Boletim diário da ONU Brasil: “Palestras da UNIDO em SC abordam tecnologia e competitividade do biogás” e 7 outros.
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qui, 5 de set 18:32 (há 1 dia)
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Posted: 05 Sep 2019 01:36 PM PDT
Clique para exibir o slide.A Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO) participou nesta quinta-feira (5) do 2º Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano, na Universidade Comunitária da Região de Chapecó (Unochapecó), em Santa Catarina, com apresentações técnicas sobre a geração de energia e combustível a partir da produção de biogás e biometano no Brasil.
O especialista nacional em inovação da UNIDO, Emilio Beltrami, apresentou à plateia os resultados de uma metodologia chamada Foresight, já disseminada pela Europa e que vem sendo aplicada no Brasil com foco no setor de biogás. O objetivo da metodologia é auxiliar empreendedores na execução de análises precisas do cenário tecnológico e da competitividade regionais, além de compor uma governança setorial de líderes locais.
Segundo o especialista, a capacidade de previsão do mercado e a mobilização de investimentos em tecnologia são determinantes para o sucesso da cadeia regional de biogás e para a construção de uma visão de futuro compartilhada. “’Foresight’ em inglês significa previsão. É uma abordagem metodológica que tenta definir, em função de um cenário local, quais são os ‘drivers’ do mercado, as inovações e as tecnologias que as empresas precisam introduzir para melhorarem a própria competitividade”, explicou.
Já a palestra do coordenador de projetos de biogás da UNIDO, Felipe Marques, abordou as principais tecnologias de biogás e biometano já existentes no Sul do país. Na opinião dele, a legislação brasileira precisa ser atualizada para comportar inovações tecnológicas do setor e permitir sua expansão. “Alguns pontos são bem importantes do ponto de vista da regulação. Um ponto é a desburocratização para quem quer gerar energia de forma distribuída. E outro ponto bastante importante é a questão da classificação do tratamento de dejetos como um serviço ambiental.”
Os palestrantes participaram do fórum regional como representantes do projeto GEF Biogás Brasil, que é implementado pela UNIDO, financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente e liderado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), em conjunto com instituições parceiras. O projeto pretende ampliar a oferta de energia renovável no Brasil e otimizar o fornecimento de tecnologia no setor.
O coordenador de inovação em tecnologias setoriais da Secretaria de Empreendedorismo e Inovação do MCTIC, Rafael Menezes, explicou que o ministério tem como prioridade a estratégia nacional energética.
“Dentro dessa estratégia, nós lançamos um plano de ação específico para biogás e biocombustíveis que contém metas, ações e alguns desafios. Temos que incentivar a melhoria da eficiência do processo de produção de biogás em diferentes escalas, garantir a qualidade e a sustentabilidade do biogás em sua cadeia de produção e uso, e encontrar novas aplicações para o biogás, como é o caso do biometano para a mobilidade.”
O gerente regional do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), Joel Franzim Junior, lembrou que a geração de energia através do biogás pode resultar em economia mensal para o pequeno empreendedor. A entidade é integrante do projeto GEF Biogás Brasil.
“Já temos relatos de pequenos produtores de biogás contando que sua atividade principal — a geração de proteína — na verdade é a fonte de resíduos que permite que eles lucrem verdadeiramente através do biogás. A produção de biogás tem que ser encarada realmente como um novo negócio, uma nova era para esses pequenos produtores agrícolas.”
O diretor-presidente do Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás), Rodrigo Régis, chamou a atenção para a importância de eventos como o fórum em Chapecó para manter o dinamismo do debate no setor de biogás. A instituição é parceira do projeto.
“Algo muito importante para o debate neste setor é a gente conseguir alinhar a expectativa nacional e os desafios que o Brasil tem em relação ao que o biogás como produto pode oferecer. Nos próximos dez anos, o Brasil vai passar por uma transição energética importante. A tendência é a gente ter 53% da nossa matriz energética renovável.”
Rogério Meneghetti, engenheiro eletricista no setor de energias renováveis da Itaipu Binacional, entidade também integrante do projeto, chamou a atenção para a relação entre os benefícios ambientais e econômicos das energias renováveis.
“Crescimento econômico gera resíduos. Temos um setor agropecuário muito forte no país e a geração de resíduos é algo inevitável da produção. Consumidores de outros países podem acabar não comprando nossos produtos por entenderem que não é feita a destinação adequada desses resíduos”, disse. “Se o produtor quiser expandir sua produção, ele tem que comprovar que ele vai dar uma destinação adequada para este resíduo.”
O biogás é uma fonte renovável de energia gerada a partir da decomposição de resíduos orgânicos produzidos por empreendimentos diversos, como fazendas ou restaurantes. Os resíduos são armazenados em piscinas cobertas por lonas, onde sua decomposição térmica resulta na liberação de biogás e biofertilizante.
“Toda matéria-prima rica em material orgânico pode ser convertida em biogás, como os efluentes da suinocultura, da avicultura, do processamento de mandioca, de abatedouros de animais”, explicou Daiana Gotardo, engenheira ambiental do CIBiogás.
“Esse material fica no biodigestor por mais ou menos 30 dias, onde vai acontecer o processo de digestão anaeróbia, sem oxigênio – o material vai ser fermentado, degradado e convertido em biogás. Na saída do biodigestor, nós temos dois produtos de muito valor agregado: o biogás e o digestato, que é aplicado como um condicionador de solos e aumenta a produtividade em áreas agricultáveis.”
