamente nas áreas de turismo, eventos, hospedagem e comércio.
Desde maio, algumas das turmas do Trilha Jovem receberam oficinas ministradas por profissionais do UNFPA. As atividades têm como temas norteadores o autoconhecimento, o cuidado consigo próprio e os direitos sexuais e reprodutivos.
“O Trilha Jovem busca a integração social de adolescentes e jovens. As oficinas ministradas conseguem trazer descobertas e informações importantes para este público”, disse o coordenador pedagógico do programa, Wagner Grizort.
“Muitos jovens da faixa etária que atendemos são mães e pais. As oficinas trazem esse despertar, a reflexão sobre o cuidado e o preparo para que possam construir suas famílias de maneira saudável. Esses jovens possuem voz. E, a partir do momento que eles têm esse conhecimento e podem multiplicar essas informações, temos uma juventude mais empoderada e mais responsável”, declarou.
Oportunidades para superar vulnerabilidades
Em agosto foi a vez da aproximação com o programa ViraVida. Criado em 2008 pelo Conselho Nacional do Sesi Nacional, o ViraVida apoia jovens com idade entre 15 e 21 anos em situação de vulnerabilidade social. No Paraná, o programa existe desde 2010 e já alcançou mais de 1.190 jovens.
Desde 2014, o ViraVida mantém parceria também com a Itaipu Binacional na busca por transformação de vidas por meio de conhecimento, desenvolvimento de habilidades para a vida e a inserção no mercado de trabalho. Além de capacitação profissional, o programa oferece apoio psicossocial aos jovens.
Uma das principais metas do ViraVida é garantir direitos fundamentais de acesso à educação, a profissionalização e à dignidade. Com a presença da equipe do projeto em Foz do Iguaçu, a parceria entre UNFPA e ViraVida, que já havia sido firmada em nível nacional, passa também a ter ações no oeste do Paraná. Assim, neste ciclo, as duas turmas do programa em Foz do Iguaçu contarão com atividades semanais promovidas por profissionais da equipe do UNFPA.
“Um dos objetivos do ViraVida é trabalhar em rede e trazer novos parceiros, cada um com seu conhecimento específico, para propiciar o que há de melhor no momento e na nossa região para o público que atendemos. A parceria com o UNFPA vai nos ajudar em vários aspectos para o desenvolvimento desses jovens dentro das suas comunidades”, explicou o psicólogo do programa ViraVida do Sesi no Paraná, Lucas de Abreu.
“Nosso intuito não é só o trabalho dentro do espaço que a gente propicia para eles de segunda a sexta-feira. A gente também quer que eles sejam potenciais dentro dos lugares onde estão instalados naquele momento para que possam disseminar conhecimento, desenvolver novas atividades, promover geração de renda dentro de suas comunidades, dentro das suas famílias, que tenham uma perspectiva de mundo que possam passar para frente”.
Prevenção e redução da gravidez não intencional na adolescência
Assinado em 2018 entre UNFPA e Itaipu Binacional, o projeto Prevenção e Redução da Gravidez Não Intencional na Adolescência nos Municípios do Oeste do Paraná vem sendo desenvolvido com o objetivo de fortalecer as capacidades sócio-institucionais nos municípios participantes.
Com os investimentos adequados, milhares de adolescentes e jovens no oeste do Paraná têm a oportunidade de planejar o futuro, fortalecer habilidades e projetos de vida para uma transição segura e saudável para a vida adulta, contribuindo para suas famílias e comunidades onde vivem.
O projeto conta com ações em quatro frentes: saúde, educação, gestão do conhecimento e comunicação. Na perspectiva do desenvolvimento econômico da região, ações nessas quatro frentes têm contribuído para o pleno desenvolvimento e fortalecimento das trajetórias de vida de adolescentes e jovens.
As ações também têm foco no desenvolvimento socioeconômico, criando e ampliando oportunidades para que adolescentes e jovens ajudem na construção de serviços acolhedores de saúde e também tenham garantidas condições de ampliar suas habilidades para a vida e competências socioemocionais.
