Boletim diário da ONU Brasil: “Seminário internacional debate HIV e saúde sexual de pessoas com deficiência” e 6 outros.
ONU Brasil <noreply+feedproxy@google.com> Cancelar inscrição
|
|
| |
|
|
| |
Posted: 14 Nov 2018 07:17 AM PST
Cerca de 70 pessoas participaram de seminário internacional sobre HIV, direitos sexuais e pessoas com deficiência no Rio de Janeiro. Foto: UNFPA Brasil/Erick Dau
Pessoas com deficiência, inclusive as que vivem com HIV, têm direitos sexuais e reprodutivos que precisam ser garantidos. Os desafios enfrentados por essa população para viver plenamente a sexualidade foram tema neste mês (8) de um seminário internacional no Rio de Janeiro. Promovido pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e pelo Centro de Promoção da Saúde (CEDAPS), o evento reuniu cerca de 70 pessoas do Brasil e de países da América do Sul para discutir inclusão e acessibilidade.
Os debates abordaram as barreiras que impedem o acesso das pessoas com deficiência aos serviços de saúde, aos métodos contraceptivos e aos meios de prevenção às infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Especialistas, gestores e representantes da sociedade civil também discutiram convenções e legislações sobre o assunto, além de avaliar políticas públicas para a promoção de uma vida sexual saudável e com qualidade.
O I Seminário Internacional de Saúde Sexual Reprodutiva, HIV e Pessoas com Deficiência e a II Mostra Caminhos da Inclusão: Direitos Sexuais, HIV e Deficiências tiveram a participação de adultos e jovens com deficiências, vivendo e convivendo com HIV/Aids. Também estiveram presentes acompanhantes, pesquisadores, oficiais de governo e integrantes de movimentos sociais do Brasil, Argentina e Uruguai, além de agências das Nações Unidas.
“O UNFPA preconiza o acesso a insumos de prevenção, contraceptivos e o acesso aos direitos e à saúde sexual e reprodutiva de forma plena, incluindo os temas de gravidez e de ISTs, sobretudo entre jovens. Temos o compromisso dos governos de assegurar o acesso à saúde sexual e reprodutiva, inclusive a pessoas com deficiência, muitas vezes não alcançadas pelos serviços e pelas políticas públicas”, ressaltou o oficial de programa para a área de Juventude do UNFPA, Caio Oliveira.
“Temos nesse evento parceiros do Uruguai, da Argentina, do governo e da sociedade civil do Brasil – pessoas do movimento de HIV/Aids e movimentos de pessoas com deficiência. São pessoas que têm trabalhado para quebrar o tabu da sexualidade da pessoa com deficiência e para mostrar a realidade da pessoa que vive com o HIV. São construções que conseguimos fazer ao longo do tempo e que vão avançando”, acrescenta a diretora-executiva do CEDAPS, Katia Edmundo.
Experiências internacionais
Ao longo do seminário, experiências em diferentes áreas e países foram compartilhadas. Da Argentina, vieram dados sobre pessoas com deficiência e sexualidade. Segundo Constanza Leone, especialista em saúde sexual e reprodutiva, 10% da população vive com alguma deficiência no país. Esse número significa que 27,5% dos domicílios são o lar de ao menos um indivíduo com deficiência. Isso se traduz em desafios como educação sexual integral, direitos durante a gravidez, parto, pós-parto e pós-aborto.
“Também há algumas dificuldades relacionadas ao gênero que se agravam com pessoas com deficiência. Por exemplo, quando uma pessoa trans com deficiência depende de outra para trocar de roupa. É uma situação mais sensível e que merece atenção”, explicou Leone.
Para a especialista, os maiores obstáculos ainda estão em garantir a autonomia das pessoas com deficiência, sem discriminação. “O conhecimento e o respeito estão diretamente relacionados com o consentimento informado das pessoas. Isso precisa de atenção, por exemplo, quanto ao uso de método contraceptivo e a escolha do melhor método”, disse.
A diretora do Programa Nacional de Deficiências do Ministério de Desenvolvimento Social do Uruguai, Begoña Grau, também alertou para as barreiras à independência e ao respeito. De acordo com a gestora, estudos feitos no país levaram à percepção de que era necessário não apenas ouvir as pessoas com deficiência, mas incluí-las na formulação e no monitoramento de políticas públicas.