A região Sul do Brasil, com sua rede extensa de pequenos e médios produtores agropecuários, tem enorme potencial para implementação do projeto GEF Biogás Brasil, que deve ser expandido posteriormente para o restante do país.
“Não tenho a menor dúvida de que, dada a estrutura da produção agroindustrial no Sul do Brasil, a possibilidade de integração e aproveitamento do biogás hoje está sendo desperdiçada. As características de penetração e integração da agroindústria no Sul do país são perfeitas para gerarmos energia de qualidade renovável, perto do local de consumo, de forma descentralizada e com aproveitamento dos resíduos”, disse Alessando Gardemann, presidente da Associação Brasileira do Biogás, parceiro executor do projeto.
O Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano é focado no desenvolvimento da cadeia de biogás e biometano no Rio Grande do Sul, em Santa Catariana e no Paraná. Clóvis Leopoldo Reichert, coordenador geral do evento, disse acreditar haver grande potencial energético ainda latente no Brasil.
“De um potencial de geração de 3 bilhões de metros cúbicos de biogás por dia, o Brasil produz apenas 3 milhões de metros cúbicos diariamente. Na região Sul, tem apenas em torno de 740 mil metros cúbicos por dia de produção. Existe ainda um número de plantas de biogás muito reduzido no país. São 366 plantas, de acordo com dados estatísticos da Abiogás, e apenas 124 plantas em operação nos três estados do Sul com boa capacidade de geração.”
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Posted: 05 Sep 2019 01:03 PM PDT
A poliomielite foi erradicada no Brasil em 1994. Foto: SES MG
Em 1994, a região das Américas foi a primeira no mundo a ser certificada como livre da pólio. Essa conquista dos anos 1990 é relevante neste momento em que há apenas dois países – Paquistão e Afeganistão – onde o poliovírus selvagem ainda circula (66 casos em 2019, a partir de 20 de agosto, segundo a Organização Mundial da Saúde). Hoje, apenas um dos três tipos de poliovírus selvagem permanece ativo, e o mundo está pronto para dizer adeus à poliomielite.
Em 24 e 25 de agosto de 1994, os renomados cientistas e especialistas independentes que faziam parte da Comissão Internacional para a Certificação da Erradicação da Poliomielite informaram oficialmente o então diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carlyle Guerra de Macedo, e, por meio dele, os Estados-membros da Organização, que a transmissão do poliovírus selvagem havia sido interrompida.
O anúncio do comitê independente, presidido por Frederick Robbins, foi resultado dos esforços de centenas de milhares de profissionais de saúde, epidemiologistas e equipes de laboratório.
O trabalho da equipe de imunização de OPAS/OMS, liderada na época por Ciro de Quadros, bem como a vontade política e os esforços de cada país envolvido, ajudaram a eliminar essa doença milenar e fizeram com que esta deixasse provocar mortes e incapacidade.
A cobertura vacinal em crianças com menos de 1 ano de idade passou de 25% em 1978 para mais de 80% em 1993. Pelo menos oito em dez crianças foram vacinadas e a imunidade de “rebanho” conferida pela vacina Sabin garantiu proteção coletiva. O poliovírus selvagem estava condenado à extinção.
Uma década antes, em maio de 1985, a OPAS/OMS propôs para seus Estados-membros interromper a transmissão do poliovírus selvagem nas Américas. Por consenso, os países se comprometeram com a meta e promoveram a mobilização das populações e o envolvimento de parceiros estratégicos, igrejas e sociedades civis. Por sua vez, os organismos de cooperação e agências cooperantes redobraram seus esforços, fornecendo assistência técnica e mobilizando recursos para contribuir com os extraordinários esforços dos países da região.
Em agosto de 1994, após três anos sem nenhum caso nas Américas, e com base em dados obtidos por um sistema abrangente de vigilância envolvendo mais de 20 mil centros que notificavam casos semanais de paralisia flácida aguda e milhares de amostras de laboratório analisadas, a Comissão Internacional para a Certificação da Erradicação da Poliomielite, levando em conta as evidências conclusivas apresentadas pelas comissões nacionais de certificação, anunciou: “a poliomielite foi derrotada nas Américas!”.
Nenhum a mais
Em agosto de 1991, uma criança nascida nas montanhas do departamento de Junín, no Peru, foi a última vítima do poliovírus selvagem. Graças aos esforços colaborativos dos países, agências comprometidas com a vacinação e forte participação da comunidade, hoje as crianças nas Américas têm acesso garantido a vacinas gratuitas, seguras e de qualidade. Esses esforços combinados fizeram da vacina um bem social, com acesso universal e equitativo para todos.
Hoje, o legado dos anos 1980 e 1990 continua vivo, graças ao trabalho das novas gerações de profissionais de saúde.
Brasil
O Brasil recebeu o certificado de eliminação da pólio em 1994. O último caso de infecção pelo poliovírus selvagem no país ocorreu em 1989, na cidade de Souza, no estado da Paraíba. A estratégia adotada para a eliminação do vírus no país foi centrada na realização de campanhas de vacinação em massa com a vacina oral contra a pólio (VOP). Essa vacina propicia imunidade individual e aumenta a imunidade de grupo na população em geral, com a disseminação do poliovírus vacinal no meio ambiente, em um curto espaço de tempo.
Até que a poliomielite seja erradicada no mundo (como ocorreu com a varíola), existe o risco de um país ou continente ter casos importados e o vírus voltar a circular em seu território. Para evitar isso, é importante manter as taxas de cobertura vacinal altas e fazer vigilância constante, entre outras medidas.
