Boletim diário da ONU Brasil: “Refugiado do Sudão do Sul luta para manter estudos na República Democrática do Congo” e 10 outros.
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Posted: 06 Sep 2019 01:29 PM PDT
Clique para exibir o slide.O adolescente sul-sudanês Gift, de 14 anos, teve o melhor desempenho entre os estudantes de sua classe no assentamento de Biringi, na República Democrática do Congo (RDC), nos últimos três anos. Mas, isso pode não ser suficiente para mantê-lo na escola.
Apesar de todo seu trabalho duro, uma enorme nuvem paira sobre seu futuro. O talentoso adolescente está em seu último ano da escola primária, ao leste da RDC, onde as vagas na escola secundária são poucas e em lugares distantes.
“Quando crescer, gostaria de me tornar professor. Gostaria de fazer isso porque gosto de ajudar aqueles que têm menos conhecimento”, disse ele em entrevista à Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) sobre a ambição que o levou adiante, contra todas as probabilidades.
Gift fugiu da guerra que estava devastando sua terra natal, o Sudão do Sul, um conflito que acabou com a vida de seu pai. Determinado a ter sucesso, aprendeu francês do zero e, para conseguir estudar à noite, criou iluminação a partir de peças sobressalentes de uma lâmpada solar quebrada.
O ACNUR ajuda crianças refugiadas, como Gift, a frequentar a escola, fornecendo doações em dinheiro que auxiliam as famílias a pagarem as taxas e a comprar livros, suprimentos e uniformes.
Mas tanto os fundos quanto as oportunidades são limitados, principalmente no ensino médio, o que significa que Gift e milhares de outras crianças refugiadas do Sudão do Sul podem ter que interromper prematuramente seus estudos.
Gift e o tio, que se tornou seu tutor legal depois da morte de seu pai e de perder contato com a mãe, buscaram segurança no assentamento de Biringi, em 2016.
O menino se lembra bem de seu primeiro dia na escola primária de Uboko, onde 800 crianças congolesas e refugiadas estudaram juntas depois que a escola foi reabilitada pelo ACNUR. Ele estava empolgado e agradecido por ter recebido uma nova chance de estudar.
“A guerra faz muita gente sofrer — tive que deixar a escola por causa dela. Quando descobri que estava voltando a estudar, fiquei feliz ”, disse ele.
O domínio do francês, o principal idioma de instrução na RDC, foi alcançado com a participação de cursos oferecidos pelo ACNUR — onde Gift até venceu um concurso de ortografia da província.
Entretanto, ele teve um problema prático. Sem eletricidade, não tinha luz para estudar em casa à noite. A solução foi projetar sua própria lâmpada movida a energia solar. “Eu tive que construir isso”, disse ele, segurando uma luz frágil feita de três lâmpadas e uma bateria solar presa por fita adesiva.
Como as crianças do Sudão do Sul continuam a procurar refúgio no território congolês, a diferença na educação está aumentando. Apenas 4.400 das 12.500 crianças do Sudão do Sul na RDC têm acesso até ao ensino primário. Até recentemente, elas não tinham oportunidades em escolas secundárias.
Em 2019, o ACNUR iniciou um pequeno programa para matricular refugiados no ensino médio. A agência da ONU também ajuda na construção e reforma de edifícios escolares.
Mesmo assim, dos mais de 6.000 refugiados da idade secundária do Sudão do Sul, 92% ainda não frequentam a escola.
Gift sabe que as probabilidades estão contra ele. E ele teme que seja considerado inútil aos olhos de sua comunidade anfitriã e de seus colegas refugiados se não conseguir uma educação. É vital para suas esperanças em se tornar professor, diz ele, e de se tornar uma voz para os outros em sua posição.
No entanto, ele simplesmente não pode imaginar a vida sem educação. “Seria horrível se eu não pudesse ir para o ensino médio”, disse ele. “Deve haver uma maneira de todos estudarem.”
“A alternativa para a escola é esperar, sem opções claras para o futuro.”
Ann Encontre, representante regional do ACNUR na RDC, disse que há “talentos extraordinários” entre os jovens refugiados que ela conheceu. “Quando você fala com eles, vê como estão ansiosos para aprender.”
A escola secundária dá aos adolescentes refugiados um senso de propósito, uma visão da pessoa que eles podem se tornar e o conhecimento que um dia os ajudará a reconstruir suas casas, acrescentou ela.
“É por isso que estamos fazendo todo o possível para mantê-los na escola. ”
Esta história é apresentada no relatório educacional de 2019 do ACNUR Stepping Up: Educação para Refugiados em Crise .
O relatório mostrou que, à medida que as crianças refugiadas ficam mais velhas, as barreiras que as impedem de acessar a educação se tornam mais difíceis de superar: apenas 63% das crianças refugiadas frequentam a escola primária, em comparação com 91% no mundo.
Em todo o mundo, 84% dos adolescentes recebem educação secundária, enquanto apenas 24% dos refugiados têm a oportunidade. Dos 7,1 milhões de crianças refugiadas em idade escolar, 3,7 milhões – mais da metade – não vão à escola.
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Posted: 06 Sep 2019 12:22 PM PDT
Filme da campanha aborda o ODS 6 (Água e Saneamento) e conta histórias de famílias que tiveram vidas transformadas após receberem água tratada e acesso ao sistema de saneamento básico. Foto: Reprodução
A Rede Brasil do Pacto Global das Nações Unidas lançou na terça-feira (27) o segundo vídeo da campanha “O Futuro que a Gente Quer”, que visa aumentar o engajamento do setor privado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
No curta-metragem, a série aborda o ODS 6 (Água e Saneamento) e conta histórias de duas famílias, uma da região metropolitana do Recife (PE) e outra do sertão de Pernambuco, que tiveram suas vidas transformadas após receberem água tratada e acesso ao sistema de saneamento básico.