“Pesquisa realizada no Uruguai mostrou a necessidade de criar uma área de gênero dentro das secretarias de deficiência. Também uma secretaria de saúde sexual de pessoas com deficiência e uma estratégia de divulgação, sensibilização e capacitação. O grande desafio do processo de políticas públicas é envolver a sociedade civil organizada de pessoas com deficiência em todo o processo”, ressaltou.
Dados apresentados pelo assessor do UNFPA para HIV/Aids no Uruguai, Juan Meré, ilustram o problema da inclusão — sete em cada dez mulheres com deficiência sofrem violência física ou sexual no país, 70% das pessoas com deficiência estão desempregadas e 85% dos cidadãos que precisam de cadeiras de rodas não têm acesso ao aparelho.
“Inclusão, participação e a visibilidade são fundamentais. Não se pode fazer programas para pessoas com deficiência sem as pessoas com deficiência. A declaração forte dessas pessoas precisa ser traduzida em ações, no desenho de programas e no monitoramento dos resultados”, defendeu o representante da agência da ONU.
Meré destacou ainda a importância de unir experiências em torno de pautas similares, como é o caso de pessoas que vivem com o HIV e que têm ou que desenvolveram alguma deficiência por causa da infecção pelo vírus da Aids. “Precisamos tentar gerar oportunidade de diálogo com todos os coletivos daquelas pessoas que se sentem excluídas, discriminadas, violentadas, porque isso mostra muitas vezes causas que são comuns e que podem se aliar. Essa é a importância do enfoque interseccional.”
Questões brasileiras
Também presente no seminário, o procurador da República do Ministério Público Federal do Brasil (MPF), Jorge Medeiros, afirmou que cerca de 10% dos crimes sexuais registrados no país são praticados contra pessoas com deficiência. Segundo o magistrado, um indivíduo com deficiência tem de quatro a dez vezes mais chances de ser vítima de violência sexual do que uma pessoa sem deficiência. Embora os números sejam bastante altos, eles representam apenas parte do problema, já que muitos casos são subnotificados.
“Há uma enorme cifra oculta, uma enorme subnotificação desses crimes sexuais. Não é à toa. Muitos órgãos que deveriam registrar e oferecer acolhimento acabam revitimizando as pessoas”, alertou o procurador.
“Essas violências cotidianas acabam recebendo uma resposta muito reduzida, o que prejudica as estatísticas também. Nesse cenário, a prevenção e proteção à vítima tem que ser prioridade, mais que a resposta individualizada ao agressor”, completou o jurista.
Ainda de acordo com Medeiros, a atuação da sociedade civil é fundamental no enfrentamento do problema. “O trabalho dos movimentos, a responsabilização institucional, é o que tem permitido os pequenos avanços nessa área. E o meu grande pedido é que sigam em frente com o ativismo porque é isso que dá resultado.”
Os direitos sexuais e reprodutivos existem no papel, mas acabam sendo outras na realidade, em especial para mulheres e adolescentes com deficiência.
Para o coordenador-geral do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência e representante da Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Wanderlei Marques de Assis, tão importante quanto enfrentar os problemas e manter os movimentos da sociedade civil ativos, é incluir as pessoas com deficiência na elaboração de políticas públicas.
O gestor lembrou que, além dos desafios diários enfrentados por essa população, há ainda o preconceito e o tabu. “A lei brasileira da pessoa com deficiência inclui vários direitos que acabam invisibilizados, como os direitos sexuais e reprodutivos”, apontou o gestor.
“Os governos muitas vezes não sentem a nossa dor – não são pessoas com deficiência, não são da sociedade civil. Por isso a importância da sociedade civil, com toda sua luta e toda a dificuldade que tem para ser ouvida”, acrescentou Assis.
“Precisamos estar unidos nessa luta”, enfatizou a coordenadora de programas do UNFPA, Tais Santos.
