Boletim diário da ONU Brasil: “Guterres pede ‘contenção máxima’ após ataques contra refinarias na Arábia Saudita” e 9 outros.
ONU Brasil Cancelar inscrição
|
|
| |
|
|
| |
Posted: 16 Sep 2019 01:55 PM PDT
Um estudante nas ruínas de uma de suas antigas salas de aula, que foi destruída em junho de 2015, na escola Aal Okab em Saada, no Iêmen. Os alunos agora frequentam aulas nas barracas do UNICEF. Foto: UNICEF/Clarke para o UNOCHA
O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu no domingo (15) “contenção máxima” após uma onda de ataques de drones reivindicados por rebeldes iemenitas houthis contra duas instalações de processamento de petróleo baseadas na Arábia Saudita.
Rebeldes que lutam contra uma coalizão liderada pela Arábia Saudita no Iêmen, conflito que criou a pior crise humanitária do mundo, disseram ter sido responsáveis pelo ataque aéreo no início do sábado (14), mas os Estados Unidos disseram que não havia evidências para apoiar isso e acusaram o Irã de um “ataque sem precedentes ao suprimento de energia global”.
O Irã negou firmemente no domingo ter qualquer responsabilidade pelos ataques, ampliando as tensões na região ao afirmar que instalações militares norte-americanas estão ao alcance de mísseis iranianos.
Os campos de petróleo sauditas já foram alvo de ataques das forças houthi no ano passado, mas o ataque atual foi sem precedentes, com a gigante petrolífera estatal Aramco dizendo que o impacto reduzirá a produção em cerca de 5,7 barris por dia; mais de 5% da oferta mundial de petróleo bruto.
Em comunicado emitido por seu porta-voz, Guterres disse “condenar os ataques de sábado às instalações de petróleo da Aramco na província oriental da Arábia Saudita reivindicados pelos houthis”.
Ele também pediu para todas as partes “exercerem restrição máxima, evitarem qualquer escalada em meio a tensões elevadas e cumprirem o Direito internacional humanitário”.
No sábado, Martin Griffiths, enviado especial da ONU para o Iêmen, descreveu a escalada militar como “extremamente preocupante” e instou “todas as partes a evitar incidentes adicionais, que representam uma séria ameaça à segurança regional, complicam a situação já frágil no país e comprometem o processo político liderado pela ONU”.
|
Posted: 16 Sep 2019 01:11 PM PDT
O secretário-geral da ONU, António Guterres. Foto: ONU/Manuel Elias
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse no domingo (15) que o mundo vive “um período em que a confiança é baixa e a ansiedade é alta”. Em mensagem de vídeo para o Dia Internacional da Democracia, a liderança das Nações Unidas afirmou que “as pessoas estão frustradas com as crescentes desigualdades e abaladas por mudanças radicais da globalização e da tecnologia”.
Segundo Guterres, as pessoas também “veem conflitos que não são resolvidos, uma emergência climática sem resposta, injustiças não abordadas e o espaço cívico reduzido”.
O secretário-geral da ONU usou a data para pedir a todos os governos que respeitem “o direito à participação ativa, substantiva e significativa”. Ele também saudou todas as pessoas que “se esforçam incansavelmente para fazer com que isso aconteça”.
Para Guterres, “a democracia tem a ver com pessoas”, por ser “construída com base em inclusão, igualdade de tratamento e participação”, sendo um “alicerce fundamental para paz, desenvolvimento sustentável e direitos humanos”.
O secretário-geral da ONU disse ainda que “esses valores e aspirações não podem ser considerados medidas simbólicas ou para fazer discursos”. Segundo ele, devem ser valores reais na vida das pessoas.
O tema do Dia Internacional da Democracia deste ano é participação e uma chance de lembrar que a democracia é sobre pessoas.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos afirma que “a vontade do povo será a base da autoridade do governo”. Este artigo inspirou a constituição de países em todo o mundo e contribuiu para a aceitação global dos valores e princípios democráticos.
Segundo a ONU, a “verdadeira democracia é um caminho de dois sentidos, construída sobre um diálogo constante entre a sociedade civil e a classe política”. A organização diz que “esse diálogo deve ter influência real nas decisões políticas”.
Apesar disso, as Nações Unidas afirmam que é cada vez mais difícil atuar como ativista, enquanto defensores de direitos humanos e parlamentares estão sob ataque, mulheres permanecem muito sub-representadas e jornalistas sofrem interferências e, em alguns casos, violência.
A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável inclui a democracia no Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 16, que reconhece os vínculos indivisíveis entre sociedades pacíficas e instituições efetivas, responsáveis e inclusivas.
|
Posted: 16 Sep 2019 01:09 PM PDT
A conferência Cidades Fast-Track 2019 aconteceu entre 9 e 11 de setembro no Barbican Center, Londres. Mais de 300 cidades se reuniram para trocar práticas e lições. Foto: UNAIDS.
