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quinta-feira, 14 de maio de 2020

Boletim diário da ONU Brasil: “Debates online vão traçar plano de sustentabilidade para o futuro do Rio” e 9 outros.

Debates online vão traçar plano de sustentabilidade para o futuro do Rio

Posted: 13 May 2020 12:48 PM PDT

O Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (ONU-HABITAT), por meio do projeto Sistemas de Responsabilidade Pública para Medir, Monitorar e Informar sobre Políticas Urbanas Sustentáveis na América Latina, acompanha a construção do Plano de Desenvolvimento Sustentável da Prefeitura do Rio de Janeiro (RJ).

O segundo debate da série “Diálogos para 2030: Preparando a Cidade do Rio para o Futuro” acontecerá na quinta-feira (14), às 10h, no canal do Youtube da Multirio. O tema será “Longevidade e bem-estar para o desenvolvimento sustentável”.

As sessões, que ocorrem online em virtude da pandemia da COVID-19, buscam a participação de gestores públicos, membros de sociedade civil, academia, setor privado e público interessado.

O encontro desta quinta-feira faz parte de uma série de cinco com o objetivo de debater desafios e soluções para a capital fluminense nos próximos dez anos. As temáticas são alinhadas com o Rio Capital Mundial da Arquitetura por incluir propostas para o futuro dos espaços urbanos.

Participarão da mesa virtual de debates Rubens Filho, jornalista e coordenador de Comunicação do Instituto Trata Brasil; Daniel Vilella, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e professor de Epidemiologia e Biologia Computacional; Paulo Saldiva, professor da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador de doenças respiratórias e saúde ambiental; e Mónica Guerra, arquiteta, mestre em planejamento e gestão urbana e fundadora do Comida do Amanhã.

Segundo Daniel Mancebo, coordenador geral do Escritório de Planejamento da Prefeitura do Rio, “longevidade e bem-estar” são eixos transversais do Plano de Desenvolvimento Sustentável da cidade.

Esses eixos têm forte relação com a a Agenda 2030 e seus 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que visam erradicar a pobreza, reduzir as desigualdades e garantir a saúde para todos, entre outros.

As condições ambientais, como a redução da poluição de ar e das águas, se colocam nesse contexto e serão abordadas no debate, assim como a resposta à pandemia e temas ligados à garantia do bem-estar nas cidades.

Os seminários são promovidos pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro em parceria com ONU-Habitat. Em cinco quintas-feiras seguidas, sempre às 10h, os convidados discutirão temas relacionados ao Plano de Desenvolvimento Sustentável do Rio.

 

Chefe da ONU apela à ‘humanidade comum’ em todas as religiões para combater coronavírus

Posted: 13 May 2020 12:19 PM PDT

Fotos: ONU/Rick Bajornas

Fotos: ONU/Rick Bajornas

Nossa vulnerabilidade compartilhada diante da pandemia de coronavírus revela “nossa humanidade comum”, disse o chefe da ONU na terça-feira (12), durante uma reunião online com líderes religiosos sobre o importante papel que eles podem desempenhar na limitação dos danos causados ​​pela COVID-19.

Tal vulnerabilidade “estabelece a nossa responsabilidade de promover a solidariedade como fundamento da nossa resposta – uma solidariedade baseada nos direitos humanos e na dignidade humana de todos”, explicou o secretário-geral António Guterres. “E destaca o papel crucial dos líderes religiosos em suas comunidades e além”.

Reunido com líderes das religiões judaica, cristã e muçulmana, o chefe da ONU citou crises de saúde pública anteriores, incluindo HIV/AIDS e ebola, observando como a liderança espiritual foi positiva em termos de valores, atitudes e ações da comunidade.

“E com essa influência vem a responsabilidade de trabalhar juntos, deixar de lado as diferenças e traduzir nossos valores comuns em ação”, ressaltou, ao destacar quatro maneiras fundamentais de ajudar a reverter a pandemia e ajudar na recuperação.

Primeiro, ele pediu que “desafiassem ativamente mensagens imprecisas e prejudiciais”, além de rejeitar a xenofobia, o racismo e “todas as formas de intolerância”.

É importante “condenar categoricamente” a violência contra mulheres e meninas, que está em ascensão, disse ele, e “apoiar princípios comuns de parceria, igualdade, respeito e compaixão”.

“Parceria também significa garantir a voz e a representação iguais das mulheres em todas as esferas”, disse ele na discussão virtual.

Ele instou os líderes a alavancar suas redes para apoiar os governos na promoção de medidas de saúde pública, como distanciamento físico e boa higiene, e também praticá-las durante atividades religiosas, incluindo cultos e enterros.

Finalmente, como os alunos do mundo estão fora da escola, ele pediu aos líderes religiosos que “apoiassem a continuidade da educação” para que o aprendizado nunca pare.

Fornecendo ‘esperança para os desesperados’

O presidente da Assembleia Geral, Tijjani Muhammad-Bande, destacou o papel único da fé, dizendo que esta “dá esperança aos desesperados” e, em tempos de ansiedade, “pode ​​ser uma fonte significativa de conforto e resiliência comunitária”.

Durante esta “ameaça sem precedentes”, ele disse que líderes e organizações religiosos têm um papel ainda maior a desempenhar “salvando vidas e mitigando a propagação da doença”.

“Nós os admiramos para compartilhar informações confiáveis ​​e enfrentar rumores, violência e incitação ao ódio e defender as necessidades das populações vulneráveis”, enfatizou o presidente da Assembleia Geral.

O organizador do evento, o embaixador marroquino na ONU Omar Hilale, observou que “a fúria com a qual a COVID-19 caiu no mundo e suas consequências planetárias exigem, mais do que nunca, uma mensagem unificada e responsável”.

“Os líderes religiosos podem desempenhar um papel fundamental na preservação da irmandade humana e na construção de sociedades mais inclusivas, coesas, seguras, resistentes e unidas, especialmente em tempos difíceis”, acrescentou.

 

UNESCO participa de projetos em apoio a comunidades afetadas pela crise causada pela pandemia

Posted: 13 May 2020 11:24 AM PDT

Foto: UNESCO

Como parte de seus esforços emergenciais para ajudar a mitigar as consequências causadas pela COVID-19 no país, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) irá contribuir com ações e projetos que visam ao atendimento de comunidades e pessoas em situação de vulnerabilidade. Em parcerias com a Central Única das Favelas (CUFA) e com a ONG Ação da Cidadania, realizará projetos comunitários em vários estados, particularmente em comunidades dos centros urbanos.

A UNESCO apoiará a CUFA no projeto “Mães da Favela“. A iniciativa tem como objetivo fornecer apoio a famílias lideradas por mulheres que tiveram sua renda afetada pelo surto da COVID-19. Até o momento, o programa já beneficiou cerca de 500 mil famílias em 5 mil comunidades, alcançando quase 2 milhões de pessoas. Já foram mais de 6 milhões de toneladas de alimentos e um total de R$ 60 milhões investidos em “vales-mães” e em cestas básicas distribuídas em todo o país.

O “Mães da Favela” quer aumentar o engajamento da sociedade e ampliar a capacidade de atendimento a mães de outras favelas brasileiras. O projeto vai lançar uma campanha em rede nacional, com a participação de embaixadoras da iniciativa e artistas renomadas, como Daniela Mercury, Iza, Claudia Leite, entre outras. Em apoio à campanha, a cantora Anitta fez um show ao vivo, no Dia das Mães (10), por meio de uma live, em que as estratégias de captação de doação foram anunciadas e que serão revertidas integralmente para o programa.

Outra parceria em destaque é com a ONG Ação da Cidadania. O objetivo é intensificar a distribuição de alimentos por todo o país, sobretudo para famílias atingidas pelos impactos da grave crise de saúde. A parceria contará com o apoio estratégico da Cátedra UNESCO Dom Hélder Câmara de Direitos Humanos da Universidade Católica de Recife (Unicap) e da Fundação Renova para a indicação de grupos em situação de risco e a coordenação de esforços de doação e entrega de alimentos.

A Diretora e Representante da UNESCO no Brasil, Marlova Jovchelovitch Noleto, considera um privilégio para a UNESCO apoiar o trabalho da CUFA e do projeto Mães da Favela. “São mobilizações que levam ajuda rápida e efetiva a quem realmente mais precisa, neste momento em que precisamos agir rapidamente para alcançar tantas famílias em situação de vulnerabidade”.

 

Campanha discute necessidade de eliminar expressões racistas do vocabulário popular

Posted: 13 May 2020 10:41 AM PDT

Vídeo foi produzido em parceria com a Rede Globo. Foto: Reprodução

Vídeo foi produzido em parceria com a Rede Globo. Foto: Reprodução

Nesta semana, o Brasil lembra os 132 anos da abolição da escravatura, ocorrida em 13 de maio de 1888. A data é uma oportunidade de revisitar as cicatrizes deixadas pela escravidão, ainda sentidas na sociedade atual: racismo, discriminação e iniquidades.

A Rede Globo começa a veicular nesta quarta-feira (13) um vídeo produzido em parceria com o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) que reflete sobre o racismo a partir de frases do cotidiano.

Com o mote “Tudo começa pelo Respeito”, foi criado para alertar, por meio de expressões populares, sobre como o racismo se faz presente na sociedade e como é preciso começar a mudar a história a partir dos detalhes.

“Esta é uma excelente forma de estimular um debate que precisa urgentemente ser ampliado. O racismo e as práticas discriminatórias continuam a impedir que a população negra do país desfrute de forma equitativa de oportunidades e tenham todos os seus direitos assegurados”, disse a representante do UNFPA no Brasil, Astrid Bant.

“Essa discussão é essencial, sobretudo, para avançarmos rumo às recomendações da Década Internacional de Afrodescendentes.”

O vídeo será exibido pela emissora de 12 a 15 de maio. Confira:

 

 

COVID-19 reduzirá produção econômica global em US$8,5 trilhões nos próximos dois anos

Posted: 13 May 2020 10:12 AM PDT

Pandemia levará mais de 34 milhões de pessoas à pobreza extrema em 2020. Foto: Jan Truter (CC, Flickr)

Pandemia levará mais de 34 milhões de pessoas à pobreza extrema em 2020. Foto: Jan Truter (CC, Flickr)

No contexto de uma pandemia devastadora, a economia global deverá ter uma contração acentuada de 3,2% este ano, de acordo com relatório Situação Econômica Mundial e Perspectivas das Nações Unidas (WESP) de meados de 2020, divulgado nesta quarta-feira (13).

A expectativa é de que a economia global perca quase 8,5 trilhões de dólares em produção nos próximos dois anos devido à pandemia de COVID-19, acabando com quase todos os ganhos dos quatro anos anteriores.

A forte contração econômica, que marca a maior queda desde a Grande Depressão na década de 1930, vem após previsões econômicas anêmicas feitas no início do ano de um avanço de 2,1%.

O relatório estima que o Produto Interno Bruto (PIB) das economias desenvolvidas deverá cair 5% em 2020.

A projeção é de um crescimento modesto de 3,4% – apenas o suficiente para compensar a perda de produção – em 2021. Prevê-se que o comércio mundial se contraia quase 15% em 2020, em meio à demanda global drasticamente reduzida e interrupções nas cadeias globais de suprimentos.

Quase 90% da economia mundial está sob algum tipo de bloqueio total ou confinamento, interrompendo as cadeias de suprimentos, deprimindo a demanda dos consumidores e deixando milhões de pessoas desempregadas.

Sob o cenário-base, as economias desenvolvidas deverão contrair 5% em 2020, enquanto a produção dos países em desenvolvimento diminuirá 0,7%.

A pandemia está exacerbando a pobreza e a desigualdade

A pandemia provavelmente fará com que cerca de 34,3 milhões de pessoas caiam abaixo da linha de extrema pobreza em 2020, com 56% desse aumento ocorrendo nos países africanos.

Outras 130 milhões de pessoas podem se juntar às fileiras que vivem em extrema pobreza até 2030, causando um enorme golpe nos esforços globais para erradicar a extrema pobreza e a fome.

A pandemia está afetando desproporcionalmente empregos pouco qualificados e com baixos salários, embora deixe empregos mais qualificados menos afetados, o que aumentará ainda mais a desigualdade de renda dentro e entre países.

Diante de uma crise sanitária, social e econômica sem precedentes, os governos em todo o mundo implementaram grandes medidas de estímulo fiscal – equivalentes a cerca de 10% do PIB – para combater a pandemia e minimizar seus impactos nos meios de subsistência. No entanto, a profundidade e a gravidade da crise prenuncia uma recuperação lenta e dolorosa.

Elliott Harris, economista-chefe da ONU e secretário-geral adjunto de Desenvolvimento Econômico, afirmou que “o ritmo e a força da recuperação da crise não dependem apenas da eficácia das medidas de saúde pública na redução da propagação do vírus, mas também da capacidade dos países de proteger empregos e rendas, principalmente dos membros mais vulneráveis ​​de nossas sociedades.”

A crise provavelmente acelerará a digitalização

O relatório destaca que a pandemia pode impulsionar um novo normal, fundamentalmente redesenhando as interações humanas, a interdependência, o comércio e a globalização, enquanto acelera a digitalização e a automação.

Um rápido aumento nas atividades econômicas online provavelmente eliminará muitos empregos existentes, ao mesmo tempo em que criará novos empregos na economia digital. Os efeitos líquidos nos salários e no emprego podem ser negativos, agravando ainda mais a desigualdade de renda.

Muitos países em desenvolvimento enfrentam severas restrições fiscais

A maioria das economias em desenvolvimento – sobrecarregadas com déficits fiscais crônicos e níveis já altos de dívida pública – está enfrentando dificuldades para implementar pacotes fiscais suficientemente grandes, que até agora representam em média menos de 1% do PIB.

A queda nas exportações e do crescimento estão minando rapidamente a sustentabilidade da dívida de muitos países em desenvolvimento, particularmente daqueles fortemente dependentes de commodities, receitas do turismo ou remessas.

O crescente endividamento representa um enorme desafio para esses países, restringindo ainda mais sua capacidade de implementar medidas de estímulo muito necessárias.

Medidas de estímulo devem aumentar os investimentos produtivos

O relatório alerta contra o risco de grandes medidas de estímulo fiscal e monetário – com trilhões de dólares de nova liquidez injetada no sistema financeiro – contribuindo para a rápida recuperação dos preços das ações e dos títulos, ao mesmo tempo em que ignoram os investimentos produtivos.

A liquidez global per capita aumentou desde que a crise financeira de 2008, enquanto o investimento produtivo per capita estagnou, observou o relatório.

Hamid Rashid, chefe do Setor de Monitoramento Econômico Global e principal autor do relatório, disse: “a lição que aprendemos na última crise é a de que as medidas de estímulo fiscal e monetário não necessariamente aumentam os investimentos produtivos”.

“Os governos devem incentivar as empresas que recebem sua assistência financeira a investir em capacidades produtivas. Esta é uma obrigação para proteger empregos decentes e impedir um aumento adicional da desigualdade de renda.”

Uma cooperação internacional mais forte é um imperativo

Uma cooperação global mais forte é fundamental, especialmente para conter a pandemia e estender a assistência financeira aos países mais afetados pela crise. No curto prazo, o aumento da disponibilidade e rápida implantação de fundos internacionais para suprir a escassez de liquidez e liberar espaço fiscal é fundamental.

Além dessas medidas de curto prazo, muitos países em desenvolvimento – principalmente economias dependentes de commodities e turismo – ainda precisarão de uma reestruturação abrangente da dívida para ter espaço fiscal para estimular o crescimento e acelerar a recuperação.

O relatório destaca uma janela de oportunidade para “se recuperar melhor”, com a solidariedade global renovada melhorando os sistemas de saúde pública, construindo resiliência para suportar choques econômicos, melhorando os sistemas de proteção social em todo o mundo, esverdeando as economias e abordando as mudanças climáticas.

Clique aqui para acessar o relatório completo (em inglês).

 

Concentração global de CO2 bate recorde mesmo durante crise da COVID-19

Posted: 13 May 2020 09:56 AM PDT

As cidades deverão produzir mais de 70% das emissões de gás carbônico globais e consumirão 80% da energia do mundo em 2030. Foto: UNsplash

As cidades deverão produzir mais de 70% das emissões de gás carbônico globais e consumirão 80% da energia do mundo em 2030. Foto: UNsplash

Nas últimas semanas, à medida que o mundo parava para combater a pandemia de coronavírus, houve muitos relatos de melhoria na qualidade do ar em alguns lugares. No entanto, ninguém deve pensar que a crise climática está resolvida.

Os dados mais recentes da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) mostram que os níveis globais de dióxido de carbono (CO2) estão aumentando acentuadamente.

Em abril de 2020, a concentração média de CO2 na atmosfera era de 416,21 partes por 1 milhão (ppm), a mais alta desde o início das medições, que começaram em 1958, no Havaí.

A Sala Mundial de Situação Ambiental do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) mostra um aumento representativo de mais de 100 ppm nas concentrações de CO2 desde março de 1958.

A curva indica flutuações sazonais esperadas: o Hemisfério Norte possui maior massa de terra que o Hemisfério Sul e a vegetação absorve mais CO2 durante o verão.

No Hemisfério Norte, o pico de concentração de CO2 acontece ao final do inverno, em maio, pois, com o frio, a Terra tem menos processos de fotossíntese e, portanto, os níveis de CO2 sobem até o próximo ciclo.

Quando, então, a fotossíntese volta a ocorrer e as novas folhagens aparecem, elas voltam a absorver CO2, diminuindo as concentrações em cerca de 7,5 ppm até outubro.

Contudo, devido às emissões antropogênicas (liberadas por atividades humanas), as concentrações de CO2 estão aumentando rapidamente.

O gráfico a seguir mostra a diferença nos níveis entre o mesmo mês em diferentes anos (há, por exemplo, um acréscimo de mais de 2,88 ppm entre abril de 2019 e abril de 2020).

Isso mostra que, embora na década de 1960 o aumento em um ano tenha sido de cerca de 0,9 ppm, no período de 2010-2019 a média foi de 2,4 ppm. Há uma tendência ascendente claramente acelerada.

A visão de longo prazo

Usando registros do núcleo de gelo, é possível medir o CO2 aprisionado pelo gelo na Antártica, que remonta a 800 mil anos atrás. Desse período até hoje, nunca tínhamos atingido 416 ppm.

Dado que o Homo sapiens apareceu cerca de 300 mil anos atrás e o primeiro vestígio do Homo sapiens sapiens (também conhecido como ser humano) data de 196 mil anos atrás, nenhum indivíduo de nossa espécie jamais vivenciou níveis tão altos de CO2.

“Isso é, obviamente, uma grande preocupação para o clima e demonstra, mais uma vez, que ações urgentes são necessárias para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Para manter a média de aquecimento global em 1,5°C, precisamos zerar as emissões líquidas até 2040 – no mais tardar, até 2055”, disse o diretor do GRID-Genebra do PNUMA e gerente de programas da Sala Mundial de Situação Ambiental, Pascal Peduzzi.

Esses resultados podem ser surpreendentes para aqueles que assumem com otimismo que a COVID-19 reduzirá as emissões globais totais.

Embora seja verdade que o tráfego veicular e aéreo, bem como a atividade industrial, tenham sido drasticamente reduzidos na maior parte do mundo desde janeiro de 2020, esse não é o caso do consumo de eletricidade. De acordo com o Panorama Energético Mundial 2019, 64% das fontes globais de energia elétrica provêm de combustíveis fósseis (carvão: 38%, gás: 23%, petróleo: 3%).

Os sistemas de aquecimento estão funcionando como antes da COVID-19 e nenhuma das questões fundamentais mudou – como a busca por energia renovável, o uso de transporte público e o fim do desmatamento.

Além disso, incêndios florestais mais frequentes e severos, provocados pela mudança climática e outras origens, continuam afetando países como Brasil, Honduras, Mianmar, Tailândia e Venezuela, emitindo grandes quantidades de CO2 adicional.

“Sem mudanças fundamentais na produção global de energia, não teremos motivos para esperar uma redução duradoura dessas emissões”, afirmou o especialista em mudanças climáticas do PNUMA, Niklas Hagelberg.

“A COVID-19 nos dá a oportunidade de medir os riscos que estamos assumindo com o relacionamento insustentável com o meio ambiente e de aproveitarmos para reconstruir nossas economias de maneira mais ecológica. Devemos levar em consideração as ameaças globais, como pandemias e desastres climáticos, a fim de criar mercados, empresas, países e sistemas globais resilientes e gerar um futuro saudável e sustentável para todos.”

“Apoiar o estímulo fiscal e os pacotes financeiros para aproveitar a descarbonização e a transição acelerada para energias limpas e renováveis não será apenas uma vitória econômica de curto prazo, mas também uma vitória para a resiliência futura”, acrescentou.

 

UNICEF: garantir acesso de crianças vulneráveis à Internet é essencial na resposta à COVID-19

Posted: 13 May 2020 08:29 AM PDT

Um menino sentado na janela de casa lê um livro escolar. Foto: Ratão Diniz/UNICEF

Ter acesso à internet é fundamental para que crianças e adolescentes possam exercer plenamente seus direitos. Em tempos de coronavírus e isolamento social, a rede se torna ainda mais importante para garantir a continuidade da aprendizagem, manter contato com amigos e cuidar da saúde mental, se proteger contra a violência e ter acesso a informações confiáveis. Por isso, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) propõe ao Governo Federal e às empresas de telefonia que invistam para prover o acesso livre à internet para todas as famílias vulneráveis.

De acordo com a representante do UNICEF no Brasil, Florence Bauer, as meninas e os meninos sem acesso à internet em casa são aqueles que mais sofrerão os impactos sociais da pandemia incluindo o aumento da desigualdade no acesso a direitos fundamentais, como educação, saúde, proteção e participação. “Tais privações já atingem desproporcionalmente as crianças e os adolescentes mais pobres e das regiões de maior vulnerabilidade. Por isso, defendemos que todas as crianças e todos os adolescentes que vivem em famílias que são beneficiárias do programa de “auxílio emergencial”, do programa Bolsa Família, ou cuja renda mensal familiar per capita é inferior a R$ 178 mensais tenham acesso gratuito à internet”, afirmou a representante do UNICEF.

Os direitos humanos são exercidos cada vez mais on-line. Isso é ainda mais certo para as crianças e adolescentes de hoje que crescem num mundo digital, onde a internet facilita as oportunidades e capacidades de realizar os seus direitos. A Convenção sobre os Direitos da Criança (CDC) estabelece a obrigação dos Estados de “garantir o acesso da criança a informações e materiais procedentes de diversas fontes nacionais e internacionais, especialmente aqueles que visam à promoção de seu bem-estar social, espiritual e moral e de sua saúde física e mental” (CDC, Artigo 16).

No entanto, segundo dados preliminares da pesquisa TIC Kids Online 2019 do Cetic.br/NIC.br – disponibilizados por eles ao UNICEF –, 4,8 milhões de crianças e adolescentes de 9 a 17 anos de idade vivem em domicílios sem acesso à internet no Brasil (17% dessa população). Com a pandemia, eles correm risco de ficar ainda mais excluídos. As informações foram coletadas entre outubro de 2019 e março de 2020.

A pesquisa mostra, ainda, que 11% da população no Brasil dessa faixa etária não é usuária de internet – não acessando a rede nem em casa e nem em outros lugares nos três meses que antecederam a entrevista. A exclusão é maior entre crianças e adolescentes que vivem em áreas rurais (25%), nas regiões Norte e Nordeste (21%) e entre os domicílios das classes D e E (20%). Dados completos sobre a conectividade da população brasileira serão divulgados pelo Cetic.br/NIC.br no próximo dia 26 de maio de 2020.

Nesta situação de pandemia e de isolamento social, é essencial garantir o acesso livre à internet para essas famílias vulneráveis. Também é importante utilizar tecnologias como rádio e televisão para difundir conteúdos educativos para crianças e adolescentes que não têm acesso à internet, sobretudo aqueles que vivem em áreas isoladas, como na Região Amazônica. Para isso, o UNICEF sugere que sejam coordenadas ações com televisões e rádios públicas e privadas, incluindo canais educativos.

Ações do UNICEF

Durante a pandemia, o UNICEF está usando seu site e suas redes sociais (Facebook, Instagram e Twitter) para divulgar informação sobre a prevenção da COVID-19, para compartilhar dicas sobre como apoiar as crianças neste tempo de crise, para apoiar a saúde mental de adolescentes e engajá-los em diferentes atividades, e para chamar a atenção sobre os riscos da violência doméstica e informar sobre apoio para vítimas.

O UNICEF também está implementando uma ampla estratégia de disseminação de conteúdos complementares à aprendizagem via rádios e plataformas digitais. Estão sendo produzidos e disseminados podcasts diários voltados à crianças e famílias, com contação de histórias, brincadeiras e outras atividades focadas no desenvolvimento infantil.

No contexto da crise migratória venezuelana, o UNICEF também está produzindo conteúdos educativos específicos para a população migrante e refugiada, que serão veiculados em rádios de Boa Vista, Pacaraima, Belém e Manaus. Somado a isso, 2 mil kits educacionais serão distribuídos que, entre outros materiais pedagógicos, terão rádios para que as crianças e suas famílias tenham acesso aos programas.

O UNICEF também está ativando suas redes de parceiros para a disseminação – junto com kits de higiene – de materiais impressos sobre a pandemia, os riscos da violência familiar, serviços sociais e de apoio disponíveis durante a crise. Por fim, o UNICEF também está distribuindo conteúdos informativos voltados a crianças e suas famílias para que sejam disseminados por canais de televisão.

 

COVID-19: Interrupções em serviços de HIV podem causar 500 mil mortes adicionais por AIDS

Posted: 13 May 2020 07:49 AM PDT

Foto: UNAIDS

Um grupo de modelagem convocado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) estimou que, se não forem feitos esforços para mitigar e superar as interrupções nos serviços e na distribuição de insumos de saúde causados pela pandemia da COVID-19, uma interrupção de seis meses da terapia antirretroviral poderia levar a um número superior a 500 mil mortes a mais por doenças relacionadas à AIDS, incluindo a tuberculose.

As estimativas se referem ao cenário na África Subsaariana, para o período entre 2020-2021. Em 2018, estima-se que 470 mil pessoas morreram de causas relacionadas à AIDS na região.

Existem muitas razões diferentes que podem causar a interrupção dos serviços – esse exercício de modelagem deixa claro que as comunidades e os parceiros precisam agir agora, pois o impacto de uma interrupção de seis meses na terapia antirretroviral pode efetivamente nos colocar de volta ao nível de mortes relacionadas à AIDS visto em 2008, quando mais de 950 mil pessoas morreram na região por estes motivos.

A estimativa é de que, devido à interrupção destes serviços HIV, as pessoas continuariam morrendo em grandes números por pelo menos mais cinco anos, com um excesso médio anual de 40% de mortes nesta próxima meia década. Além disso, as interrupções nestes serviços também podem ter impacto na incidência de HIV no próximo ano.

Para o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, é uma perspectiva terrível ter meio milhão a mais de pessoas morrendo de doenças relacionadas à AIDS. “É como retroceder no tempo. Devemos ler isso como um alerta aos países para identificar maneiras de sustentar todos os serviços vitais de saúde. Para o HIV, alguns países já estão tomando medidas importantes como, por exemplo, a garantia de que as pessoas possam retirar quantidades maiores de medicamentos para seu tratamento e outros insumos essenciais, incluindo kits de autoteste, em pontos de entrega, o que alivia a pressão sobre os serviços e equipes de saúde. Também devemos garantir que os suprimentos globais de testagem e tratamento continuem a fluir para os países que precisam deles”, acrescentou o diretor da OMS.

Na África Subsaariana, estima-se que 25,7 milhões de pessoas viviam com HIV e 16,4 milhões (64%) estavam em terapia antirretroviral em 2018. Agora, essas pessoas correm o risco de interromper o tratamento porque os serviços de HIV estão fechados ou encontram-se impossibilitados de fornecer terapia antirretroviral devido a interrupções na cadeia de suprimentos ou porque os serviços simplesmente ficam sobrecarregados em função das necessidades concorrentes para apoiar a resposta à COVID-19.

Segundo a diretora-executiva do UNAIDS, Winnie Byanyima, a pandemia da COVID-19 não deve ser uma desculpa para desviar o investimento do HIV. “Existe o risco de que os ganhos suados da resposta à AIDS sejam sacrificados na luta contra a COVID-19, mas o direito à saúde significa que nenhuma doença deve ser combatida às custas de outra doença”, informou a diretora-executiva do UNAIDS.

Quando o tratamento é seguido adequadamente, a carga viral de HIV de uma pessoa cai para um nível indetectável, mantendo a pessoa saudável e impedindo a transmissão progressiva do vírus. Quando uma pessoa é incapaz de tomar terapia antirretroviral regularmente, a carga viral aumenta, afetando a saúde da pessoa, o que pode levà-la à morte. Mesmo interrupções relativamente curtas no tratamento podem ter um impacto negativo significativo na saúde de uma pessoa e aumentar o potencial de transmissão do HIV.

Esta pesquisa reuniu cinco equipes que usam diferentes modelos matemáticos para analisar os efeitos de várias possíveis interrupções nos serviços de testagem, prevenção e tratamento do HIV causados pela COVID-19.

Cada modelo analisou o impacto potencial de interrupções do tratamento de três ou seis meses na mortalidade por AIDS e na incidência de HIV na África Subsaariana. No cenário de interrupção de seis meses, as estimativas de excesso de mortes relacionadas à AIDS em um ano variaram de 471 mil a 673 mil, tornando inevitável que o mundo descumpra a meta global de 2020 de alcançar menos de 500 mil mortes relacionadas à AIDS em todo o mundo.

Interrupções mais curtas de três meses teriam um impacto reduzido, mas ainda significativo, sobre as mortes por AIDS. Interrupções mais esporádicas do suprimento de terapia antirretroviral levariam à adesão esporádica ao tratamento e à consequente à disseminação da resistência aos medicamentos para o HIV, com consequências de longo prazo para o sucesso futuro do tratamento na região.

Serviços interrompidos também podem reverter os ganhos obtidos na prevenção da transmissão do HIV de mãe para filho. Desde 2010, as novas infecções por HIV entre crianças na África Subsaariana diminuíram 43%, de 250 mil em 2010 para 140 mil em 2018, devido à alta cobertura dos serviços de HIV para mães e filhos na região.

A redução desses serviços por seis meses, em função da COVID-19, pode fazer com que novas infecções por HIV em crianças aumentem drasticamente, em até 37% em Moçambique, 78% no Malawi, 78% no Zimbábue e 104% em Uganda.

Outros efeitos significativos da pandemia da COVID-19 na resposta à AIDS na África Subsaariana que podem levar a uma mortalidade adicional incluem a redução no atendimento clínico de qualidade devido à sobrecarga dos estabelecimentos de saúde e suspensão de testes de carga viral, redução no aconselhamento para adesão e troca de regime de medicamentos.

Cada modelo também considerou até que ponto uma interrupção nos serviços de prevenção, incluindo suspensão da circuncisão ciúrgica voluntária, interrupção da disponibilidade de preservativos e suspensão do teste de HIV, afetaria a incidência do vírus na região.

A pesquisa destaca a necessidade de esforços urgentes para garantir a continuidade dos serviços de prevenção e tratamento do HIV, a fim de evitar excesso de mortes relacionadas à AIDS e prevenir aumentos na incidência do HIV durante a pandemia da COVID-19. Será importante que os países priorizem o apoio às cadeias de suprimentos e garantam que as pessoas que já estão em tratamento possam continuar em tratamento, inclusive adotando ou reforçando políticas como a dispensação de terapia antirretroviral por vários meses, a fim de reduzir a necessidade de acesso a serviços de saúde para manutenção de rotina, reduzindo a carga sobre os sistemas de saúde já sobrecarregados com a pandemia.

“Toda morte é uma tragédia. Não podemos sentar e permitir que centenas de milhares de pessoas, muitas delas jovens, morram desnecessariamente. Peço aos governos que garantam que todas as pessoas que vivem com HIV recebam suprimentos regulares de terapia antirretroviral – algo que é capaz de literalmente salvar vidas”, concluiu a diretora-executiva do UNAIDS.

Fontes:
Jewell B, Mudimu E, Stover J, et al for the HIV Modelling consortium, Potential effects of disruption to HIV programmes in sub-Saharan Africa caused by COVID-19: results from multiple models. Pre-print, https://doi.org/10.6084/m9.figshare.12279914.v1https://doi.org/10.6084/m9.figshare.12279932.v1

Alexandra B. Hogan, Britta Jewell, Ellie Sherrard-Smith et al. The potential impact of the COVID-19 epidemic on HIV, TB and malaria in low- and middle-income countries. Imperial College London (01-05-2020).

 

Organizações buscam apoio urgente a refugiados e migrantes da Venezuela em meio à pandemia

Posted: 13 May 2020 07:36 AM PDT

Desde o surgimento da COVID-19, refugiados e migrantes da Venezuela agora enfrentam uma miríade de desafios, incluindo a perda de meios de subsistência, despejos e o aumento da estigmatização. Foto: OIM Brasil/Bruno Mancinelle

Desde o surgimento da COVID-19, refugiados e migrantes da Venezuela agora enfrentam uma miríade de desafios, incluindo a perda de meios de subsistência, despejos e o aumento da estigmatização. Foto: OIM Brasil/Bruno Mancinelle

Com a pandemia da COVID-19 ameaçando a segurança e o futuro de milhões de refugiados e migrantes da Venezuela e de suas comunidades anfitriãs, mais de 150 organizações que trabalham em 17 países da América Latina e no Caribe estão apelando à comunidade internacional para um aumento urgente de apoio.

Desde o surgimento da COVID-19, refugiados e migrantes venezuelanos enfrentam uma série de desafios, incluindo a perda de meios de subsistência, despejos e o aumento da estigmatização.

Muitos não conseguem acessar instalações básicas de saúde e higiene e cumprir medidas de distanciamento físico. Aqueles que vivem em situação irregular e sem documentação também correm o risco de ficar de fora dos programas nacionais de saúde e bem-estar social.

“O coronavírus está pressionando nossas sociedades de maneiras que nunca poderíamos imaginar. Para os refugiados e migrantes venezuelanos, a pandemia os expõe a dificuldades ainda maiores, já que muitos estão lutando para sobreviver fora de casa”, disse Eduardo Stein, representante especial conjunto de Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e Organização Internacional para as Migrações (OIM) para refugiados e migrantes da Venezuela.

“Os venezuelanos de toda a região agora enfrentam fome, falta de acesso a assistência médica, perspectivas de falta de moradia e xenofobia.”

Cada vez mais vulneráveis, muitos também correm risco de exposição à violência de gênero, estigmatização, exploração e abusos.

Em resposta, as organizações humanitárias revisaram o Plano Regional de Resposta a Refugiados e Migrantes (RMRP), lançado em novembro de 2019. Este plano regional de 1,35 bilhão de dólares priorizou atividades para atender às necessidades mais prementes de proteção, salvamento e integração de refugiados e migrantes da Venezuela. Os requisitos atualizados do RMRP agora somam 1,41 bilhão de dólares, um terço destinado a atividades específicas da COVID-19.

Os recursos apoiarão refugiados e migrantes em situações extremamente precárias, especialmente aqueles que precisam urgentemente de comida, abrigo e serviços de saúde. Também apoiarão o fornecimento de equipamentos de proteção individual e atividades destinadas a dar informações vitais sobre a pandemia e os serviços disponíveis.

O RMRP complementa os esforços que os governos da região fizeram para aliviar as necessidades das comunidades anfitriãs. A inclusão de refugiados e migrantes nas respostas e programas nacionais – desde a entrega de bens básicos e alimentos, medidas de bem-estar social e esforços destinados a deter os despejos – tem sido vital.

Dadas as medidas de distanciamento social em toda a região, a entrega de muitas atividades no plano de resposta foi ajustada para fornecer assistência por meio de modalidades remotas, inclusive por meio de assistência aprimorada baseada em dinheiro.

Outras atividades priorizadas incluem o estabelecimento de unidades móveis de saúde para o teste e encaminhamento de casos de COVID-19 e a melhoria de abrigos com espaçamento físico adequado e melhores condições sanitárias.

Isso se soma à prestação de apoio técnico às autoridades nacionais para complementar seus esforços na resposta à COVID-19 e ao estabelecimento de sistemas de alerta precoce e mecanismos de resposta rápida para conter a propagação da pandemia entre refugiados e migrantes.

Fundamentalmente, refugiados e migrantes, independentemente de seu status, precisam ser incluídos nas respostas nacionais de saúde.

“Enquanto a pandemia da COVID-19 ainda não atingiu seu pico na América Latina, os serviços públicos de saúde sobrecarregados continuarão sendo desafiados nos próximos meses. Instamos a comunidade internacional a fornecer generosamente apoio por meio desse plano de resposta revisado”, afirmou Stein.

O plano de resposta regional para os venezuelanos permanece perigosamente subfinanciado. Até o momento, apenas 4% dos fundos necessários foram atendidos.

Para apoiar o trabalho amplamente subfinanciado das 151 organizações que fazem parte da Plataforma Regional de Coordenação entre Agências (R4V), será realizada uma Conferência de Compromisso virtual no final do mês.

A coordenação da resposta humanitária, de proteção e integração para refugiados e migrantes da Venezuela é realizada através da R4V. Dentro dessa estrutura e em um esforço coordenado, o RMRP faz parte do Plano de Resposta Humanitária Global COVID-19 atualizado, publicado pelo secretário-geral da ONU no início deste mês.

Clique aqui para acessar mais informações sobre o plano de resposta revisado.

O RMRP, incluindo sua revisão relacionada à COVID-19, está disponível no site da Plataforma Regional de Coordenação entre Agências: R4V.info.

 

OPAS manifesta preocupação com rápida expansão da pandemia nas Américas

Posted: 13 May 2020 06:33 AM PDT

Peruanos têm a temperatura medida em Lima. Foto: Município de Lima

Peruanos têm a temperatura medida em Lima. Foto: Município de Lima

A diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne, pediu aos países que abordem as emergências de saúde, sociais e econômicas da COVID-19 juntas, expressando profunda preocupação com a rápida expansão da pandemia do novo coronavírus nas Américas.

“A pandemia nos forçou a lidar com três emergências ao mesmo tempo: a de saúde, a social e a econômica. Para ter sucesso, precisamos de uma abordagem conjunta”, disse Etienne.

“Os países devem apoiar suas economias enquanto constroem fortes redes de proteção social e adotam medidas de saúde pública baseadas em evidências, essenciais para salvar vidas”.

A diretora da OPAS alertou para a rápida expansão da COVID-19 no continente americano. “Nossa região levou três meses para atingir 1 milhão de casos, mas menos de três semanas para atingir quase o dobro desse número”, pontuou. Mais de 1,74 milhão de casos da doença foram relatados nas Américas, com mais de 104 mil mortes.

A necessidade de controlar a pandemia é urgente, uma vez que, na semana passada, houve um aumento relativo de 18% nos casos e de 23% nas mortes em comparação à semana anterior na região.

Entre 4 e 11 de maio, mais de 96 mil casos adicionais, incluindo 5.552 mortes, foram relatados na América do Sul. Isso representa um aumento relativo de 45% nos casos e de 51% nas mortes em comparação com a semana anterior.

Na América do Sul, os sistemas de saúde em grandes centros urbanos, como Lima e Rio de Janeiro, estão ficando rapidamente sobrecarregados. O impacto da COVID-19 nas grandes cidades da bacia amazônica também se estende a “cidades menores e comunidades remotas, incluindo áreas indígenas, onde o acesso à assistência médica é desafiador”, disse Etienne.

A OPAS continua a coordenar a resposta entre os países, “mas pedimos às autoridades nacionais e locais de saúde que trabalhem ainda mais estreitamente para conter a disseminação do vírus e apoiar a capacidade do sistema de saúde”, disse a diretora da Organização em uma entrevista coletiva realizada na terça-feira (12).

Economia e saúde pública

Etienne observou que o aumento do desemprego está levando milhões de famílias à pobreza. “Enquanto permanecermos neste estágio perigoso da pandemia, recursos financeiros são necessários para ajudar as pessoas a lidarem com os impactos econômicos de ficar em casa ou sem trabalho. Isso é essencial para manter o vírus sob controle e reduzir a duração dessa crise em cada país”.

“Os chefes de Estado e os ministros da Saúde e Economia enfrentam o mesmo dilema: como manter sua população segura e também proteger os meios de vida de famílias e comunidades. É um equilíbrio difícil de encontrar, mas não impossível”, alegou a diretora da OPAS.

Etienne anunciou que a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) e a OPAS trabalharão juntas para moldar um novo paradigma, no qual sistemas de saúde resilientes e cobertura universal de saúde sejam vistos como chave para o crescimento econômico e a proteção social.

“Somente quando controlarem a transmissão, os países estarão em condições de implementar um período de transição cauteloso e bem planejado”, afirmou a diretora da OPAS, organismo internacional que está trabalhando em estreita colaboração com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Banco Mundial e outros para ajudar a coordenar a resposta econômica à pandemia, observou.

“A COVID-19 nos lembra de que, quando investimos em sistemas de saúde, mantemos nossas pessoas seguras e nossas economias fortes. Quando garantimos o acesso aos serviços de saúde para todos, reduzimos a desigualdade e construímos sociedades mais resilientes”, finalizou Etienne.

 

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