No Brasil, o esquema vacinal do Calendário Nacional de Vacinação é composto por três doses da vacina inativada (VIP), aos dois, quatro e seis meses de idade, e dois reforços com vacina oral (VOP) aos 15 meses e aos 4 anos de idade.
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Posted: 05 Sep 2019 12:41 PM PDT
Os indicadores sociais mostram que as crianças na Amazônia têm maior risco de morrer antes de 1 ano de idade e de não completar o ensino fundamental. Foto: UNICEF
Hoje o Brasil celebra o Dia da Amazônia, região conhecida por sua extensa diversidade natural, mas que também é casa de milhões de crianças e adolescentes. A Amazônia Legal brasileira corresponde a 60% do território nacional.
Abriga povos indígenas, ribeirinhos e quilombolas, mas também grandes centros urbanos, como Manaus e Belém. No total, são cerca de 27,7 milhões de habitantes – sendo 9,1 milhões de crianças e adolescentes – distribuídos em 808 municípios de nove estados.
A área dos sete estados da Região Norte, mais o Maranhão e o Mato Grosso, possui a população mais jovem do país. De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD, 2015), nesse território vivem 9,1 milhões de crianças e adolescentes com até 17 anos, o que corresponde a 32,9% dos 27,7 milhões de habitantes da região.
Como efeito da urbanização e da baixa densidade demográfica regional, a oferta dos serviços concentra-se, sobretudo, nas cidades. As áreas rurais e dispersas ficam, em grande medida, sem acesso ou com acesso limitado aos serviços de saúde, educação e proteção social. Vulneráveis e desassistidas, essas populações – principalmente, crianças e adolescentes – enfrentam uma série de desafios que colocam em risco seu bem-estar e sua vida.
Os indicadores sociais mostram que as crianças na Amazônia têm maior risco de morrer antes de 1 ano de idade e de não completar o ensino fundamental. Além disso, a taxa de gravidez na adolescência é alta, e as meninas e os meninos na região estão vulneráveis às mais variadas formas de violência, incluindo abuso, exploração sexual, trabalho infantil e homicídio.
Quando todas essas variáveis são avaliadas a partir de um recorte de raça e etnia, percebe-se que entre os grupos minoritários, como indígenas e quilombolas, o quadro é ainda mais grave.
Veja abaixo os principais desafios para a garantia dos direitos de crianças e adolescentes na Amazônia Legal brasileira.
Pobreza multidimensional
O estudo do UNICEF Bem-Estar e Privações Múltiplas na Infância e na Adolescência no Brasil mostra que muitas meninas e muitos meninos amazônicos não têm seus direitos a educação, água, saneamento, moradia, informação e proteção contra o trabalho infantil garantidos.
A ausência de uma ou mais dessas dimensões coloca-os em situação de “privação múltipla”, uma vez que seus direitos são indivisíveis.
A principal privação a que meninas e meninos amazônicos estão sujeitos é a falta de acesso a condições de saneamento adequadas. Enquanto a média nacional de crianças e adolescentes sem esse direito está em 24,8%, na maioria dos estados da Amazônia ela está próxima dos 50%, chegando a 88% no Amapá. A única exceção na região é Roraima, com apenas 11,5% de crianças e adolescentes privados desse direito.
Saúde
Nas últimas décadas, o Brasil se destacou pela redução da mortalidade infantil. Mas, em 2016, a taxa nacional subiu pela primeira vez em 26 anos, gerando um alerta no país.
Na Amazônia Legal, o aumento da mortalidade infantil é particularmente preocupante porque a região apresenta os piores índices do país. Segundo dados de 2016, os nove estados da região estão com taxas de mortalidade infantil (até 1 ano) e na infância (até 5 anos) acima da média nacional.
Os piores índices encontram-se no Amapá, em Roraima e no Amazonas. Entre as crianças indígenas da região, a taxa de mortalidade infantil permanece bem maior do que aquela de crianças não indígenas: 31,3 óbitos por 1.000 nascidos vivos.
A maior parte das mortes de indígenas menores de 1 ano acontece nos primeiros 28 dias de vida. Grande parte das mortes ocorre por doenças evitáveis, como diarreias, infecções respiratórias agudas, tuberculose e malária
Desnutrição
Até a década de 1990, a desnutrição infantil estava presente em grande parte dos grupos populacionais mais pobres do país. De lá para cá, houve uma redução considerável nos índices.
Entre 1996 e 2006, a desnutrição crônica (medida pela baixa estatura da criança para a idade) caiu 50% no Brasil, passando de 13,4% para 6,7% das crianças menores de 5 anos. Os bons resultados, no entanto, não alcançam todos.
No Brasil, cerca de 30% das crianças indígenas são afetadas por desnutrição crônica. Os percentuais são maiores entre algumas etnias. De acordo com dados do Ministério da Saúde coletados nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI), a desnutrição infantil passa dos 65% entre crianças do Alto Rio Purus e ultrapassa os 80% entre os ianomâmis.
Saneamento básico
Os nove Estados da Amazônia Legal têm índices de atendimento de esgoto mais baixos do que a média do Brasil, tanto com relação à coleta quanto ao tratamento de esgoto. A única exceção é Roraima, que trata mais de 54% do esgoto coletado referido à água consumida.
As diferenças entre os números da Amazônia Legal e a média Brasil são consideráveis. Enquanto, no Brasil, o índice de atendimento de esgoto é de 51,9%, no Amapá, Amazonas, Pará e em Rondônia, esse percentual não chega a 10%.