Entre 9 e 11 de setembro, líderes municipais e globais se reuniram em Londres para a Fast-Track Cities 2019, a primeira conferência de mais de 300 cidades que priorizam suas respostas ao HIV, tuberculose (TB) e hepatites virais em suas localidades.
Durante a conferência, o prefeito de Londres, Sadiq Khan, destacou o problema das desigualdades na saúde em todo o mundo, assim como a necessidade de acabar com o estigma relacionado ao HIV. Ele também reiterou o compromisso da cidade em alcançar, até 2030, as taxas de zero nova infecção por HIV, zero morte relacionada à AIDS e zero discriminação.
“Estou honrado com o fato de líderes municipais e da área de saúde de todo o mundo estarem unidos aqui em Londres. O primeiro encontro internacional da ‘Fast-Track Cities’ é um evento verdadeiramente histórico em nossa resposta ao HIV e às desigualdades na saúde”, disse Khan.
O prefeito também comentou que tem orgulho do trabalho que Londres está fazendo para enfrentar o HIV e a desigualdade. “Estou contente por poder compartilhar nossos conhecimentos e experiências com outras pessoas”, acrescentou.
Segundo Khan, apesar do progresso, ainda há muito a ser feito, pois muitas pessoas continuam a se infectar pelo vírus. “Para realmente acabar com todos os novos casos de HIV em Londres, é hora de o governo disponibilizar a PrEP nos Serviços Nacionais de Saúde (conhecidos em inglês pela sigla NHS) para todas as pessoas que precisam. Sem desculpas e sem mais projetos pilotos — sabemos que funciona, que impede a propagação de infecções e economiza dinheiro a longo prazo”, relatou.
Prefeito de Londres, Sadiq Khan: “Estou contente por poder compartilhar nossos conhecimentos e experiências com outras pessoas”. Foto: UNAIDS.
Desafios e vantagens do combate ao HIV nas grandes cidades
Atualmente, mais da metade da população mundial vive em centros urbanos, onde o risco de contrair HIV, tuberculose e hepatites é significativamente maior, devido a dinâmicas específicas de grandes cidades, como comportamento social, migração, desemprego, desigualdades sociais e econômicas, e outras vulnerabilidades.
Entretanto, cidades e municípios também apresentam vantagens inerentes e oferecem importantes oportunidades de aceleração das respostas em saúde e de ações transformadoras, capazes de garantir que o acesso equitativo aos serviços de saúde esteja disponível para todas as pessoas.
“Vimos que, para uma resposta efetiva ao HIV, é fundamental eliminar desigualdades, desequilíbrios de poder, marginalização e discriminação”, disse Gunilla Carlsson, diretora executiva interina do UNAIDS, um dos quatro principais parceiros da iniciativa.
“As cidades devem usar suas vantagens para alavancar a inovação, criar transformações sociais e construir sociedades equitativas que sejam inclusivas, receptivas, resilientes e sustentáveis”, acrescentou Carlsson.
A iniciativa Fast-Track
Organizada pela Associação Internacional de Prestadores de Serviços para a AIDS (IAPAC), em colaboração com o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) e outros parceiros, a conferência Cidades Fast-Track 2019 aconteceu entre os dias 9 e 11 de setembro de 2019, no Barbican Center, em Londres.
O objetivo da conferência foi dar destaque aos sucessos alcançados pela rede de Cidades Fast-Track; abordar os desafios transversais enfrentados pelas partes interessadas locais; além de compartilhar as melhores práticas para a aceleração das respostas urbanas à AIDS, incluindo as coinfecções, como tuberculose e hepatites virais. A conferência contou com sessões plenárias, painéis de discussões e apresentações de representantes de mais de 300 cidades ‘Fast-Track’.
“As desigualdades na saúde estão impedindo as pessoas que vivem com HIV, tuberculose e hepatites virais —particularmente as de comunidades étnicas desprovidas de privilégios e as minorias — a acessar os serviços necessários para viver mais e com mais saúde”, disse José Zuniga, presidente e diretor executivo da IAPAC.
Segundo ele, ter Londres como sede do primeiro encontro internacional da Fast-Track Cities é uma forma de reconhecer a cidade como um modelo de liderança em saúde pública pelo seu alto nível de comprometimento político, pelo apoio oferecido à população com provedores clínicos e de serviços, e pelo envolvimento da cidade com as comunidades afetadas, que, conjuntamente, permitiram que Londres superasse as metas programáticas de HIV da ‘Cidades Fast-Track’.
“Estamos aqui para chamar a atenção para os esforços de Londres na redução e eliminação das desigualdades na saúde, desigualdades que violam os princípios da justiça social”, concluiu José Zuniga.
Quando Londres aderiu à iniciativa Fast Track, em janeiro de 2018, a cidade já havia atingido as metas 90-90-90 do UNAIDS para 2020 – que são definidas como 90% das pessoas vivendo com HIV diagnosticadas, 90% das pessoas diagnosticadas com acesso ao tratamento antirretroviral, e 90% das pessoas em tratamento com supressão viral.
O “High-Level Panel on Health Inequalities” (Painel de Alto Nível sobre Desigualdades em Saúde), que marcou a abertura oficial da conferência Cidades Fast-Track 2019, contou com a presença de prefeitos e vice-prefeitos de diversas cidades do mundo, como Fernando Medina (prefeito de Lisboa, Portugal); Kostas Bakoyannis (prefeito de Atenas, Grécia); Winston Ennis (vice-prefeito de Kingston, Jamaica); Simone Kukenheim (vice-prefeito de Amsterdã, Holanda), dentre outros.
Além do diretor da IAPAC, José Zuniga, e da diretora executiva do UNAIDS, Gunilla Carlsson, vários líderes globais de saúde pública participaram do painel, incluindo Maimunah Mohd Sharif (diretor executivo, ONU-Habitat); a embaixadora Deborah Birx (coordenadora Global de AIDS dos Estados Unidos, PEPFAR); Cary James (CEO, Aliança Mundial contra Hepatites) etc. O painel foi moderado pelo radialista britânico e ex-jornalista da BBC Henry Bonsu.
Parceria global para acabar com as epidemias de HIV, tuberculose e hepatites virais
A Cidades Fast-Track é uma parceria global entre quase 300 cidades, a Associação Internacional de Prestadores de Serviços para a AIDS (IAPAC), o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS), o Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) e a cidade de Paris, que colaboram entre si para acabar com as epidemias de HIV, tuberculose e hepatites virais nas cidades até 2030.
A iniciativa foi lançada no Dia Mundial da AIDS de 2014, em Paris.
|
Posted: 16 Sep 2019 12:48 PM PDT
Clique para exibir o slide.As populações do Semiárido brasileiro, região que ocupa cerca de 18% do território nacional, enfrentam diversos desafios socioambientais, como ciclos de chuva escassos, solos degradados e altas temperaturas.
Em conjunto com políticas públicas específicas para a região, ideias inovadoras e sustentáveis podem ajudar a amenizar o impacto destas características locais — e ainda gerar benefícios para as pessoas e o meio ambiente.
Nesse sentido, o arquiteto brasileiro Bernardo Andrade usou a bioconstrução para reduzir os impactos ambientais da construção civil no Semiárido brasileiro, apoiando o desenvolvimento e a segurança alimentar e hídrica das famílias locais.
Ele criou um protótipo chamado “Casa do Semiárido”, de baixo custo, que utiliza recursos locais, como madeira e terra, e se adapta às necessidades específicas desse bioma. O modelo foi projetado para minimizar uso de recursos, reutilizar água e materiais e integrar práticas agrícolas regenerativas e sustentáveis.
Bernardo é um dos cinco finalistas da América Latina e Caribe do prêmio global Jovens Campeões da Terra e conversou com a ONU Meio Ambiente sobre sua trajetória e projeto.
ONU Meio Ambiente: O que despertou seu interesse por habitação sustentável?
Bernardo Andrade: Quando estava na universidade, assisti a um documentário de Michael Reynold que teve um grande impacto na maneira como eu pensava a arquitetura. Então, decidi ser voluntário no instituto dele, no Novo México, Estados Unidos, para aprender algumas das técnicas mostradas no documentário, como o uso de materiais considerados resíduos em projetos de alvenaria e incorporação de plantas que realizam serviços ecossistêmicos de saneamento.
Também fiz outros cursos sobre agricultura sustentável e princípios da permacultura, assuntos que me interessavam. Ao concluir a minha graduação, todos esses elementos faziam parte da minha concepção de habitação tanto quanto a que havia aprendido no curso de arquitetura.
O Prêmio Jovens Campeões da Terra, apoiado pela empresa alemã Covestro, é a principal iniciativa da ONU Meio Ambiente para jovens com soluções inovadoras para enfrentar os desafios ambientais do nosso tempo.
ONU Meio Ambiente: E o que fez você decidir usar essa abordagem voltada para o Semiárido brasileiro?
Bernardo Andrade: Fui criado em um centro urbano, mas parte da minha família vem do Semiárido. Desde cedo tive contato com as dificuldades da região. Além disso, estava conectado a uma ONG internacional que atua na região para melhorar os meios de vida das comunidades locais. Foi então que decidi fazer uso de meu conhecimento para tentar introduzir aspectos sustentáveis no trabalho que era feito no Semiárido.
ONU Meio Ambiente: Ao desenvolver um projeto, como as características ambientais locais são consideradas?
Bernardo Andrade: A escassez de água é provavelmente o maior problema do Semiárido. Assim, ao planejarmos a casa modelo, pensamos em expandir os reservatórios tradicionais de captação de água. Também criamos mecanismos para armazenar e reutilizar este recurso, separando a água destinada às pias e chuveiros (água cinza) daquela que abastece a descarga de vasos sanitários.
Na Casa do Semiárido adotamos mecanismos de baixo custo. A água cinza é filtrada com o uso de bananeiras e é reutilizada, por exemplo. Já a água da descarga passa por uma câmara subterrânea com múltiplas camadas de plantas, como o mamão, que absorvem seus nutrientes.
Além de fazerem o tratamento da água, estas plantas ainda produzem alimento para as famílias e animais. Além disso, construímos todo o entorno da casa de forma que retenha o máximo de umidade possível, preservando a vegetação local sem perda da fauna original, regenerando gradualmente os solos degradados e possibilitando a produção agroflorestal para consumo e renda.
ONU Meio Ambiente: Quais são os próximos passos para a Casa do Semiárido?
Bernardo Andrade: Pretendemos criar um manual didático e acessível que possa transmitir às comunidades locais os conhecimentos e técnicas implementados. Ao mesmo tempo, no nível local onde a construção está sendo realizada, queremos promover cursos gratuitos de permacultura e incentivar uma troca orgânica de conhecimentos, com o objetivo de fortalecer os laços comunitários.
Acreditamos que grande parte dos desafios ambientais que se apresentam possuem solução humana, seja por meio de interação diária ou seja mostrando às comunidades as diferentes alternativas para melhorar os meios de subsistência, promovendo benefícios econômicos e ambientais.
|
Posted: 16 Sep 2019 11:16 AM PDT
Daniela Puentes viu o sonho de se tornar médica ameaçado no penúltimo ano da faculdade de medicina em Mérida, sua cidade natal no oeste da Venezuela. Foto: ACNUR | Hélène Caux.
Daniela Puente, 22 anos, sempre sonhou em ser médica. Em seu quarto ano de faculdade, ela estava muito próxima da meta. Mas, naquele momento, a crise na Venezuela se tornou crítica.
Sua vida se tornou um caos e, assim como 4,3 milhões de seus compatriotas, Daniela teve que deixar o país. Agora, esse futuro que era tão claro desde a infância se tornou obscuro e incerto.
O sonho de ser médica começou a desaparecer quando ela estava no penúltimo ano da faculdade de medicina em Mérida, sua cidade natal na região oeste da Venezuela. De repente, a cantina da universidade parou de servir o café da manhã habitual. Em vez de ovos, arepas, panquecas e frutas que sempre oferecia aos alunos, a lanchonete começou a distribuir copos de leite quente.
Para Daniela, esses copos de leite tornaram-se um símbolo da crise que transformou sua faculdade em uma cidade fantasma – abandonada por estudantes e professores, fugidos do país – e empobreceu sua família, que anteriormente desfrutava de uma vida de classe média.
“Minha família é a coisa mais preciosa que tenho, então eu sabia que tinha que sacrificar meus sonhos para que eles sobrevivessem”, contou Daniela.
Sair implicava em deixar a carreira pela qual havia feito tantos sacrifícios e em equilibrar os estudos com um emprego de meio período como garçonete. Daniela achou que, se conseguisse se estabelecer na Colômbia, poderia se matricular em uma faculdade colombiana para estudar as poucas disciplinas necessárias para terminar o curso e, finalmente, tornar-se médica.
Os desafios na Colômbia
Em fevereiro de 2018, Daniela conseguiu deixar a Venezuela. Ela gastou quase todas as suas economias na passagem de ônibus para Bogotá, chegando à capital colombiana com dez mil pesos (3 dólares) no bolso.
Ela percebeu quase que imediatamente que seu plano não ia dar certo. Na Colômbia, as faculdades públicas solicitaram o visto de estudante, o diploma do ensino médio e as transcrições autenticadas – documentos oficiais quase impossíveis de obter na atual Venezuela. Os poderes privados, mais flexíveis em termos da documentação exigida, eram extremamente caros.
Problemas como os enfrentados por Daniela são tragicamente comuns entre os mais de 4,3 milhões de venezuelanos que foram forçados a deixar o país, fugindo da instabilidade econômica, da crise de segurança pública e do colapso do sistema de saúde.
Um relatório da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), baseado em entrevistas com quase oito mil venezuelanos que deixaram o país, sugere que menos da metade das crianças venezuelanas que vivem no exterior estão matriculadas na escola. Entre as explicações dessa taxa assustadoramente baixa estão a “falta de documentos, cotas limitadas nas escolas públicas e falta de recursos para pagar as mensalidades”.
Na Colômbia, o país com o maior número de refugiados e migrantes venezuelanos, as autoridades tomaram algumas medidas para melhorar a situação. Algumas escolas primárias e secundárias adotaram a política de matricular todas as crianças venezuelanas, independentemente de sua documentação ou status legal no país.
No distrito de Bogotá, por exemplo, o número de crianças matriculadas em escolas públicas aumentou mais de 600%, passando de 3,8 mil estudantes venezuelanos em agosto de 2018 para 23 mil em maio de 2019.
Mas, mesmo que representem um bom começo, iniciativas como essa não resolvem tudo. Sem documentação, os estudantes venezuelanos na Colômbia ainda não podem fazer o exame para ingressar na faculdade, nem receber diplomas oficiais.
Clique para exibir o slide.
