Se Donald Trump for uma pessoa generosa (o que não é demonstrado por suas doações filantrópicas), ele deveria dividir o título de pessoa do ano com Vladimir Putin, outro bilionário tampouco conhecido por sua generosidade.
Ao lado de Trump, o presidente russo é o grande vencedor de eleições em 2016, tanto na Europa, com o referendo Brexit que removerá a Grã-Bretanha da União Europeia, debilitando o lado já mais fraco da aliança ocidental, como obviamente nos EUA.
Trump é uma espécie de idiota útil dos interesses russos. Alguns acham que existe um toque de gênio, uma grande jogada estratégica, do presidente eleito ao se alinhar a Putin para enfraquecer os chineses. Seria o contrário do que Richard Nixon fez na Guerra Fria, quando normalizou relações com a China no jogo triangular com a então União Soviética.
No caso da China, existe de fato a disposição de Trump confrontar Pequim, não por motivos ideológicos ou indignação com a ditadura comunocapitalista, mas por razões meramente mercantilistas.
No caso da Rússia, existe o fascínio de Trump com o homem forte Putin e ele o considera um aliado em uma nova ordem mundial, na qual a Otan é obsoleta e tradicionais aliados americanos no resto do mundo, a destacar na Àsia, devem ser virar.
Putin não poderia ficar mais contente com um presidente assim no pais ainda mais poderoso do mundo. Trump está a serviço de Putin. Basta ver os acontecimentos dos últimos dias.
A confirmar a indicação de Rex Tillerson, chefão da petrolífera Exxon, como secretário de Estado, Putin não poderia ficar mais satisfeito. Tillerson já foi condecorado pelo presidente russo e nunca escondeu ser contrário às sanções pela agressão de Putin na Ucrânia.
A inteligência americana diz ter evidências de que hackers a serviço do regime Putin interferiram no processo eleitoral americano para favorecer Donald Trump, minando o sistema americano.
Trump repudia as conclusões do aparato de segurança nacional, que em breve estará sob seu comando, lembrando os erros que a inteligência cometeu nos eventos que desembocaram na invasão do Iraque (as armas de destruição em massa de Saddam Hussein que não existiam). Moscou nega interferência e Trump, o idiota útil, ecoa a agitprop, insistindo não acreditar que tenha ocorrido.
Trump reforça o serviço de Putin, minando as instituições americanas. E olha que o idiota útil ainda nem assumiu o cargo de líder do mundo livre. Ele sequer acredita nas instituições encarregadas de defender o mundo livre, com a CIA ou a imprensa. Acredita basicamente nele, como se fosse o único capaz de dar conta do recado.
Quem é mais idiota? O líder ou os seus seguidores?