|
| |
Posted: 30 May 2018 02:08 PM PDT
Tubulação de gás de xisto na Pennsylvania, nos Estados Unidos. Foto: Flickr/Max Phillips
O fraturamento hidráulico para extração de gás de xisto, também conhecido como “fracking”, produz energia mais limpa do que petróleo e carvão, mas não necessariamente traz benefícios aos países mais pobres do mundo, disseram especialistas da ONU na quinta-feira (24).
Um novo relatório da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) descreve o gás natural como um “combustível-ponte” útil para os Estados que pretendem avançar para fontes de energia renováveis mais sustentáveis.
Uma das vantagens é que o xisto emite cerca de 40% menos dióxido de carbono por unidade de energia produzida do que o carvão. Também pode ser armazenado e utilizado quando necessário de forma mais eficiente do que a energia gerada através de fontes renováveis, como o vento.
Contudo, o gás natural também possui desvantagens. Seu principal componente, o metano, tem um potencial de aquecimento global 28 vezes maior do que o dióxido de carbono encontrado em outros combustíveis fósseis.
O relatório afirma que o gás deve contribuir para promover uma transição suave entre o atual modelo econômico, baseado em combustíveis fósseis, para uma economia de baixo carbono, com o objetivo de atender o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 7 em 2030. O ODS 7 prevê o acesso à energia sustentável e moderna para todos.
Segundo a pesquisa, pouco conhecimento geológico e hidrológico e a falta de uma regulamentação adequada podem representar grandes obstáculos à fraturação hidráulica como método de extração do gás de xisto.
Janvier Nkurunziza, chefe da Seção de Pesquisa e Análise de Commodities da UNCTAD, disse que o relatório “não estava dizendo se o fracking é bom ou ruim”.
Segundo ele, isso é algo que somente governos podem dizer, com base em variáveis incluindo sua capacidade de investimento e possível contaminação de fontes de água subterrâneas.
“Se é realmente bom ou ruim, isso depende de vários fatores que analisamos neste relatório. Por exemplo: geologia, fontes de água; se você está aumentando seu estresse hídrico usando muita água, infraestrutura e assim por diante”, disse Nkurunziza.
“Não estamos dizendo que é bom ou ruim, apenas olhe as condições e a região onde você quer explorar este recurso, e então você será capaz de determinar se pode fazer isso ou não”, acrescentou.
Citando dados da Administração de Informação sobre Energia dos Estados Unidos (EIA, sigla em inglês), o relatório da UNCTAD indica que o mundo ainda tem cerca de 60 anos restantes de gás de xisto antes que o recurso esgote.
Cerca de metade dos 215 trilhões de metros cúbicos que esse total representa está em Argélia, Argentina, Canadá, China e Estados Unidos – embora os EUA sejam o maior produtor mundial de gás de xisto, com 87% da produção total.
“Os EUA são uma exceção”, afirmou Nkurunziza, observando que nenhum outro país tem os enormes investimentos necessários para financiar a exploração de gás de xisto em tal escala.
Graças a essa força financeira, o gigante norte-americano também se tornou um exportador líquido de gás natural em julho do ano passado, enquanto o enorme comprometimento do país com as instalações de liquefação também o colocou na posição de terceiro maior estoque de energia do mundo, depois de Austrália e Qatar, entre agora e 2020.
Outros fatores, como a propriedade de terra, também explicam o domínio dos EUA na exploração de gás de xisto, disse Nkurunziza, destacando que nos EUA, “se você quiser usar sua terra para fraturação hidráulica, essa é uma escolha que só depende de você”.
O funcionário da UNCTAD acrescentou que a maior economia do mundo também tem a “tecnologia mais avançada disponível” para que o fracking aconteça, junto com um sistema financeiro altamente flexível, capaz de resistir aos altos e baixos das mudanças nos preços das commodities.
“Nos EUA, às vezes, quando os preços caem, param (de investir) no fraturamento hidráulico, e quando aumentam, voltam a investir na atividade. É muito flexível”, observou.
|
Posted: 30 May 2018 01:31 PM PDT
Secretário-geral da ONU, António Guterres. Foto: ONU/Eskinder Debebe
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou os ataques que mataram duas policiais e um civil e deixaram outras quatro pessoas feridas na terça-feira (29) na cidade belga de Liège.
Em uma declaração emitida por seu porta-voz, o secretário-geral da ONU estendeu suas condolências às famílias das vítimas, ao povo e ao governo da Bélgica. Guterres também desejou rápida recuperação aos feridos.
“As Nações Unidas são solidárias à Bélgica em sua luta contra o terrorismo e o extremismo violento”, acrescentou o comunicado.
De acordo com relatos da imprensa, o agressor — um homem de 31 anos que saiu recentemente da prisão — também fez uma funcionária refém em uma escola antes de ser morto por policiais. Além disso, ele é apontado como responsável pela morte de outro indivíduo que conheceu na prisão.
Os promotores belgas trabalham com a suspeita de terrorismo.
|
Posted: 30 May 2018 01:08 PM PDT
Estádio Rubin em Kazan, na Rússia. Foto: Wikimedia/Эдгар Брещанов
Relatores das Nações Unidas elogiaram nesta quarta-feira (30) o compromisso assumido pela FIFA de proteger ativistas e jornalistas que chamam atenção para violações dos direitos humanos em eventos esportivos da organização. Em declaração divulgada na véspera, a Federação Internacional de Futebol determina a criação de um mecanismo de prestação de queixas para repórteres e militantes que queiram denunciar abusos sofridos durante seu trabalho.
No pronunciamento, a autoridade máxima em governança do futebol também adota as definições e recomendações consagradas em dois marcos da ONU — a Declaração das Nações Unidas sobre Defensores dos Direitos Humanos e os Princípios Orientadores sobre Empresas e Direitos Humanos.
“O ‘jogo bonito’ é uma tremenda fonte de inspiração e entretenimento para pessoas em todo o globo”, afirmaram em comunicado conjunto o relator Michel Forst e o Grupo de Trabalho da ONU sobre empresas e direitos humanos.
“Também sabemos que eventos internacionais de futebol, como outros megaeventos esportivos, são muito frequentemente associados a uma variedade de impactos negativos para as pessoas, de despejos forçados a abusos de direitos trabalhistas, mortes de trabalhadores nas obras dos estádios, discriminação dentro e fora do campo e restrições contra protestos.”