O curta-metragem foi patrocinado pela BRK Ambiental, e produzido pela Social Docs, agência do publicitário Marcelo Douek e do diretor do documentário “Um Novo Capitalismo”, Henry Grazinoli.
Confira o vídeo abaixo:
O primeiro curta da campanha atingiu um público de 202 mil pessoas nas redes sociais, ao contar com o engajamento de 82 empresas e organizações que compartilharam o curta em seus perfis.
O vídeo retratava o ODS 17, e foi produzido com o apoio do Instituto Iguá. A segunda fase da iniciativa, sobre o ODS 6, já conta com o comprometimento de 84 empresas e organizações.
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Posted: 06 Sep 2019 12:11 PM PDT
A capacitação é voltada para pessoas que prestam atendimento a migrantes vulneráveis ou que necessitem de uma introdução sistemática ao tema da migração internacional e da governança das migrações no Brasil. Foto: OIM
A Organização Internacional para as Migrações (OIM) e a Defensoria Pública da União (DPU) recebem até 15 de setembro inscrições para a quinta edição do curso de educação a distância “Uma Introdução às Migrações Internacionais”. A oferta é de 200 vagas.
A capacitação é voltada para pessoas que prestam atendimento a migrantes vulneráveis ou que necessitem de uma introdução sistemática ao tema da migração internacional e da governança das migrações no Brasil.
O objetivo do curso é aproximar o tema de atores-chave e promover uma reflexão inicial sobre os aspectos fundamentais das migrações internacionais no Brasil, debatendo e apresentando questões como as características que distinguem o migrante de outros segmentos populacionais, os órgãos públicos que atendem migrantes e as principais legislações relacionadas ao tema de migração, refúgio e tráfico de pessoas.
De acordo com o chefe de missão da OIM no Brasil, Stéphane Rostiaux, o sucesso das primeiras edições levou a uma ampliação da parceria entre OIM e DPU para a formação de novas turmas. Mais de 1.200 pessoas participaram das quatro edições anteriores da capacitação. A atividade reforça o compromisso das instituições com o fortalecimento da atuação qualificada junto ao público migrante.
Os participantes terão 40 horas de conteúdos em português divididos em cinco módulos que poderão ser cursados ao longo de cinco semanas, entre os dias 10 de outubro e 9 de dezembro 2019. O acesso às aulas se dará pela plataforma online da Escola Superior da Defensoria Pública da União. Haverá uma avaliação parcial ao término de cada módulo, além de avaliação final abordando todo o conteúdo da capacitação.
A formulação do conteúdo do curso foi financiada pelo IOM Development Fund, como parte do projeto “Fortalecendo a assistência jurídica aos migrantes no Brasil e promovendo sua inserção no mercado de trabalho”.
Como se candidatar
O processo de inscrição será exclusivamente pelo e-mail oimbrasilcursos@iom.int e não serão aceitas candidaturas individuais. As organizações e coletivos interessados devem responder ao edital, que está disponível aqui.
Para a seleção, serão privilegiados aspectos como a representatividade regional, pluralismo nos tipos de atividade desempenhada e formação profissional; e será garantida a paridade de gênero. Após a análise das candidaturas, a OIM entrará em contato para informar o resultado do processo seletivo e solicitar a indicação dos nomes e dados dos participantes.
A OIM lembra que se trata de um curso de introdução, e não de especialização ou aperfeiçoamento.
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Posted: 06 Sep 2019 12:01 PM PDT
Clique para exibir o slide.“Eu estava muito receoso de me inscrever para esse estágio, mas decidi me permitir alcançar outros lugares, não só por mim, mas por quem veio antes”, disse Fábio Pereira, estagiário de População, Desenvolvimento e Cooperação Sul-Sul no Fundo de População das Nações Unidas no Brasil (UNFPA).
Estudante de Geografia na Universidade de Brasília (UnB), Fábio é o primeiro da sua família a ingressar no ensino superior, uma vez que seus pais, moradores da Cidade Estrutural (DF), se sustentavam por meio da reciclagem de resíduos sólidos de um dos maiores aterros sanitários da América Latina.
Ele é um dos 11 estagiários que ingressaram no Sistema das Nações Unidas por meio do Programa de Estágio Afirmativo do UNFPA no Brasil em 2019. Segundo o estudante, trabalhar na ONU parecia ser algo inalcançável.
“Tenho aprendido que a diversidade de pessoas permite que a gente tenha uma maior qualificação. Por exemplo, quando vamos escrever um texto sobre pessoas trans e nós temos uma pessoa trans do lado, o trabalho se torna muito mais qualificado”, afirmou.
Lançado em 2016, o Programa de Estágio Afirmativo consiste na formação de um time mais plural. O programa entende que o respeito à diversidade e a inclusão de afrodescendentes, LGBTI, indígenas, pessoas com deficiência e de baixa renda, entre outros grupos, são fundamentais para o enriquecimento profissional dos e das jovens.
Com o objetivo de “não deixar ninguém para trás”, o programa também visa oferecer treinamento e uma experiência profissional imersiva no campo dos direitos humanos e de todos os elementos essenciais para que seja alcançado o acesso universal à saúde sexual, reprodutiva e os direitos.
Para o representante do UNFPA no Brasil, Jaime Nadal, o estágio afirmativo é uma conquista, tanto para o escritório do fundo quanto para outras agências das Nações Unidas. “Ter esses jovens mostrando todo o seu potencial e alcançando patamares mais elevados é muito gratificante e demonstra que estamos no caminho certo para alcançar a equidade de oportunidades”, disse Nadal.
Rayanne França, de 27 anos, foi a primeira pessoa indígena a fazer parte do Programa de Estágio Afirmativo. Originária do povo Baré, do Amazonas, Rayanne passou um ano na equipe do UNFPA, trabalhando diretamente com as questões de juventude e direitos.