“Os direitos sexuais e reprodutivos existem no papel, mas acabam sendo outras na realidade, em especial para mulheres e adolescentes com deficiência. Muitas sofrem com a violência sexual, enfrentam estigma e discriminação. A posição do UNFPA é de um basta — não podemos mais aceitar isso. E com empoderamento, uma nova história está próxima de se tornar realidade.”
|
Posted: 14 Nov 2018 07:05 AM PST
Cidade de Codrington, em Barbuda, após a passagem do furacão Maria, em setembro de 2017. Foto: ONU/Rick Bajornas
Em reunião sobre a adaptação dos Pequenos Estados Insulares às mudanças climáticas, dirigentes da ONU ressaltaram na terça-feira (13) que essas ilhas já estão sendo afetadas pelas alterações do meio ambiente. Países em desenvolvimento, sobretudo as nações caribenhas, têm sido palco de fenômenos devastadores — em 2017, o furacão Maria causou em Dominica perdas econômicas estimadas em 259% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
O enviado especial da ONU para a Cúpula do Clima de 2019, Louis Alfonso De Alba, lembrou que no ano passado, milhares de pessoas ficaram desabrigadas no Caribe, e a infraestrutura de transporte, água, saúde, educação e turismo foi severamente impactada. “Entre 70 e 95% das casas foram danificadas em Anguilla, nas Bahamas, nas Ilhas Turcas e Caicos, nas Ilhas Virgens Britânicas, em Barbuda e Dominica”, afirmou o especialista em evento na sede da ONU, em Nova Iorque.
De 1998 a 2017, os pequenos países e territórios caribenhos estiveram entre os dez Estados mais afetados financeiramente por desastres associados ao clima, alertou a presidente do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (ECOSOC), Inga King.
A dirigente defendeu que aumentar a preparação das nações caribenhas é uma “questão urgente”. Isso inclui ampliar investimentos na redução dos riscos de desastres, nos esforços de recuperação e reconstrução.
Sobre a mobilização de recursos, Louis Alba elogiou o fato de que mais de 1,6 bilhão de dólares já haviam sido disponibilizados aos países do Caribe, por meio de fundos de reconstrução. Mas o analista expressou preocupação com outro aspecto da conjuntura sub-regional — a dívida externa.
Segundo a secretária-executiva da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe ( CEPAL), Alicia Bárcena, os países caribenhos têm uma dívida total de 52 bilhões de dólares — pouco mais de 70% do PIB da sub-região. De acordo com a chefe do organismo, os furacões Irma e Maria causaram danos calculados em 6,9 bilhões de dólares, quando considerados os sete países mais atingidos pelas tempestades.
“É claro que para a comunidade internacional no geral, as medidas de mitigação das mudanças climáticas são urgentes e necessárias, mas para os Pequenos Estados Insulares, a implementação das medidas de adaptação é um imperativo”, enfatizou Bárcena.
A CEPAL criou uma metodologia de avaliação de perdas e danos, já implementada em cinco países caribenhos. O organismo da ONU ajuda essas nações a fortalecer seus sistemas de monitoramento de riscos. Outro projeto da comissão é uma iniciativa que renegocia dívidas dos Estados, substituindo-as por investimentos e empréstimos em adaptação climática.
|
Posted: 14 Nov 2018 07:00 AM PST
Refugiada síria, Lucia Loxca recebe seu diploma em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Paraná. Foto: Grupo MARIOS/Divulgação
O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) aprovou na sexta-feira (9) por unanimidade resolução que prevê a criação de um processo anual de seleção para pessoas refugiadas e migrantes com visto humanitário que desejem cursar graduação na instituição.
A resolução prevê dez vagas suplementares anuais, com seleção por meio de processo seletivo exclusivo para esses candidatos. O procedimento ainda passará por regulamentação.
A resolução nº 13/14 – CEPE, que normatiza o acesso de portadores do status de refugiado ou de visto humanitário e migrantes regularmente admitidos no Brasil por meio de vagas remanescentes continua vigente.
Para Tatyana Friedrich, vice-coordenadora do Programa Política Migratória e Universidade Brasileira (PMUB), essa decisão significa a consolidação de um trabalho realizado há cinco anos da UFPR. Desde 2013, o projeto acolhe e apoia em diversos aspectos migrantes e refugiados.
“Esse fato representa a sensibilização do reitor, do Conselho e da comunidade universitária em relação à questão dos migrantes e refugiados, que são uma realidade hoje na sociedade paranaense. Demonstra, ainda, que a UFPR é uma instituição comprometida com a inclusão e emancipação dos menos favorecidos”, disse.
Em 2013, a UFPR firmou termo de parceria com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) para a implementação da Cátedra Sérgio Vieira de Mello. No ano seguinte, teve início o Programa de Extensão e Pesquisa “Política Migratória e Universidade Brasileira”, com a finalidade de desenvolver políticas de acolhimento e de inserção de pessoas refugiadas e migrantes nos cursos de graduação e pós-graduação, atuando também no processo de revalidação de diplomas de estrangeiros.
|
Posted: 14 Nov 2018 06:43 AM PST
Clique para exibir o slide.O Departamento de Salvaguarda e Segurança das Nações Unidas (UNDSS) realizou na terça-feira (13) na sede do Centro Pan-Americano de Febre Aftosa (PANAFTOSA), em Duque de Caxias (RJ), um treinamento de prevenção e combate a incêndios e primeiros socorros para funcionários da Organização.
A atividade reuniu cerca de 20 funcionários e foi realizada em parceria com as equipes do Processo APELL de Campos Elíseos (Duque de Caxias) e da Cruz Vermelha Brasileira (CVB) do município localizado na Baixada Fluminense.
Além de conteúdo teórico, os participantes aprenderam a manusear diferentes extintores de incêndio, aplicaram técnicas de primeiros socorros e fizeram um exercício de evacuação na sede do centro da ONU.
|
Posted: 14 Nov 2018 06:25 AM PST
No aniversário de 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 2008, o então secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon (esquerda), reúne-se em Genebra com o embaixador Martin Ihoeghian Uhomoibhi, representante da Nigéria no escritório da ONU no país e então presidente do Conselho de Direitos Humanos, e Navi Pillay, então chefe de direitos humanos das Nações Unidas. Foto: ONU/Jean-Marc Ferré
O Artigo 2 estabelece que todos têm direito a todas as liberdades listadas na DUDH, “sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, posição econômica, nascimento ou qualquer outra condição”. As últimas palavras desta frase — “qualquer outra condição” — têm sido frequentemente citadas para expandir a lista de pessoas especificamente protegidas.
Esta linguagem está refletida em instrumentos regionais, como a Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos, a Convenção Americana sobre Direitos Humanos e a Convenção Europeia para a Proteção dos Direitos Humanos e Liberdades Fundamentais. A ONU elaborou direitos em vários tratados que se baseiam no Artigo 2 — incluindo, mais recentemente, a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, que foi adotada em 2006. Também é fundamental para os atuais esforços de proteger todos os grupos que enfrentam perseguição, mesmo aqueles que não são especificamente cobertos por uma convenção internacional específica.
Na sociedade indiana socialmente conservadora, o engenheiro de Tecnologia da Informação (TI) Akhilesh Godi sentia que mal existia. Deprimido e lutando com questionamentos sobre sua sexualidade, ele estava com medo de procurar ajuda porque achava que até mesmo um terapeuta iria rotulá-lo de criminoso sob as leis indianas contra a homossexualidade. Outros homossexuais e transexuais na Índia disseram ter enfrentado severa discriminação ou chantagem por causa de uma proibição de sexo gay de 157 anos.
Godi decidiu reagir. Ele foi um dos 20 estudantes abertamente gays e ex-alunos de várias escolas de tecnologia — incluindo duas mulheres e uma mulher transgênero — a vencer uma decisão da Suprema Corte da Índia em setembro de 2018, derrubando a lei da era colonial. Os juízes não apenas descriminalizaram o sexo gay. Eles decidiram que, a partir de agora, os indianos gays devem receber todas as proteções da Constituição. A decisão foi bem recebida pela ONU, que disse que “a orientação sexual e a expressão de gênero são parte integrante da identidade de um indivíduo em todo o mundo”.
Quando a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) foi elaborada há 70 anos, pode não ter havido muitos que concordaram. Mas a proibição do Artigo 2 referente à discriminação — e sua afirmação mais positiva de que os direitos humanos pertencem a todos — tem sido a base para a definição de direitos relativos a idade, deficiência e outros assuntos que não foram abordados em 1948.
Na ocasião, o delegado chileno Hernan Santa Cruz lembrou seus colegas de que o Artigo 2 ampliava de maneira importante as disposições básicas da Carta da ONU e comentou que “as Nações Unidas foram fundadas principalmente para combater a discriminação no mundo”. O bloco comunista pressionou fortemente, desde o início, pela adoção de uma linguagem clara contra a discriminação.
Os três primeiros artigos da Declaração estão intimamente interligados. Peng-chung Chang, um desenhista chinês com um notável conhecimento da filosofia oriental e ocidental, propôs que os três primeiros artigos deveriam refletir as principais ideias da filosofia política do século 18 sobre direitos: “fraternidade” (Artigo 1), “igualdade” (Artigo 2) e “liberdade” (Artigo 3). Os Artigos 1 e 2 estabelecem o tom de toda a Declaração com suas proibições de discriminação.
Ambos os artigos continuam a ter influência sobre padrões internacionais novos e em evolução. Em 2006, a ex-chefe de direitos humanos da ONU Louise Arbour observou como a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência enfatizou que “a celebração da diversidade e o empoderamento do indivíduo são mensagens essenciais de direitos humanos”, acrescentando que tal documento considera que as pessoas com deficiência têm papel ativo na sociedade.
Esta Convenção foi elaborada com a participação de pessoas com deficiência, afastando-se de um modelo mais antigo de ter normas feitas sem a participação das pessoas afetadas por elas.
Embora a proteção fundamentada na DUDH e garantida em outros tratados de direitos humanos deva ser aplicada a todos, as pessoas com deficiência ainda são invisibilizadas — sem possibilidades de usufruir de toda a gama de direitos humanos.
Um número desproporcional de pessoas com deficiência vive em países em desenvolvimento, muitas vezes marginalizados e na extrema pobreza, um fato que esta Convenção pretende mudar, para garantir que as pessoas com deficiência gozem, de fato, de mesmos direitos e dignidade de todos os demais.
Essa abordagem baseada em direitos também foi adotada para os povos indígenas e por aqueles que tentam acabar com a discriminação baseada em orientação sexual e identidade de gênero. A própria ONU está promovendo o respeito aos direitos das pessoas lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros (LGBT) de todas as idades e em todas as regiões do mundo.
Não é necessário criar um novo conjunto de direitos específicos para as pessoas LGBT ou definir novos padrões internacionais de direitos humanos. Tudo o que é necessário para proteger as pessoas LGBT da violência e da discriminação é o respeito pelos direitos existentes.
Existem 71 países e territórios, principalmente na África, no Oriente Médio e em partes do sul da Ásia, onde as relações consensuais entre pessoas do mesmo sexo ainda são criminalizadas, incluindo oito onde a homossexualidade pode resultar na pena de morte.
O ex-secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, admitiu que a orientação sexual e a identidade de gênero são questões compreensivelmente sensíveis para alguns. “Como muitos da minha geração, eu não cresci falando sobre essas questões”, disse ele ao Conselho de Direitos Humanos, em 2012. “Mas aprendi a falar, porque vidas estão em risco e porque é nosso dever sob a Carta das Nações Unidas e sob a Declaração Universal dos Direitos Humanos proteger os direitos de todos, em todos os lugares”.
|
Posted: 14 Nov 2018 05:55 AM PST
Evento em Governador Valadares (MG) abordou saúde da população de gays, lésbicas, bissexuais, pessoas trans e intersexo. Foto: Divulgação/Maria Clara Leite
Em Governador Valadares (MG), mais de 150 pessoas participaram no último final de semana de debates sobre políticas de saúde para pessoas LGBTI e prevenção de infecções sexualmente transmissíveis. Com o apoio do Fundo de População das Nações Unidas ( UNFPA), o I Congresso de Gênero e Sexualidade do Leste Mineiro: corpos, sujeitos e políticas também discutiu violência doméstica e sexual e o conceito de família para além do gênero.
“O congresso traz a importância do debate de gênero, sexualidade e diversidade no ambiente acadêmico e seu papel na transformação dos modelos de atenção à saúde e da sociedade de forma geral”, avaliou Juliana Goulart, professora do Departamento de Administração da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
A docente foi a organizadora do evento, realizado nos dias 10 e 11 de novembro. Com a participação de representantes das universidades e da sociedade civil, o encontro foi promovido pelo Coletivo LGBT+, em parceria com a UFJF e a Federação Internacional das Associações dos Estudantes de Medicina do Brasil (IFMSA Brazil). O fundo da ONU apoiou a iniciativa.
“É necessário levar a toda comunidade informações sobre os recursos biomédicos de prevenção que temos atualmente, para que cada indivíduo possa refletir sobre suas necessidades, seus contextos e suas vulnerabilidades”, completou Lucas Andrade, palestrante e coordenador do Comitê de Saúde Pública e Direitos Humanos da IFMSA-UFJF/GV.
Além das mesas-redondas, o evento também contou com uma sessão de cinema do filme “Meu Nome é Jaque”. A protagonista da obra e ativista trans Jacqueline Côrtes compareceu ao congresso para falar sobre o documentário.
|
Posted: 14 Nov 2018 04:36 AM PST
Os colégios deveriam ser um espaço seguro para crianças aprenderem e crescerem. Mas para metade de todos os adolescentes no mundo, a situação é bem diferente. Milhões de meninos e meninas enfrentam violência, bullying e ameaças, dentro e fora da sala de aula. O problema pode ter consequências duradouras na saúde física e mental das vítimas.
Para conscientizar a população sobre as agressões nos ambientes de ensino, o Fundo das Nações Unidas para a Infância ( UNICEF) listou 13 razões pelas quais é urgente acabar com a violência nas escolas:
1. Um problema de proporções enormes
Em Honduras, Carlos Ricardo Chavez, de 15 anos, era uma criança agressiva, que se dizia “cega pela raiva”. A escola resolveu dar uma segunda chance para o menino, que foi transferido para o turno da tarde. Mas na nova turma, Carlos acabou virando vítima de bullying, sendo espancado pelo menos uma vez por semana por seus colegas. Foto: UNICEF/Zehbrauskas
Cerca de 150 milhões de estudantes, dos 13 aos 15 anos, relataram ter sofrido violência dos seus prórios colegas, dentro e fora da escola. Metade de todos os adolescentes do mundo já passaram por agressões em centros de ensino.
2. Leis que não protegem contra castigo
Em Villanueva, Honduras, o jovem de 16 anos, Darwin, lembra de seu colega Henry, que se suicidou em setembro de 2016. De acordo com um professor, os dois amigos sofriam bullying. Foto: UNICEF/Zehbrauskas
Quase 720 milhões de jovens em idade escolar vivem em países onde eles não estão completamente protegidos pela lei de castigos corporais nas escolas. Essas crianças correm risco de sofrer castigos físicos, de professores e outras figuras de autoridade.
3. Bullying
Escola Branko Radicevic, em Mitrovica do Norte, no Kosovo, onde o UNICEF promove atividades de mediação de conflitos entre os jovens. Foto: UNICEF/Babajanyan VII Photo
Em nível global, um em cada três estudantes, com idade de 13 a 15 anos, já sofreu bullying. Segundo dados coletados pelo UNICEF, o problema é um dos tipos mais comuns de violência relatados nas escolas.
4. Grupos vulneráveis
Em Puerto Cortes, em Honduras, Jose Angel Lizama, de 14 anos, senta ao lado de sua mãe, Lourdes, em casa. O jovem tem autismo e sofreu bullying na escola desde os seus primeiros anos na educação formal. Foto: UNICEF/Zehbrauskas
Crianças que já são marginalizadas estão especialmente vulneráveis ao bullying. Entre os fatores que aumentam as chances de um jovem sofrer violência escolar, estão deficiência, pobreza extrema, etnia, orientação sexual ou identidade de gênero.
5. Agressores
Alunos participam de uma simulação de bullying na Escola Branko Radicevic, em Mitrovica do Norte, no Kosovo. A atividade é parte de um programa da ONG Domovik, para estimular a mediação de conflitos entre os estudantes e diminuir casos de violência. A instituição recebe apoio do UNICEF. Foto: UNICEF/Babajanyan VII Photo
Em 39 países da Europa e da América do Norte, 17 milhões de adolescentes admitiram praticar bullying contra seus colegas na escola.
6. Brigas
Na cidade de Puerto Cortés, em Honduras, Geraldine Matute, de 16 anos, conta que foi vítima repetidas vezes de bullying: “Eu nunca fui aceita pelos meus colegas, especialmente as meninas, por causa das minhas características físicas”. Foto: UNICEF/Zehbrauskas
Um em cada três estudantes, com idade de 13 a 15 anos, já se envolveu em brigas físicas nas escolas. Ataques físicos por colegas são mais comuns entre os meninos, enquanto as meninas têm mais chances de serem vítimas de formas psicológicas de bullying ou associadas às relações interpessoais.
7. Armas nas escolas
Em Minneapolis, nos Estados Unidos, adolescentes protestam contra a violência armada e pedem reformas nas leis que autorizam a compra e o uso de armas. Foto: Wikimedia (CC)/Fibonacci Blue
Nos últimos 27 anos, houve pelo menos 70 tiroteios fatais dentro de escolas.
8. Cyberbullying: da rede para a vida real
Jovem checa seu smartphone na Escola São Francisco de Assis, na cidade de Cebu, nas Filipinas. Foto: UNICEF/Estey
O bullying na internet, também conhecido como cyberbullying, permite aos agressores se esconder no anonimato, mas tem repercussões concretas. Vítimas de cyberbullying têm mais chances do que os outros alunos de usar álcool e drogas, matar aula, obter notas mais baixas e desenvolver uma baixa autoestima e problemas de saúde.
9. Violência em zonas de guerra
Na Ucrânia, Oleksandr, de 16 anos, é fotografado no antigo ginásio de sua escola em Troitske, na região de Luhansk, palco de um violento conflito armado. Foto: UNICEF/Samoilova
Estima-se que 158 milhões de crianças, com idade dos seis aos 17 anos, vivam em áreas afetadas por conflitos, onde as salas de aula são frequentemente espaços pouco seguros. Crianças em zonas de confronto armado são obrigadas a arriscar suas vidas para ter uma educação.
10. Violência que custa caro
Em Villanueva, Honduras, o jovem de 17 anos, Victor Fernando (à esquerda, no espelho), conta que sofre bullying por causa de sua orientação sexual: “Eu me sinto sozinho, fraco e vulnerável. Eles (os agressores) já tentaram me bater. Eles me provocam, mas eu não faço nada. Minhas notas caíram e eu perdi um ano na escola”. Foto: UNICEF/Zehbrauskas
Em nível global, o custo da violência contra as crianças chega a 7 trilhões de dólares por ano. Essas despesas deslocam recursos e acabam reduzindo investimentos em saúde, desenvolvimento da primeira infância e educação.
11. Violência gera violência
Jovem no Centro Escolar Confederacion Suiza, na cidade de San Salvador, capital de El Salvador. Foto: UNICEF/Heger
Crianças que crescem em contextos violentos têm mais chances de reproduzir a violência quando se tornarem jovens adultos.
12. Consequências para a vida toda
Uma menina assiste a outras jovens jogarem vôlei na escola Muntinlupa, nas Filipinas. Foto: UNICEF/Estey
Na primeira infância, o estresse associado à exposição repetida a episódios de violência pode interferir no desenvolvimento saudável do cérebro. Também pode levar a comportamentos antissociais, ao uso abusivo de substâncias, ao comportamento sexual de risco e à prática de atividades criminosas.
13. Um problema evitável
Jovens no Centro de Mediação de Pares da ONG Domovik, no Kosovo, onde aprendem a resolver conflitos e lidar com as diferenças sem recorrer à violência. A instituição recebe apoio do UNICEF. Foto: UNICEF/ Babajanyan VII Photo
A violência nas escolas pode ser prevenida. Estudantes de todas as partes do mundo estão se manifestando para pedir a segurança e a educação que eles merecem. É hora de seguir os passos desses jovens. Não deixe a violência ser uma aula cotidiana.
|
|
|
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário