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sexta-feira, 18 de maio de 2018

Boletim diário da ONU Brasil: “CEPAL renova compromisso com desenvolvimento de países latino-americanos e caribenhos” e 4 outros. Entrada x

íses latino-americanos e caribenhos” e 4 outros.

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Posted: 11 May 2018 03:39 PM PDT
Centro antigo de Havana, Cuba. Foto: Wikicommons/Emmanuel Huybrechts
Centro antigo de Havana, Cuba. Foto: Wikicommons/Emmanuel Huybrechts
Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) renovou nesta sexta-feira (11) seu compromisso de servir como instrumento pertinente e eficaz para o desenvolvimento da região, durante o encerramento do 37º período de sessões do organismo regional das Nações Unidas, em Havana, Cuba.
A cerimônia foi liderada por Amina Mohammed, vice-secretária-geral das Nações Unidas; Alicia Bárcena, secretária-executiva da CEPAL; e Rodrigo Malmierca, ministro do Comércio Exterior e do Investimento Estrangeiro de Cuba.
“Este período de sessões reforça a longa tradição da CEPAL de diálogo sustentável com seus membros mantendo uma base excepcional para o debate honesto sobre os desafios coletivos, as responsabilidades e, o mais importante, suas aspirações”, afirmou Amina Mohammed.
Ela elogiou o trabalho da comissão regional e afirmou que os acordos alcançados pelos países no marco do período de sessões “demonstram que temos uma CEPAL robusta e inclusiva”.
Amina completou que o relatório “A ineficiência da desigualdade“, lançado durante o evento, demonstra quais são os desafios da América Latina e do Caribe. Ela agradeceu os países da região “por seu firme compromisso com a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”.
Alicia Bárcena, por sua vez, renovou o compromisso da CEPAL de servir como instrumento pertinente e eficaz para o desenvolvimento da região, e reiterou sua promessa de “servir com as capacidades da comissão junto a todos os países-membros, frente a suas demandas particulares, em respeito irrestrito à sua soberania”.
Diante dos ministros e altas autoridades dos países-membros da CEPAL, a secretaria-executiva afirmou que, “em tempos de complexos desafios relacionados ao valor do multilateralismo, latino-americanos e caribenhos, conscientes de nossa rica diversidade, confirmamos as virtudes de preservar este espaço de precioso diálogo fraterno e respeitoso”.
“A CEPAL é a ferramenta dessa região, é seu espaço para encontros construtivos sob a premissa de explorar juntos caminhos para o desenvolvimento digno, justo e sustentável de nossos povos, podemos nos reunir, dividir, trocar experiências e forjar olhares convergentes”, disse Bárbena.
Ela completou que, diante dos desafios da Agenda 2030 em suas dimensões econômica, social e ambiental, velhos paradigmas devem ser superados. Por isso, explicou, as políticas de estímulo ao desenvolvimento econômico e à redução da desigualdade não podem se separar.
“Trata-se de um novo estilo de desenvolvimento, trata-se de igualar para crescer e crescer para igualar, trata-se de encontrar nas raízes de nossa identidade compartilhada o ponto de apoio para nos impulsionarmos para um amanhã melhor. Trata-se de traçar um caminho promissor, latino-americano e caribenho, para a realização dos objetivos da agenda civilizatória que o mundo se propôs até 2030”, afirmou.
 
Posted: 11 May 2018 03:39 PM PDT
Venezuelanos em atividade de registro administrativo promovido pelo governo da Colômbia e agências da ONU. Foto: ACNUR/Johanna Reina
Venezuelanos em atividade de registro administrativo promovido pelo governo da Colômbia e agências da ONU. Foto: ACNUR/Johanna Reina
Na Colômbia, a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e a Organização Internacional para as Migrações (OIM) participam de uma operação das autoridades para normalizar a situação de venezuelanos em situação irregular. Do início de abril (6), quando o projeto começou, até o momento, 203.989 indivíduos já participaram do Registro Administrativo de Migrantes Venezuelanos (RAMV). Atividades de cadastramento vão até 8 de junho.
Com pouco mais de um mês de programa, o governo colombiano mapeou tendências entre a população vinda da Venezuela. Dos migrantes já registrados, 23% são crianças. Apenas 49% dos meninos e meninas em idade escolar estão estudando. A quase totalidade (98%) dos venezuelanos cadastrados não é afiliada ao sistema de saúde. Cerca de nove em cada dez expressaram sua intenção de permanecer na Colômbia.
Mais de 188 municípios, em 27 departamentos, participam da operação, que conta com 753 pontos de registro e unidades móveis localizadas em áreas-chave de recepção. As agências da ONU estão dando apoio técnico e financeiro ao processo.
Segundo estimativas do governo, o número de venezuelanos na Colômbia aumentou de 300 mil em meados de 2017 para 550 mil ao final do ano passado. Desses, mais de 65% estavam irregularmente no país. As novas chegadas em 2018 sobrecarregaram as comunidades colombianas que generosamente recebem os migrantes e refugiados. Cerca de 66% da população venezuelana registrada até agora está concentrada em quatro regiões: Norte de Santander, Arauca, La Guajira e Bogotá.
Um dos objetivos do registro administrativo é conhecer o perfil e as necessidades da população venezuelana na Colômbia, o que permitirá ao país de acolhimento projetar uma política pública de assistência humanitária e acesso a direitos básicos.
“Através dos processos de registro, o ACNUR espera dar assistência legal e humanitária às pessoas que precisam de proteção internacional. Este processo é uma oportunidade única para entender melhor as necessidades dos venezuelanos na Colômbia e está avançando positivamente”, afirmou o representante do ACNUR na Colômbia, Jozef Merkx.
🇨🇴 Jornada del Registro Administrativo de Migrantes Venezolanos (RAMV) del pueblo Yukpa en Cúcuta, Colombia, realizada por la @UNGRD con el apoyo de ACNUR y @OIMColombia.
📷: Johanna Reina
Conoce más en: https://t.co/7N8dFEMvGW pic.twitter.com/EIKphyQc5v
— Acnur/Unhcr Américas (@ACNURamericas) 11 de maio de 2018

Por sua função de proteção, o ACNUR também está presente nos pontos de registro, para apoiar a identificação de pessoas com necessidades específicas. O organismo internacional fornece informações sobre procedimentos de documentação.
A OIM aderiu à iniciativa desde o início das atividades, oferecendo treinamento para as equipes nos postos de cadastramento. A instituição visa fortalecer institucionalmente a Gestão de Fronteiras da Presidência da República, elaborando contribuições para a formulação da política migratória nacional.
“Esses esforços conjuntos fazem parte das ações que a OIM implementa para apoiar o governo colombiano em sua busca por ordem, segurança e migração regular, e especificamente para dar uma resposta aos migrantes venezuelanos”, explica Ana Durán, chefe da missão da OIM na Colômbia.
Para garantir que os venezuelanos se sintam seguros ao irem os pontos de registro, independentemente de estarem em situação irregular ou não, as autoridades instituíram medidas legais para garantir que as informações compartilhadas durante o registro não sejam utilizadas para fins de controle migratório.
Crise humanitária na #Venezuela fez com que 1 milhão de pessoas cruzassem a fronteira para a #Colômbia.
Programa Mundial de Alimentos da ONU, @WFP, trabalha para fornecer alimentos aos migrantes – e precisa do apoio internacional para 350 mil pessoas. https://t.co/Fi9mz0sllZ pic.twitter.com/a4XkjsVNAx
— ONU Brasil (@ONUBrasil) 11 de maio de 2018

 
Posted: 11 May 2018 03:02 PM PDT
Enfermeira e mãe de recém-nascido checam respiração de bebê em hospital próximo a Lakewood, em Washington, nos Estados Unidos. Foto: Exército dos Estados Unidos/Suzanne Ovel
Enfermeira e mãe de recém-nascido checam respiração de bebê em hospital próximo a Lakewood, em Washington, nos Estados Unidos. Foto: Exército dos Estados Unidos/Suzanne Ovel
Ampliar o papel das enfermeiras e enfermeiros na atenção primária é uma solução inteligente para expandir e melhorar o atendimento à população, sobretudo em áreas com escassez de equipes de saúde. É o que propõe a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) em relatório divulgado nesta sexta-feira (11), véspera do Dia Internacional da Enfermagem, lembrado em 12 de maio.
Atualmente, na região das Américas, a agência da ONU estima que faltam cerca de 800 mil profissionais de saúde para levar cuidados a todos. Outro problema é a distribuição inadequada dos trabalhadores do setor, que se concentram principalmente nas zonas urbanas e com mais recursos econômicos.
A OPAS lembra ainda que a proporção de enfermeiros e enfermeiras por habitante varia consideravelmente entre os países das Américas. Enquanto os Estados Unidos têm 111,4 profissionais de enfermagem para cada 10 mil habitantes, o Haiti possui 3,5. Na metade das nações da região, esse índice é menor ou igual a 10,4.
“O envelhecimento da população e o aumento das doenças não transmissíveis, que exigem cuidados durante todo o curso de vida, evidenciam a necessidade de ampliar o papel de enfermeiras e enfermeiros na região, onde atuam a maioria dos profissionais de saúde”, afirmou o diretor do Departamento de Sistemas e Serviços de Saúde da OPAS, James Fitzgerald.
Para suprir a carência de profissionais em localidades mais vulneráveis, a OPAS chama atenção para os novos perfis de trabalhadores em saúde. Os enfermeiros e enfermeiras de prática avançada, por exemplo, podem assumir mais funções com autonomia nos serviços de atenção primária.
Em países como Austrália, Canadá, Estados Unidos, Inglaterra, Irlanda e Finlândia, os profissionais de enfermagem com uma formação universitária de quatro a cinco anos já assumem mais tarefas para atender às necessidades dos pacientes.
A enfermeira e o enfermeiro de prática avançada — que estão autorizados a fazer diagnósticos, solicitar exames e emitir receitas médicas — surgiu no Canadá e nos Estados Unidos em meados da década de 1960. Eles são profissionais licenciados com uma prática profissional autônoma, ou seja, não subordinada ao médico, e que trabalham nos serviços de saúde ou de forma independente.
Na América Latina, porém, não existe regulação nem formação para enfermeiras e enfermeiros de prática avançada na atenção primária. A prescrição de medicamentos, um dos elementos centrais da prática avançada, segue como prática proibida para esses profissionais em muitos países.
O México conta com uma regulação, relativamente recente, que permite às enfermeiras e aos enfermeiros receitar medicamentos na ausência de um médico e em situações de emergência.
No Caribe, Jamaica e Porto Rico são os países que mais têm desenvolvido programas de formação e regulação da prática avançada.
Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México, Panamá e Peru possuem um alto grau de acesso à educação de pós-graduação em enfermagem. Por isso, segundo a OPAS, esses países poderiam, no futuro, oferecer a formação necessária em práticas avançadas.
“A ampliação do papel dos profissionais de enfermagem licenciados não pretende substituir ou realocar nenhum profissional, mas sim, complementar o trabalho de outros profissionais e ampliar habilidades para aumentar a eficiência, melhorar os resultados em saúde e reduzir custos de atenção”, defende Silvia Cassiani, assessora de Enfermagem e Técnicos da Saúde da OPAS.
O relatório da agência da ONU apresenta medidas que países podem tomar para promover a enfermagem de prática avançada. A publicação recomenda que governos, associações profissionais, escolas e faculdades de enfermagem, instituições de saúde e outros atores discutam o tema e ampliem o campo de trabalho dos enfermeiros e enfermeiras segundo as necessidades locais.
 
Posted: 11 May 2018 02:47 PM PDT
Única #mulher a pilotar caças na Missão de Paz das @NacoesUnidas no #Mali, Sandra Hernandez – de #ElSalvador – sente que seu trabalho “pode ajudar a trazer segurança e um pouco mais de estabilidade e tranquilidade ao povo do Mali”. https://t.co/B8TMZxOyWs @UNPeacekeeping pic.twitter.com/nkTIjDJYE7
— ONU Brasil (@ONUBrasil) 11 de maio de 2018

Acompanhe o trabalho das forças de paz da ONU clicando aqui.
 
Posted: 11 May 2018 02:32 PM PDT

O Mães pela Diversidade é um grupo de familiares de pessoas LGBTI que se uniram para enfrentar a discriminação com base em orientação sexual, identidade de gênero e condição sexual. Presente em quase todos os estados do Brasil, a iniciativa oferece apoio e informação para os pais e mães de lésbicas, gays, bissexuais, pessoas trans, travestis e intersexo. Para os filhos e filhas, o movimento é um lugar de acolhimento, afeto e ajuda, quando se veem incompreendidos ou rejeitados por quem deveria ser o primeiro reduto de entendimento: as suas próprias famílias. Embora o grupo esteja aberto também aos pais, as mães compõem a maioria dos integrantes.
Musicista e produtora cultural, Mônica Monteiro tem quatro filhas. As duas mais novas, gêmeas, são lésbicas. Suzana Stigger, terapeuta ayurvédica, é mãe de um menino trans. Em Brasília, a campanha da ONU Livres & Iguais conversou com as duas para conhecer suas histórias e o trabalho do grupo.
Livres & Iguais: Vocês poderiam começar falando um pouco sobre quem são as Mães pela Diversidade. O que vocês fazem e quais são os objetivos do grupo de vocês?
Suzana Stigger: O movimento de mães começou para lutar pelos direitos dos nossos filhos. A violência é muito grande no país. Todos os dias, a gente tem mortes assustadoras. Um dos motivos principais do movimento de mães é esse, da luta pelos direitos iguais, pela não-violência e por leis que estanquem essas mortes.
Mônica Monteiro: O Mães pela Diversidade é um grupo nacional que já está em quase todos os estados brasileiros. Acabamos de receber novas coordenadoras no Piauí, Maranhão e Roraima. Então, é um grupo que tem se expandido bastante. É importante falar que não é um grupo só de mães. Às vezes, a gente fala “Mães pela Diversidade” e acham que é um grupo só de mães. Não é. É um grupo de mães e pais de pessoas LGBTI.
Começou como um grupo de apoio aos filhos LGBTI, por liberdade, por igualdade de direitos civis. Essa foi a grande bandeira das Mães pela Diversidade desde o início. Nos três últimos anos, a vocação do grupo mudou um pouco e ele passou a se entender também como um grupo de apoio aos pais e às pessoas LGBTI.
Livres & Iguais: Como vocês entraram para o Mães pela Diversidade?
Suzana Stigger: O processo de transformação do meu filho, que é um menino trans, se deu num momento de encontro de outras mães aqui em Brasília, era um encontro nacional. Eu tive acesso a todas essas informações. Às vezes, quando você está de fora, nem fica sabendo de toda essa violência contra as pessoas LGBTI. Ali, eu senti que a luta passou a não ser mais só pelo meu filho. Acho que é um sentimento até egoísta você pensar só no seu filho. É por todos eles, por toda essa garotada que está por aí, que muitas vezes é jogada para fora de casa e passa por situações extremas, de muita dor, de muito abandono. Isso é muito triste. Tem mães dentro do grupo que também dão apoio a esses jovens. Depois desse encontro, eu descobri o Mães pela Diversidade e nunca mais deixei.
Enquanto eu não participei do grupo, eu me senti muito sozinha. O grupo traz a força da unidade, de todo mundo estar junto dentro de um propósito. A gente acaba ficando muito unidas, muito amigas. É muito gratificante.
Mônica Monteiro: Para mim, foi totalmente casual. Em 2014, teve uma campanha de fotos para uma exposição no Rio de Janeiro e fui convidada para fazer umas fotos com as minhas filhas. Na época, já havia um grupo de mães atuante no Rio de Janeiro, que eu descobri no momento da exposição, lá na Praça XV. A partir daí, começamos a conversar. Descobri o grupo e nunca mais saí. A questão dos direitos humanos é uma bandeira muito forte. Por isso que me identifiquei tanto com o grupo. Essa é uma militância muito importante para mim.
Livres & Iguais: Qual é a importância de ter as mães de pessoas LGBTI defendendo os direitos humanos dessa população? Que diferença isso faz no enfrentamento à violência e à discriminação?
Mônica Monteiro: A figura da mãe é muito significativa. Então, quando a gente é convidada para falar, as pessoas param e ouvem, de fato respeitam a nossa fala como algo legítimo. Mas esse é também um lugar muito específico. Não podemos falar em nome das pessoas LGBTI. O nosso lugar de fala é enquanto mãe, enquanto pessoa que apoia, que está ao lado, que batalha. É isso que a gente, de fato, faz, estamos apoiando nossos filhos, caminhando ao lado deles.
Suzana Stigger: Eu percebo que todo movimento, toda fala tem uma importância, reverbera na sociedade. É importante que a gente se una, por exemplo, em um movimento como o das mães porque a gente ganha força. A figura da mãe dentro da sociedade tem um espaço de leitura e de fala que nos favorece. A gente tem de aproveitar essa possibilidade de poder se expressar e colocar as nossas reivindicações.

Gostaríamos que todos os pais acolhessem
e, mais importante, respeitassem
os seus filhos. Isso é o mais importante,
respeitar, caminhar ao lado, compreender.

E eu espero que a diferença que o Mães pela Diversidade faz seja tocar no coração dessas famílias que hoje têm um conflito muito grande com os seus filhos em relação a isso. Nós temos muito contato com os meninos que são colocados para fora de casa, e isso é motivo de muito sofrimento para nós, como mães. Para mim, dentro do grupo, essa é uma das principais motivações: poder trazer apoio para eles, que eles tenham um espaço de pessoas com quem possam contar.
Livres & Iguais: Como vocês fazem para receber mães e pais que procuram vocês, às vezes passando por esses processos difíceis na família, com dificuldade de entender o que está acontecendo e de aceitar os seus filhos e as suas filhas?
Suzana Stigger: Muitas mães chegam com várias questões abertas, do sentimento, da vivência daquilo que é novo. E você aprende a acolher o outro também com a dificuldade que, às vezes, os próprios pais passam nesse processo. O legal é que, depois de um determinado tempo, você percebe que esses conflitos familiares vão se dissolvendo e todo mundo ganha com isso, os filhos, as mães, os pais. A gente faz parcerias nesse sentido, de reconstruir ou de transformar essas famílias, que chegam como nós chegamos um dia. É aí que você percebe uma cura porque, quando o amor começa a acontecer e as relações ficam dessa forma, a gente se sente muito vitoriosa. A gente está lutando por um mundo mais amoroso.
Livres & Iguais: Quais são as dificuldades ou preocupações que essas mães e pais vivendo esses processos expressam?
Mônica Monteiro: Uma questão comum a todos os pais é a violência em relação aos filhos. Esse é o discurso de todos os pais, a preocupação com a violência fora de casa, pelo menos no caso dos pais que já aceitam, já são mais afeitos a entender o processo dos filhos. Uma outra coisa importante é em relação ao processo das pessoas trans, de não entender a questão da transição. E o que precisamos fazer é tentar entender e tentar acolher os pais novos, tentar dar exemplos diferentes. Ouvir uma pessoa que já passou por aquilo ou por situações semelhantes é muito reconfortante e pode ajudar nos processos das mães. Se reconhecer no outro, na fala do outro, é importantíssimo. Perceber o “não sou só eu que passei por isso, então minhas questões não são só minhas, outras pessoas passaram por isso também”. Isso é muito bom, muito reconfortante.
Livres & Iguais: E para vocês, pessoalmente, que desafios ou dificuldades enfrentaram em relação à identidade de gênero e à orientação sexual do seu filho e das suas filhas, respectivamente? Como foi a trajetória de vocês?
Suzana Stigger: Falar da experiência pessoal é complicado porque é você se deparar, entrar em contato com uma forma de ver as pessoas LGBT como antes você não tinha. Dentro desse processo, o que me ajudou muito foi fazer terapia. O autoconhecimento liberta a gente de vários outros preconceitos, inclusive esse. No início, foi difícil para mim conviver com a transformação, mas eu descobri, dentro desse mergulho que eu tive que dar, que ali sempre esteve o filho que eu amava. E isso era o mais importante. Perceber no olhar dele uma libertação, um sentimento de “eu posso contar contigo, mãe”, foi indescritível. Mas foi um processo, como muitos outros.
Mônica Monteiro: Eu tenho aprendido muito com isso porque eu não tive nenhuma dificuldade de aceitação com as minhas filhas. Eu tenho quatro filhas, duas delas, as mais novas, são lésbicas. Eu não passei por isso, então não tenho experiência de dor ou de um sentimento ruim. Eu desconhecia esse outro lado. Então, para mim, tem sido uma experiência muito grande, que tem me fortalecido e acrescido muito, de tentar ouvir as pessoas que estão em processo de dor, em processo de sofrimento. Acho que eu consigo, de certa forma, ajudar um pouco essas pessoas também. Mas era uma coisa que eu desconhecia porque eu não passei por isso. Então, foi assim, perceber “opa, tem gente que tem uma visão diferente da minha”. Foi uma descoberta muito grande. Uma coisa é saber que isso existe, outra coisa é você ver o pai falando, perto de você, chorando, te segurando, com toda essa força do encontro presencial, da fala, da troca. Isso é muito denso.
Livres & Iguais: O que mais vocês descobriram sendo uma Mãe pela Diversidade?
Suzana Stigger: Eu descobri que é importante a luta pela igualdade, por respeito, por leis. De repente, se desdobraram outras questões internas minhas, como ser humano, com relação a direitos. Eu costumo dizer ao Rafael, meu filho, assim: “olha, você abriu uma porta, que de repente tinha várias outras portas, e eu nunca mais voltei a ser a mesma”. Falo aí não só dos direitos dos meus filhos, dos LGBTs, mas também dos quilombolas, dos indígenas, das minorias que nem são tão minorias assim. Então, foi uma tomada de consciência muito grande nesse aspecto.
Livres & Iguais: Se no dia de hoje vocês pudessem mandar um recado para as mães de pessoas LGBTI, o que diriam?
Mônica Monteiro: Gostaríamos que todos os pais acolhessem e, mais importante, respeitassem os seus filhos. Isso é o mais importante, respeitar, caminhar ao lado, compreender. Nem sempre isso é possível na relação de pais e filhos, mas a ideia é que possamos trabalhar para isso, conseguir mais respeito, mais dignidade, mais amor entre as famílias.
Suzana Stigger: Eu diria que se deem a oportunidade de perceber o mundo e os seus filhos com um outro olhar. O movimento das Mães está sempre aberto para a chegada deles, para o diálogo, para que a gente possa trazer mais harmonia para as relações em conflito, mais amor.
 
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