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Posted: 26 Aug 2019 12:14 PM PDT
Secretário-geral da ONU, António Guterres, ressaltou que violência de gênero é pandemia global. Foto: ONU/Loey Felipe
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse nesta segunda-feira (26) que as Nações Unidas estão disponíveis para realizar um evento sobre a Amazônia durante o encontro de alto nível da Assembleia Geral, que acontece em Nova Iorque em setembro.
Guterres falou com jornalistas em Biarritz, na França, paralelamente ao encontro anual do G7, que reúne as sete maiores economias mundiais.
O chefe das Nações Unidas explicou que nesse encontro “os países da Amazônia e todos aqueles que quiserem apoiá-los poderiam se comprometer com a vontade coletiva da humanidade de preservar esse patrimônio universal, que é absolutamente essencial para o bem-estar da população mundial e decisivo para evitar as mudanças climáticas”.
Segundo agências de notícias, o G7 decidiu desbloquear uma ajuda de emergência de 20 milhões de euros para a Amazônia. Os recursos serão destinados principalmente para o envio de aviões de combate a incêndio.
O chefe da ONU disse que este apoio “é muito importante”. Segundo ele, existe “um forte apelo à comunidade internacional para apoiar os países da Amazônia, agora no combate aos incêndios e depois no reflorestamento, que é essencial para preservar esse patrimônio indispensável da humanidade.”
António Guterres disse esperar que seja possível “mobilizar muito mais recursos no futuro para apoiar os países da Amazônia e que a vontade política desses países possa ser totalmente engajada”.
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Posted: 26 Aug 2019 11:53 AM PDT
Autoridades dos países do G7 reúnem-se no Hotel du Palais Biarritz, na França, em 25 de agosto de 2019. Foto: Casa Branca/Andrea Hanks
Pessoas de todo o mundo pedem uma mudança para um futuro mais verde e limpo, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, nesta segunda-feira (26), enfatizando que “temos as ferramentas para enfrentar a emergência climática, mas precisamos de mais vontade política”.
A mensagem foi publicada no Twitter a partir de Biarritz, na França, onde o chefe da ONU se reuniu nos últimos dois dias com líderes do G7 para mobilizar ações antes de sua Cúpula de Ação Climática no mês que vem em Nova Iorque.
Falando a jornalistas, Guterres disse que a Cúpula da ONU — e a necessidade de ação concreta — surgem no contexto de uma “dramática emergência climática”, com a Organização Meteorológica Mundial (OMM) das Nações Unidas relatando que o período de 2015 a 2019 está no caminho de ser o mais quente já registrado e com as mais altas concentrações de C02 na atmosfera.
Com o derretimento do gelo na Groenlândia e incêndios recorde ocorrendo do Ártico ao Alasca e na Amazônia, o secretário-geral da ONU disse que “estamos muito pior do que estávamos durante (as negociações do acordo de) Paris”, referindo-se à conferência de 2015 na capital francesa que deu origem ao acordo climático que visa aliviar o aquecimento global e reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
Ele disse que evidências científicas recentes fornecidas pelo Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudanças Climáticas (IPCC) deixaram claro que “nós absolutamente precisamos manter a elevação da temperatura em até 1,5 graus Celsius até o fim do século e ser neutros em carbono até 2050 e ter uma redução de 45% das emissões até 2030”.
“E, portanto, é absolutamente essencial que os países se comprometam a aumentar o que foi prometido em Paris, porque o que foi prometido (lá) não é suficiente”, disse Guterres, pedindo mais ambição e mais comprometimento para esse fim.
O chefe da ONU disse que a sociedade está se mobilizando, assim como a juventude mundial, “e queremos que os países cheguem a Nova Iorque e se comprometam a ser neutros em carbono em 2050, podendo aumentar substancialmente sua ambição nas Contribuições Nacionalmente Determinadas às ações climáticas que devem ser revistas em 2020.”
Guterres também enfatizou a necessidade de garantir que os países estejam “transferindo os impostos das pessoas para o carbono”, acabando com os subsídios aos combustíveis fósseis, e que mais usinas a carvão não sejam construídas depois de 2020.
“Tudo isso exige muita vontade política, e o G7 foi uma excelente oportunidade para apelar ao envolvimento muito forte da comunidade internacional”, disse o secretário-geral da ONU, acrescentando que “os jovens têm liderado o caminho, e nós começaremos a reunião com uma Cúpula da Juventude da ONU, mas precisamos, especialmente os países que pertencem ao G7, dar um exemplo positivo.”
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Posted: 26 Aug 2019 09:53 AM PDT
Clique para exibir o slide.Entre os dias 12 e 14 de agosto, 70 solicitantes de refúgio, sendo 67 venezuelanos, foram atendidos em um mutirão realizado pela organização social Compassiva em sua sede, na Liberdade, em São Paulo (SP). A maior demanda por parte dos venezuelanos reflete o desejo dessa população de ter seus conhecimentos reconhecidos para atuarem em suas áreas de formação.
A revalidação do diploma de profissionais qualificados recém-chegados ao Brasil que solicitaram o reconhecimento da condição de refugiado é um elemento fundamental do processo de melhor integração destas pessoas à sociedade. Por meio deste processo, há benefícios mútuos tanto para as pessoas em situação de refúgio, que buscam oportunidades de desenvolvimento condizentes com suas capacidades, como também para as empresas e comunidade acadêmica que podem contar com os novos saberes e experiências trazidos por essas pessoas.
Com o olhar atento sobre a importância de revalidação de diploma, na maioria das vezes oneroso e burocrático, a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) estabeleceu desde 2016 uma parceria com a Associação Compassiva para facilitar que pessoas refugiadas tenham os seus diplomas revalidados no Brasil. Até agosto de 2019, foram reconhecidos 34 diplomas e outros 147 pedidos de revalidação estavam em tramitação.
“Quase nenhum dos venezuelanos que atendemos tem toda a documentação necessária ou mesmo a condição de refugiado reconhecida, o que ocasiona um processo de revalidação ainda mais lento. Mas duas universidades, Universidade Federal Fluminense e Universidade Estadual do Amazonas, já possibilitaram a entrada de pedidos de revalidação de pessoas que são solicitantes de refúgio”, afirmou Camila Suemi, advogada da Compassiva.
O venezuelano Luiz, de 29 anos, vive há quatro no Brasil. Engenheiro químico de formação, deixou a Venezuela por conta da “difícil situação” que o país enfrenta e no Brasil ainda não conseguiu atuar em sua área de formação, sendo necessário a revalidação de diploma para dar entrada ao reconhecimento no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA).
“Estou bem aqui no Brasil, feliz com o cargo que exerço atualmente, mas espero que essa etapa de formação da minha carreira seja reconhecida para que só então eu possa solicitar o reconhecimento pelo CREA, o que pode abrir outras oportunidades”, afirmou.
Já a venezuelana Adriana, de 32 anos, vive no Brasil há três. Com formação em administração e gerência de recursos humanos, também não conseguiu emprego em sua área e há dois meses abriu o seu próprio negócio em São Paulo, contribuindo assim para tornar a economia local mais dinâmica.
“Me tornei microempreendedora no Brasil e abri uma cafeteria no bairro Pompeia. Neste trabalho, coloco em prática meus conhecimentos da universidade, mas seria importante ter o diploma revalidado para dar continuidade aos meus estudos, aperfeiçoando meus saberes”, disse a empreendedora.
Dados e perfil da população refugiada no Brasil
A chegada de venezuelanos ao Brasil, somando-se ao fluxo de pessoas de outras nacionalidades que requerem proteção internacional, somaram ao término de 2018 o acumulado de mais de 160 mil pedidos para serem reconhecidos como refugiados no país – só em 2018 foram 80 mil pedidos registrados.
Dados do Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE) revelam que as pessoas reconhecidas como refugiadas no Brasil são majoritariamente de perfil masculino (66%) e em idade produtiva (80% entre 18 e 59 anos).
Em julho deste ano, o ACNUR lançou um estudo sobre o perfil socioeconômico de refugiados no Brasil, realizado por professores ligados à Cátedra Sérgio Vieira de Mello (CSVM) – um grupo de 22 instituições de ensino superior que trabalham com o tema dos refugiados no ensino, pesquisa e extensão.
De acordo com os dados, a população refugiada demonstra elevada escolaridade, acima da média brasileira: mais de 34% dos entrevistados concluíram o Ensino Superior. Porém, do universo pesquisado (487 pessoas entrevistadas), apenas 14 refugiados tiveram seus diplomas revalidados.
Outro estudo, realizado em 2017 pela Cátedra Sérgio Vieira de Mello (CSVM) e pelo Observatório das Migrações internacionais (OBMigra), analisou o perfil sociodemográfico e laboral dos refugiados e migrantes venezuelanos no Brasil.
Nestes dados, revelam-se um fluxo majoritariamente jovem (72% do total entre 20 e 39 anos), predominantemente masculino (63%) e solteiro (54%), assim como elevados índices de escolaridade: 78% dos venezuelanos entrevistados tinham nível médio completo e 32% com superior completo ou pós-graduação, revelando o alto potencial de contribuição para o desenvolvimento do Brasil nas mais diferentes áreas de conhecimento.
O processo de revalidação de diplomas
No Brasil, o processo de revalidação de diplomas consiste em apresentar uma série de documentos a uma universidade pública brasileira, que será responsável por analisar a equivalência do diploma ao currículo válido no Brasil.
Cópia do diploma, do histórico escolar, titulação do corpo docente, informações institucionais, conteúdo programático e reportagens que validam a qualidade da universidade são os documentos solicitados para dar início ao processo. O interessado também deverá pagar uma taxa referente ao custeio das despesas administrativas que chegam a 7 mil reais para a graduação e de 14 mil reais para pós-graduação.
Reconhecendo as dificuldades de pessoas que foram forçadas a se deslocar de seus países, e que muitas vezes não possuem os documentos exigidos, o artigo 14 da Portaria Normativa do MEC nº 22 de dezembro de 2016 prevê que pessoas reconhecidas como refugiadas pelo CONARE terão direito a um processo facilitado. Em vez de apresentar os documentos, a pessoa terá o direito de realizar uma prova no qual seus conhecimentos e habilidades na área em questão serão testadas.
“Apesar do processo facilitado ser de extrema importância, tal norma se aplica apenas às pessoas com o status de refugiado formalmente reconhecido pelo CONARE e não abrange a maioria dos venezuelanos, que são solicitantes da condição de refugiado. Essa realidade evidencia a necessidade de buscar meios para facilitar o processo de reconhecimento dos diplomas dos solicitantes de refúgio que também enfrentam a falta de recursos e documentos, mas não possuem os mesmos direitos e acesso aos processos facilitados que os refugiados reconhecidos têm”, disse Camila Suemi, da Compassiva.
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Posted: 26 Aug 2019 08:56 AM PDT
Clique para exibir o slide.Com o objetivo de promover oportunidades de integração social e econômica em Roraima, o evento Inspira Boa Vista reuniu no início de agosto mais de 80 instituições da área de educação financeira e empreendedorismo. O encontro, que foi idealizado para inspirar refugiados, migrantes e brasileiros a iniciar seus próprios negócios na região, ofereceu aos participantes oficinas e palestras voltadas à geração de renda e ao planejamento financeiro.
Uma das participantes foi Sandra Sanguina, de 37 anos. Ela é colombiana e vive em Boa Vista há três anos. Sanguina conta que foi forçada a se deslocar da Colômbia para a Venezuela em 2001. Mais recentemente, devido à difícil situação do país, foi forçada novamente a se deslocar e veio para o Brasil. “Não quero ter que procurar refúgio de novo, quero crescer e colaborar com a economia desse país que me acolheu”, disse ela.
Hoje, Sanguina é casada com um brasileiro. Apesar de ser fisioterapeuta, ela atua como confeiteira autônoma e sonha em abrir seu próprio negócio. Ela foi uma das atentas ouvintes da palestra de educação financeira oferecida pelo Banco Central, umas das instituições participantes do evento. “A palestra de hoje me ensinou muito sobre planejamento pessoal e também como agir e reagir às armadilhas do mercado. A partir de hoje estarei mais atenta sobre como eu gasto o meu dinheiro”, disse.
O evento, idealizado pelo Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Sustentável (CIEDS), foi uma ação colaborativa entre organizações da sociedade civil, setor público, privado e agências do Sistema das Nações Unidas.
A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) apoiou o evento disponibilizando promotores comunitários refugiados e brasileiros que facilitaram o acesso ao evento e conduziram os visitantes aos expositores. A iniciativa recebeu também o suporte financeiro da União Europeia, que tem contribuído com o fortalecimento da resposta aos venezuelanos na região norte do Brasil e ajudando a promover a integração e a convivência pacífica dessas pessoas com a comunidade local.
A ONU Mulheres promoveu a exposição de produtos fabricados por mulheres venezuelanas e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) articulou a vinda de palestrantes como o analista de Promoção de Cidadania Financeira do Banco Central, João Evangelista.
“Fiquei muito impressionado com quantidade de refugiados e migrantes durante as palestras e com o quanto eles participaram”, declarou Evangelista, que também destacou que eventos como esse são essenciais para desenvolver uma consciência financeira sustentável, principalmente para as pessoas que recebem ajuda humanitária.
“Essa parceria entre agências e organizações da sociedade civil é essencial não apenas para as pessoas saberem como abrir uma conta de banco, ou ter acesso ao crédito, mas para que tenham conhecimento sobre como lidar com sistema financeiro do país. Afinal, o mais importante não é o quanto se ganha, mas o quanto e como se gasta. Isso é sustentabilidade”, pontuou.
Cerca de 60 atividades gratuitas foram oferecidas durante os dois dias de evento (3 e 4 de agosto), que contou com a participação de aproximadamente 1 mil pessoas. Cada adulto visitante recebeu um “passaporte” com a lista de atividades no qual gostaria de participar como, por exemplo, as oficinas sobre formalização como Microempreendedor Individual (MEI), empreendedorismo, produção de materiais eco sustentáveis, escola de Youtubers, panificação caseira, além de postos de informação sobre estágio, start-up e acesso a crédito. Ao final, o Inspira Boa Vista contabilizou mais de 5,6 mil atendimentos.
Uma das seções mais visitadas do evento foi a exposição de produtos de pequenos empreendedores, na sua maioria venezuelanos moradores de algum dos abrigos administrados por ACNUR, Forças Armadas e parceiros. Destaque em meio aos estandes, as Eco Bags do projeto Mujeres, ¡Pa’lante!, produzidas por moradoras do abrigo Jardim Floresta, fizeram sucesso entre os visitantes.
Um grupo formado por 28 mulheres venezuelanas residentes do abrigo Jardim Floresta viram a oportunidade de usar seus talentos de costura para transformar as tendas que moravam em bolsas recicláveis. “Ao chegarem no abrigo, as mulheres ficavam muito desanimadas e não evoluíam. A melhor maneira de motivá-las a saírem desse estado foi proporcionando a oportunidade de criarem as Eco Bags”, explicou Rebeca Laya, de 38 anos, refugiada e uma das costureiras do projeto. Rebeca, assim como suas companheiras, teve a oportunidade de expor seu produto e de participar das oficinas de empreendedorismo e reciclagem durante o evento.
O ACNUR acredita que, apesar das dificuldades enfrentadas pela situação de deslocamento forçado, refugiados podem trazer grandes benefícios à comunidade de acolhida se tiverem a oportunidade de investir em suas aptidões. “Existem muitas ideias e talentos dentro e fora dos abrigos, e muitas vezes o que falta é conhecimento de como transformar isso em algo que gere renda. Por isso, o ACNUR apoia inciativas que incentivem as pessoas refugiadas a desenvolverem projetos autossustentáveis e colaborativos dentro da comunidade em que vivem”, disse Esther Benizri, chefe do escritório do ACNUR em Roraima.
O brasileiro Carlos Varela, de 49 anos, morador de Boa Vista, viu o evento como um primeiro passo para uma mudança de consciência e uma importante oportunidade de crescimento para a cidade. “Todos falam sobre a necessidade de se investir mais em Boa Vista, e isso é verdade. Mas o primeiro investimento é incentivar o conhecimento e estimular o empreendedorismo entre os locais e os refugiados”, ressaltou.
Carlos entende que é possível encontrar formas de brasileiros trabalharem juntos com refugiados e que, como consequência, outros refugiados seriam naturalmente acolhidos nessa rede de colaboração tendo a oportunidade de buscar melhores condições de vida e de contribuir com a comunidade de acolhida.
A gestora do CIEDS e organizadora do evento, Rosane Santiago, lembra que esse só foi o primeiro passo para mais ações conjuntas com o intuito de fomentar a consciência empreendedora sustentável. Ela diz que depois de mapear potenciais iniciativas locais, foi possível perceber que já havia meios de promover o empreendedorismo na região, mas que era necessário organizar as ações nesse sentido. “O evento nos ofereceu uma oportunidade de integrar todas essas iniciativas com organizações que fornecem conhecimento nessa área, e essa foi a semente para os frutos que esperamos colher em um médio e longo prazo”.
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Posted: 26 Aug 2019 07:45 AM PDT
Chamas consomem floresta amazônica em Rondônia (22 de agosto de 2019) – Foto: Corpo de Bombeiros – CBM/RO
Os incêndios em andamento na floresta amazônica são um alerta severo das crises ambientais enfrentadas pelo mundo — de clima, biodiversidade e poluição. A afirmação foi feita na sexta-feira (23) pela diretora-executiva da ONU Meio Ambiente, Inger Andersen.
“Não podemos arcar com mais danos a este precioso recurso natural, que abriga 33 milhões de pessoas — incluindo 420 comunidades indígenas —, 40 mil espécies de plantas, 3 mil espécies de peixes de água doce e mais de 370 tipos de répteis”, declarou.
A diretora-executiva da ONU Meio Ambiente lembrou ainda que a Amazônia, juntamente a outras grandes florestas, como as florestas tropicais da Bacia do Congo e da Indonésia, é uma defesa natural contra o aquecimento global devido à sua capacidade de mitigar e se adaptar às mudanças climáticas.
“Gerenciá-la de forma sustentável será um ponto crítico para reverter os danos já causados. Falhar na contenção dos danos terá graves impactos na saúde e nos meios de subsistência humanos, dizimando a rica biodiversidade e deixando o mundo mais exposto às crises climáticas e a ainda mais desastres.”
A oficial declarou que a ONU Meio Ambiente está pronta para trabalhar com Estados-membros — incluindo o Brasil — na resposta “a esta crise atual e no apoio aos seus esforços para alcançar as metas ambiciosas do Acordo de Paris” para o clima.
“O Brasil tem uma longa tradição de ações para proteger a Amazônia e continuaremos a trabalhar com o governo e o povo do Brasil fornecendo ciência, ferramentas e avaliações para orientar políticas baseadas em evidências, convocando os Estados-membros a enfrentar desafios ambientais urgentes e advogando em nome da Amazônia e de outras florestas em todo o mundo.”
“Na Cúpula de Ação Climática do Secretário-Geral, em setembro deste ano, nos uniremos aos Estados-membros, colegas da ONU, setor privado e sociedade civil para pedir por uma proteção mais forte para as florestas da Terra e para os defensores ambientais, que passam a vida trabalhando para salvar estes recursos.”
“Instamos os Estados-membros a se unirem e tomarem as medidas necessárias para extinguir os incêndios em andamento, prevenir o início de incêndios futuros e proteger a Amazônia em benefício do Brasil e do mundo”, concluiu.
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