Bolsonaro anuncia Ricardo Vélez Rodríguez como ministro da Educação
Nascido em Bogotá, Rodríguez é defensor do projeto Escola sem Partido e considera o Enem um ‘instrumento de ideologização’
O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), usou sua conta no Twitter para anunciar na última quinta-feira, 22, o nome do ministro da Educação do seu governo. O cargo será ocupado pelo colombiano Ricardo Vélez Rodríguez.
“Velez é professor de Filosofia, mestre em Pensamento Brasileiro pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, doutor em Pensamento Luso-Brasileiro pela Universidade Gama Filho e pós-Doutor pelo Centro de Pesquisas Políticas Raymond Aron, de Paris, com ampla experiência docente e gestora”, informou Bolsonaro.
Rodríguez, que é autor de mais de 30 obras, já teria se naturalizado brasileiro. Nascido em Bogotá, o colombiano tem 75 anos, veio para o Brasil fazer pós-graduação na década de 1970 e, atualmente, é professor emérito da Escola de Comando e Estado Maior do Exército. Ele também e autor do blog “Rocinante”, que se apresenta como “um espaço para a defesa da Liberdade, da forma incondicional em que Dom Quixote fazia nas suas heroicas empreitadas”.
O futuro ministro prometeu adotar o lema de Bolsonaro em sua gestão: “Mais Brasil, menos Brasília”, enfatizando a educação municipal. “Aposto, para o MEC, numa política que retome as sadias propostas dos educadores da geração de Anísio Teixeira, que enxergavam o sistema de ensino básico e fundamental como um serviço a ser oferecido pelos municípios, que iriam, aos poucos, formulando as leis que tornariam exequíveis as funções docentes”, escreveu Rodríguez em seu blog.
Ainda de acordo com o futuro ministro, entre os que apoiaram o seu nome para o cargo está Olavo de Carvalho. “Amigos, escrevo como docente que, através das vozes de algumas pessoas ligadas à educação e à cultura (dentre as quais se destaca o professor e amigo Olavo de Carvalho), fui indicado para a possível escolha, pelo Senhor Presidente eleito Jair Bolsonaro, como ministro da Educação”, escreveu Rodríguez em seu blog.
Desconhecido na comunidade educacional, Rodríguez é um forte crítico ao PT e considera o Enem um “instrumento de ideologização”. Ele já afirmou que os brasileiros estão “reféns de um sistema de ensino alheio às suas vidas e afinado com a tentativa de impor, à sociedade, uma doutrinação de índole cientificista e enquistada na ideologia marxista, travestida de revolução cultural gramsciana”.
Em uma ocasião, ele também afirmou ser necessário “que se limpe todo o entulho marxista que tomou conta das propostas educacionais” e defendeu as escolas militares como opção. “Os Institutos Militares são excelentes lugares de ensino. Concordo. Mas não é, exatamente, questão de dinheiro. Eles são excelentes porque há patriotismo e porque neles se faz o que de muito tempo não se faz em não poucas instituições públicas de ensino: há estudo, disciplina, valorização dos docentes e amor pelo Brasil”, escreveu Rodríguez.
Alinhado à bancada evangélica
A indicação de Rodríguez para o cargo agradou a bancada evangélica. Isso porque, inicialmente, Bolsonaro cogitou indicar para o posto Mozart Neves, diretor do Instituto Ayrton Senna. Porém, o nome de Neves recebeu fortes críticas de evangélicos, que queriam Guilherme Schelb no cargo.
Schelb é defensor do projeto Escola sem Partido, crítico do que classifica como “doutrinação abusiva” no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e seu nome tinha o aval do pastor Silas Malafaia.
No entanto, Bolsonaro acabou por optar por Rodríguez, indicação de Olavo de Carvalho. O nome agradou os evangélicos, uma vez que Rodríguez defende as mesmas propostas de Schelb.
“Já disse e repito: Nosso apoio ao Bolsonaro é por vinculação de princípios. Pode ter certeza de que é um excelente nome, ligado à Educação. De 1 a 100, dou 100 a Bolsonaro pela escolha do nome. Não o conheço pessoalmente, mas seu currículo é notável na área do ensino”, disse o atual líder da bancada evangélica, o deputado Takayama (PSC-PR), segundo noticiou o Globo.
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Para alguns a “contaminação pelo viés ideológico” é aceitável, desde que seja da sua ideologia e isso dá origem à fala corrente nos dias atuais de que só a esquerda é que é ideológica.