“Acredito que esta iniciativa possa ser utilizada como uma boa prática para outros escritórios das Nações Unidas ampliarem as suas redes de influência e o impacto social”, disse a jovem.
Integrante da Rede de Juventude Indígena, ela chegou a escrever um capítulo de um livro para mostrar os desafios e as oportunidades que existem para a juventude indígena dentro dos variados cenários. “Dentro da escrita eu reforço o reconhecimento dessa oportunidade que o estágio afirmativo nos dá”, ressaltou.
O estágio é aberto para que jovens de todo o Brasil possam concorrer. A duração é de seis meses, e os jovens que apresentarem bom desempenho podem ter o estágio prorrogado por mais seis meses, até um ano. Para participar, basta ficar atento ao site do UNFPA Brasil.
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Posted: 06 Sep 2019 11:48 AM PDT
Japurá (AM), região amazônica próxima à fronteira com a Colômbia. Foto: Agência Brasil/Valter Campanato
Com o objetivo de discutir a formalização de uma parceria para o combate ao cultivo e ao tráfico de drogas na fronteira amazônica, o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) recebeu na terça-feira (3) representantes do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (CENSIPAM) para uma reunião.
O coordenador geral de inteligência do CENSIPAM, Raimundo Camargos, afirmou que a instituição planeja direcionar esforços no combate a atividades ilícitas na Amazônia. Para tanto, busca desenvolver projeto com o UNODC para monitorar cultivo ilícito, utilizando capacidade já existente de algoritmos e radares que detectam automaticamente área de plantio de coca ou de maconha.
“O CENSIPAM já possui parcerias com órgãos de fiscalização e segurança, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), o Departamento de Polícia Federal (DPF), a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e busca realizar um benchmarking de órgãos e institutos que já realizam um trabalho parecido e aprender com suas metodologias”, disse.
O coordenador da Unidade de Estado de Direito do UNODC, Nívio Nascimento, confirmou o interesse no projeto e comentou a vasta experiência dos escritórios da região no tema. “Os escritórios do UNODC no Peru, na Colômbia e na Bolívia têm uma expertise muito grande no monitoramento do cultivo de substâncias ilícitas e podem auxiliar o CENSIPAM nesse programa”, afirmou.
“O Brasil hoje é o segundo maior consumidor de cocaína do mundo e se o plantio da folha de coca ocorre próximo às fronteiras ou dentro do território brasileiro, a oferta de drogas no país poderá sofrer uma mudança sem precedentes, causando impactos preocupantes na demanda”, acrescentou Nívio.
Nívio sugeriu que os representantes do CENSIPAM visitem três escritórios do UNODC na região: do Peru, em função das atividades ilícitas na fronteira; da Colômbia, por ser o maior escritório, com grande experiência em gestão de informação; e, por fim, do México, pelo trabalho realizado na identificação de plantações de papoula e cannabis.
“A experiência do México interessa o CENSIPAM, pois o cultivo da maconha no Brasil é camuflado pela vegetação. O exemplo do cultivo da cannabis na fronteira entre floresta amazônica e caatinga no Maranhão é de difícil identificação, pois a plantação é muito similar à de mandioca e é camuflada pela floresta”, disse Raimundo Camargos.
Monitoramento e avaliação
Também presente na reunião, o especialista em monitoramento e avaliação do UNODC, Vinícius Couto, sugeriu que além do monitoramento dos cultivos ilícitos, seja feito cruzamento de dados e mapeamento dos grupos criminosos envolvidos.
CENSIPAM e UNODC acreditam que um trabalho em parceria com a polícia local peruana pode facilitar o acesso a dados referentes aos grupos criminosos envolvidos e verificar se o cultivo se relaciona a outras atividades ilícitas como tráfico de animais silvestres, desmatamento e venda ilegal de madeira.
No fim de outubro, os representantes do CENSIPAM devem visitar o órgão que representa o Sistema de Vigilância da Amazônia (SIVAM) no Peru, bem como o escritório do UNODC para assinatura de um acordo entre UNODC e o órgão. Em novembro, as partes assinarão um documento vinculante.
Ao longo do segundo semestre deste ano, as duas instituições planejam realizar reuniões técnicas para definir um plano de projeto que preveja planejamento de equipes, transferência de conhecimento, oficinas de capacitação, além da elaboração de uma linguagem de projeto com objetivos gerais, específicos, metodologia e cronograma.
Sobre o CENSIPAM
Criado em 17 de abril de 2002 e vinculado ao Ministério da Defesa, o CENSIPAM tem a missão de integrar informações e gerar conhecimento atualizado para articulação, planejamento e coordenação de ações globais de governo na Amazônia Legal brasileira, visando à proteção, à inclusão social e ao desenvolvimento sustentável da região.
O CENSIPAM é o órgão responsável pela gestão do Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM), que é formado por vários órgãos governamentais atuando em parceria na Amazônia. Cabe ao CENSIPAM propor, acompanhar, implementar e executar políticas, diretrizes e ações voltadas ao SIPAM, aprovadas e definidas no Conselho Deliberativo do Sistema de Proteção da Amazônia (CONSIPAM), instituído em 2002, vinculado à Presidência da República.
O CENSIPAM busca desenvolver um sistema que detecte o plantio de substâncias ilícitas por meio de imagens de satélite com radar de abertura sintética (SAR). A tecnologia consegue captar imagens do terreno através das nuvens e pode ser utilizada durante o dia ou a noite.
A partir dos conhecimentos do CENSIPAM no uso de imagens SAR, estão sendo fomentados projetos de pesquisa em parceria com instituições de ensino para desenvolver tecnologia de detecção de cultivos irregulares.