Além disso, segundo os especialistas independentes, jornalistas e ativistas que alertam para preocupações com os direitos da população são recorrentemente vítimas de assédio e retaliação.
Entre as medidas concretas para pôr fim a esses problemas, a FIFA afirmou que exigirá compromissos dos países-sede e dos países que desejem acolher suas competições, com vistas ao respeito e à proteção dos direitos humanos de militantes e representantes da mídia.
O organismo internacional também estabeleceu um mecanismo para receber queixas de ativistas e profissionais de comunicação que tiverem seus direitos indevidamente restringidos enquanto realizam trabalho legítimo relacionado às atividades da federação.
“Lamentavelmente, megaeventos esportivos não estão imune à repressão mais ampla dos defensores de direitos humanos globalmente. A declaração da FIFA busca com esforço se alinhar aos Princípios Orientadores da ONU, definindo uma política explícita com expectativas e passos claros para proteger os que se manifestam contra os impactos negativos. Isso oferece um fundamento sólido para a ação. Outros megaorganismos esportivos deveriam seguir esse exemplo”, acrescentou o comunicado.
Descrevendo a decisão da FIFA como “muito positiva”, Forst e o Grupo de Trabalho disseram ainda que os compromissos do pronunciamento devem ser acompanhados por medidas para prevenir, identificar e combater quaisquer ataques contra ativistas de direitos humanos na próxima Copa do Mundo, que tem início em junho, na Rússia.
Michel Forst é o relator especial da ONU sobre a situação dos defensores de direitos humanos.
|
Posted: 30 May 2018 01:06 PM PDT
O ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Marcos Jorge de Lima, e a secretária executiva da pasta, Yana Dumaresq, recebem a Binying Wang, José Graça Aranha e Marcus Höpperger, durante visita ao ministério. Foto: MDIC.
Representantes da Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI) participaram no início de maio (9) de reuniões em Brasília (DF) sobre a adesão do Brasil ao Protocolo de Madri.
Criado em 1989, o protocolo oferece aos titulares a possibilidade de terem suas marcas protegidas em vários países, com apenas um depósito junto ao escritório de registro nacional.
O objetivo das reuniões foi apresentar uma visão geral do debate e os antecedentes das discussões realizadas desde que o governo brasileiro manifestou pela primeira vez sua intenção de aderir ao Protocolo de Madri, em 2017, bem como uma apresentação sobre os benefícios do Sistema de Madri.
As autoridades também apresentaram um roteiro com medidas propostas para que o país se prepare para essa adesão até o fim de 2018.
A primeira reunião teve a participação de dois membros do Comitê de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços da Câmara dos Deputados, Antônio Bulhões e Francisco Francischini.
A segunda reunião teve a participação do ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), Marcos Jorge de Lima, e da secretária-executiva do MDIC, Yana Dumaresq. Também contou com a presença de funcionários da Assessoria Internacional, Assistência Técnica, Secretaria de Inovação, Subsecretaria de Informação e Gestão Estratégica.
A delegação da OMPI foi composta pela diretora geral adjunta do setor de marcas e desenhos da organização, Binying Wang; pelo diretor do registro de Madri, Marcus Höpperger, e pelo diretor regional do escritório da OMPI no Brasil, José Graça Aranha.
|
Posted: 30 May 2018 12:17 PM PDT
Iniciativa busca desenvolver capacidades de trabalhadores rurais para aumentar e qualificar sua produção (agrícola e não agrícola). Foto: Programa Semear
Estão abertas as inscrições para o Concurso de Curtas Audiovisuais, promovido pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), das Nações Unidas, por meio do Programa Semear Internacional, que distribuirá 1 mil reais para cada um dos dez primeiros colocados.
O primeiro lugar apresentará seu vídeo durante o 12º Fórum Internacional de Desenvolvimento Territorial, que acontecerá em Bogotá, na Colômbia, com todas as despesas pagas. O edital e todas as informações sobre as inscrições para o concurso estão nos links abaixo. As inscrições podem ser feitas até 8 de julho.
O concurso é direcionado a agricultores familiares que residem em comunidades rurais brasileiras, em especial as que são atendidas por algum projeto apoiado pelo FIDA no Brasil. A intenção é reunir boas práticas que mostrem os impactos das ações dos projetos FIDA sob o olhar dos próprios beneficiários.
Além do Semear Internacional, fazem parte da carteira de projetos do FIDA no país os projetos Dom Távora, em Sergipe; Procase, na Paraíba; Paulo Freire, no Ceará; Viva o Semiárido, no Piauí; Pró-Semiárido, na Bahia; e Dom Helder Câmara, que atua em diversos estados brasileiros.
Com o tema “Mulheres e jovens: protagonistas no desenvolvimento do semiárido brasileiro”, o concurso selecionará vídeos que retratem histórias de mulheres ou jovens que, por meio de alguma ação praticada na comunidade que residem, proporcionaram mudanças positivas no cotidiano daquela região.
As pessoas retratadas nos vídeos precisam morar em comunidades rurais atendidas por algum projeto FIDA. Os vídeos deverão incluir narrativa sobre alguns resultados econômicos provenientes da atuação dos projetos apoiados pelo organismo internacional.
Para participar do concurso, o candidato terá que produzir um vídeo entre três e cinco minutos em qualquer tipo de equipamento (câmera de vídeo, câmera de fotos digital, sequências de fotos, câmera de celular, animação etc), com resolução mínima de 720 x 480 pixels e nitidez suficiente que permita uma visão clara. Os vídeos poderão pertencer a qualquer gênero audiovisual (documentário, ficção, animação, jornalístico etc).
O candidato deverá preencher uma ficha de inscrição e os termos de uso de imagem, assinada pela(s) pessoa(s) que está(ão) participando da gravação, e de uso do vídeo assinada pelo autor, e enviar com o link da obra para download ao e-mail concursosemear@gmail.com. Toda a documentação necessária está disponível no site do Semear Internacional.
Semear Internacional
O Semear Internacional é um programa fruto de uma doação do FIDA para o Brasil que trabalha com gestão do conhecimento, monitoramento, avaliação e comunicação junto aos projetos apoiados pelo FIDA na região semiárida do Nordeste do país.