O mesmo vale para o esgoto tratado, com 44,9% na média do Brasil e menos de 10% no Pará e em Rondônia. Já o atendimento de água acontece de forma desigual na região. Enquanto Mato Grosso, Tocantins, Roraima e Amazonas têm um índice de atendimento de água próximo a 80%, Maranhão está próximo de 50% e Acre, Pará, Rondônia e Amapá atendem menos de 50% da população.
Olhando apenas o atendimento urbano, Mato Grosso, Tocantins e Roraima possuem quase 100% de atendimento de água. Já Pará e Rondônia têm pouco mais de 50% e Amapá não chega a 40%.
Educação
Nos nove estados da Amazônia Legal, segundo a PNAD 2015, há 593 mil meninas e meninos de 4 a 17 anos fora da escola. Entre os estados, os maiores percentuais estão no Amapá, seguido por Rondônia e Amazonas.
Os melhores índices são vistos em Roraima, Tocantins e Maranhão, abaixo da média nacional. Além da exclusão, há que se olhar para quem está na escola sem aprender. Nos nove estados da Amazônia Legal, há quase 1,6 milhão de crianças e adolescentes em distorção idade-série — com dois ou mais anos de atraso escolar. O Pará é o estado com as taxas mais altas, com quase metade dos estudantes do ensino médio (47,5%) em distorção, seguido por Amazonas e Maranhão.
Trabalho infantil
O trabalho infantil segue sendo um problema especialmente grave na Amazônia Legal brasileira.
Segundo o estudo “Pobreza na Infância e na Adolescência”, feito pelo UNICEF com base na PNAD 2015, 6,2% das crianças e adolescentes brasileiros de 5 a 17 anos estão expostos ao trabalho doméstico e/ou renumerado, sem respeitar as leis brasileiras que proíbem o trabalho de qualquer criança e adolescente de até 14 anos e regulamentam o trabalho de adolescentes de 14 a 17 anos.
Entre os estados amazônicos, a situação se agrava ainda mais. Entre as cinco grandes regiões brasileiras, a Norte é a que possui o maior percentual de crianças e adolescentes trabalhando (7,7%). Seguindo a mesma tendência, todos os estados da Amazônia Legal, sem exceção, se encontram acima da média nacional. Rondônia, com 11,4%, e Maranhão, com 10,5%, possuem os piores indicadores de todo o país.
Crianças indígenas
Se grande parte das crianças e dos adolescentes na Amazônia vive em situação de alta vulnerabilidade, entre os indígenas o quadro é ainda mais grave. São situações que demandam urgente atenção e os desafios que os governos federal, estaduais e municipais têm que enfrentar são complexos.
Do total da população autodeclarada indígena do país, 46,6% vivem na Amazônia Legal, representando 1,5% da população da região. O estado de Roraima é o que apresenta o maior percentual de indígenas em relação à sua população total (11,2%). Nenhum outro grupo no país encontra-se em tamanha situação de desigualdade e iniquidade como os indígenas.
Hoje, o Brasil registra 14 óbitos de menores de 1 ano por 1 mil nascidos vivos. Entre os indígenas, na Amazônia, morrem aproximadamente 31,3 crianças menores de 1 ano para cada 1 mil nascidas vivas. Esse padrão de desigualdade permeia todo o ciclo de vida dessas crianças e desses adolescentes.
A partir dos dados e informações disponíveis, é possível dizer que essa parcela da população apresenta os mais baixos índices de acesso ao pré-natal, a mais baixa cobertura vacinal, muitos estão fora da escola ou em atraso escolar e, sobretudo nas zonas urbanas, muitos são expostos a altos índices.
Sobre o UNICEF na Amazônia
O UNICEF possui presença permanente no território amazônico. O UNICEF conta com escritórios zonais nas cidades de Belém, Manaus, São Luís e Roraima (para a crise migratória venezuelana) com uma equipe que se articula em todos os estados da Amazônia Legal.
Esse trabalho tem foco na implementação do Programa de País, acordado com o governo brasileiro, e da Agenda Criança Amazônia, pacto assinado, em 2015, entre a organização e os nove governadores da região.
A Agenda Criança Amazônia é um pacto para a promoção, proteção e garantia de direitos de cada criança e adolescente da região. Para realizar as suas metas, o UNICEF mobiliza os governos municipais, estaduais e federal, empresariado, sociedade civil organizada e cidadãos.
Essa Agenda promove a integração entre as várias políticas públicas de saúde, educação e assistência social nas três esferas de governo. Para viabilizar a Agenda Criança Amazônia, o UNICEF conta com dois instrumentos estratégicos com os quais colabora com os municípios e ajuda a proteger e a promover os direitos de crianças e adolescentes: o Selo UNICEF e a Plataforma dos Centros Urbanos (PCU).
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Posted: 05 Sep 2019 11:43 AM PDT
Clique para exibir o slide.Noar Natolo e Scovia Bulyaba são tecelãs e fazem parte da comunidade de Nagoje, localizada na floresta de Mabira, em Uganda. Para complementar sua renda, elas coletam folhas de palmeiras e tecem tapetes que posteriormente são tingidos com produtos naturais. A floresta também lhes fornece água, medicamentos e lenha para combustível.
Mabira é uma das poucas florestas tropicais remanescentes de Uganda, cobrindo uma área de cerca de 300 quilômetros quadrados. Uma das maiores reservas do país, abriga espécies ameaçadas, como o primata Lophocebus ugandae, uma espécie de macaco encontrada apenas por lá. No entanto, Mabira corre riscos por conta do aumento populacional, da alta demanda por carvão vegetal e da invasão agrícola.
“As florestas apoiam nosso bem-estar e também podem ser fontes de renda — nós dependemos das florestas e as florestas dependem de nós”, diz Musonda Mumba, chefe da Unidade de Ecossistemas Terrestres da ONU Meio Ambiente.
Uganda sofreu com o desmatamento ao longo da última década e apresenta uma das mais elevadas taxas de degradação florestal do mundo. Em 1990, a cobertura florestal foi estimada em 24% da área total de terra no país; em 2015, esse percentual era de 12,4% e, atualmente, é de 9%. Muitas das florestas remanescentes estão em áreas sob proteção da Autoridade Florestal Nacional e da Autoridade de Vida Selvagem de Uganda.
Os responsáveis pelo desmatamento incluem a extração de lenha, já que mais de 90% da energia doméstica é proveniente de lenha e carvão vegetal. A colheita de madeira para construção e a conversão de terras para a agricultura também são responsáveis.
Dentro e fora da floresta de Mabira, como em várias outras partes do país, o acesso à água é um problema. Para Natolo e Bulyaba, trabalhar com a Autoridade Florestal Nacional lhes ofereceu a oportunidade de participar na conservação da floresta e do acesso à água.
“Ajudamos com a conservação da floresta distribuindo informação pela comunidade e ressaltando sua importância, falando das florestas e sobre a importância de não desmatar, mas replantar e restaurar”, diz Natolo.
“As florestas nos dão medicamentos, ar de qualidade e chuva, tudo muito importante. Em troca, a Autoridade Florestal Nacional permite que possamos recolher lenha seca, água e ervas medicinais para uso doméstico em determinados dias. Antes, a Autoridade Florestal Nacional era uma espécie de inimigo, mas agora, nos últimos dez anos, temos tido uma ótima relação.”
A Autoridade Florestal Nacional também forneceu à comunidade colmeias e mudas para plantio. “Eles nos uniram como uma comunidade”, acrescenta Natolo.
Mapeamento — o primeiro passo na conservação
Para ajudar a proteger florestas como Mabira, o governo de Uganda lançou sua Estratégia Nacional REDD+ em novembro de 2017. A REDD+ refere-se à Redução de Emissões Decorrentes do Desmatamento e da Degradação de Florestas nos países em desenvolvimento, através de conservação, gestão sustentável e aumento dos estoques de carbono florestal.
A Estratégia REDD+ de Uganda inclui o desenvolvimento de planos e opções para o manejo florestal, redução de emissões de carbono e manutenção de serviços ecossistêmicos valiosos, como biodiversidade, abastecimento de água, proteção do solo e criação de meios de subsistência sustentáveis.
Com a REDD+, o país tem a oportunidade de gerir suas florestas de forma equilibrada para um crescimento econômico sustentável a longo prazo, para apoiar a subsistência das comunidades locais, rurais e dependentes da floresta e para assegurar a conservação do seu patrimônio natural.
Tornar a REDD+ uma realidade exigiu a construção de Sistemas Nacionais de Monitoramento Florestal que rastreiam com precisão e transparência as mudanças no uso da floresta e do solo, as ações de mitigação e facilita a medição de resultados.
O Programa UN-REDD está apoiando a Autoridade Florestal Nacional de Uganda no estabelecimento de um sistema de monitoramento florestal eficaz para acompanhar e relatar as mudanças florestais e conter o desmatamento. No âmbito do apoio inicial à preparação para REDD+, os funcionários nacionais foram treinados em coleta de dados, limpeza e análise.
Brenda Nagasha, uma supervisora de biomassa da Autoridade Florestal Nacional, mede a altura e o diâmetro das árvores para atualizar os mapas do inventário de biomassa. “Já faço isso há seis anos”, diz ela.
“É importante ter mapas e relatórios precisos sobre a situação das florestas para que as equipes de manejo possam tomar decisões sensatas. No meu trabalho, às vezes fico em campo por 30 dias seguidos na floresta, andando até 15 quilômetros por dia. Mas eu amo a natureza e estou feliz por poder ajudar a proteger o meio ambiente.”
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Posted: 05 Sep 2019 10:57 AM PDT
Durante o evento Conexão Oceano, realizado no Rio de Janeiro, cientistas, atletas, jornalistas, influenciadores e artistas discutiram a importância dos ecossistemas marinhos para a sobrevivência na Terra. Foto: CITES
As algas marinhas são responsáveis pela produção de 54% do oxigênio do mundo e os mares atuam como reguladores do clima no planeta, segundo dados do Instituto Brasileiro de Florestas (IBF). Sem os serviços prestados pelo oceano, a temperatura poderia ultrapassar 100°C e inviabilizar a vida na Terra. Além disso, de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), peixes e frutos do mar são a principal fonte de proteína para uma em cada quatro pessoas no mundo.
Diante da importância de um oceano saudável para a vida, cerca de 350 pessoas reuniram-se na terça-feira (3), no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, para participar do Conexão Oceano. O evento, que teve a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) entre os organizadores, foi o primeiro no Brasil a se voltar para comunicadores, influenciadores e pesquisadores com o objetivo de estruturar diretrizes para engajar a sociedade sobre a importância do oceano.
Entre os participantes, estavam o ator Mateus Solano, as jornalistas Sônia Bridi e Paula Saldanha, a atriz Maria Paula Fidalgo, a velejadora olímpica Isabel Swan, o empresário Vilfredo Schurmann, o surfista Rico de Souza, os pesquisadores Frederico Brandini, Alexander Turra e Ronaldo Christofoletti, entre outros.
Durante o encontro, foram debatidos os impactos sofridos pelos mares, e foram compartilhadas formas de engajar a sociedade em torno do tema, considerado de extrema relevância para a sobrevivência e para o desenvolvimento econômico e social. O público foi formado principalmente por comunicadores, empresários, representantes da sociedade civil, pesquisadores e estudantes.
Professor do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP), Frederico Brandini destacou o importante papel dos oceanos para o planeta, lembrando que eles são o verdadeiro pulmão do mundo.
“Neles é que estão as algas marinhas responsáveis pela produção da maior parte do oxigênio consumido no planeta. Se quisermos continuar usufruindo da generosidade oceânica, precisamos melhorar o currículo didático do ensino fundamental. Além da educação, outra forma de preservar os mares é comunicando mais e melhor”, enfatizou.
Durante sua fala, Mateus Solano lembrou que os humanos não são donos do planeta. “Somos filhos dele. Precisamos dar alguns passos atrás e entender quais caminhos errados tomamos no decorrer da história. Um deles foi utilizar tanto plástico. Se não repensarmos tudo isso, a natureza continuará sofrendo. E é importante lembrar que ela não precisa de nós. A gente é que precisa dela”, ressaltou.
De acordo com a diretora-executiva da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, Malu Nunes, o objetivo do evento — promovido pela fundação em conjunto com Comissão Oceanográfica Intergovernamental (COI) da UNESCO, a UNESCO no Brasil e o Museu do Amanhã — foi aproximar as pessoas dos oceanos.
“Temos o compromisso de proteger os mares, engajar a sociedade e ajudar a ter uma economia mais forte, bem-estar amplo e vida marinha conservada. A ideia foi detectar os principais desafios e ‘inputs’ para cumprirmos esse objetivo”, disse.
Comunicação
“A comunicação é um fator importantíssimo para a conservação da saúde oceânica. Por isso, os meios de comunicação têm papel preponderante na conscientização da população nesta causa. O impacto da não conservação afeta não apenas quem vive no litoral, mas também quem está no interior”, lembrou o vice-presidente da COI/UNESCO na América Latina e Caribe, Frederico Saraiva Nogueira.
Outro ponto abordado no evento foi o fato de os oceanos enfrentarem problemas que podem influenciar negativamente a segurança alimentar dos seres humanos.
“Precisamos reverter esse quadro urgentemente, pois a tragédia é iminente. O Acordo de Paris e os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) devem ser cumpridos mundialmente e o Brasil tem um papel fundamental nessas metas, pois tem uma diversidade marinha fantástica, além de grande dependência do sistema marinho”, disse por vídeo o secretário especial das Nações Unidas para o Oceano, Peter Thomson.
“Essa iniciativa de realizar o evento tem um papel preponderante, pois vai ajudar a propagar esse conteúdo e despertar nas pessoas o compromisso de defender o oceano, tão importante para nosso futuro.”
Para Alexander Turra, da Cátedra UNESCO para Sustentabilidade dos Oceanos, é preciso relacionar mais a vida do oceano com a vida da sociedade.
“Os cientistas precisam ser cada vez mais protagonistas da informação. Não adianta ficar apenas dentro dos laboratórios e não interagir com a sociedade. É preciso comunicar de forma simples e objetiva aquilo que nós defendemos”, afirmou o membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza.
Já Vilfredo Schurmann destacou que “o mar está perdendo fôlego devido ao excesso de poluição. E pude ver isso ao redor do mundo”.
Especializada em coberturas ambientais, a jornalista Sônia Bridi afirmou que “a civilização depende barbaramente da preservação do meio ambiente e algo precisa ser feito”.
As ideias surgidas no decorrer do Conexão Oceano farão parte de estratégias de comunicação em prol da conservação e sustentabilidade dos oceanos e da vida marinha, tema da Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável, declarada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para o período de 2021 a 2030.
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Posted: 05 Sep 2019 08:48 AM PDT
Vista aérea da orla de Palmas, no Tocantins. Foto: Flickr/Flávio André – MTUR (CC)
Alunos de mestrado e doutorado do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional da Universidade Federal do Tocantins (PPGDR/UFT) começaram a colocar em prática sete projetos sobre a Agenda 2030 e os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) em comunidades de Palmas (TO). A iniciativa tem apoio institucional do Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (ONU-HABITAT).
O projeto tem como objetivo incentivar a formação de multiplicadores para fortalecer ações de sensibilização e implementação da Agenda 2030 no município de Palmas, a partir da compreensão dos ODS e de suas metas.
Desde abril, a iniciativa realiza ações de sensibilização e envolvimento da população com a agenda de desenvolvimento sustentável firmada pela comunidade internacional em 2015 que inclui objetivos como erradicação da pobreza e combate às mudanças climáticas e que deve ser cumprida pelos países até 2030.
A iniciativa promoverá sua primeira ação em 12 de setembro, em Palmas, com um encontro para tratar da implementação do Centro de Desenvolvimento Regional na Região Metropolitana de Palmas na Perspectiva da Agenda 2030. O evento ocorrerá às 10h, no prédio da Associação Tocantinense de Municípios (ATM), localizado à Quadra 301 Norte, Avenida Theotônio Segurado, Plano Diretor Norte.
Para a realização dos trabalhos, a metodologia será baseada em revisão de literatura, nivelamento temático com videoconferências e aulas expositivas. Também haverá troca de experiências com gestores de outros municípios, bem como integração de estudantes de vários níveis de escolaridade com a comunidade em geral.
O projeto de extensão do PPGDRT, além de contar com parcerias internas na universidade e do ONU-HABITAT, tem apoio do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Tocantins (CAU/TO) e do Instituto Brasileiro de Direito Urbanístico (IBDU).
A intenção é que as ações propostas impulsionem discussões públicas, especialmente no âmbito urbano; com o objetivo essencial de garantir o exercício da democracia participativa fora do campo institucional.
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Posted: 05 Sep 2019 08:09 AM PDT
Projeto Viva o Semiárido fortalece negócios de pequenos agricultores no Piauí. Foto: FIDA/Manoela Cavadas
Um estudo de resultados econômicos do Programa Viva o Semiárido comprovou que houve um aumento de renda de 32% entre as 100 mil pessoas participantes do projeto no Piauí. As informações foram divulgadas na semana passada, durante visita dos supervisores do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) das Nações Unidas ao estado, com o objetivo de verificar a aplicação dos recursos do fundo.
O oficial de programas do FIDA no Brasil, Hardi Vieira, contou que o programa, que será encerrado em junho de 2020, foi mais longe do que o programado. A meta era que chegasse a 22 mil famílias beneficiadas, mas hoje ultrapassa 23 mil, representando mais de 100 mil pessoas impactadas em 86 municípios do semiárido piauiense.
Para Hardi, os desafios desta etapa final são concluir a implementação do componente produtivo, que está criando 211 projetos de investimento produtivos (PIPs) para que tenham impacto em termos de comercialização, citando as experiências de sucesso da Cooperativa de Produtores e Produtoras da Chapada do Vale do Rio Itaim – Coovita, que hoje se tornou referência em âmbito nacional na cadeia de ovinos e caprinos.
Durante os 15 dias em que a comitiva esteve no Piauí, foram realizadas visitas em projetos do Viva o Semiárido em 12 municípios dos cinco territórios onde o projeto atua: Vales do Sambito, Itaim, Guaribas, Canindé e Serra da Capivara. O coordenador do projeto no estado, Francisco das Chagas Ribeiro, acrescentou que todas as ações foram feitas no sentido de acelerar a liberação dos recursos para a implantação dos PIPs em campo, garantindo assistência técnica para as comunidades e a prestação de contas e finalização dos contratos com as associações.
A missão de supervisão do FIDA foi realizada entre 19 e 30 de agasto. A equipe era formada por nove especialistas, incluindo o oficial de programas do FIDA no Brasil, Hardi Vieira, e o coordenador técnico da missão, Emmanuel Bayle.
Novo projeto de R$ 450 milhões
A avaliação do coordenador é de os resultados foram considerados positivos pelo FIDA, pelo governo e por órgãos co-executores como Secretaria Estadual da Assistência Social (SASC), Secretaria de Estado da Educação (SEDUC) e Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Piauí (EMATER-PI).
Segundo ele, já existe entendimento dos parceiros envolvidos para a realização de um novo projeto com apoio do FIDA. “Um desejo demonstrado pelo governador Wellington Dias em outras missões, bem como na visita à instituição em Roma e audiência em Brasília quando esteve com o presidente do FIDA”, disse Chagas Ribeiro.
O secretário da Agricultura Familiar, Herbert Buenos Aires, confirmou que já foram definidos valores da proposta para o novo projeto. Este envolveria em torno de 115 milhões de dólares, o que equivaleria a quase 450 milhões de reais.
Se aprovado, o projeto terá como foco investimentos em infraestrutura hídrica rural dos Rios Piauí e Canindé, recuperação da mata ciliar e dos lençóis freáticos, com a construção de barramentos sucessivos para garantir umidade nas margens dos rios e perenização, aproveitando para criar peixes e irrigar outros projetos no entorno destes rios.
“Isso criará as condições para continuar os investimentos produtivos no modelo exitoso do Programa Viva o Semiárido como para produção de mel. Além disso, o projeto trabalhará a questão da regularização fundiária. Ou seja, a proposta prevê quatro pilares: hídrico, ambiental, produtivo e acesso à terra”, disse Herbert Buenos Aires.
O novo projeto, que desta vez poderá incluir o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), deverá ampliar as intervenções para 222 municípios com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mais baixo no estado, além de outras intervenções relacionadas à segurança hídrica, meio ambiente e regularização fundiária, mantendo o foco na geração de renda por meio de investimentos produtivos.
Além disso, será mantida a prioridade para mulheres, jovens e comunidades tradicionais. Hardi destacou a parceria e alinhamento com o governo do Piauí pelas políticas públicas implementadas para a redução da pobreza no estado.
Ao final da missão, foi assinado um memorando pelos representantes do projeto, Secretaria de Estado da Agricultura Familiar (SAF) e de co-executores EMATER, SEDUC, SASC, e também foi encaminhada a elaboração da carta consulta juntamente com a Secretaria de Planejamento do Estado do Piauí (SEPLAN) e a organização dos contatos para garantir êxito neste próximo financiamento e parceria com o FIDA.
A missão FIDA terá mais duas visitas ao Piauí, nos meses de setembro e dezembro deste ano.
Programa Viva o Semiárido
O Programa Viva o Semiárido é um esforço do governo do Piauí, em parceria com o FIDA, para reduzir a pobreza, aumentar a produção e melhorar o padrão de vida das populações com maior nível de carência social e econômica no meio rural do semiárido piauiense, por meio do incremento das atividades produtivas predominantes, da geração de renda e do fortalecimento organizacional das famílias rurais.
O FIDA é uma agência das Nações Unidas que investe na população rural, empoderando-a para reduzir a pobreza, aumentar a segurança alimentar, melhorar a nutrição e fortalecer resiliência. Hoje, atua em todos os estados do Nordeste.
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Posted: 04 Sep 2019 02:08 PM PDT
Enquanto o conflito no Iêmen continua matando civis, a vida de bebês recém-nascidos em enfermaria de hospital de Áden corre perigo. Foto: UNICEF/Saleh Baholis
A coordenadora humanitária da ONU no Iêmen, Lise Grande, descreveu na segunda-feira (2) os ataques aéreos na cidade de Dhamar como “hediondos”, considerando o número de mortes como “chocante”. “Estes são tempos difíceis para o Iêmen”, declarou. “Há dias de confrontos e ataques no sul do país com centenas de mortos.”
Os ataques atingiram um antigo complexo universitário comunitário no norte da cidade de Dhamar. De acordo com fontes locais, cerca de 170 presos estavam no complexo.
O Escritório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos (ACNUDH) no Iêmen confirmou que 52 detentos estão entre os mortos e pelo menos 68 continuam desaparecidos. Mais vítimas devem ser encontradas à medida em que equipes de resgate continuam a trabalhar.
Os socorristas têm encontrado dificuldades devido a ataques repetidos no local. Acredita-se que sobreviventes ainda estejam presos nos escombros e a busca por mais vítimas continua.
“É uma tragédia. O custo para as vítimas desta guerra é insuportável”, disse Martin Griffiths, enviado especial do secretário-geral da ONU para o Iêmen. “Precisamos que isso acabe. Iemenitas merecem um futuro pacífico. A tragédia de hoje nos lembra que o Iêmen não pode esperar. Espero que a coalizão investigue este incidente. A responsabilização (dos culpados) deve prevalecer.”
“Parceiros humanitários estão enviando suprimentos médicos e cirúrgicos ao Hospital Geral de Dhamar e ao Hospital Maaber. Estamos enviando materiais médicos que estavam sendo utilizados na resposta ao cólera”, disse Grande. “Não temos escolha.”
Crise no financiamento humanitário
O ataque ocorreu apenas dois dias após Grande avaliar a situação do país como “muito frágil”. A falta de segurança é agravada pelo atraso do financiamento humanitário, que resultou no encerramento de vários programas de saúde.
A situação no Iêmen é considerada a pior crise humanitária do mundo, com cerca de 80% da população total de 24,1 milhões de pessoas necessitando de ajuda e proteção.
O Plano de Resposta Humanitária 2019 para o Iêmen requer 4,2 bilhões de dólares para prestar assistência a mais de 20 milhões de iemenitas, mas o projeto encontra-se apenas 34% financiado.
Em fevereiro, países doadores prometeram 2,6 bilhões de dólares para atender necessidades urgentes, mas até o momento menos de metade do valor foi recebido.
Não há lugar para se esconder da guerra no Iêmen, dizem peritos da ONU
A população do Iêmen tem sido alvo de diversos possíveis crimes de guerra nos últimos anos, incluindo recrutamento forçado de crianças e abusos sexuais nas prisões, disseram especialistas de direitos humanos da ONU na terça-feira (3), em um pedido por ações da comunidade internacional para colocar fim ao conflito.
No lançamento de seu segundo relatório sobre supostas violações cometidas no Iêmen — onde o governo do presidente Abd Rabbu Mansour Hadi, reconhecido pela comunidade internacional, está em conflito com forças da oposição Houthi —, o grupo de especialistas afirmou que há “falta de responsabilização”.
“Todas as partes (envolvidas) no conflito são responsáveis por inúmeras violações de direitos humanos, da lei internacional e humanitária”, disse Kamel Jenoubi, presidente do painel de especialistas. “Algumas destas violações podem configurar crimes de guerra.”
Descrevendo os horrores diários que iemenitas sofrem, Jenoube disse que não há lugar seguro no país devastado pela guerra — uma tática deliberada aplicada por ambos os lados do conflito.
“Os mísseis, os ataques aéreos e os atiradores atingem sem aviso pessoas que estão vivendo sua rotinas em locais onde não há conflito”, declarou. “Dá a impressão de que não há lugar seguro para se esconder no Iêmen.”
460 mil casos de cólera nos primeiro semestre de 2019
Outra tática de guerra descrita no relatório é a escolha deliberada de centros e serviços de saúde como alvo de ataques. Tais ações tiveram um impacto devastador na população que enfrenta a fome e já sofreu com 460 mil casos de suspeita de cólera na primeira metade do ano.
“Tivemos casos neste ano em que a Coalizão atacou um centro de combate ao cólera do Médicos sem Fronteiras (MSF) antes que ele fosse inaugurado, impedindo-o de funcionar pelo resto do ano”, disse Parke. “Ambos os lados no conflito já impediram propositalmente a entrega de vacinas contra o cólera à população do Iêmen.”
O grupo de especialistas pediu que outros países, entre eles a coalizão liderada pela Arábia Saudita que tem apoiado o governo do Iêmen desde março de 2014, parem de vender armas que possam ser usadas no conflito.
“O grupo de especialistas recomendou que os Estados terceiros proíbam a autorização de transferências de armas e se abstenham de prover armas às partes do conflito” disse Melissa Parke a jornalistas. “Há risco de que tais armas sejam usadas pelas partes para cometer ou facilitar violações graves das lei internacional e dos direitos humanos.”
Respondendo o questionamento de quais países estariam vendendo armas para os grupos em conflito no Iêmen, Charles Garraway disse que “certas nações” são “reconhecidas como fornecedoras de armas; entre elas, Estados Unidos, Reino Unido e França, mencionando apenas três. Do outro lado, temos relatos de que o Irã pode estar fornecendo armas aos Houthis.”
O relatório deve ser apresentado no Conselho de Direitos Humanos no final do mês.
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