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Posted: 06 Sep 2019 10:54 AM PDT
A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou orientações atualizadas sobre o uso de contraceptivos. Foto: UNAIDS
A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou orientações atualizadas sobre o uso de contraceptivos. As novas diretrizes levam em conta as confirmações de um estudo revelando que mulheres com um alto risco de contrair HIV podem usar qualquer forma de contracepção reversível.
Entre os métodos que, segundo a pesquisa, não representam um aumento do risco de infecção, estão injetáveis, implantes e os dispositivos intrauterinos de cobre, também conhecidos como DIUs.
A diretriz da OMS enfatiza, no entanto, que o uso correto e consistente desses métodos contraceptivos não protege tanto do HIV como de outras infecções sexualmente transmissíveis.
A agência também recomenda que seja fornecida a Profilaxia Pré-Exposição, conhecida como PrEP, em locais onde a incidência do vírus é superior a 3%, sempre que for apropriado. Essa medicação impede que o vírus infecte o organismo antes do contato com a pessoa em risco.
A nova diretriz da OMS é publicada na sequência de uma revisão de recentes evidências científicas e destaca que as mulheres devem ter acesso a opções e métodos contraceptivos.
De acordo com diretor executivo da OMS para Cobertura Universal de Saúde, Peter Salama, “as evidências mostram que o risco de uma mulher contrair HIV não deve restringir a escolha de contraceptivos”. Salama destaca que todas as mulheres devem ter acesso a uma ampla gama de opções de contracepção e prevenção do vírus.
Diretrizes
O anúncio foi feito após reunião do grupo de desenvolvimento de diretrizes, que avaliou todas as evidências sobre contracepção hormonal e o risco de infeção por HIV publicadas em 2016. O encontro também analisou o que foi confirmado sobre os DIUs e o risco de contaminação pelo vírus.
Essas recomendações são válidas em nível global, mas têm maior influência na África Subsaariana, região que apresenta as taxas mais altas de transmissão do HIV do mundo. De acordo com a OMS, a área enfrenta ainda grandes desafios de fornecimento, das mais amplas opções de contraceptivos.
Cerca de um quarto das mulheres africanas com idades entre 15 e 49 anos desejam adiar ou impedir o nascimento de filhos, mas têm acesso limitado aos métodos modernos de contracepção.
O estudo Evidence for Contraceptive Options and HIV Outcomes (Evidências para Opções Contraceptivas e Resultados do HIV, na tradução livre) não apresenta diferenças estatisticamente significativas sobre a contaminação entre mulheres que usam um anticoncepcional como a injeção de acetato de medroxiprogesterona de depósito intramuscular, os DIUs de cobre ou o implante de levonorgestrel.
Serviços
A pesquisa, realizada na África do Sul e na Zâmbia, também revela haver altas taxas de infecção pelo HIV e por infecções sexualmente transmissíveis entre mulheres que procuram serviços contraceptivos.
Os maiores índices são apresentados particularmente entre as mais jovens, independentemente de qual dos três métodos contraceptivos vem sendo usado por elas.
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Posted: 06 Sep 2019 10:12 AM PDT
Workshops abordam como empresas podem melhorar suas políticas de inserção laboral para migrantes internacionais. Fotos: OIM
Na próxima terça-feira (10), Campinas recebe a terceira edição da oficina para a inserção laboral de migrantes em situação de vulnerabilidade realizada pela Organização Internacional para as Migrações (OIM).
A capacitação tem como objetivo a implementação de políticas para migrantes em situação de vulnerabilidade no setor privado, esclarecendo mitos e dúvidas sobre o processo de contratação, prestação de assistência e documentação. As inscrições, além de gratuitas, podem ser realizadas em formulário online.
Com as oficinas, a OIM e seus parceiros pretendem auxiliar o setor privado no desenvolvimento de ações e políticas corporativas para a contratação de migrantes e refugiados.
O intuito é promover a valorização da troca de conhecimentos e a interculturalidade. A atividade contribui ainda para apoiar o processo de interiorização e integração dos venezuelanos que se encontram em Roraima.
“Contratar imigrantes e refugiados representa para as empresas ganho em diversidade, convivência com o diferente, dedicação e mão de obra qualificada. E, além de enriquecer a cultura corporativa, a empresa ganha também em melhoria de sua imagem ao demonstrar estar preocupada com as causas sociais”, ressalta o diretor de Direitos Humanos da prefeitura de Campinas, Fábio Custódio.
A série de oficinas promovidas pela OIM já passou por Boa Vista, Curitiba, Florianópolis, São Paulo e Rio de Janeiro. A escolha de Campinas para receber a próxima capacitação ocorre em reconhecimento de seu protagonismo como polo tecnológico em desenvolvimento e que atrai variedade de profissionais, principalmente especializados.
A cidade é também o segundo município paulista que mais recebeu migrantes nas últimas décadas. Dessa forma, pretende-se incentivar a inovação e aumento do desempenho com a contratação local de imigrantes.
Esta edição conta com o apoio financeiro do governo da Holanda e é executava em parceria com a Integra Diversidade, o Observatório das Migrações em São Paulo, a Secretaria de Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos da Prefeitura de Campinas, e o “Núcleo de Estudos de População Elza Berquó”, da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). O conteúdo das capacitações foi desenvolvido no ano de 2018 com financiamento do IOM Development Fund.
Serviço
Oficina para inserção de migrantes em situação de vulnerabilidade no mercado de trabalho brasileiro Data: 10 de setembro de 2019, terça-feira Horário: 8h30 às 12h Local: Cefortepe Campinas – Centro de Formação Tecnológica e Pesquisa Educacional “Prof. Milton de Almeida Santos”. Rua Emílio Ribas, 880 – bairro Cambuí, Campinas (SP). Inscrições: http://bit.ly/OficinaMigranteCampinas
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Posted: 06 Sep 2019 09:53 AM PDT
Clique para exibir o slide.Durante a Semana Mundial da Água, a ONU Meio Ambiente conversou com Maricela Granda, uma jovem engenheira biotecnóloga equatoriana que está desenvolvendo uma forma de purificar a água usando restos de banana.
Granda vem da província de Sucumbios, na parte norte da Amazônia equatoriana, conhecida por sua produção de petróleo. Grande parte de sua comunidade trabalha principalmente em empresas petrolíferas e com agricultura, e a banana é um importante cultivo local.
Foi durante a colheita de bananas na terra de seus pais que Granda observou a estrutura detalhada do pseudocaule — a parte da bananeira que parece um tronco — enquanto ela era descartada.
Ela também descobriu que a água daquela região estava poluída por hidrocarbonetos, com impactos prejudiciais para obtenção de água potável.
Granda usou seu conhecimento para estudar a possibilidade de o caule da banana ser usado como material absorvente para hidrocarbonetos na água. Sua ideia é fazer um filtro que possa ser instalado nas residências locais para levar água limpa para as áreas afetadas pela poluição.
“Ter água em quantidade e qualidade suficientes é essencial para a saúde de corpos de água doce, como lagos e rios, com impactos diretos na saúde humana”, disse Lis Mullin Bernhardt, especialista em água doce da ONU Meio Ambiente.
“Para enfrentar a crise global da água doce, precisamos encontrar métodos inovadores e de baixo custo para o gerenciamento da água, que estarão prontamente disponíveis sempre que necessário. Essa metodologia é um exemplo emocionante.”
A ONU Meio Ambiente conversou com Granda para descobrir o que inspirou a ideia e quais conselhos ela daria a outros jovens empreendedores.
ONU Meio Ambiente: Após sua inspiração de combate à poluição da água, como você levou sua ideia adiante? Qual é a sua tecnologia?
Maricela Granda: Minha ideia era purificar a água dos hidrocarbonetos usando o pseudocaule da bananeira. A água precisa passar pelo filtro que contém o biomaterial da banana, depois adicionamos outros materiais que complementam a filtragem — como cascalho e areia — para permitir uma filtragem adicional.
Atualmente, estamos trabalhando em um projeto final de biofiltro, para garantir que o produto atenda todos os parâmetros exigidos para garantia da qualidade da água. Os testes de qualidade são realizados antes e depois do uso do filtro. Os resultados são comparados com padrões técnicos nacionais sujeitos aos padrões da Organização Mundial da Saúde (OMS).
ONU Meio Ambiente: Quem está trabalhando junto com você e ajudando a tornar essa ideia real?
Maricela Granda: Estou trabalhando com universidades e instituições locais para expandir a pesquisa e aplicar uma fase piloto de testes. Estou me relacionando e trocando experiências com outros jovens. Também estou colaborando com organizações e grupos que monitoram a poluição nas comunidades onde quero trabalhar. Coletamos informações de áreas contaminadas e, em seguida, compilamos um arquivo com os acontecimentos relacionados à poluição. A ideia é ter uma coleção de evidências de contaminação, que serão a base para a proposta de soluções como os biofiltros para purificar a água nas áreas mais afetadas.
ONU Meio Ambiente: Como sua ideia foi sendo modificada ao longo do tempo de pesquisa?
Maricela Granda: Quando iniciei este projeto, grande parte do trabalho se concentrou em trazer o conhecimento de sala de aula à realidade. Inicialmente, o objetivo era instalar um projeto eficaz de biofiltro nas casas da comunidade, para fornecer água potável limpa. Conheci muitas pessoas que compartilharam seus conhecimentos e experiências e participei de oficinas de treinamento enquanto descobria novas oportunidades de financiamento. Acima de tudo, descobri novas ideias que podemos dar vida, e o projeto foi preenchido e fortalecido com contribuições. Não vejo mais nossa solução apenas como um filtro, mas como parte de um plano maior de gerenciamento de água.
ONU Meio Ambiente: Qual o maior problema que você enfrenta atualmente?
Maricela Granda: Sabendo onde a água está contaminada, podemos trabalhar diretamente com os tomadores de decisão da comunidade. Agora sabemos como a poluição afeta os ecossistemas mais amplos que nos cercam, especialmente em uma região tão frágil quanto a Amazônia, e podemos trabalhar em cima de soluções maiores para a comunidade. Embora atualmente nosso filtro atinja áreas contaminadas, agora percebo que são necessárias abordagens mais profundas para gerenciar a água em todo o ecossistema a longo prazo. Estou trabalhando com uma comunidade mais ampla para implementar soluções de gerenciamento de água a longo prazo.
ONU Meio Ambiente: Qual seu conselho para outros empreendedores?
Maricela Granda: Comece com uma ideia, por menor que seja, e depois trabalhe para aperfeiçoá-la. Lembre-se de que a ideia pode mudar — pode fazer parte de algo muito maior. Comece a pesquisar, cercar-se de pessoas com as quais possa aprender, fortalecer seu conhecimento, treinar e ensinar outras pessoas. É sempre bom compartilhar a semente da sua ideia, porque guardar em segredo poderá não fazê-la evoluir.
Maricela Granda é uma Jovem Campeã da Terra. O Prêmio Jovens Campeões da Terra, desenvolvido pela Covestro, é a principal iniciativa da ONU Meio Ambiente para envolver os jovens na luta contra os desafios ambientais do mundo. Os vencedores serão anunciados em setembro.
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Posted: 06 Sep 2019 08:54 AM PDT
A sueca Greta Thunberg, ativista ambiental de 16 anos, navegou para o porto de Nova Iorque ladeada por uma frota de 17 veleiros representando cada um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Foto: ONU/Mark Garten
Os impactos das mudanças do clima definem o nosso tempo e esse é o momento de fazer algo a respeito. Um esforço sem precedentes de todos os setores da sociedade será necessário. Nesse contexto, ocorre em 23 de setembro, na sede da ONU, em Nova Iorque, a Cúpula da Ação Climática de 2019.
Uma pessoa que está à altura do desafio é a jovem sueca Greta Thunberg, de 16 anos. Quando partiu de Plymouth, no Reino Unido, com destino a Nova Iorque em um veleiro movido a energia solar, a ativista foi ao mesmo tempo criticada e elogiada por suas ações.
Será que viajar atravessando o oceano Atlântico dessa forma seria uma opção realista para a maioria das pessoas? Sem chuveiro, sem banheiro, sem instalações para cozinhar ou camas adequadas a bordo, a decisão de Thunberg chamou a atenção principalmente quando comparada às luxuosas viagens de avião que fazemos.
A ONU Meio Ambiente pediu a Rob de Jong, chefe da Unidade de Mobilidade da agência das Nações Unidas, que compartilhasse suas ideias sobre a viagem.
ONU Meio Ambiente: O que achou da decisão de Thunberg de navegar até os Estados Unidos em vez de ir de avião?
Rob de Jong: Greta ficou conhecida por seus incansáveis esforços para sensibilizar a sociedade por meio do movimento “Sexta-Feira para o Futuro”. Quando começou seus protestos pela emergência climática em frente ao parlamento sueco, em agosto de 2018, ela estava sozinha. Hoje, estudantes de todo o mundo seguiram seu exemplo, com pelo menos 802 greves realizadas em 101 países.
Viajar em um barco à vela é uma demonstração dos valores de Thunberg, que pretende viver uma vida neutra, sem emissão de carbono, defendendo mais ações do que palavras quando se trata de reduzir as emissões. A viagem é muito perigosa, tendo em vista que é época de furacões no oceano Atlântico. Foi uma decisão muito corajosa. Ela viajou com o pai, o cineasta Nathan Grossman, e dois tripulantes da Malizia II. O veleiro de 18 metros está equipado com painéis solares no convés e hidro-geradores na popa. Com essas instalações, é gerada eletricidade suficiente para operar todos os sistemas — incluindo os instrumentos de navegação.
ONU Meio Ambiente: Que mensagens podemos tirar dessa decisão de Thunberg?
Rob de Jong: A atitude dela evidencia que a aviação é responsável por grande parte das emissões globais de carbono e mostra a urgência de tomarmos atitudes em relação ao assunto. São necessárias medidas de curto e longo prazo para diminuir a emissão de carbono da aviação. Antes de olharmos para a aviação em si, deveríamos olhar para todo o sistema — para melhorar a eficiência e os recursos de alimentos, ônibus, caminhões, utilização de plástico, etc.
Há muitas vitórias rápidas a serem feitas nessas áreas. Devemos substituir os voos de curta distância por outros modos de transporte mais sustentáveis, como em viagens de comboio, pegar caronas e melhorar simultaneamente as infraestruturas ferroviárias reduzindo as emissões. Em segundo lugar, precisamos incentivar a inovação e a aplicação de novas tecnologias, como a introdução de aviões híbridos e elétricos para voos de curta distância.
Em terceiro lugar, voos intercontinentais devem adotar soluções mais sustentáveis, como por exemplo, utilização de biocombustíveis neutro de carbono. Embora a principal luta contra a situação tenha sido a disponibilidade e os custos destes combustíveis, pode e deve ser feito mais para migrar do querosene para biocombustíveis sustentáveis. Por último, temos de reconhecer o impacto climático da indústria da aviação. Isso tem que refletir no preço, como já acontece em outros meios de transporte, para que o custo das emissões e os impostos relevantes sejam incluídos no custo dos voos.
ONU Meio Ambiente: Quão realista é o transporte com baixo/zero carbono?
Rob de Jong: Os navios petroleiros são os grandes emissores de carbono no oceano. Por vezes, transportam pequenas quantidades de combustíveis limpos que utilizam quando se aproximam de cidades costeiras para reduzir a poluição nessas zonas específicas. Uma grande parte, cerca de um quarto das suas emissões, está relacionada a operações portuárias, incluindo a carga e o transporte de e para os portos. Há muito o que melhorar nessa área. Em alto-mar, os navios queimam combustíveis baratos e poluentes. A Organização Marítima Internacional (OMI) ressaltou a importância do uso de combustíveis mais limpos. Isso terá um impacto enorme.
ONU Meio Ambiente: O transporte de baixo/zero carbono é uma opção viável para os passageiros no futuro?
Rob de Jong: Como na aviação, em viagens curtas, a tecnologia híbrida e elétrica pode ser uma solução. Isso inclui transporte terrestre. Para viagens mais longas, combustíveis limpos e neutros em carbono são uma opção sustentável.
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Posted: 06 Sep 2019 08:27 AM PDT
Clique para exibir o slide.Na noite de 28 de abril, o ciclone Kenneth entrou pela costa da província de Cabo Delgado, no extremo norte de Moçambique, e destruiu a casa de Luísa Maio. Luísa, de 36 anos, vive em uma casa de palha e barro com o marido e o filho mais novo. A família, que já tinha dificuldades para se alimentar, teve a situação agravada depois que a tempestade arrasou os campos onde cultivava legumes.
A moçambicana e três de seus quatro filhos vivem com HIV. Preocupada em reconstruir a casa e encontrar o que comer, a família interrompeu o tratamento com medicamentos antirretrovirais.
O mesmo ocorreu com outros moçambicanos vivendo com HIV em locais atingidos pelos ciclones Kenneth e Idai. Segundo uma análise do Ministério da Saúde do país, apoiada pelas Nações Unidas, houve uma queda de 50% no número de consultas de acompanhamento para o vírus. O número de pessoas em tratamento também caiu para cerca de metade.
Acompanhamento
Quatro semanas depois do ciclone, Luísa e a família receberam a visita de Melita Baka, uma ativista comunitária de iniciativa apoiada pela ONU e pela Fundação Ariel Glaser. A agente comunitária e suas colegas visitam casas de pessoas que vivem com HIV, explicando a importância de fazer diagnóstico e seguir um tratamento.
Melita acompanha Luísa e os filhos há vários anos. Luísa explicou que não estava tomando a medicação, que tinha perdido o cartão de identificação do hospital e que estava ocupada tentando sobreviver.
“Tivemos muitas dificuldades no campo porque, para muitos pacientes, a prioridade era procurar alimentação e abrigo, não tratamento (…). Muitos tiveram que mudar de casa, uns reiniciaram (o tratamento), outros não.”
Melita ajudou Luísa e a família a retomar a medicação. Alguns meses depois, no entanto, Anísio, o filho de 10 anos, teve efeitos colaterais. O menino estava subnutrido e quando, tomava os antirretrovirais, ficava com os lábios inchados.
Mesmo antes dos desastres naturais, o Programa Mundial de Alimentos (PMA) estimou que 80% dos moçambicanos não conseguiam ter uma dieta adequada. Em julho, a agência informou que 1,9 milhão de afetados pelos ciclones enfrentam possibilidade de insegurança alimentar caso não tenham acesso a ajuda humanitária.
Epidemia
A diretora do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) em Moçambique, Eva Kiwango, disse que o país “tem uma epidemia generalizada de HIV”. Segundo os últimos dados da agência, 2,2 milhões de pessoas no país vivem com o vírus, mais de 7,4% da população.
Em 2018, foram registradas cerca de 150 mil novas infecções e 54 mil mortes, o que provocou uma queda na expectativa média de vida para 53,7 anos. Eva Kiwango disse que o maior desafio é interromper as novas infeções, com uma aposta muito forte na prevenção.
Em Macomia, Luísa descobriu que vivia com o vírus há apenas quatro anos. A moçambicana foi mãe aos 13. Em 2015, dois de seus filhos adultos receberam um diagnóstico positivo e ela decidiu fazer o teste. O filho mais novo, Anísio, já tinha sido infectado durante a gravidez ou parto. No país, o vírus já deixou 1,1 milhão de crianças órfãs.
O Estado moçambicano oferece os medicamentos antirretrovirais, mas mesmo assim existem dificuldades em sua implementação. Apenas 56% das pessoas com diagnóstico positivo tomam os medicamentos. A taxa é ligeiramente mais alta entre as crianças, cerca de 60%. Somente 68% das pessoas que iniciam o tratamento continuam seguindo o plano um ano depois.
Infraestrutura
A poucos quilômetros da casa de Luísa, no topo de uma colina, fica o hospital de Macomia. Para chegar lá, é preciso subir uma estrada que ficou danificada pelo ciclone. Grandes árvores foram arrancadas do chão pela força da tempestade e tombaram nas ruas. Santinho Carvalho é o diretor da unidade de saúde e responsável pelo acompanhamento dos pacientes que vivem com HIV.
“O hospital sofreu danos muito grandes, a começar pela maternidade do centro de saúde, que ficou toda sem o teto. Tivemos danos no bloco do laboratório, mas também onde funcionavam as consultas de doenças crônicas, principalmente para o HIV, onde o teto ficou completamente danificado.”
O especialista declarou que não houve aumento substancial das novas infecções por HIV, mas que “interromper os tratamentos permite o regresso de doenças oportunistas e aumenta as taxas de transmissão”.
No quinto mês após o desastre natural, o hospital continua danificado. As consultas são realizadas em tendas oferecidas pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA). Outras agências, como o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), têm contribuído com material médico ou acompanhamento técnico.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que levará cinco anos para recuperar toda a infraestrutura de saúde danificada. Durante os dois ciclones, 113 unidades de saúde foram parciais ou totalmente danificadas, incluindo equipamento, mobiliário, medicamentos essenciais e produtos.
A coordenadora-residente da ONU em Moçambique, Myrta Kaulard, afirmou que, em um desastre natural, as pessoas mais vulneráveis sofrem sempre os piores impactos. Segundo ela, estas pessoas podem pessoas com deficiência, idosos ou pessoas vivendo com HIV.
Segundo a diretora do UNAIDS em Moçambique, o governo do país está empenhado com o fim da epidemia. Segundo ela, existe liderança, força e compromisso com políticas progressivas com o objetivo de alcançar os objetivos até 2020.
Eva Kiwango lembrou que Moçambique é um dos poucos países em África onde os trabalhadores sexuais e os homens que fazem sexo com homens não são criminalizados.
Apesar disso, afirmou que ainda é necessário resolver o problema do estigma e da discriminação contra pessoas que vivem com HIV, para garantir que ninguém seja deixado para trás.
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Posted: 05 Sep 2019 02:11 PM PDT
No Brasil, 36% dos respondentes afirmaram já ter sido vítima de cyberbullying. Foto: UNICEF
Um em cada três jovens em 30 países disse ter sido vítima de bullying online, com um em cada cinco relatando ter saído da escola devido a cyberbullying e violência, segundo nova pesquisa divulgada na quarta-feira (4) pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e pelo representante especial do secretário-geral da ONU sobre violência contra as crianças.
Falando de forma anônima por meio da ferramenta de engajamento de jovens U-Report, quase três quartos dos jovens também disseram que as redes sociais, incluindo Facebook, Instagram, Snapchat e Twitter, são os locais mais comuns para o bullying online.
“As salas de aula conectadas significam que a escola não termina mais quando o aluno sai da aula e, infelizmente, o bullying também não termina no pátio da escola”, disse Henrietta Fore, diretora-executiva do UNICEF. “Melhorar a experiência educacional dos jovens significa levar em consideração o ambiente que eles encontram online e offline.”
Por meio da pesquisa, os jovens receberam, via SMS e mensagens instantâneas, uma série de perguntas relacionadas às suas experiências de bullying e violência online, ao local onde isso acontece com mais frequência e a quem eles acham que é responsável por acabar com isso. Cerca de 32% dos entrevistados acreditam que os governos devem ser responsáveis pelo fim do cyberbullying; 31%, os próprios jovens; e 29%, as empresas de Internet.
“Uma das principais mensagens que podemos ver claramente a partir de suas opiniões é a necessidade de envolvimento e parceria de crianças e jovens: quando perguntados sobre quem deveria ser o responsável pelo fim do cyberbullying, as opiniões foram igualmente divididas entre governos, provedores de serviços de Internet (setor privado) e os próprios jovens”, disse Najat Maalla M’jid, representante especial do secretário-geral da ONU sobre violência contra as crianças. “Estamos nisso juntos e devemos compartilhar a responsabilidade em parceria.”
Mais de 170 mil U-reporters de 13 a 24 anos participaram da pesquisa, incluindo jovens de Albânia, Bangladesh, Belize, Bolívia, Brasil, Burkina Faso, Costa do Marfim, Equador, França, Gâmbia, Gana, Índia, Indonésia, Iraque, Jamaica, Kosovo, Libéria, Malásia, Malawi, Mali, Mianmar, Moldávia, Montenegro, Nigéria, Romênia, Serra Leoa, Trinidad e Tobago, Ucrânia, Vietnã e Zimbábue.
Os resultados da pesquisa desafiam a noção de que o cyberbullying entre os estudantes é uma questão exclusiva de países de alta renda. Por exemplo, 34% dos entrevistados nos países da África ao sul do Saara disseram ter sido vítimas de bullying online. Cerca de 39% disseram conhecer grupos online privados dentro da comunidade escolar em que as crianças compartilham informações sobre colegas com o objetivo de fazer bullying.
No Brasil, 37% dos respondentes afirmaram já ter sido vítima de cyberbullying. As redes sociais foram apontadas como o espaço online em que mais ocorrem casos de violência entre jovens no país, identificando o Facebook como a principal. Além disso, 36% dos adolescentes brasileiros informaram já ter faltado à escola após ter sofrido bullying online de colegas de classe, tornando o Brasil o país com o maior percentual nesse quesito da pesquisa.
Ao contrário da média mundial, os brasileiros acreditam que quem deve ser principalmente responsável por acabar com o cyberbullying são os próprios jovens, tendo 55% escolhido esta opção em detrimento do governo e de empresas de Internet.
Como parte da campanha #ENDviolence do UNICEF, pelo fim da violência dentro e no entorno das escolas, adolescentes e jovens de todo o mundo redigiram o Manifesto Jovem #ENDviolence, em 2018, pedindo aos governos, professores, pais e aos próprios adolescentes e jovens para ajudar a acabar com a violência e garantir que estudantes se sintam em segurança dentro e no entorno das escolas – inclusive pedindo proteção online.
“Em todo o mundo, jovens – tanto em países de alta quanto de baixa renda – estão nos dizendo que estão sofrendo bullying online, que isso está afetando sua educação e que eles querem que isso pare”, disse Fore. “Ao marcarmos o 30º aniversário da Convenção sobre os Direitos da Criança, devemos garantir que os direitos das crianças estejam na vanguarda das políticas de segurança e proteção digital”.
Para acabar com o bullying online e a violência dentro e no entorno das escolas, o UNICEF e seus parceiros estão pedindo ações urgentes de todos os setores para: implementação de políticas para proteger crianças e jovens de cyberbullying e bullying; estabelecimento e equipamento de linhas de apoio nacionais para apoiar crianças e jovens; avanço de padrões e práticas éticas dos provedores de redes sociais, especificamente no que diz respeito a coleta, informação e gerenciamento de dados; coleta de evidências melhores e desagregadas sobre o comportamento online de crianças e jovens para informar políticas e orientações; treinamento para professores e pais para prevenir e responder ao cyberbullying e ao bullying, principalmente para grupos vulneráveis.
O UNICEF trabalha em todo o mundo para acabar com a violência dentro e no entorno das escolas. Esses esforços incluem a campanha #ENDviolence e Safe to Learn – uma parceria entre a agência da ONU, o Departamento de Desenvolvimento Internacional do Reino Unido (DFID), a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), outros membros da Parceria Global para Acabar com a Violência contra as Crianças e a UNGEI.
O U-Report é uma ferramenta gratuita de mensagens sociais que permite que qualquer pessoa de qualquer lugar do mundo fale sobre os assuntos de que gosta. O UNICEF e seus parceiros desenvolveram a plataforma para capturar uma série de vozes sobre questões essenciais de desenvolvimento. O U-Report encoraja o desenvolvimento liderado pelo cidadão, facilita as respostas a emergências humanitárias e amplia as vozes locais globalmente para criar mudanças positivas.
Adolescentes e jovens podem aderir à plataforma por SMS ou em mídias sociais (Facebook, WhatsApp ou Viber), permitindo que respondam a pesquisas, relatem preocupações, apoiem os direitos da criança e trabalhem para melhorar suas comunidades. Atualmente, existem mais de 7 milhões de U-reporters presentes em mais de 60 países.
A pesquisa foi possível graças a milhares de crianças e jovens de todo o mundo que se envolveram ativamente com o UNICEF como U-reporters. O levantamento foi realizado em junho de 2019 e respondido por mais de 170 mil participantes em 30 países. Os resultados representam as informações compartilhadas pelos respondentes da pesquisa.
Para mais informações: http://www.ureportbrasil.org.br/
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