A iniciativa atua por meio de capacitações, intercâmbios e difusão das boas práticas presentes nestes projetos em todo o Brasil e em países da América Latina e África.
Download de documentos
Ficha de Inscrição: ficha de inscrição_concursoEdital do Concurso: edital_concurso_videosTermo de Uso de Imagem: autorização de imagens_entrevistasTermo de Uso de Vídeo: autorização de uso dos vídeos
|
Posted: 30 May 2018 11:57 AM PDT
Iniciativa do governo federal em parceria com o PNUD visa promover o voluntariado em todo o Brasil. Foto: PNUD/Tiago Zenero
O programa nacional de voluntariado da Presidência da República, também conhecido pelo nome Viva Voluntário, abriu nesta semana (28) inscrições para um prêmio que reconhecerá cidadãos e instituições dedicados a esse tipo de atividade. Entidades e indivíduos devem promover boas ações alinhadas a pelo menos um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ODS). Prazo para inscrição se encerra em 29 de junho.
A premiação é dividida em quatro categorias — voluntariado nas organizações da sociedade civil, voluntariado no setor público, voluntariado empresarial e líder voluntário. Serão premiadas duas iniciativas por cada categoria. Inscrições serão feitas mediante o preenchimento de formulário eletrônico, disponibilizado no endereço http://www4.planalto.gov.br/vivavoluntario.
Acesse o edital da competição clicando aqui.
O Programa Viva Voluntário é promovido pelo governo federal em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Programa arrecada doações para crianças venezuelanas em Roraima
Também no início da semana (28), o Conselho Gestor do Viva Voluntário realizou sua segunda reunião, para discutir os avanços na implementação do projeto nacional de voluntariado.
Para o próximo mês, está prevista uma campanha de arrecadação de alimentos, roupas e fraldas para crianças venezuelanas com menos de quatro anos em Roraima. Em Brasília, serão espalhadas 50 caixas para a coleta de doações nos ministérios, nas sedes das estatais, como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica, e na Casa da ONU.
A iniciativa é também da Presidência da República, com apoio do PNUD e do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR).
Viva Voluntário já tem cidades-piloto
A oficial de programa para Paz e Governança do PNUD no Brasil, Moema Freire, falou sobre a chegada do Viva Voluntário a cinco capitais brasileiras, como projeto em fase de teste.
“Foram selecionadas pelo Conselho Gestor as cidades de Salvador, São Paulo, Porto Alegre, Brasília e Boa Vista, como cidades-piloto na primeira fase do programa. As cidades-piloto contarão com ações intensivas de capacitação e mobilização do programa, como forma de potencializar as ações do Viva Voluntário em todas as regiões do país, a partir desses pólos”.
As atividades nesses municípios contará ainda com a parceria do Programa de Voluntariado das Nações Unidas (UNV).
Entre as próximas atividades do Comitê Gestor do Viva Voluntário, programadas para 2018, estão o desenvolvimento da Plataforma Digital do Voluntariado, ferramenta que reunirá as iniciativas e projetos das organizações que precisam de voluntários; o estabelecimento oficial das cinco cidades-piloto em cada uma das regiões do país; a apresentação da proposta do código de ética do voluntário; e o incentivo à participação em atividades voluntárias por parte dos servidores públicos.
|
Posted: 30 May 2018 11:46 AM PDT
Clique para exibir o slide.“Janelas e portas abrem e se fecham, há cortinas dentro que se mesclam, muitos tecidos que escondem e revelam. Janelas e portas batem e silenciam, há grades dentro e por fora, aberturas e mínimas chances de fuga. Janelas e portas protegem e iludem, vidros são limpos e escuros, há marcas de mãos perto dos trincos.”
O poema acima remete à história de vida de muitas trans e LGBTs no Brasil, que sofrem transfobia e discriminação da sociedade e da família, afirmou Daniela Delli, antes de declamar os versos de Martha Medeiros para uma plateia reunida no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 2ª Região, em São Paulo, numa manhã de maio.
Expulsa de casa aos 17 anos devido à sua sexualidade, hoje ela trabalha como coordenadora da Casa 1, um espaço de cultura e acolhimento LGBT na capital paulista.
Daniela é uma das 16 mulheres travestis e transexuais que participaram da segunda edição do curso de assistente de cozinha realizado pelo projeto “Empregabilidade de Pessoas Trans – Cozinha & Voz”, que promove a inclusão de pessoas em situação de vulnerabilidade no mercado de trabalho formal.
Trata-se de uma ação conjunta do Ministério Público do Trabalho (MPT) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT). A chef de cozinha Paola Carosella atua como coordenadora do curso, que é realizado na entidade de ensino profissionalizante Faculdade Hotec.
Izabelly Mello, de 31 anos, é apaixonada por culinária e não perdeu nenhuma das nove aulas, que cobriram as aptidões básicas do trabalho em uma cozinha de restaurante, como manipulação de resíduos, estocagem de alimentos, técnicas para o preparo de saladas, peixes, frango, carne e legumes, além de limpeza e postura.
“Gostei muito, foi bastante proveitoso”, disse ela, que deseja trabalhar na área. Ela pretende buscar uma colocação no mercado, com o apoio da equipe do projeto.
Lorelay Claro, de 30 anos, ficou particularmente satisfeita com o aspecto prático do curso. “A gente teve muita experiência na cozinha, experiência de como se portar num local de trabalho, saber como trabalhar com outras pessoas, (…) como trabalhar em conjunto para que um único trabalho seja bem sucedido, e isso é muito importante para qualquer outro lugar onde você vá trabalhar”.
Indicada para participar do projeto pela Casa 1, ela contou que já estudou hotelaria e que sonha em fazer faculdade de gastronomia para trabalhar em restaurantes, ou até mesmo montar seu próprio negócio. “É muito importante para nós, mulheres transexuais, conseguir ter essa oportunidade para mostrar o nosso talento, mostrar que a gente consegue fazer qualquer tipo de coisa”, destacou Lorelay.
O projeto também conta com o apoio da Txai Consultoria e Educação e da Casa Poema, que promoveu uma oficina de poesia com a poeta, atriz e jornalista Elisa Lucinda e a atriz e diretora Geovana Pires, para desenvolver a comunicação interpessoal e a autoconfiança das alunas antes do início do curso. “A poesia ajudou muito quem tem um pouco de dificuldade de falar, de se comunicar, de se expressar”, disse Lindsay Lohanne Lopez, de 39 anos.
Formada em design gráfico, Lindsay trabalhou por muito tempo como cabeleireira, além de ser atriz e blogueira. Para ela, a culinária sempre foi uma paixão pessoal. “Profissionalmente eu nunca trabalhei com cozinha, mas sempre cozinhei todo tipo de comida para minha família e meus amigos. Sempre gostei muito da cozinha em geral, é o lugar onde eu me desestresso”. Segundo ela, o curso despertou várias ideias empreendedoras para tentar montar seu próprio negócio.
Durante a cerimônia de formatura no TRT, onde as alunas realizaram um recital de poesia e receberam certificados, a chef Paola Carosella ressaltou: “estamos construindo um projeto que pode parecer muito pequeno, de pequeno impacto, mas queremos que seja assim, porque está sendo construído com qualidade”.
Impacto pequeno, mas profundo
O projeto Cozinha & Voz realizou a primeira edição do curso de assistente de cozinha no final de 2017 e conseguiu encaminhar para o mercado de trabalho cerca de 70% das mulheres travestis e transexuais e homens transexuais que participaram. A iniciativa conta com uma rede de empresas parceiras, como Sodexo, Avon, Arturito, Fitó e Mangiare, que já contrataram formandas.
Um dos destaques da primeira turma foi Yasmin Bispo, de 40 anos, que foi contratada pelo próprio projeto para selecionar e acompanhar as alunas da segunda edição, realizada em abril deste ano. “Era necessário ter uma trans ou travesti que pudesse ter o mesmo diálogo com essas meninas, e para mim tem sido uma experiência enriquecedora”, declarou.
Formada em artes cênicas, Yasmin sempre trabalhou com teatro e dança. Ela contou que há dois anos conseguiu superar o vício em drogas e que conheceu o projeto através do Centro de Acolhida Florescer, o primeiro equipamento público do tipo no Brasil a atender exclusivamente mulheres transexuais e travestis.
“(O curso) me trouxe um pouco mais de perspectiva para a minha própria vida, de saber que eu sou capaz”, explicou Yasmin. “Me ajudou muito com a minha autoestima, com a minha dignidade, com o interesse de poder crescer na vida, pois a sociedade nos tira esse direito, esquecendo que a gente existe, resiste e sonha todos os dias com a oportunidade de trabalho, de respeito, com a quebra de preconceitos e paradigmas que a sociedade impõe”.
Atualmente, Yasmin continua fazendo seu tratamento no Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (CRATOD), e deseja estudar pedagogia ou serviço social para poder avançar no trabalho com o público LGBTQ. “Eu só tenho a agradecer a todas as pessoas e instituições envolvidas no projeto, e também ao projeto Recomeço, ao CRATOD e ao Coletivo Mexa, do qual faço parte. Meu maior objetivo é um dia formar uma ONG para o público LGBTQ”, afirmou ela.
Vanessa Holanda foi uma das colegas de Yasmin na primeira edição do Cozinha & Voz. “Antes do curso, eu não tinha muitas chances de trabalho formal e esperava muito ter uma oportunidade”, disse. Após a formatura, ela foi contratada pela Sodexo, que tem restaurante na Avon. “A resposta da empresa foi extremamente positiva e hoje me sinto muito bem acolhida em meu novo ambiente de trabalho”, salientou.
A presidente da Sodexo no Brasil, Andreia Dutra, ressaltou a contratação de Vanessa por meio do projeto como um indicativo de mudanças na cultura das corporações rumo à maior diversidade. “Acredito que, com mais esta edição (do curso), vamos conseguir sensibilizar outras empresas a aderir ao projeto e se unir na promoção da empregabilidade de uma parcela da população muito talentosa e que ainda é muito excluída”.
Outra formanda da primeira edição, Bia Mattos, foi contratada pelo restaurante Fitó, que só emprega em sua equipe mulheres cis e trans. “Estamos muito contentes em tê-la lá. Dar espaço para a diversidade das formas de ser mulher é fundamental para o Fitó”, afirmou Tomás Foz, um dos sócios do restaurante.
Morena Caymmi, mulher trans, jornalista e fotógrafa, trabalha como anfitriã do Fitó há quatro meses. “Esse é meu primeiro emprego de carteira assinada (…). É muito bom acordar e ir para um lugar onde você não é tratada com outro pronome que não seja ‘ela’, ou outro artigo que não seja ‘a’. Não existe outro nome senão o meu nome social que eu escolhi”.
Olhando para o futuro
Para a chef Paola Carosella, o Cozinha & Voz possui um enorme potencial para se expandir e atender diferentes grupos de pessoas, de diferentes formas, para inseri-las no mercado de trabalho.
“Esse projeto precisa crescer e continuar”, disse. Na formatura da segunda turma do curso, a coordenadora nacional da Coordenadoria Nacional de Promoção de Igualdade de Oportunidade e Eliminação da Discriminação no Trabalho (Coordigualdade) do MPT, Valdirene de Assis, explicou que o Cozinha & Voz é parte de um projeto nacional de empregabilidade para a população LGBTQ e deve ser levado em breve para outros estados e públicos, como os jovens negras e negros.
Participando da mesa de abertura da formatura, o procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Fleury, lembrou que a iniciativa atinge um grupo “extremamente excluído e discriminado” da população. Já o diretor da OIT no Brasil, Martin Hanh, destacou a grande visão, determinação e criatividade da iniciativa para abordar o problema da exclusão de pessoas travestis e transexuais do mercado de trabalho devido à discriminação.
“A OIT tem como mandato a promoção do trabalho decente, que é o trabalho em condições de igualdade, liberdade e dignidade humana. Como uma agência da ONU, estamos ligados à Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável, que tem a missão de não deixar ninguém para trás”, afirmou Hahn. “Isso nos dá uma responsabilidade fundamental de lutar contra todos os preconceitos que excluem grande parte da população dos direitos fundamentais, como o direito de ser”.
|
Posted: 30 May 2018 11:20 AM PDT
No último dia 29 de maio, a ONU marcou o Dia Internacional dos Trabalhadores das Forças de Paz. A data lembra os 70 anos da criação da primeira missão de paz e faz uma homenagem aos mais de 3,7 mil capacetes-azuis mortos em serviço.
No Rio de Janeiro, um encontro promovido na última segunda-feira (28) pela Unidade do Sul Global para a Mediação (GSUM/PUC-Rio) e o Columbia Global Centers Rio de Janeiro, realizado no BRICS Policy Center, debateu as atuais operações e os acordos de paz.
O workshop “Operações de Paz e Acordos de Paz: Experiências do Sul Global” tratou das complexidades dos processos de paz e da troca de conhecimento sobre o tema.
“Hoje, as nossas missões de paz estão em países mais complexos, onde não se trata de tentar manter a paz, mas de tentar impor a paz. Os militares brasileiros fizeram um trabalho excelente em várias missões, sobretudo no Haiti, e demonstraram sempre um alto nível de profissionalismo”, disse Maurizio Giuliano, diretor do Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio).
Clique para exibir o slide.Uma das palestrantes, Marsha Henry, que é professora associada da London School of Economics, abordou a participação das mulheres em missões de paz, lembrando que, apesar de crescente, a presença feminina nessas missões ainda é bastante pequena.
“Por mais que esteja crescendo, o número de mulheres nas forças de paz ainda é bem pequeno, seja de modo geral ou dentro das missões em especial. Entre os militares, a presença feminina ainda é bastante pequena, mas está crescendo. (…) Há muitas oportunidades positivas para o seu desenvolvimento de carreira, mas talvez também existam grandes expectativas sobre elas, o que pode ser bastante oneroso para elas como parte de um pequeno grupo minoritário”, contou Marsha.
Acompanhe o tema clicando aqui.
|
Posted: 30 May 2018 10:55 AM PDT
Visitante contempla obra ‘Encontro das Águas’, de Sandra Cinto. Foto: Prêmio Arte na Escola Cidadã
Realizado com o apoio da UNESCO, o Prêmio Arte na Escola Cidadã chega à sua 19ª edição em 2018. Iniciativa vai reconhecer cinco dos mais de 500 mil professores que lecionam Artes na educação básica brasileira. Premiação busca projetos de docentes que mobilizam e transformam alunos, cidadãos e comunidades. Vencedores ganharão 10 mil reais e as escolas onde trabalham receberão equipamentos e publicações.
Neste ano, a artista Sandra Cinto foi escolhida como homenageada para inspirar os trabalhos com os alunos. Todos os educadores inscritos no prêmio receberão um material educativo com propostas pedagógicas sobre a obra Encontro das Águas. Os professores também participarão de um curso online com Cinto, voltado para o ensino de Artes a partir do desenho, linguagem central em suas criações.
Em o Encontro das Águas, a artista realiza um mural de escala monumental. A representação congela um instante de um mar revolto, formado por delicados e contidos gestos, onde cada traço torna-se gota e cada gota também é mar.
A premiação é promovida pelo Instituto Arte na Escola por meio da Lei de Incentivo à Cultura, com patrocínio do Banco Bradesco. Desde sua primeira edição, em 2000, o Prêmio conta com a cooperação da representação da UNESCO no Brasil.
Professores ou equipes de professores que desenvolveram projetos em Artes Visuais, Dança, Música e/ou Teatro, realizados nos anos de 2016, 2017 e/ou concluídos até maio de 2018, em escolas de ensino regular, públicas ou particulares, de todo o território nacional.
Inscrições vão até 10 de junho e devem ser feitas exclusivamente por meio do site http://www.artenaescola.org.br/premio.
Quem pode participar
Professores ou equipes de professores que desenvolveram projetos em Artes Visuais, Dança, Música e/ou Teatro, realizados nos anos de 2016, 2017 e/ou concluídos até maio de 2018, em escolas de ensino regular, públicas ou particulares, de todo o território nacional.
Premiação
São cinco categorias de premiação: Educação Infantil, Ensino Fundamental 1, Ensino Fundamental 2, Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA).
Os professores premiados recebem 10 mil reais, publicações e certificado, além de participarem da cerimônia de premiação e de vivências culturais na cidade de São Paulo. As escolas nas quais os projetos foram desenvolvidos também recebem prêmios, como equipamentos e publicações para a biblioteca.
Cada professor vencedor tem ainda seu projeto registrado em um documentário produzido pelo Instituto Arte na Escola. Após a cerimônia de premiação, os cinco documentários será transformados em materiais formativos para outros professores de Artes.
|
Posted: 30 May 2018 10:33 AM PDT
Criança com sintomas do sarampo. Foto: Blog da Saúde/NatUlrich
A Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) recomenda que todas as pessoas que viajarão para a Copa do Mundo 2018 estejam com todas as vacinas em dia, incluindo aquela que protege contra sarampo, rubéola e caxumba – conhecida no Brasil como tríplice viral. O torneio mundial de futebol acontecerá entre os dias 14 de junho e 15 de julho, na Rússia.
A intensificação das viagens internacionais e o movimento de pessoas durante eventos de massa, como a Copa do Mundo, aumentam o risco de transmissão de doenças. Também aumenta a probabilidade de os viajantes retornarem a seus países com doenças como sarampo, que é altamente contagioso e pode ter graves consequências para a saúde das populações não vacinadas e mais vulneráveis.
“É recomendável que as pessoas se vacinem ao menos 15 dias antes de viajar”, afirmou Cuauhtémoc Ruiz Matus, chefe da Unidade de Imunização Integral da Família da OPAS. “Quem for viajar para a Rússia deve se certificar de que suas vacinas estão atualizadas, principalmente as que protegem contra o sarampo e a rubéola”.
No ano passado, o número de novos casos de sarampo na Europa quadruplicou. A doença infectou 22,3 mil pessoas e causou 36 mortes. Nos primeiros três meses de 2018, a Europa registrou mais de 18 mil casos de sarampo. França, Grécia, Sérvia e Ucrânia são os países com o maior número de casos. A Rússia, por sua parte, notificou mais de 600 casos.
Estima-se que a Copa do Mundo atrairá cerca de 1 milhão de pessoas de todo o mundo. Dos 32 países que participarão do torneio, 28 relataram casos de sarampo este ano.
Em 2018, segundo o Boletim Semanal sobre Sarampo/Rubéola da OPAS publicado no dia 19 de maio, 11 países das Américas notificaram 1.194 casos confirmados de sarampo: Antígua e Barbuda (1), Argentina (3), Brasil (173), Canadá (11), Colômbia (25), Equador (7), Guatemala (1), México (4), Peru (2), Estados Unidos (63) e Venezuela (904).
Este número é mais alto do que o registrado em todo o ano de 2017, quando quatro países – Argentina (3), Canadá (45), Estados Unidos (120) e Venezuela (727) – notificaram 895 casos.
A região foi declarada livre dos vírus endêmicos da rubéola (2015) e do sarampo (2016) após um esforço de 22 anos, que incluiu a vacinação em massa de 450 milhões de crianças, adolescentes e adultos com até 40 anos em todo o continente entre 2003 e 2009. No entanto, casos importados e surtos em alguns países colocam essas conquistas em risco.
“Manter a eliminação do sarampo, da rubéola e da síndrome da rubéola congênita nas Américas requer uma taxa de cobertura de vacinação de ao menos 95%, bem como ações rápidas para detectar casos importados e quebrar a cadeia de transmissão”, disse Ruiz Matus.
Desde maio de 2017, a OPAS/OMS vem emitindo alertas sobre a situação, instando os países a manter altos níveis de cobertura de vacinação, fortalecer a vigilância e implementar urgentemente medidas para responder a qualquer caso suspeito.
Durante a Semana de Vacinação nas Américas, em abril deste ano, a OPAS enfatizou a necessidade de ação para proteger as pessoas contras doenças evitáveis por vacinação no contexto da Copa do Mundo de 2018. Nesse marco, 11 países informaram que reforçarão a imunização contra o sarampo, vacinando 6 milhões de pessoas.
|
Posted: 30 May 2018 09:15 AM PDT
“Todo dia 25, eu uso a cor laranja pelo fim da violência contra as mulheres. É quando eu me uno a milhões de mulheres e homens de todo o mundo. Dia Laranja pelo Fim da Violência contra as mulheres é um momento para você fazer ações de prevenção à violência contra as mulheres em casa, na comunidade, na empresa, na escola.”
A declaração é da atriz Juliana Paes, defensora para a Prevenção e a Eliminação da Violência contra as Mulheres da ONU Mulheres.
“Manifeste o seu apoio a essa causa e colabore para mudar a consciência das pessoas. Faça parte da campanha da ONU. Use laranja e una-se pelo fim da violência contra as mulheres”, completou.
Este é o primeiro de 15 vídeos que a defensora da ONU Mulheres gravou para incentivar a consciência pública sobre a violência contra as mulheres. A campanha #UseLaranja pelo fim da violência contra as mulheres é criação “pro bono” da Propeg, e os vídeos foram viabilizados pela parceria “pro bono” com a Cosmo Cine.
Os episódios serão divulgados todo dia 25, Dia Laranja, momento de mobilizações da campanha do secretário-geral da ONU “UNA-SE pelo Fim da Violência contra as Mulheres”.
Os conteúdos poderão ser conferidos nas redes sociais da defensora Juliana Paes, da ONU Mulheres e da ONU Brasil.
“Além de mais informações sobre como a violência acontece e o que precisa ser feito para apoiar as vítimas, a campanha #UseLaranja chama a população brasileira para o engajamento à causa, colaborando para visibilizar o crescimento de um movimento global de prevenção e eliminação da violência machista”, afirma Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres Brasil.
Os vídeos abordam: engajamento público todo dia 25 #DiaLaranja; incentivo à manifestação de apoio público às mulheres em situação de violência; apresentação do Destaque-Laranja ação da ONU Brasil para visibilizar ativistas, organizações da sociedade civil, escolas, universidades, cidades e empresas com ações concentras pelo fim da violência de gênero; como identificar e enfrentar a violência de gênero nas empresas.
Também inclui o estímulo às escolas e à comunidade escolar na promoção de ações preventivas à violência contra as mulheres; encorajamento para que as pessoas não fiquem indiferentes à violência de gênero; mensagem às mulheres em situação de violência para busca de apoio e acolhimento em serviços especializados.
Abordam ainda a descrição da violência doméstica e familiar; caracterização da violência patrimonial; defesa da liberdade das mulheres na escolha de roupas e acessórios; reforço à igualdade; vulnerabilidade das mulheres negras à violência de gênero; alerta contra estupro; caracterização da violência psicológica; e mensagem de mobilização para os 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, que acontecem, no Brasil, entre 20 de novembro de 10 de dezembro.
Dia Laranja
Celebrado a cada dia 25 do mês, o Dia Laranja Pelo Fim da Violência contra as Mulheres e Meninas alerta para a importância da prevenção e da resposta à violência de gênero. Sendo uma cor vibrante e otimista, o laranja representa um futuro livre de violência, convocando à mobilização todos os meses do ano no dia 25, culminando no 25 de Novembro, Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres.
O Dia Laranja foi proposto pela juventude latino-americana para manter a mobilização contra a violência de gênero para além do Dia Internacional pela Eliminação d a Violência contra as Mulheres, 25 de novembro, data do assassinato das Mariposas, três irmãs dominicadas que se opunham à ditadura no seu país.
O Dia Laranja integra a campanha do secretário-geral da ONU “UNA-SE pelo Fim da Violência contra as Mulheres”, lançada em 2008 pelas Nações Unidas com o objetivo de dar visibilidade e aumentar a vontade política e os recursos designados a prevenir e responder à violência de gênero.
|
Posted: 30 May 2018 09:14 AM PDT
Ciclistas em Brasília. Foto: Agência Senado/Jefferson Rudy
Atualmente, 41% dos deslocamentos em Brasília são feitos com carro — é o índice mais alto de todo o Brasil. Mas a Política de Mobilidade Ativa do Distrito Federal promete mudar esse cenário, incentivando alternativas como o uso de bicicleta e caminhadas. Elaborada com o apoio da ONU Meio Ambiente, a estratégia visa democratizar o acesso aos centros urbanos, garantindo que ciclistas e pedestres possam percorrer a capital federal e outras cidades do DF com segurança.
Ainda em fase de concepção e planejamento, a iniciativa deverá sair do papel em setembro de 2018, quando o governo começará a realizar melhorias na infraestrutura. A nova política também visa integrar formas de “mobilidade ativa” — a pé e com bicicleta — ao sistema público de transporte. Serão promovidas ações de conscientização para mudar hábitos e comportamentos dos moradores do DF.
Em dezembro do ano passado, funcionários do governo de Brasília organizaram dois workshops, reunindo 45 pessoas envolvidas com a questão do deslocamento urbano. O primeiro grupo contou com integrantes do público em geral. O segundo, com representantes da sociedade civil. Também estiveram presentes membros de companhias de transporte, de associações comerciais, do governo, técnicos e acadêmicos. Três pessoas com deficiência visual, auditiva e de mobilidade reduzida participaram dos encontros.
Organizadas pelo Instituto Mundial de Recursos (WRI, na sigla em inglês), as reuniões tinham por objetivo garantir que a nova política fosse fruto de discussões colaborativas.
“Informando e envolvendo diferentes atores no processo, é possível ter um plano final que não só serve aos interesses do público, como também introduz novas maneiras de tentar produzir uma mudança real nas mentalidades”, afirmou Daniely Votto, gerente de governança urbana do WRI no Brasil. O instituto é uma das entidades parceiras do DF na criação da nova estratégia de mobilidade.
Entre as demandas apresentadas pelos participantes dos workshops, está a necessidade de ampliar a infraestrutura para o ciclismo e melhorar o transporte público. Outra pauta foi a prioridade de políticas educacionais, que possam disseminar, desde cedo, conhecimentos sobre os perigos urbanos associados à alta velocidade e à utilização de carros particulares.
A ONU Meio Ambiente apoia as autoridades do Distrito Federal por meio do seu programa Share The Road (Compartilhe a estrada, em tradução livre para o português)
|
Posted: 29 May 2018 04:51 PM PDT
O secretário-geral da ONU, António Guterres, anunciou no final de maio (24) um novo plano para o desarmamento global.
A estratégia tem como objetivo auxiliar no processo de eliminação de arsenais de armas nucleares e de outros tipos de armamentos letais. Segundo Guterres, o mundo está a apenas “um erro mecânico, eletrônico e humano” da destruição.
“A ONU foi criada com o objetivo de eliminar a guerra como um instrumento de política internacional”, afirmou o chefe da ONU, ao revelar a nova agenda, intitulada ‘Assegurando nosso futuro comum’. No entanto, acrescentou, “após mais de sete décadas, nosso mundo está mais perigoso do que nunca”.
“O desarmamento previne e acaba com a violência. O desarmamento apoia o desenvolvimento sustentável. O desarmamento é um processo em confluência com nossos valores e princípios.”
O lançamento da nova estratégia acontece em um momento onde “o controle de armas têm se mantido nos noticiários todos os dias, às vezes em relação com o Irã e a Síria, às vezes em relação com a península coreana”, declarou o chefe da ONU.
O plano foca em três prioridades: armas de destruição em massa, armas convencionais e novas tecnologias em campos de batalha.
Em um primeiro momento, Guterres reforçou como o desarmamento nuclear, químico e biológico possui potencial para “salvar a humanidade”.
O dirigente também destacou que cerca de 15 mil armas nucleares continuam armazenadas em todo o mundo, e que centenas desses armamentos estão prontos para serem lançados em questão de minutos.
“Nós estamos a um erro mecânico, eletrônico ou humano de uma catástrofe que poderia erradicar cidades inteiras do mapa”, alertou.
Em 2017, mais de US$ 1,7 trilhão foram investidos em armas e no subsídio a exércitos, os maiores índices desde a queda do Muro de Berlim, 80 vezes mais que o financiamento humanitário básico em todo o planeta.
O secretário-geral afirmou que os Estados que detêm armas nucleares possuem responsabilidade fundamental na prevenção de catástrofes. Nesse contexto, o chefe da ONU apelou à Rússia e aos Estados Unidos para que resolvam sua disputa com base no Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF).
O dirigente também fez menção à extensão do novo tratado START sobre armas ofensivas estratégicas, que deve expirar em apenas três anos, e reforçou a necessidade de tomar novos passos para reduzir o armazenamento de armas nucleares.
O chefe da ONU também declarou que o esvaziamento do estoque de armas convencionais, que inclui armas pequenas e leves, além de minas terrestres, pode “salvar vidas”, em particular de civis que sofrem com conflitos armados.
Guterres lembrou que os conflitos armados são responsáveis não apenas por índices aterradores de mortos e feridos, mas também de números recorde em deslocamento de civis de suas casas, privando o acesso à saúde de qualidade, educação e quaisquer meios de sustento.
No fim de 2016, mais de 65 milhões de pessoas foram deslocadas por conta de guerras, violência e perseguição.
“Minha iniciativa terá base na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, o plano mundial para paz e prosperidade em um planeta saudável”, declarou Guterres, notando como gastos excessivos em armas desviam recursos para o desenvolvimento sustentável.
No ano passado, mais de 1,7 trilhão de dólares foram investidos em armas e no subsídio a exércitos, os maiores índices desde a queda do Muro de Berlim. Isto representa cerca de 80 vezes mais que o financiamento essencial para suprir as necessidades humanitárias em todo o planeta.
O secretário-geral também afirmou que novas tecnologias, quando utilizadas de maneira maliciosa, podem ter como consequência uma nova corrida armamentista, colocando futuras gerações em risco.
“Os riscos causados por novas tecnologias armamentistas podem ter grandes impactos no futuro de nossa segurança”, Afirmou Guterres.
Segundo o dirigente, desarmamento, controle de armas, não proliferação, restrições, construção de confiança e, onde necessário, eliminação, são “ferramentas essenciais para manter a segurança de nosso mundo, e assegurar nosso futuro”.
“O paradoxo é que quando cada país busca sua própria segurança, sem considerar outras nações, criamos uma insegurança global que põe todos em risco”, completou o chefe da ONU.
Novo esforço necessário para alcançar um mundo mais seguro
Na capa do plano, um documento de 73 páginas, foi escolhida a figura de um Orizuru, um origami. Seu significado, segundo lendas japonesas, é de que qualquer pessoa que crie mil dobraduras de papel terá seus desejos realizados pelos deuses. Imagem: reprodução/ONU
Na capa do plano, um documento de 73 páginas, foi escolhida a figura de um Orizuru, um origami. Seu significado, segundo lendas japonesas, é de que qualquer pessoa que crie mil dobraduras de papel terá seus desejos realizados pelos deuses.
Em seu leito em um hospital, Sadako Sasaki, sobrevivente da explosão da bomba atômica de Hiroshima em 1945, fez mais de mil dobraduras de papel, em pedido para que se recuperasse de uma leucemia fatal desenvolvida por conta do ataque nucelar.
Sadako morreu aos 12 anos, mas a sua história se espalhou pelo mundo, e dobraduras em origami se tornaram símbolos de paz desde então.
No parágrafo final da Agenda, Guterres faz menção ao ex-secretário-geral Dag Hammarskjöld, afirmando: “Nesse campo, como conhecemos, um impasse não existe. Se não há avanços, então só existirão regressos”.
O documento conclui com um apelo para que todos usem “qualquer oportunidade para fazer avançar o desarmamento onde ele existe, e para gerar um novo ímpeto onde o processo é necessário, de maneira a alcançar um mundo mais seguro para todos nós”.
Acesse aqui, em inglês, o novo plano da ONU.
|
Posted: 29 May 2018 04:20 PM PDT
Interior de um estúdio de rádio afegão, onde mulheres reivindicam democracia e direitos humanos. Foto: UNAMA/Fardin Waezi)
Os perigos do trabalho como jornalista no Afeganistão foram relembrados em um novo ataque na capital Cabul no final de abril. Nove fotógrafos e repórteres afegãos foram mortos. Os profissionais, que estavam na região para reportar um ataque suicida, foram alvejados por um segundo homem-bomba ao chegar ao local.
Os assassinatos ocorreram poucos dias antes do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, celebrado anualmente no dia 3 de maio. Fora da capital afegã, os perigos de realizar reportagens, particularmente para mulheres jornalistas, nunca foram tão claros.
Sediqa Sherzai é diretora de notícias da emissora de TV e rádio Roshani, uma organização de mídia em Kunduz, no norte do país. Suas repórteres estão sob constante ameaça não apenas de insurgentes, mas também de homens que não querem mulheres trabalhando na mídia.
“Quando insurgentes tomaram Kunduz em 2015, vieram imediatamente para nossa estação porque não apreciavam o conteúdo focado nos direitos da mulher”, afirmou. “Embora a maioria de nossas repórteres tenha fugido antes da chegada [dos insurgentes], eles roubaram nosso equipamento e destruíram o que não puderam levar.”
Eleições
Apesar dos desafios que mulheres enfrentam ao trabalhar na mídia em um país conservador e afetado por conflitos, Sediqa Sherzai está comprometida em garantir que as vozes das mulheres afegãs sejam ouvidas previamente às eleições, marcadas para outubro desse ano.
Na volátil província de Kunduz, onde parte do território não está sob controle do governo, mulheres dizem ter medo de falar com a imprensa e se pronunciarem sobre direitos humanos. Também não há liberdade para defender mudanças e uma democracia aberta.
Até mesmo Sediqa Sherzai e sua equipe de mulheres evitam fotografias, cautelosamente protegendo suas identidades.
As eleições são consideradas essenciais para solidificar os frágeis avanços na proteção de direitos humanos e questões sociais conquistados ao longo dos últimos 17 anos. A luta pelo voto feminino no Afeganistão, reminiscente a movimentos similares que tiveram palco nos séculos passados em outros países, ganhou maior apoio internacional nas últimas duas décadas.
ONU no Afeganistão
Lutando por mudança, a Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão (UNAMA) tem prestado apoio a iniciativas que oferecem espaço para mulheres afegãs em todos os setores da sociedade para lutar contra a opressão e o conflito – e também defender direitos humanos básicos, incluindo o direito ao voto.
O chefe da UNAMA, Tadamichi Yamamoto, disse – marcando o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa – que a ONU continua a pressionar o governo para implementar medidas que melhorem a segurança de jornalistas e garantam uma mídia aberta “onde nenhuma voz é silenciada devido ao medo”.
“As mulheres não querem falar porque estão sob ameaça, mas também por causa das restrições tradicionais, incluindo pais e maridos as proibindo de falar.” – Sediqa Sherzai, jornalista
Sherzai afirmou que um código não escrito para silenciar as mulheres é forte em Kunduz. “Mulheres não querem falar porque estão sob ameaça, e também por conta de restrições tradicionais, incluindo pais e maridos as proibindo de prestar declarações.”
Como diretora de notícias em uma cidade ameaçada pela guerra, Sherzai enfrenta um dilema ao tentar despachar repórteres para o campo. “Não podemos dizer que estamos de fato refletindo a visão das mulheres quando até mesmo nossas próprias repórteres estão sob constante ameaça”, completou.
Democracia
Mesmo se Kunduz, uma movimentada cidade de cerca de 500 mil habitantes, não estivesse em conflito de maneira quase constante, ainda haveria grandes obstáculos à participação total de mulheres na democracia, dizem oficiais e ativistas dos direitos humanos.
“Existe um problema prevalente em nossa sociedade, onde até mesmo homens com destreza em negócios e política não querem que suas mulheres votem”, disse Lida Sherzad, uma ativista que trabalha com a Afghanistan Women’s Network (AWN).
“Existe um imenso preço a ser pago em termos de danos psicológicos e pressão em mulheres e suas crianças. Essas mães me perguntam por que devem participar em eleições se ninguém está as protegendo.”
O direito das mulheres ao voto acompanha os diversos esforços da AWN para criar redes sociais e conectar diferentes grupos de mulheres. Criando, assim, um esforço comum para lutar pelo fim da violência contra as mulheres e a favor de lideranças femininas.
Ativistas dos direitos da mulher afirmam que, embora o progresso tenha sido lento em determinados aspectos, os últimos 17 anos representaram grande avanço para as mulheres afegãs. Durante o comando do Talibã, no fim dos anos 1990 e no decorrer do ano de 2001, mulheres foram confinadas em suas casas e impedidas de serem educadas.
Muitas mulheres trabalhando na mídia em Kunduz deixaram a prática durante o período do Talibã, mas Sediqa Sherzai diz que se insurgentes entrarem novamente na cidade, pela terceira vez em cinco anos, ela “defenderá a estação se necessário”.
|
Posted: 29 May 2018 02:57 PM PDT
|
|
Clique aqui paraResponderouEncaminhar
|
|
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário