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Posted: 10 May 2018 01:39 PM PDT
Secretário-geral da ONU, António Guterres alerta para reaparecimento do neonazismo em abertura de exposição sobre a Segunda Guerra Mundial. Foto: ONU
Em inauguração de exposição sobre a Segunda Guerra Mundial, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou em Nova Iorque, nesta semana (9), que atos para lembrar o conflito nunca foram tão significativos quanto atualmente. Segundo o chefe da ONU, mais uma vez, o mundo é palco da proliferação do antissemitismo e do neonazismo, descrito por Guterres como “um câncer”. Na terça-feira (8), a rendição incondicional da Alemanha completou 73 anos.
Lembrando que o confronto causou uma destruição “absolutamente inimaginável”, Guterres ressaltou que a União Soviética foi, “de longe”, o Estado com o maior número de sacríficos durante o combate aos nazistas.
“Vemos um mundo em que conflitos se proliferam, em que tantas guerras estão acontecendo. Portanto, acredito que é absolutamente essencial lembrar a todos nós as lições da Segunda Guerra Mundial que, para a União Soviética, foi considerada a Grande Guerra Patriótica”, afirmou o secretário-geral durante a abertura de uma mostra na sede das Nações Unidas.
Outro problema, alertou o dirigente, é o reaparecimento de mensagens neonazistas.
“Vemos movimentos políticos que ou confessam sua filiação neonazista, ou no mínimo, usam a simbologia, as imagens, as palavras, como “sangue e solo”, (dos nazistas). Vemos isso ser repetido em manifestações em diferentes partes do mundo. Isso é um câncer que está começando a se espalhar novamente e acho que é nosso dever fazer todo o possível para assegurar que essa doença horrível seja curada”, enfatizou Guterres.
De acordo com o secretário-geral da ONU, “a memória de todos aqueles que conseguiram derrotar o nazismo em 1954 nos permite derrotar qualquer forma de neonazismo nos dias de hoje”. “Não podemos nos esquecer do pior crime dos nazistas, que foi, é claro, o Holocausto”, lembrou o chefe do organismo internacional.
Junto com o neonazismo, disseminam-se também o antissemitismo e outras formas de ódio, como a discriminação direcionada aos muçulmanos.
“Eu espero sinceramente que as lições da vitória de maio nos ajudarão a derrotar o ressurgimento de ideias e convicções que eu achava que estavam enterradas para sempre. É nosso dever fazer isso porque não podemos aceitar que essas ideologias retornem”, completou Guterres.
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Posted: 10 May 2018 12:37 PM PDT
Escombros na cidade de Maarat al-Numaan, na província de Idlib. Foto: UNICEF/Giovanni Diffidenti
Os conflitos na Síria “não acabaram”, assim como a “maratona de sofrimento” para milhões de pessoas no país devastado pela guerra, afirmou um oficial humanitário sênior da ONU no início de maio (3).
Jan Egeland, assessor especial do enviado especial da ONU na Síria, fez as declarações a jornalistas após uma conferência do grupo humanitário, em Genebra.
“Não acabou. Este é meu receio, que as pessoas pensem que o conflito chegou ao fim”, afirmou, em meio a informações de que “milhares de pessoas” da área rural de Damasco estavam se preparando para ser evacuadas com destino a Idlib, no noroeste do país.
“Apenas 23% dos programas humanitários possuem financiamento, e já estamos em maio”, disse Egeland, avisando que “não há dinheiro disponível para a ação humanitária”.
O assessor também enfatizou que “pessoas exaustas chegam todos os dias em Idlib, informando que não há recursos financeiros para as operações.
Egeland pediu que os países não diminuam seu apoio “antes do fim dessa maratona de sofrimento”.
Os comentários de Egeland foram realizados em meio a desafios no acesso do apoio humanitário em muitas áreas na Síria. Essa dificuldade é um reflexo do deslocamento em massa de habitantes e da crescente carência por auxílio causada pelos mais de sete anos de guerra.
Há um ano, mais de 4 milhões de sírios viviam em locais considerados de difícil alcance, onde o acesso à assistência humanitária é extremamente arriscado. Nesse cenário, milhares de sírios foram sitiados por forças combatentes.
Hoje, 2 milhões de pessoas continuam a viver em áreas de difícil alcance no país, e cerca de 11 mil ainda residem em locais sitiados. Mas o aparente progresso em termos numéricos pode ser ilusório, diz o assessor especial da ONU.
“É algo positivo que pessoas não estejam mais vivendo em massa em locais sitiados, e que um número bem menor de habitantes esteja vivendo em áreas de difícil acesso. Mas esses números vieram a custo de batalhas terríveis em áreas densamente povoadas. Quando se trata de acordos realizados por um pequeno grupo de militares e políticos, muitas vezes preocupações humanitárias e questões envolvendo a proteção da população civil não são levadas em consideração.”
De acordo com o Escritório das Nações Unidas de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), os índices de deslocamento em algumas partes da Síria são tão altos quanto no início da crise no país.
Os registros do OCHA indicam que, para cada pessoa que retorna para casa de maneira voluntária, outras três são novamente deslocadas.
Áreas que, em particular, representam maior fonte de receio incluem Afrin, no norte, o antigo reduto do Estado Islâmico em Raqqa, assim como Ghouta Oriental e Yarmouk, ao sul da capital Damasco – onde as Nações Unidas mantêm um acesso altamente restrito.
Porém, Egeland afirma que a “preocupação número um” seria Idlib, uma cidade que se tornou lar para mais de 2 milhões de pessoas.
“Pessoas estão vivendo a céu aberto, em campos congestionados… ou abarrotadas em centros coletivos”, declarou. “[Mais pessoas] chegam às duas horas da madrugada, praticamente todas as noites, apenas para descobrir que mal podem ter acesso a uma cama oferecida por trabalhadores humanitários sobrecarregados. Não podemos ter uma guerra em Idlib”, completou.
Em meio a informações de que grupos armados continuam a atacar o que Egeland afirmou serem “acordos humanitários ruins”, o conselheiro declarou que o mais importante é garantir que os habitantes possam se deslocar para o local que desejam.
Egeland também expressou preocupação com as 40 mil pessoas que vivem em campos nos arredores de Ghouta Oriental, cidade que anteriormente foi lar para cerca de 390 mil habitantes. Há relatos de ausência de liberdade de ir e vir para os civis, sobretudo para homens.
O veterano em trabalhos humanitários ainda defendeu os valores de ações de “sistemas de desconflitualização” coordenadas pela ONU, de maneira a oferecer proteção para áreas de ação humanitária cuja localização tenha sido informada a agentes em guerra.
Mais de 660 locais solicitaram à ONU para transmitir suas coordenadas às forças militares de Estados-membros que estejam operando dentro da Síria, disse Egeland. Mais de 500 pedidos foram realizados apenas nesse ano.
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Posted: 10 May 2018 12:09 PM PDT
Bandeiras da Coreia do Norte. Foto: (stephan)/Flickr/CC
Um especialista em direitos humanos das Nações Unidas saudou nesta quinta-feira (10) a libertação de três cidadãos norte-americanos pelo governo da Coreia do Norte, classificando a medida como “mais um importante passo construtivo para as perspectivas de paz” das duas Coreias.
“Tenho defendido firmemente a libertação desses prisioneiros estrangeiros, que foram detidos arbitrariamente e impedidos de desfrutar de suas liberdades básicas”, disse Tomás Ojea Quintana, relator especial da ONU para os direitos humanos na Coreia do Norte.
“Saúdo esta importante decisão do governo da Coreia do Norte, que espero que seja uma oportunidade para abordar ainda mais os direitos humanos e as preocupações humanitárias.”
Kim Hak Song, Kim Sang-duk (‘Tony Kim’) e Kim Dong-chul estavam entre os vários cidadãos estrangeiros detidos na Coreia do Norte nos últimos anos.
Ojea Quintana fez um apelo à Coreia do Norte para que liberte seis cidadãos sul-coreanos, incluindo três pastores, que ainda estão detidos no país asiático.
“Continuo preocupado com relatos de que os detidos estrangeiros não tiveram acesso ao devido processo legal e podem estar em condições desumanas sem acesso consular”, disse ele. “Além disso, à medida que as negociações de paz avançam, uma avaliação abrangente do sistema penitenciário geral na Coreia do Norte se tornará inevitável”, acrescentou.
O relator especial visitará a Coreia do Sul na primeira semana de julho e apresentará seu próximo relatório à Assembleia Geral em outubro de 2018.
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Posted: 10 May 2018 11:50 AM PDT
Mariama Saran Sow, guineense de 25 anos e refugiada. Foto: ACNUR/Jean-Marc Ferré
Para Mohammed Badran, um sírio de 24 anos que encontrou segurança na Holanda, ser um refugiado não é uma identidade, mas uma experiência que pode ser usada para unir comunidades. O jovem participou de um encontro recente na sede da Agência das Nações Unidas para Refugiados ( ACNUR), em Genebra. O organismo lidera os diálogos e negociações de um novo pacto global para o acolhimento de refugiados.
“Quando somos apenas percebidos como beneficiários vulneráveis de assistência, a oportunidade de ter uma voz nas decisões que nos afetam é tirada de nós”, disse Mohammed durante o evento. “Precisamos repensar o que significa ser um refugiado e incluir essa visão no pacto.”
Com a ajuda de outros sírios, o jovem fundou a ONG Voluntários Sírios na Holanda, que já tem mais de 600 integrantes trabalhando para aproximar os refugiados das comunidades locais. Para Mohammed, refugiados não devem ser incluídos apenas nas consultas sobre o pacto, mas também no planejamento, monitoramento e avaliação.
“Para ser bem-sucedido, o pacto global deve ser dos refugiados.”
Mohammed também faz parte do Conselho Jovem Global, criado pelo ACNUR. Os membros da entidade passaram meses realizando consultas com jovens refugiados e de países anfitriões, líderes comunitários e autoridades do governo. O objetivo era recolher impressões e avaliações sobre as versões iniciais do pacto global.
O ACNUR está agora na metade dos diálogos formais, que terminam em julho e visam assegurar que o documento seja adotado por consenso. A expectativa da comunidade internacional é de que o novo acordo seja adotado pela Assembleia Geral da ONU ao final deste ano.
Superação e acolhimento
Ameaçada pela mutilação genital feminina e forçada a se casar, Mariama Saran Sow fugiu da Guiné com apenas 17 anos de idade. Na Alemanha, começou a reconstruir sua vida, mas precisou enfrentar os traumas do passado.
“Sofri muita violência em casa, mas sinto que ainda falta apoio psicossocial aos refugiados que passaram por experiências traumáticas”, explicou durante a reunião em Genebra.
“Quando chegam, as crianças precisam participar de atividades para esquecer suas preocupações. As mulheres também precisam de espaços seguros para falar sobre os abusos que possam ter sofrido. Quando chegamos, muitas vezes não falamos a língua do país que nos acolhe. Precisamos de mulheres intérpretes com quem possamos conversar.”
Outros participantes enfatizaram a necessidade de trabalhar em colaboração estreita com as comunidades de acolhimento.
“As comunidades anfitriãs e as autoridades locais são as primeiras a ajudar os refugiados”, lembrou Simon Marot Touloung. Em 2000, ele foi forçado a fugir do Sudão do Sul como menor desacompanhado.
Simon Marot Toulong, sul-sudanês de 25 anos, lembrou importância de apoiar comunidades de acolhimento. Foto: ACNUR/Jean-Marc Ferré
Com uma bolsa de estudos do ACNUR, o jovem concluiu a universidade. O sul-sudanês fundou a African Youth Action Network (Rede de Ação da Juventude Africana, em tradução livre para o português), uma organização liderada por refugiados que apoia iniciativas de convivência em Kampala, em Uganda, e também no país de origem de Simon.
“Em Uganda, as comunidades locais concordaram em dar partes de suas terras aos refugiados do Sudão do Sul, como uma forma de agradecer pela ajuda que o Sudão do Sul deu aos ugandenses na década de 1970.”
Para Denis Adhoch, um queniano de 30 anos, as comunidades anfitriãs devem ser reconhecidas por sua generosidade e devem receber apoio adicional.
“Refugiados urbanos vivem em assentamentos informais ao lado de moradores locais que também lutam para sobreviver”, ressaltou. “Quando os refugiados recebem serviços dos quais os habitantes também não podem se beneficiar, a percepção de que os refugiados recebem tratamento preferencial e um sentimento de ressentimento podem crescer.”
Também presente no encontro, o alto-comissário adjunto de Proteção do ACNUR, Volker Türk, disse que a instituição “valoriza muito a contribuição de jovens refugiados”. “Precisamos analisar como garantir que as vozes dos jovens de comunidades de refugiados e anfitriãs sejam traduzidas em políticas globais”, enfatizou.
O dirigente moderou o evento ao lado da colombiana Laura Elizabeth Valencia Restrepo, de 21 anos, e também integrante do Conselho Jovem Global.
Forçada a fugir para o Equador em 2007, a jovem sabe como os refugiados serão vitais para o sucesso do pacto sobre deslocamento forçado. “Somos parte da solução e temos a competência para fazer parte disso”, afirmou.
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Posted: 10 May 2018 11:42 AM PDT
Clique para exibir o slide.Esperanza Tabisha, uma designer de moda refugiada da República Democrática do Congo (RDC), está confeccionando suas últimas criações em sua pequena loja no campo de refugiados de Kakuma, no noroeste do Quênia.
Duas clientes chegam para dar uma olhada no que está à venda. Uma é refugiada, outra trabalha para uma organização não governamental local. A maior parte da mercadoria é feita de kitenge, um tecido grosso e brilhante, tradicionalmente tingido em cores vivas.
As mulheres ficam impressionadas. Uma compra um vestido por 1,8 mil xelins quenianos (18 dólares). A outra encomenda uma saia longa personalizada e um top que custam 2 mil xelins quenianos (20 dólares). Felizes com suas compras, as mulheres saem e Esperanza continua organizando seu estoque.
A empresária de 27 anos está entre os milhares de refugiados que vivem em Kakuma e na cidade vizinha. A região têm uma população de quase 250 mil pessoas, somando refugiados e moradores locais.
Em 2011, Esperanza fundou sua pequena grife de moda, Esperanza Fashion & Design, com apenas 22 mil xelins quenianos (220 dólares), depois de ser forçada a fugir da violência na província de Kivu do Norte, na República Democrática do Congo, e chegar ao Quênia.
Ela queria continuar no ramo da moda, apesar do status de refugiada. Seus designs únicos logo encontraram um nicho na próspera indústria da moda no campo de Kakuma, no Quênia, atraindo clientes não apenas da comunidade de refugiados, mas também da população local. Ela ganha cerca de 2 mil xelins quenianos (20 dólares) por mês vendendo suas criações.
“Eu amo o meu trabalho”, diz. “Não há sentimento melhor do que ter um cliente feliz.”
Com a renda que ganha, Esperanza investiu em seus negócios e comprou uma nova máquina de costura, um ferro de passar a carvão e outras ferramentas para ajudar a melhorar a qualidade de seu trabalho. Apesar de ter um negócio de sucesso que sustenta ela e sua família, Esperanza diz que existem desafios.
“Estou muito feliz com o que estou fazendo”, afirma. “Eu amo ser designer e fazer roupas, mas o dinheiro que ganho só é suficiente para suprir as minhas necessidades básicas. Para expandir meus negócios, preciso de assistência financeira que eu possa pagar com o tempo.”
Esperanza faz parte de um estudo inovador da Corporação Financeira Internacional (CFI) e da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), publicado em 4 de maio, segundo o qual os refugiados não são apenas receptores passivos de ajuda, mas estão envolvidos em atividades econômicas. O relatório mostra que há oportunidades para organizações do setor privado fazerem negócios no campo e na cidade.
O estudo analisou o campo de Kakuma do ponto de vista da criação de uma empresa privada. Segundo a pesquisa, existem mais de 2 mil empresas e pequenos negócios em Kakuma, e uma economia que movimenta 6 bilhões de xelins (56 milhões de dólares). De acordo com o estudo, metade da renda familiar é gasta em produtos de consumo, um mercado que movimenta mais de 26 milhões de dólares por ano.
Foram coletados dados sobre empresas, níveis de consumo e acesso a financiamento, telecomunicações, educação e emprego foram coletados. As descobertas mostram que a economia de Kakuma está prosperando e há oportunidades para o setor privado investir em empreendimentos nas comunidades de refugiados e anfitriãs, que promovam a autoconfiança, a independência financeira e o empoderamento dos refugiados, reduzindo a dependência de ajuda humanitária e integrando refugiados social e economicamente.
“Precisamos mudar a mentalidade de que os refugiados estão sentados no campo, sem fazer nada além de receber assistência”, disse Raouf Mazou, representante do ACNUR no Quênia. “Na verdade, muitos deles estão administrando empresas, gerando empregos, e fazendo outras coisas importantes para formalizar suas empresas”.
“Tendemos a ver o setor privado como algo sofisticado, vindo de fora, mas, na maioria das vezes, trata-se de iniciativas de indivíduos que querem ganhar dinheiro fazendo o que sabem de melhor, como, por exemplo, um refugiado que faz pão.”
Pesquisadores encontraram mais de 2,1 mil pequenos negócios no campo de Kakuma atendendo a uma população mista. Dos refugiados entrevistados, 12% se identificaram como donos de empresas. Eles concluíram que as descobertas são positivas, considerando que a maioria dos refugiados chega ao Quênia com pouco mais do que algumas roupas. Deve-se considerar também que os direitos para se deslocar pelo país ou para possuir empresas ou propriedades registradas são limitados.
Uma boa conexão com a Internet na maior parte de Kakuma e a boa penetração de telefonia móvel abriram oportunidades para potenciais investidores do setor privado, segundo o estudo. Aproximadamente 69% dos refugiados e 85% da comunidade anfitriã têm acesso a telefones celulares.
A conectividade ajudou Esperanza a expandir seus negócios. Os clientes escolhem um design dentre as opções que ela posta online. “A Internet, as mídias sociais, especialmente o Facebook e o Instagram, estão desempenhando um papel importante na atração de potenciais clientes para o meu negócio”, declarou ela.
O estudo constatou que o investimento do setor privado em Kakuma não apenas permite que os refugiados proprietários de empresas se sustentem, mas também beneficia a comunidade anfitriã. Os refugiados geralmente contratam pessoas locais para trabalhar com eles e compram gado, madeira, carvão e outras mercadorias da comunidade local.
“Conflito, violência e perseguição estão deslocando mais pessoas de suas casas do que qualquer outro momento desde a Segunda Guerra Mundial”, disse Philippe Le Houérou, diretor-executivo da CFI.
“A ajuda do governo para enfrentar o desafio é limitada. O investimento do setor privado poderia fazer uma diferença importante, criando empregos e oportunidades para os refugiados. Mas os investidores muitas vezes não têm as informações críticas de que precisam para se aventurar nesses mercados. Este estudo é um primeiro passo fundamental para impulsionar o investimento privado em um mercado inexplorado.”
A CFI e o ACNUR esperam que o estudo aumente a conscientização sobre Kakuma como uma oportunidade de mercado em áreas do setor privado, como telecomunicações, saúde, educação, habitação e energia.
O relatório conjunto concluiu que atrair o setor privado e as empresas sociais para a área de Kakuma e apoiar os empreendedores locais e refugiados têm o potencial de ampliar as oportunidades de trabalho, melhorar os serviços, oferecer mais opções e reduzir os preços para todos.
“Por sua vez, isso pode aumentar a autoconfiança de ambas as comunidades (de refugiados e anfitriãs) e sua integração socioeconômica, ao mesmo tempo em que contribui para o desenvolvimento da região de acolhida. Isso está no espírito da agenda global do Marco Integral de Resposta aos Refugiados”, disse o relatório.
O relatório aponta três objetivos-chave que precisariam ser alcançados: atrair empresas privadas, incluindo empresas comerciais e empresas sociais, para entrar no mercado e oferecer oportunidades para ampliar as operações de empresas já presentes na área; desenvolver o potencial de empreendedorismo de refugiados e comunidades anfitriãs, com foco em jovens e mulheres, apoiando seus negócios para que cresçam, e oferecendo treinamento vocacional, serviços de desenvolvimento de negócios e oportunidades de financiamento; e apoiar o diálogo político e os esforços de advocacia focados na criação de um ambiente de negócios mais propício e na atração de empresas do setor privado para a área.
Acesse aqui a versão completa do relatório “Kakuma as a Marketplace” (em inglês).
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Posted: 10 May 2018 10:33 AM PDT
Situação dos direitos humanos de ativistas e jornalistas na Turquia preocupa relatores da ONU. Foto: Flickr (CC)/Strólic Furlàn
O alto-comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad Al Hussein, pediu na quarta-feira (9) a suspensão imediata do estado de emergência na Turquia. Situação de exceção impõe restrições às liberdades de expressão, reunião e associação — o que, segundo o dirigente da ONU, ameaça a credibilidade das eleições presidenciais e parlamentares do país, previstas para 24 de junho.
Em 19 de abril, o governo turco anunciou que renovaria pela sétima vez o estado de emergência. A decisão veio um dia após as autoridades determinarem o adiantamento do pleito para escolher o chefe do Executivo e os integrantes do Legislativo. A votação iria ocorrer somente em novembro de 2019.
Em comunicado divulgado nesta semana, o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) lembra que o estado de emergência suspende as obrigações do país para com o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, incluindo os artigos 19, 21, 22 e 25. Os quatro itens do documento estão diretamente relacionados às liberdades de expressão, reunião, associação e participação na condução dos assuntos públicos.
“Ao longo dos últimos dois anos, por meio de sucessivos estados de emergência, o espaço para o dissenso na Turquia encolheu consideravelmente, com mais 29 jornalistas, no mínimo, presos por crimes de terrorismo apenas na última semana de abril”, afirmou Zeid.
“A presença maciça da polícia e as prisões durante os protestos do 1º de Maio também demonstraram, mais uma vez, o espaço severamente limitado para a liberdade de reunião pacífica nesse país”, acrescentou o dirigente do ACNUDH.
O alto-comissário disse ainda que “é difícil imaginar como eleições credíveis podem ser realizadas em um ambiente onde visões discordantes e que desafiam o partido governante são penalizadas tão severamente”.
Zeid cobrou o fim do estado de emergência para garantir que todos os cidadãos turcos possam participar de forma igualitária e plena da condução dos assuntos públicos do país. A suspensão da situação de exceção também permitirá o exercício do direito ao voto e do direito de se candidatar sem restrições irracionais.
Em relatório publicado recentemente, o ACNUDH expressou preocupação com a renovação rotineira do estado de emergência e com o uso extensivo de decretos emergenciais. Na avaliação do organismo, medidas prejudicaram a habilidade da sociedade civil, do Judiciário e da mídia de atuar no monitoramento da vida pública.
“Eleições realizadas em um ambiente onde as liberdades democráticas e o Estado de Direito estão comprometidos suscitariam questionamentos de sua legitimidade e resultariam em mais incerteza e instabilidade”, completou Zeid.
“É do interesse do povo da Turquia que a ordem constitucional do país seja plenamente restaurada e que os direitos humanos e as liberdades fundamentais sejam plenamente respeitados, na lei e na prática.”
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Posted: 10 May 2018 10:23 AM PDT
Segundo dados de 2014 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), negros e negras, o que inclui pardos e pretos, compõem 53,6% da população brasileira. Foto: EBC
O programa IberCultura Viva divulgou na terça-feira (8) os dez vídeos selecionados no Concurso de curtas-metragens “Comunidades Afrodescendentes: Reconhecimento, Justiça e Desenvolvimento”. Entre os selecionados, estão cinco vídeos do Brasil, três da Argentina e dois do Chile. Os vencedores receberão prêmios de 500 dólares.
O prazo para a apresentação de recursos termina nesta quinta-feira (10). Candidatos interessados em interpor recursos deverão encaminhar um texto com os motivos para a reconsideração da avaliação para o e-mail programa@iberculturaviva.org, indicando no assunto “Recurso” e a identificação da pessoa responsável. A relação definitiva de selecionados será divulgada após o prazo de análise dos recursos.
Lançado pelo programa de cooperação intergovernamental IberCultura Viva e pelo escritório de representação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) no Brasil, o concurso teve como objetivo selecionar vídeos que promovessem uma reflexão sobre as comunidades afrodescendentes e a busca do pleno exercício de seus direitos culturais; e/ou valorizassem sua contribuição para a constituição, a promoção e o desenvolvimento da cultura ibero-americana.
Habilitados
Dos 132 vídeos inscritos, 90 foram habilitados. Desse total, 57 são do Brasil, 16 da Argentina, seis do Chile, três da Costa Rica, três do Equador, três do Uruguai, um do Peru e um do México. A comissão organizadora decidiu habilitar a participação de dois vídeos produzidos por pessoas migrantes, procedentes de países fora do âmbito do concurso, mas com residência em países que fazem parte do programa e com conteúdos ali realizados.
Este foi o segundo concurso de vídeos realizado pelo IberCultura Viva e o primeiro a contar com a colaboração da UNESCO no Brasil. Em 2016, o programa lançou o Concurso de Videominuto “Mulheres: culturas e comunidades”, que premiou dez vídeos de realizadoras de quatro países (Brasil, Argentina, Peru e México). O edital teve como objetivo dar visibilidade ao papel fundamental das mulheres na cultura e na organização comunitárias, enfrentando atitudes e estereótipos que contribuem para a desigualdade de gênero e a violência.
Veja a lista de vídeos selecionados:
Informação aos Interessados III: Etapa de Seleção – Concurso de curtas audiovisuais “Comunidades Afrodescendentes: Reconhecimento, Justiça e Desenvolvimento” – Resultado
Sobre o Programa IberCultura Viva
Lançado em 2014, IberCultura Viva é um programa intergovernamental de cooperação técnica e financeira voltado para o fortalecimento das políticas culturais de base comunitária dos países ibero-americanos. Está vinculado à Secretaria Geral Ibero-americana (SEGIB) e atualmente conta com os seguintes países membros: Argentina, Brasil, Chile, Costa Rica, El Salvador, Equador, Espanha, Guatemala, México, Peru e Uruguai.
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Posted: 10 May 2018 09:14 AM PDT
OPAS/OMS recomenda fortalecimento de vacinação e vigilância após mais de mil casos de sarampo confirmados nas Américas. Foto: EBC
Onze países das Américas notificaram 1.115 casos confirmados de sarampo neste ano: Antígua e Barbuda (1 caso), Argentina (3), Brasil (104), Canadá (9) Colômbia (21), Equador (3), Estados Unidos (63), Guatemala (1), México (4), Peru (2) e Venezuela (904). Os dados são da mais recente atualização epidemiológica da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), publicada nesta semana.
A quantidade já é superior à registrada em todo o ano de 2017, quando quatro países da região notificaram 895 casos confirmados: Argentina (3), Canadá (45), Estados Unidos (120) e Venezuela (727). Além disso, corresponde a quase o triplo do número registrado no dia 6 de abril deste ano: 385 casos confirmados. Por isso, o organismo internacional recomenda que seus Estados-membros intensifiquem as atividades de vacinação e vigilância.
Os casos em Antígua e Barbuda e na Guatemala foram importados, respectivamente, do Reino Unido e da Alemanha. Os casos no Canadá, nos Estados Unidos e no México também são importados ou associados à importação. No Peru, não foram identificados casos importados ou relacionados a outro caso importado que pudesse ter sido a fonte de contágio.
Na Argentina, dois dos três casos confirmados tinham histórico de viagem para a Ásia. Na Colômbia, 14 dos 21 casos foram importados da Venezuela. Estão em andamento em ambos os países atividades de vacinação, identificação, monitoramento e comunicação de risco, entre outros. No Equador, foram confirmados casos em dois equatorianos e em um homem proveniente da Venezuela.
No Brasil, há um surto em andamento nos estados de Roraima (81 casos confirmados, dos quais 55 venezuelanos, 24 brasileiros, um guianense e um argentino) e do Amazonas (22 casos confirmados, todos brasileiros). Além disso, foi confirmado um caso no estado do Rio Grande do Sul, em uma brasileira que havia visitado vários países na Europa. Para enfrentar o surto, o Ministério da Saúde do país, em coordenação com os governos estaduais e municipais, está conduzindo atividades de vacinação, vigilância epidemiológica, fortalecimento da rede de laboratórios, comunicação de risco e capacitação de profissionais em manejo de casos de sarampo.
O plano emergencial de contenção do surto de sarampo em Roraima conta com a colaboração da OPAS/OMS. O organismo internacional, a pedido do Ministério da Saúde, ajudou a montar um posto de vacinação provisório em Pacaraima, município brasileiro localizado na fronteira com a Venezuela, que funcionou de 1º de março a 5 de maio. A OPAS/OMS também apoiou a reforma de outro posto de vacinação, que funciona desde o dia 6 de maio e cuja estrutura segue as normas internacionais e nacionais de imunização. Ambos os espaços já vacinaram mais de 10,9 mil pessoas.
Além disso, está auxiliando o governo federal brasileiro no fornecimento de seringas, na compra de materiais para manter a temperatura adequada das vacinas, na contratação de profissionais (por exemplo, vacinadores) e no envio de especialistas para apoiar as autoridades nacionais e locais, entre outros.
Na Venezuela, foram registrados casos em 11 estados, a maioria em Bolívar. Para interromper a transmissão do vírus, o país elaborou um Plano Nacional de Resposta Rápida, que inclui estratégias e atividades de vacinação, vigilância epidemiológica, busca e investigação de casos, além de capacitação de profissionais de saúde. A OPAS/OMS está trabalhando para mobilizar recursos com parceiros estratégicos, a fim de apoiar todas as medidas de controle do surto na Venezuela.
Recomendações às autoridades
A região das Américas foi a primeira do mundo a ser declarada livre de sarampo, uma doença viral que pode causar graves problemas de saúde, inclusive pneumonia, cegueira, inflamação do cérebro e até mesmo a morte. A principal medida para prevenir a introdução e disseminação do vírus do sarampo é a vacinação da população suscetível, juntamente com a implementação de um sistema de vigilância de alta qualidade e sensível o suficiente para detectar de forma oportuna quaisquer casos suspeitos.
Tendo em vista as contínuas importações do vírus de outras regiões do mundo e os surtos em curso nas Américas, a OPAS/OMS insta os países e territórios a vacinar a população para manter uma cobertura homogênea de 95% com a primeira e a segunda dose da vacina contra sarampo, caxumba e rubéola em todos os municípios e a vacinar populações em risco (sem comprovação de vacinação ou imunidade contra sarampo e rubéola), como profissionais de saúde, pessoas que trabalham com turismo e transporte (hotelaria, aeroportos, motoristas de táxi, etc.) e viajantes internacionais.
Também pede que os países mantenham uma reserva de vacinas contra sarampo e rubéola e de seringas para controle de casos importados em cada país da região e fortaleçam a vigilância epidemiológica para detecção oportuna de todos os casos suspeitos de sarampo e garantam que as amostras sejam recebidas por laboratórios dentro de cinco dias após serem tomadas.
A agência da ONU também sugere fornecer uma resposta rápida frente aos casos importados de sarampo, com o objetivo de evitar o restabelecimento da transmissão endêmica (ou seja, que existe de forma contínua e constante dentro de uma determinada região). Uma vez ativada a equipe de resposta rápida, deve-se assegurar uma coordenação permanente entre os níveis nacionais e locais, com canais de comunicação permanentes e fluidos.
Segundo a OPAS/OMS, também é preciso identificar fluxos migratórios do exterior (chegada de estrangeiros) e fluxos internos (movimentos de grupos populacionais) em cada país, a fim de facilitar o acesso aos serviços de vacinação, de acordo com os calendários nacionais de imunização.
Além disso, tendo em vista a proximidade de grandes eventos esportivos, a OPAS/OMS recomenda aos seus Estados-membros que aconselhem a vacinação contra sarampo e rubéola, preferencialmente com a vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), a todos os viajantes com mais de seis meses de idade que não puderem comprovar vacinação ou imunidade. Segundo a agência da ONU, é importante que isso seja feito pelo menos duas semanas antes de viajarem para áreas onde a transmissão do sarampo foi registrada.
A atualização epidemiológica sobre sarampo está disponível em espanhol e em inglês.
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Posted: 09 May 2018 04:32 PM PDT
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Posted: 09 May 2018 03:12 PM PDT
Quase toda semana, Yasuri visita o Cemitério de Baquijano para rezar. Ela diz não suportar mais a vida na prostituição. Seu sonho é ter uma família e se casar um dia. Sua história faz parte do projeto da fotojornalista Danielle Villasana. Foto: UNAIDS/Danielle Villasana
Tamara, uma mulher trans que vive em Lima, no Peru, sempre enfrentou discriminação por causa de sua identidade gênero. No ensino fundamental, sofreu tanto bullying que saiu da escola. Aos 18 anos, com poucas opções de inserção profissional no mercado, começou a trabalhar nas ruas como profissional do sexo. Ela costumava dizer que não viveria além dos 30 anos. Como poderia se a sociedade a tratava como menos que humana?
Tamara morreu de tuberculose e doenças relacionadas à AIDS menos de um mês após o seu 30º aniversário. Seu falecimento tão precoce é tristemente comum — a maioria das mulheres trans na América Latina morre antes de chegar aos 35 anos, segundo estudos recolhidos pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS).
A região tem o maior número de homicídios de pessoas trans em todo o mundo — quase 80% de todos os assassinatos de indivíduos transexuais são registrados em países latino-americanos. Entre as mulheres trans, a prevalência do HIV é de 38%. Essa população tem 50% mais chances de se infectar por HIV do que a população em geral, segundo um estudo recente da Revista da Sociedade Internacional sobre AIDS.
Para o UNAIDS, as violações de direitos humanos contra as mulheres trans são o resultado de forças da sociedade. A cultura altamente machista, conservadora e transfóbica da América Latina exclui e estigmatiza as pessoas transexuais, o que constitui uma séria ameaça à sua saúde, segurança, expectativa de vida e perspectivas de emprego.
As mulheres trans que trabalham como profissionais do sexo sem proteções legais correm maior risco de violência e abuso sexual. A maioria tem pouco acesso aos serviços de saúde. Sem reconhecimento, muitos casos de violações e assassinato não são documentados.
A fotojornalista Danielle Villasana decidiu registrar com suas lentes uma comunidade de mulheres trans em Lima. Nos últimos anos, a repórter acompanhou a realidade vivida por essas peruanas, que enfrentam problemas como abusos da polícia, de parceiros e clientes, além de complicações de saúde associadas ao HIV.
“Como a maioria dos governos na América Latina e no mundo não protege as mulheres trans, estou determinada a mostrar como essas injustiças, em grande parte ignoradas, frequentemente levam a consequências fatais”, diz a fotógrafa.
Villasana lançou uma campanha na plataforma Kickstarter para divulgar as histórias que documentou em um livro bilíngue. O objetivo da publicação é conscientizar a polícia, entidades médicas e legisladores — setores que, segundo ela, ignoram o abuso contra as mulheres trans por causa do preconceito institucional e da falta de compreensão. Para apoiar e saber mais sobre o projeto, acesse http://bit.ly/a-light-inside.
Desde jovens, as pessoas trans enfrentam estigma, discriminação e rejeição social em suas casas e sociedades. O preconceito, a violência e a criminalização impedem essa população de ter acesso aos serviços de HIV de que precisam para se manter saudáveis. O UNAIDS trabalha com governos, instituições parceiras e comunidades de pessoas trans para garantir que esses indivíduos recebam serviços de saúde e atendimento adequado.
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Posted: 09 May 2018 02:56 PM PDT
Agricultores brasileiros estão utilizando técnicas orgânicas envolvendo leguminosas que reduzem os custos e combatem as mudanças climáticas. Foto: EMBRAPA
Agricultores brasileiros estão trabalhando com cientistas nucleares para utilizar técnicas de agricultura orgânica com o objetivo de aumentar sua produtividade e reduzir as emissões de carbono, em um projeto coordenado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em cooperação com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
Eles usam técnicas de isótopos estáveis para verificar a eficácia de suas práticas de agricultura orgânica, reduzindo custos e ajudando o meio ambiente.
A agricultura é um componente importante da economia brasileira. O país é o maior produtor mundial de café, suco de laranja e açúcar e o segundo maior produtor de soja e etanol de origem vegetal. A produção brasileira de grãos atingiu mais de 230 milhões de toneladas na safra 2016/17.
Essa produção requer um uso pesado de nitrogênio, que costumava ser adicionado na forma de fertilizante químico. Os fertilizantes contribuem para as mudanças climáticas, liberando grandes quantidades de gases de efeito de estufa durante o processo de fabricação e, novamente, quando são aplicados em excesso no solo.
Fertilizantes contendo nitrogênio sintético também são caros, de modo que os agricultores brasileiros estão caminhando para o uso da fixação biológica de nitrogênio (FBN). Essa técnica, conhecida como adubação verde, envolve a captura de nitrogênio do ar, sem o uso de fertilizantes químicos.
“Estudos recentes na agricultura brasileira mostram que mais de 76% de todo o nitrogênio em grãos e cereais colhidos são derivados da FBN, e menos de 20% é de fertilizantes sintéticos de nitrogênio”, disse Segundo Urquiaga, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agrícola (EMBRAPA). “O uso da FBN via cultivo de leguminosas está agora em pleno crescimento na agricultura brasileira, particularmente no Centro-Oeste do Brasil”.
Os agricultores plantam vários tipos de feijão, incluindo feijão-de-porco e feijão-da-flórida, que possuem bactérias em suas raízes que convertem o nitrogênio do ar em uma forma adequada para consumo por outras plantas, fertilizando o solo.
Depois que o feijão é colhido e o resíduo da cultura é deixado para trás, as culturas primárias, como grãos e cereais, são plantadas no mesmo campo e se beneficiam do nitrogênio no solo, com a necessidade de uma quantidade mínima de fertilizante químico.
“O custo do adubo orgânico no Brasil é estimado em cerca de 1 dólar o quilo de nitrogênio. Se considerarmos não apenas a FBN associada à adubação verde, mas todos os benefícios econômicos dela, ou seja, incluindo a produção de grãos de soja, estima-se que a substituição de fontes químicas de nitrogênio pelo nitrogênio derivado da FNB na agricultura brasileira resultaria em uma economia de até 13 bilhões de dólares por ano”, disse Urquiaga. “Houve um rápido crescimento dos sistemas de agricultura orgânica no Brasil”, completou.
Limitando a emissão de gases de efeito estufa
Embora seja considerado necessário utilizar pelo menos alguns fertilizantes químicos para que a produção seja economicamente viável, a integração da fixação biológica de nitrogênio com operações agrícolas comerciais tem o potencial de reduzir significativamente as emissões de gases com efeito de estufa, minimizando a necessidade de fertilizantes sintéticos.
O governo brasileiro se comprometeu a reduzir as emissões de gases do efeito estufa em 43% até 2030, em comparação com os níveis de 2005, na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, de 2015. Dado que a agricultura é responsável por 24% das emissões globais de gases de efeito estufa, a implementação em expansão dessas práticas agrícolas ajudará o país a atingir essa meta.
Enfrentando a degradação do solo
Além de aumentar a produção agrícola de maneira sustentável, a adubação verde ajuda a prevenir a degradação do solo, melhorando sua saúde geral.
“Os adubos verdes têm ‘alimentado’ o solo, o que ajuda a evitar sua degradação”, disse José Donizetti, engenheiro agrônomo da empresa brasileira Puraí Sementes. “Uma proporção significativa dos solos (brasileiros) está em estágio avançado de degradação devido ao uso intensivo e impróprio para a atividade agrícola”.
Para verificar a eficácia da adubação verde, os cientistas utilizam técnicas nucleares envolvendo isótopos estáveis. Por exemplo, rastreiam isótopos de nitrogênio-15 para confirmar quanto nitrogênio é fixado pelo adubo verde ou quão bem as culturas estão absorvendo nitrogênio derivado da adubação verde.
Para este segundo propósito, eles introduzem amostras de nitrogênio-15 no solo ao redor das plantações. Ao longo de um período de vários meses, observam quanto de nitrogênio-15 é absorvido pelas plantas, o que lhes diz o quão eficientemente elas estão usando os nutrientes.
Outro exemplo de técnica nuclear para avaliar os benefícios dos adubos verdes é a análise do isótopo carbono-13 para determinar quanto carbono dos adubos verdes será reciclado e transformado em matéria orgânica do solo após repetidos ciclos de crescimento, contribuindo para aumentar a qualidade do solo.
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Posted: 09 May 2018 02:29 PM PDT
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Posted: 09 May 2018 02:20 PM PDT
Alicia Bárcena durante o 37º Período de Sessões da CEPAL. Foto: CEPAL/Ministério das Relações Exteriores de Cuba/ProCuba
A chefe da Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina e o Caribe (CEPAL), Alicia Bárcena, cobrou na terça-feira (8) que países da região abandonem “uma cultura de privilégios”, responsável por naturalizar desigualdades nas relações sociais. Em pronunciamento em Havana para a reunião bienal mais importante da agência da ONU, a dirigente lembrou que disparidades agravam discriminação contra negros, indígenas e mulheres.
“A desigualdade não somente é injusta, mas é ineficiente e insustentável porque gera e sustenta instituições que não promovem a produtividade nem a inovação, ao premiar ou castigar o pertencimento de classe, etnia ou gênero”, criticou Bárcena em cerimônia que marcou o início 37º Período de Sessões da CEPAL.
“E porque gera uma cultura de privilégio que reforça essas desigualdades, as incorpora às relações sociais como algo aceitável e natural e as reproduz no tempo”, acrescentou a especialista.
A consequência, alertou a dirigente do organismo regional, é o acesso injusto ao capital produtivo simbólico e material.
O encontro em Cuba reúne representantes dos 46 Estados-membros da comissão e 13 membros associados para debater os desafios de implementação da Agenda 2030 da ONU e seus 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Mais de 25 ministros, vice-ministros e outras autoridades de cerca de 20 países latino-americanos e caribenhos estão em Havana para a reunião. O evento definirá o programa de trabalho da agência da ONU para os próximos dois anos.
“A CEPAL reforça hoje a sua convicção e o seu compromisso de propor agendas que façam uma leitura precisa, baseada em evidência e dados. Que repare com atenção o complexo presente que enfrentamos”, completou Bárcena.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, também participou da abertura e elogiou a CEPAL por ter sido “uma defensora progressista e fidedigna” da justiça social na economia global e “pioneira” na integração do desenvolvimento econômico, social e ambiental. Saiba mais sobre a visita do chefe máximo das Nações Unidas a Cuba e sobre seu discurso no encontro da CEPAL no link abaixo.
Em Cuba, chefe da ONU elogia ‘corajosa visão’ de desenvolvimento da América Latina
Também presente na cerimônia de abertura, o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, pediu para “avançar na integração regional e no desenvolvimento com igualdade, que nos convidam a reverter a pirâmide em que, nos principais países da região, o 1% mais rico da população se apropria de uma enorme parte das riquezas”.
O chefe do Estado cubano disse ainda que “a proclamação da América Latina e do Caribe como uma zona de paz traça uma rota indispensável”. “Sabemos que não haverá desenvolvimento sem paz, nem paz sem desenvolvimento”, afirmou.
Francisco Guzmán, chefe de gabinete da presidência do México, defendeu que a CEPAL é “o principal mecanismo da ONU para promover o desenvolvimento da América Latina e do Caribe”. Segundo o oficial do governo mexicano, as ações do organismo se baseiam em “três valores que, embora sejam sempre importantes, adquirem maior relevância em tempos de tensão e incerteza global, me refiro à unidade, à solidariedade e à fraternidade”.
Secretário-geral da ONU, António Guterres, na abertura do 37º Período de Sessões da CEPAL. Foto: CEPAL/Ministério das Relações Exteriores de Cuba/ProCuba
“O México é uma nação orgulhosamente latino-americana e caribenha. Por isso, foi uma honra conduzir a presidência da CEPAL. Trabalhamos com a convicção de que, unidos, teremos mais oportunidade de avançar rumo ao desenvolvimento sustentável”, concluiu.
O país entregou a presidência “pro tempore” da CEPAL à Cuba, que ocupará o cargo pelos próximos dois anos.
O 37º Período de Sessões se encerrará na sexta-feira (11), após um diálogo de chanceleres e altas autoridades da América Latina e do Caribe, em que serão divulgadas as resoluções do encontro. O programa completo da reunião bienal está disponível no site https://periododesesiones.cepal.org/37/es.
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