Lutando pela educação
Esses são os obstáculos que Andrea González enfrenta, uma brilhante estudante de 17 anos que fugiu da Venezuela junto com sua família no início de seu último ano do ensino médio.
A família se estabeleceu na cidade colombiana de Cúcuta, que fica perto da fronteira com a Venezuela e se tornou um dos maiores pontos de entrada dos venezuelanos em busca de segurança no exterior.
Imediatamente após encontrar uma casa, Andrea e sua família começaram a fazer campanha com o diretor da escola pública mais próxima para deixá-la se matricular. Assim como a estudante de medicina Daniela, Andrea também não tinha a documentação necessária.
Mas elas foram persistentes e o diretor acabou cedendo – embora ele a tenha colocado em uma turma do nono ano, dois anos atrás do nível em que estava no seu país de origem.
Inabalável, Andrea decidiu olhar por um outro ângulo: não como um problema, mas como “uma oportunidade de aprender mais e refinar seu conhecimento”, disse. Agora, no décimo ano, Andrea é a melhor aluna da turma. Ele sonha em entrar na faculdade.
Mas, a menos que a lei mude em breve, Andrea não poderá fazer o vestibular por causa de seu status legal na Colômbia. E sem o exame, não poderá acessar nenhuma universidade na Colômbia.
Mesmo assim, ela continua otimista. “Estou convencida de que as coisas vão mudar a tempo e que a faculdade me dará a oportunidade de aproveitar ao máximo minha vida”, relatou Andrea.
Daniela também tem esperança. Atualmente, trabalha como garçonete em um restaurante em Bogotá, ganhando um pouco mais do que o salário mínimo de 250 dólares por mês – ela envia a maior parte à sua família na Venezuela.
“Somos tantos jovens que tivemos que abandonar nossos sonhos”, comentou Daniela. “Mas eu sei que um dia vou ser médica. Não sei quando e não sei como, mas sei que isso vai acontecer”, acrescentou.
Relatório educacional da Agência da ONU para Refugiados
Esta história aparece no relatório educacional do ACNUR para 2019: “ Fortalecendo a educação para refugiados em crise”.
O relatório mostra que, à medida que as crianças refugiadas crescem, as barreiras que as impedem de acessar a educação se tornam mais difíceis de serem superadas.
O documento também aponta que apenas 63% das crianças refugiadas frequentam a escola primária, em comparação com 91% em nível global; 84% dos adolescentes recebem educação secundária, enquanto apenas 24% dos refugiados têm essa oportunidade; e dos 7,1 milhões de crianças refugiadas em idade escolar, 3,7 milhões, mais da metade, não frequentam a escola.
|
Posted: 16 Sep 2019 11:16 AM PDT
A ONU Meio Ambiente, em parceria com o Instituto Ecosurf, deu início no sábado (10) à #SemanaMaresLimpos. Cerca de 300 grupos, organizações e coletivos se comprometeram a promover ações de limpeza em praias, rios, córregos e parques em 22 estados do Brasil.
A iniciativa terminará com vários mutirões no sábado (21), quando é celebrado internacionalmente o Dia Mundial de Limpeza de Praias (Cleanup Day, em inglês).
“A semana tem o objetivo de reunir os mais diversos indivíduos e associações que realizam mutirões no mês de setembro, quando tradicionalmente ocorre no Brasil o mês de limpeza de praias. É um movimento que soma esforços por uma agenda comum”, explica João Malavolta, diretor-executivo da Ecosurf.
“Os relatórios pós-mutirões enviados pelos voluntários são fundamentais, pois nos ajudam a levantar informações sobre a poluição plástica e também funcionam como um alerta para sensibilizar pessoas sobre seus hábitos, empresas sobre seus processos e governos sobre a urgência de mais e melhores políticas públicas na área”, complementa.
Nos anos anteriores, os principais itens encontrados nas praias e rios foram bitucas de cigarro, tampas de garrafa, canudos, garrafas plásticas, sacolas plásticas, embalagens plásticas em geral, copos e pratos plásticos, garrafas de vidro, pedaços de isopor e talheres plásticos.
Programação da #SemanaMaresLimpos
No sábado (14), 38 grupos promoveram mutirões de limpeza em diferentes cidades brasileiras. Todas as atividades realizadas pelos voluntários inscritos na Semana Mares Limpos, como o nome do grupo, contato do responsável e data, estão listadas por estado e cidade na página do evento no Facebook ( bit.ly/eventosml2019).
A ONU Meio Ambiente também participará de duas ações no Rio de Janeiro (RJ). Na sexta-feira (20), estará no Seminário “Combate ao Lixo no Mar”, promovido pelo Ministério do Meio Ambiente.
No sábado (21), Dia Internacional de Limpeza de Praias, terá encontros com Escoteiros do Brasil, Instituto Aqualung e escolas da cidade para promover um mutirão na Praia de Copacabana, das 9h às 13h. O ponto de encontro será em frente ao Hotel Marriot – Avenida Atlântica 2600. Estima-se que pelo menos 600 voluntários estejam presentes. No mesmo dia, o defensor da Campanha Mares Limpos, Mateus Solano, participará do Mutirão SOS Lagoa, com vários pontos de ação no Rio de Janeiro.
“A Campanha Mares Limpos é um movimento global para envolver governos, sociedade e o setor privado na luta contra a poluição plástica nos oceanos. No Brasil, a campanha tem impulsionado desde 2017 diversas discussões e ações sobre a agenda do plástico descartável e poluição marinha”, diz a representante da ONU Meio Ambiente no Brasil, Denise Hamú.
“A cada ano o número de voluntários inscritos na Semana aumenta – neste ano dobrou em relação a 2018, o que mostra que cada vez mais pessoas estão mobilizadas em torno desta agenda, que pede uma economia mais circular e padrões mais sustentáveis de produção e consumo.”
Grupos que ainda não fizeram o registro podem fazê-lo no link www.bit.ly/mareslimpos2019. Em seguida, receberão orientações sobre como realizar limpezas, bem como fichas de catalogação do lixo encontrado e material da campanha.
Mobilização digital
Durante a #SemanaMaresLimpos, o Instagram de ONU Meio Ambiente (@onu_meio_ambiente) e organizações parceiras divulgará informações sobre poluição plástica nos oceanos e fotos e vídeos das ações promovidas pelos grupos voluntários – é importante marcar a instituição e utilizar as hashtags #SemanaMaresLimpos e #SML2019.
A campanha Mares Limpos
A campanha global da ONU Meio Ambiente #MaresLimpos (#CleanSeas) chegou ao Brasil em setembro de 2017 com objetivo de reduzir os impactos dos plásticos descartados nos oceanos. A campanha atua mobilizando governos, empresas e sociedade civil para mudar as formas de produzir, consumir e descartar o plástico e evitar que chegue aos oceanos.
Entre suas diversas iniciativas, a Mares Limpos busca sensibilizar governos a criarem políticas para redução do plástico, dialogar com indústrias para incentivar a redução de embalagens plásticas e convocar consumidores a mudarem seus hábitos de consumo e descarte.
Saiba quais ações serão realizadas em cada estado e cidade: bit.ly/eventosml2019
|
Posted: 16 Sep 2019 10:44 AM PDT
Morador de Francisco Beltrão (PR), Cerqueira também atua como voluntário da associação de jovens Engajamundo o na organização não governamental de educação política Politize. Foto: Reprodução/PNUD
O brasileiro João Henrique Alves Cerqueira foi um dos 100 jovens campeões do clima de todo o mundo selecionados para receber apoio das Nações Unidas e participar da Cúpula da Juventude para o Clima, que ocorre em 21 de setembro na sede da ONU, em Nova Iorque.
Os vencedores do “Tíquete Verde” se juntarão a mais de 500 jovens líderes do clima selecionados para participar do primeiro encontro do gênero promovido pela ONU.
A cúpula estabelecerá uma plataforma de jovens líderes que mostrarão suas soluções num palco global e terão a chance de ter contato direto com tomadores de decisão sobre o assunto mais importante da nossa época. Jovens líderes apresentarão suas discussões na Cúpula de Ação do Clima no dia 23 de setembro.
Em entrevista ao Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio), o estudante de Engenharia Ambiental da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) contou sua trajetória como ativista climático.
Morador de Francisco Beltrão (PR), Cerqueira também atua como voluntário da associação de jovens Engajamundo o na organização não governamental de educação política Politize. Também tem projetos independentes que se consistem em viagens de bicicleta ouvindo pessoas que já estão sendo diretamente afetadas pela crise climática.
UNIC Rio: O que te levou a se candidatar para participar da Cúpula da Juventude para o Clima?
João Henrique Alves Cerqueira: Pela oportunidade de trocar experiências com outros jovens ativistas do mundo inteiro e levar comigo as histórias que tenho ouvido em minhas viagens de bicicleta dos brasileiros que estão precisando se adaptar à crise climática.
UNIC Rio: O que espera do encontro em Nova Iorque?
João Henrique Alves Cerqueira: Ouvir outras histórias, conhecer outros jovens que estão dedicando suas vidas em transformar suas realidades, comunidades e regiões, aprender outras estratégias de incidência e novas ferramentas. Espero trazer de volta pro Brasil essa experiência para compartilhar com o máximo possível de pessoas.
UNIC Rio: Qual a sua maior preocupação no que se refere às mudanças climáticas?
João Henrique Alves Cerqueira: Minha maior preocupação é sobre o quanto ainda estamos distantes da ambição em políticas públicas e em engajamento civil necessários para evitar os cenários mais trágicos da crise climática.
Eu já possuo um estilo de vida que contribui menos para esse processo (sou vegano, ando de bicicleta, evito o consumo desproporcional), mas acredito que isso é uma parte pequena do que precisamos fazer para lidar com essa questão.
Atuo em rede com outros jovens do Brasil no Engajamundo, com ativismo e advocacy, pressionando nossos tomadores de decisão em todos os níveis de governança para que adotemos e implementemos políticas públicas condizentes com um futuro justo e sustentável.
Por fim, faço viagens de bike no projeto Ciclimáticos, escutando e documentando histórias de resiliência e adaptação dos brasileiros que já estão sentindo em seus territórios os sintomas dessa crise global que chega a eles apesar de pouco terem contribuído para sua existência.
UNIC Rio: Numa frase, o que você espera do mundo para 2030, quando termina o prazo estipulado pelos países-membros da ONU para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)?
João Henrique Alves Cerqueira: Eu espero que sejamos capazes de compreender individual, coletiva e politicamente que o atual modelo de desenvolvimento global não pode ser mantido sem o uso de exploração humana e de destruição do mesmo sistema Terra que nos sustenta aqui. Com base nessa compreensão, que sejamos capazes de construir novos caminhos possíveis e baseados no bem viver comum.
Assista à entrevista em vídeo feita pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) na Semana do Clima realizada em Salvador (BA).
|
Posted: 16 Sep 2019 09:52 AM PDT
Objetivo da reunião em Lima é incentivar a colaboração entre os países, principalmente no tocante aos temas da Agenda 2030 relacionados à missão da OIT de promover o trabalho decente e a justiça social. Foto: OIT
Representantes da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e do Escritório de Coordenação de Desenvolvimento das Nações Unidas (UNDCO) na América Latina e no Caribe reúnem-se em Lima, no Peru, na terça e quarta-feira (17 e 18) para fortalecer a cooperação para a conquista dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030.
Os desafios do trabalho decente e do crescimento econômico no contexto do futuro do trabalho serão analisados por coordenadoras e coordenadores-residentes da ONU, diretores da OIT, representantes de agências das Nações Unidas e especialistas de diversos países da região, que se reunirão no escritório regional da OIT para a América Latina e o Caribe.
Os avanços e os desafios para promoção do emprego, do desenvolvimento das empresas sustentáveis, da proteção social, da formalização e formação profissional, além dos desafios do futuro do trabalho resultantes de impactos tecnológicos, mudanças demográficas, mudança climática e globalização, são temas na agenda do encontro.
Esta é a primeira vez que uma reunião dessa natureza é realizada na região, e o objetivo é incentivar a colaboração entre agências nas ações de cooperação realizadas pelas Nações Unidas em cada país, principalmente no tocante aos temas da Agenda 2030 relacionados à missão da OIT de promover o trabalho decente e a justiça social.
A diretora adjunta do UNDCO, Giovanie Biha, e o diretor-geral adjunto de Programas Externos e Alianças da OIT, Moussa Oumarou, farão a abertura da reunião. O UNDCO é um novo órgão da ONU responsável por gerenciar e apoiar o novo sistema de Coordenadores-Residentes das Nações Unidas, que visa trabalhar com as diferentes agências para melhorar a eficiência e a eficácia das atividades operacionais no nível nacional.
Criada em 1919, a OIT é a única agência tripartite da ONU. Governos, empregadores e trabalhadores de 187 Estados-membros estão representados na OIT para estabelecer normas trabalhistas, desenvolver políticas e elaborar programas que promovam o trabalho decente para todas as pessoas.
Durante a reunião de Lima, está prevista a participação de representantes tripartites da região. Espera-se que a reunião seja encerrada com uma série de diretrizes para orientar a colaboração nas atividades conjuntas da OIT e do UNDCO na América Latina e no Caribe.
|
Posted: 16 Sep 2019 09:09 AM PDT
Michele Dantas, oficial de projetos do UNFPA na Bahia, falou à plateia formada por servidores do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC). Foto: IPAC.
Para sensibilizar seus funcionários a respeito da diversidade e do combate a todas as formas de discriminação, o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC) promoveu em 05 e 06 de setembro, em Salvador, uma oficina de formação e diálogo em direitos humanos.
A atividade “Dialogando sobre Diversidade e Direitos Humanos” foi organizada em parceria com o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), o Centro de Promoção e Defesa dos Direitos LGBTI da Bahia (CPDD) e o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH).
O objetivo do Ipac — que é uma autarquia vinculada à Secretaria de Cultura da Bahia — foi sensibilizar e formar os servidores do instituto que atuam diretamente com o público, especialmente vigilantes e recepcionistas, mostrando a importância do respeito à diversidade e ajudando a desconstruir conceitos enraizados na sociedade. Foram discutidos assuntos como sexualidade, orientação sexual, LGBTIFobia, identidade de gênero e garantia de direitos.
Comunicação no combate à discriminação
Na abertura, a oficial de projetos do escritório do UNFPA na Bahia, Michele Dantas, fez uma breve exposição sobre o que são direitos humanos e como a discriminação, em vários casos, limita o acesso a alguns deles, como o direito à educação, ao trabalho e à saúde (incluindo saúde sexual e reprodutiva). “A intolerância, o preconceito, a discriminação seguem fazendo vítimas, especialmente no Brasil. A expectativa de vida de mulheres trans e travestis é de 35 anos, enquanto que a expectativa de vida de um brasileiro não trans é de 75 anos, portanto mais do que o dobro”, explicou.
“Além da violência física, a discriminação e o preconceito impedem as pessoas de terem uma vida digna, de acessarem os serviços de saúde, escolas e espaços públicos. Para alcançar o desenvolvimento sustentável e um país justo é preciso investir em políticas públicas e ações inclusivas e equitativas para não deixarmos ninguém para trás”, concluiu a oficial.
A oficina também promoveu debates, acolheu sugestões e tirou dúvidas dos participantes sobre os assuntos discutidos. Segundo o IPAC, mais de 100 funcionários do instituto participaram do encontro, recebendo, ao final, um certificado de participação.
|
Posted: 16 Sep 2019 08:12 AM PDT
Diariamente, cerca de 250 refugiados e migrantes venezuelanos têm a possibilidade de ligar gratuitamente para seus familiares. Foto: ACNUR | Allana Ferreira.
Por volta das 16h30, quando o sol está mais ameno e o calor não é tão intenso, uma fila vai se formando embaixo da tenda do refeitório do abrigo para refugiados e migrantes ‘Rondon 1’, em Boa Vista, Roraima. Por mais que este horário seja próximo do jantar, esses moradores do abrigo não estavam buscando alimento para o corpo, mas alimento para a alma: alguns minutos de ligações gratuitas para seus familiares na Venezuela.
Pelo menos uma vez por semana, as equipes da ONG Télécoms Sans Frontières (TSF) montam seu stand de atendimento em um dos 17 pontos de serviços nas cidades de Boa Vista, Pacaraima e Manaus. Desde abril de 2018, a iniciativa é parte da resposta emergencial para os refugiados e migrantes venezuelanos que chegam aos estados de Roraima e Amazônia, com apoio da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e suporte financeiro da União Europeia.
Entre janeiro a agosto de 2019, a TSF, primeira ONG focada em resposta de emergência através da tecnologia, realizou mais de 55.000 ligações entre o norte do Brasil e várias regiões da Venezuela. Diariamente, em torno de 250 refugiados e migrantes atendidos pelo projeto têm a possibilidade de falar com amados e familiares que ficaram para trás.
Telefonia Humanitária
Roselys Del Valle Bolívar, 32 anos, deixou a Venezuela logo após dar a luz a seu terceiro filho. No período pós-cesárea, Rosely tinha muita dificuldade de encontrar medicamentos e alimento, o que afetava diretamente a amamentação do seu bebê. Sem alternativas, ela, o marido e os três filhos deixaram tudo para trás e encararam a jornada até o Brasil.
Rosely relata que quando descobriu sobre o trabalho da TSF, não perdeu tempo. “Liguei pra minha mãe a primeira vez que encontrei uma equipe da TSF, porque tinha muito tempo que não falava com ela. Esse foi um momento muito emocionante para nós duas”, contou.
Ela afirma que “falar com nossa família é algo que nos inspira a seguir a diante, a trabalhar, a lutar por um futuro melhor, para as pessoas na Venezuela e para nós aqui no Brasil”.
Atuando no projeto como atendente, o venezuelano Juan tem uma história que vai além das ligações oferecidas. No Brasil desde 2018, Juan morava nas ruas de Boa Vista quando foi atendido pela TSF. Sabendo bem como é difícil ficar completamente isolado da família, Juan, que veio sozinho para o Brasil, se ofereceu para ser voluntário no projeto.
Hoje ele é um dos operadores de atendimento e conseguiu trazer o restante da sua família para a capital roraimense. “É muito forte ver o sentimento de cada pessoa no momento que fazem uma ligação. Porque estar longe da família não é fácil. E o venezuelano tem um sentimento de família mesmo que essa tenha 14, 15 pessoas. Somos muito família”, relatou Juan.
Clique para exibir o slide.
Conforto e bem-estar na promoção da autonomia
Poder ouvir a voz de algum conhecido ou falar com alguém da família que ficou no país de origem representam forças essenciais que ajudam uma pessoa em situação de refúgio a continuar sua jornada, ressaltou a coordenadora do projeto, Elena Cofaru.
“Estamos falando de pessoas que viajaram por semanas em condições difíceis e que provavelmente não tiveram nenhuma chance de falar com seus familiares durante sua jornada”, disse Elena.
Segundo o ACNUR, uma situação de deslocamento forçado afeta o indivíduo não somente física e economicamente, mas também emocionalmente. “O ACNUR apoia projetos como esse que são importantes para a manutenção das conexões familiares e que auxiliam no planejamento de reunificação familiar, proporcionando um conforto tanto para quem partiu quanto para quem ficou”, comentou Angélica Uribe, Oficial de Proteção do ACNUR Roraima.
Para ela, quanto “mais estruturado emocionalmente a pessoa em estado de refúgio estiver, mais condições e autonomia essa pessoa terá para construir o seu futuro”.
|
|
|
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário