Boletim diário da ONU Brasil: “Para solucionar desafios globais, ciência precisa de mais mulheres e meninas” e 12 outros.
ONU Brasil <noreply+feedproxy@google.com> Cancelar inscrição
|
|
| |
|
|
| |
Posted: 08 Feb 2019 12:05 PM PST
Mulheres e meninas continuam extremamente sub-representadas nas ciências exatas. Foto: ONU Mulheres Vietnã
Muitos dos maiores problemas globais podem continuar sem solução porque mulheres e meninas estão sendo desencorajadas a trabalhar nas ciências exatas. O papel da educação científica em um mundo em transformação não pode ser desvalorizado. Estima-se que 90% dos empregos do futuro exigirão alguma forma de habilidade em novas tecnologias, e as categorias de empregos que mais crescem estão relacionadas a ciência, tecnologia, engenharia e matemática.
No entanto, mulheres e meninas continuam extremamente sub-representadas nesses campos do conhecimento. Dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) apontam que menos de um terço das estudantes do sexo feminino do mundo escolhe assuntos relacionados a ciência, tecnologia, engenharia e matemática no ensino superior, enquanto apenas um terço escolhe assuntos ligados às novas tecnologias.
A inteligência artificial (IA) está se tornando um campo cada vez mais importante, no qual a diversidade dos que trabalham em soluções de AI foi identificada como elemento crucial para garantir que estas não sejam enviesadas. No entanto, relatório recente do Fórum Econômico Mundial mostra que apenas 22% dos profissionais de inteligência artificial em todo o mundo são mulheres.
Há diversas razões para as desigualdades de gênero nas ciências, passando pela priorização da educação de homens, preconceitos e estereótipos de gênero, até a desigualdade digital global, que afeta desproporcionalmente mulheres e meninas.
A extensão da perda mundial de possíveis talentos científicos entre as mulheres se torna mais evidente quando analisamos o caso daquelas que contribuíram para o avanço científico — contribuições que foram frequentemente negligenciadas durante suas vidas de trabalho —, como é o caso da cientista polonesa do ramo da radioatividade Marie Curie, da pioneira da computação Ada Lovelace, da cientista da NASA Katherine Johnson e de diversas outras cujos trabalhos continuam sendo esquecidos.
A tradição de excelência científica entre as mulheres continua nos dias de hoje. Por exemplo, na África do Sul, Kiara Nirghin desenvolveu um polímero superabsorvente que segura centenas de vezes seu peso na água quando armazenado no solo. Sua descoberta foi feita em resposta às severas secas do país, as piores em mais de 45 anos. O polímero barato e biodegradável é feito inteiramente de resíduos e aumenta em até 84% as chances de plantas manterem seu crescimento durante uma seca, podendo garantir segurança alimentar em áreas atingidas por desastres. Em reconhecimento ao seu trabalho, Kiara recebeu o Grande Prêmio da Feira de Ciências do Google e foi uma das finalistas regionais dos Jovens Campeões da Terra, da ONU Meio Ambiente, em 2018. Ela tem apenas 18 anos.
Khayrath Mohamed Kombo é ainda mais jovem. Aos 15, a jovem de Dar-es-Salaam, Tanzânia, se uniu a mais de 80 outras, de 34 países africanos, no primeiro Acampamento de Programação de Addis Ababa, na Etiópia, em agosto de 2018. O evento foi o lançamento da Iniciativa Garotas Africanas Podem Programar, um projeto da Comissão da União Africana e da União Internacional de Telecomunicações. “Quando ouvi sobre o evento, fiquei animada, porque meu sonho é aprender mais coisas e expandir meu conhecimento”, disse Khayrath, que é a única menina no clube de ciências da computação em sua escola.
Ao longo dos quatro anos do programa, cerca de 2 mil meninas serão treinadas como programadoras, criadoras e designers, o que possibilitará que elas sigam carreira acadêmica ou prática nessa área do conhecimento.
Embora ainda existam muitos obstáculos para mulheres alcançarem seus potenciais nas ciências, Lisa Harvey Smith acredita que, para muitas, as barreiras sociais e psicológicas estão desaparecendo. Harvey Smith, astrônoma de formação, é professora de Práticas em Comunicação Científica e embaixadora do governo da Austrália para mulheres em ciência, tecnologia, engenharia e matemática.
A professora afirmou que, com mentorias, redes e apoios corretos, mulheres podem “quebrar o teto de vidro” e fazer “trabalhos incríveis”. Se referindo às ferramentas de inteligência artificial, ela acrescentou que é preciso “projetá-las com mulheres e homens em mente e com todas as áreas da sociedade e pessoas de todo o mundo para garantir que a inteligência artificial esteja representando o todo da raça humana”.
O Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, celebrado em 11 de fevereiro, coloca os holofotes sobre esta questão. O secretário-geral da ONU, António Guterres, divulgou um vídeo para marcar a data, no qual descreveu a participação de mulheres e meninas na ciência como “vital” para alcançar a Agenda 2030 para Desenvolvimento Sustentável, à medida que “o mundo não pode perder as contribuições de metade de nossa população”.
A ONU Mulheres está trabalhando com o Pacto Global da ONU, a maior iniciativa corporativa do mundo para a sustentabilidade, para que o setor privado se comprometa com a igualdade de gênero ao assinar os Princípios de Empoderamento Feminino, argumentando que diversidade de gênero ajuda empresas a ter um melhor desempenho.
Em comunicado, ONU Mulheres e UNESCO destacaram maneiras de responder à sub-representação de mulheres na ciência, por meio de iniciativas como o Programa L’Oréal-UNESCO para Mulheres na Ciência, a Organização para Mulheres Na Ciência para o Mundo Desenvolvido, e o projeto CTEM e Avanço de Gênero.
Embora muito ainda precise ser feito, grandes progressos foram alcançados na última década em direção ao acesso à educação em todos os níveis e aumento de índices de presença em escolas, especialmente para mulheres e meninas.
No que diz respeito ao papel que têm que desempenhar nas ciências, a professora Harvey Jones tem uma mensagem clara: “ciência e tecnologia e matemática são para vocês porque vocês precisam mudar o mundo”. “Mulheres precisam assumir seu lugar na mesa da ciência, nós precisamos usar isto para o bem, para mudar o mundo para melhor, e vocês podem fazer isto”.
|
Posted: 08 Feb 2019 11:35 AM PST
Betty Ndugga é uma empreendedora do distrito de Luwero, em Uganda. Foto: FAO
A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a Rede Africana de Conservação (ACT) assinaram na quinta-feira (7) um memorando de entendimento para incentivar maior acesso dos pequenos agricultores africanos à mecanização sustentável das propriedades, como tratores e outras máquinas que podem melhorar a vida do trabalhador rural.
A parceria também procura vincular o uso de máquinas agrícolas à agricultura de conservação, que é um sistema de cultivo que promove o mínimo de perturbação do solo e o plantio de espécies vegetais complementares para melhorar a biodiversidade e os processos biológicos naturais.
Na África, pequenos agricultores usam sua própria força muscular, como enxadas manuais, em cerca de 65% da mão de obra total necessária para o preparo da terra. Já 25% da força vêm da tração animal e 10% de máquinas movidas a motor. No Sul da Ásia, em comparação, a força muscular humana é usada para 30% do trabalho de preparação da terra, enquanto a potência do motor representa 40%, e na América Latina e Caribe, 50%.
“Este acordo é uma parte importante do trabalho da ACT e da FAO para a adoção da mecanização agrícola sustentável em toda a África, que tem o potencial de transformar as vidas e os meios de subsistência de milhões de pequenos agricultores”, afirmou Saidi Mkomwa, secretário-executivo da Rede Africana de Conservação da Agricultura (ACT).
“Uma das maneiras pelas quais podemos alcançar a produção agrícola sustentável na África é através da adoção da agricultura de conservação e mecanização mais apropriada”, disse o diretor-geral adjunto da FAO, Bukar Tijani, que dirige o Departamento de Agricultura e Defesa do Consumidor da FAO.
“Esta parceria para a África será uma plataforma para reunir as partes interessadas do setor privado, grupos de agricultores, sociedade civil, ministérios da agricultura e além, para alcançar nossa visão de um mundo de fome zero”, acrescentou.
Vinculando mecanização à agricultura sustentável
A mecanização em toda a cadeia de valor dos alimentos — da produção e colheita ao manuseio, processamento e transporte – alivia o trabalho penoso, aumenta a produtividade agrícola, aumenta a renda e fornece novos empregos, como serviços de mecanização e reparos. A mecanização sustentável também pode conservar os recursos naturais e permitir que os sistemas agrícolas sejam mais resilientes às mudanças climáticas.
A União Africana comprometeu-se a banir o trabalho com enxada até 2025. No ano passado, a FAO e a UA produziram a “Mecanização Agrícola Sustentável: Um Quadro para a África (SAMA)”, e o acordo de hoje com a rede ACT contribuirá para implementar esse quadro.
A colaboração também visa promover a partilha de conhecimento e apoiar um maior diálogo político sobre a mecanização agrícola sustentável e a agricultura de conservação.
A rede ACT foi estabelecida em 2006 e é uma organização internacional pan-africana sem fins lucrativos dedicada a melhorar os meios de subsistência na África através de agricultura sustentável, agroecologia e gestão de ecossistemas.
|
Posted: 08 Feb 2019 11:35 AM PST
Vaca é encontrada morta na beira da estrada principal que sai da cidade portuária de Hodeida, no Iêmen. Moradores tendem a evitar se aproximar de carcaças de animais, pois algumas delas são usadas como armadilhas com explosivos. Foto: OCHA/Giles Clarke
O chefe humanitário da ONU, Mark Lowcock, expressou preocupação nesta sexta-feira (8) com as quase 10 milhões de pessoas no Iêmen “a um passo de distância da fome“, mesmo com a disponibilidade de alimentos em um depósito de agências humanitárias. Localizado nos arredores da cidade portuária de Hodeida, o armazém está inacessível devido a confrontos armados desde setembro do ano passado.
“Grãos suficientes para alimentar 3,7 milhões de pessoas por um mês ficaram inutilizados e possivelmente estragando em silos nos moinhos por mais de quatro meses”, disse o dirigente em comunicado sobre o depósito, conhecido como Moinhos do Mar Vermelho. “Ninguém ganha nada com isso, mas milhões de pessoas famintas irão sofrer.”
O Programa Mundial de Alimentos (PMA) possui 51 toneladas de trigo estocadas no local, o que representa um quarto do seu estoque de trigo no país e o suficiente pra alimentar 3,7 milhões de pessoas por um mês. A agência não consegue acessar os Moinhos desde setembro de 2018 por conta de conflitos.
No mês passado, dois silos na área controlada pelo governo foram atingidos por tiros de morteiros. A operação provavelmente levou à perda de grãos em quantidade para alimentar milhares de pessoas por um mês. “Esses eventos são lamentáveis”, afirmou Lowcock.
O acesso ao estoque é cada vez mais urgente porque, a cada dia que passa, o risco de os grãos apodrecerem aumenta.
Alegando preocupações com segurança, as forças afiliadas as rebeldes houthis, conhecidos como Ansar Allah, não permitiram que a ONU cruze as linhas de frente do conflito para chegar aos Moinhos.
De acordo com Lowcock, discussões continuam com todas as partes. “Aprecio os esforços genuínos que foram feitos em todos os lados para encontrar uma solução”, disse o coordenador humanitário. “Mas isso permanece indefinido.”
O dirigente pediu que todos os atores finalizem um acordo e facilitem o acesso ao armazém. A ONU e seus parceiros humanitários estão intensificando operações para alcançar 12 milhões de pessoas com doações emergenciais de comida – um aumento de 50% em relação a 2018.
Em dezembro, o PMA alcançou um recorde de 10 milhões de iemenitas. “Podemos salvar grandes números de pessoas, a maioria delas em áreas controladas pelo Ansar Allah”, acrescentou Lowcock. “Mas precisamos de mais ajuda das autoridades que controlam essas áreas para fazer isso.”
Mais cedo nesta semana, o Conselho de Segurança destacou a “importância vital” de progressos em um acordo político para encerrar o conflito no Iêmen e “aliviar o sofrimento humanitário do povo iemenita”.
Hodeida está tomada pelos houthis. Uma missão de observadores da ONU tem mediado diálogos para o cumprimento de um acordo de cessar-fogo na cidade. Firmado me Estocolmo, no final do ano passado, o pacto também prevê a retirada de combatentes da localidade e a abertura de novos corredores humanitários.
|
Posted: 08 Feb 2019 11:03 AM PST
Formas inovadoras de produzir alimentos são importantes para a comunidade internacional atingir as metas da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Foto: ONU
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura ( FAO) lançou neste mês (15) um livro que discute estratégias integradas para garantir a sustentabilidade agrícola. Com contribuições de 78 especialistas, o volume aborda desde demografia e pobreza rural até biodiversidade e escassez de água, apresentando exemplos viáveis para articular setores da produção de alimentos sem prejudicar o capital socioambiental existente.
Segundo a agência da ONU, um terço das terras agrícolas é avaliada como degradada em níveis de moderado a alto. A agricultura é responsável por 70% da coleta de água no mundo e está associada à poluição ambiental. A FAO também estima que a produção de alimentos responde por 75% da perda da agrobiodiversidade.
O organismo internacional ressalta ainda que os sistemas de produção agrícola, incluindo na conta o desmatamento, contribuem com 29% das emissões globais de gases do efeito estufa. Esses gases estão na origem das mudanças climáticas, que já têm impacto sobre os meios de subsistência das populações mais vulneráveis, especialmente nas áreas rurais.
“Não podemos continuar a produzir alimentos da mesma maneira”, contando com técnicas agrícolas intensivas, insumos químicos e mecanização, afirmou o chefe da FAO, o brasileiro José Graziano da Silva, por ocasião do lançamento do livro.
Na avaliação do dirigente, ações pontuais, que tentam encaixar novas técnicas em padrões produtivos já estabelecidos, são insuficientes para colocar a agricultura num caminho sustentável. Segundo Graziano, é necessário revisar políticas e orientações mais amplas, a fim de lidar com os conflitos de interesse que surgem com a necessidade de mudar o modo de cultivar alimentos.
“Precisamos mudar para uma abordagem mais interconectada da sustentabilidade”, enfatiza o especialista.
O livro Alimento Sustentável e Agricultura: Uma Abordagem Integrada apresenta evidências e experiências que mostram como a agricultura sustentável pode ser aprimorada em diferentes escalas. A obra reúne 48 capítulos de pesquisadores da FAO, universidades e outras organizações. Em quase 600 páginas, o leitor pode conhecer iniciativas de governança e políticas públicas para a resolução de questões nacionais e globais.
Editada pela FAO em parceria com a Academic Press Division, da Elsevier, a publicação é direcionada a formuladores de políticas, profissionais de pesquisa e extensão agrícola, de desenvolvimento e estudantes e professores de ciências biológicas, sociais e agrícolas.
“Governos, cientistas, sociedade civil e setor privado precisam de um entendimento comum de conceitos, métodos e estratégias, que não devem ser pensados separadamente, mas sim de forma interconectada por todos os setores”, defende Clayton Campanhola, editor-chefe da publicação e líder do Programa Estratégico da FAO para Agricultura Sustentável.
A seção final do livro se concentra em quatro áreas: pesquisa e inovação; políticas e incentivos; mobilização de recursos; e governança e instituições. Esses eixos são considerados críticos para promover transformações estruturais significativas nos sistemas alimentares. Também são propostas recomendações para atores envolvidos com a produção agrícola.
|
Posted: 08 Feb 2019 10:53 AM PST
Vista aérea de Dubai, Emirados Árabes. Foto: Wikimedia Commons/ Nino Verde (CC)
O secretário-geral da Nações Unidas, António Guterres, anunciou nesta sexta-feira (8) a nomeação de Maher Nasser como comissário-geral para a participação da Organização na Expo 2020 em Dubai, nos Emirados Árabes. Nasser é diretor da divisão de relações institucionais do Departamento de Comunicação Global da ONU.
Um dos mais importantes eventos mundiais, a Expo 2020 em Dubai é uma feira internacional que reúne empresas privadas, ONGs e instituições governamentais para discutir temas como negócios, tecnologia, urbanismo, sustentabilidade, ciências, cultura, gastronomia e economia.
“Estou confiante de que a experiência de Nasser em relações institucionais e advocacy e seu envolvimento com os organizadores resultará na participação efetiva do Sistema das Nações Unidas na Expo de Dubai”, disse o secretário-geral da ONU.
O tema do evento no ano que vem é “Conectando mentes, criando o futuro”, o que está em linha com o foco estratégico das Nações Unidas em juventude e inovação. A exposição internacional ocorre de 20 de outubro de 2020 a 10 de abril de 2021.
O Departamento de Comunicação Global da ONU, em colaboração com outras entidades do Sistema das Nações Unidas, irá aproveitar a oportunidade da Expo 2020 para mostrar o papel central da Organização como proponente de ideias, catalizadora de ações e impulsionadora de soluções multilaterais para problemas globais.
Nasser tem mais de 30 anos de experiência trabalhando nas Nações Unidas em diversos escritórios e no Departamento de Comunicação Global. Ele fala fluentemente árabe e inglês.
|
Posted: 08 Feb 2019 10:20 AM PST
Campanha da ONU em 2016 pedia fim da pena de morte. Foto: ONU/Manuel Elias
Quando autoridades carcerárias na Flórida, Estados Unidos, disseram a Sunny Jacobs que ela estava livre após 17 anos no corredor da morte, a norte-americana ficou confusa. “Eu não tinha nenhum dinheiro, eu não conhecia ninguém, eu não sabia aonde ir. Eu achava que aquilo era um truque para atirarem em mim e dizerem que eu estava tentando escapar”, contou a ex-réu em evento recente na ONU.
Sunny e o seu marido haviam sido condenados pelo assassinato de dois policiais num incidente numa estrada em 1976, com base no depoimento de um conhecido. Em 1992, Sunny foi absolvida e liberada. Seu marido já havia sido executado numa cadeira elétrica na Flórida.
Sem compensação pela prisão injusta, sem apoio ou vínculos sociais, Sunny não sabia onde ou como começar uma nova vida.
A história da norte-americana chegou ao cineasta Mark McLoughlin, que retraça a trajetória de Sunny e outros quatro ex-presidiários absolvidos em sua obra Fallout, produzida pela BBC. O filme foi exibido nas Nações Unidas em Genebra ao final de janeiro (29).
O diretor considera chocante que os serviços de apoio para réus que cumpriram suas penas nem sempre estejam disponíveis para os que foram erroneamente presos e, posteriormente, libertos. Esse tipo de assistência inclui apoio médico e psicossocial, assim como reinserção no mercado de trabalho, mas muitas vezes, não pode ser acessada por quem foi absolvido após já ter sido colocado na cadeia.
Raramente, os inocentados conseguem compensações. “Eu vi (indivíduos) inocentados passarem mais tempo buscando compensações por condenações injustas do que o tempo que eles passaram na prisão”, afirmou McLoughlin durante a apresentação de seu documentário na ONU.
A película mostra as vidas arruinadas, as famílias despedaçadas e a luta pela sobrevivência de quatro absolvidos: Sunny Jacobs; Paddy Hill, do caso Birmingham 6; Robert Brown, que passou 25 anos na prisão no Reino Unido; e Peter Pringle, o último homem condenado à morte na Irlanda, em 1980, e atualmente casado com Sunny.
A norte-americana e o irlandês criaram a Fundação Centro Sunny, localizada em sua casa na Irlanda e também com instalações na Flórida. A instituição almeja dar assistência aos inocentados “com a meta de ajudá-los a superar o trauma, o isolamento e a desconexão resultantes do encarceramento injusto”. O casal dá aos inocentados um ambiente de segurança e compreensão, ouvindo as suas experiências dolorosas e fornecendo apoio emocional, psicológico e material, a fim de permitir que eles consigam se reerguer.
“Todos os inocentados deveriam ser internacionalmente reconhecidos como vítimas de tortura, com direito a compensação e a todos os serviços que são concedidos a vítimas de tortura”, afirmou Sunny.
A norte-americana acrescentou que as “famílias das pessoas condenadas à morte também são condenadas a sofrimento, submetidas a um trauma desnecessário”.
Também presente no evento na Suíça, o secretário-geral assistente da ONU para os Direitos Humanos, Andrew Gilmour, afirmou que “países demais ainda realizam a prática horrenda da pena de morte, que tão frequentemente é acompanhada de tortura”.
“É inacreditável que qualquer um erroneamente condenado e sentenciado ao corredor da morte não seja visto como uma vítima de tortura psicológica”, acrescentou o dirigente.
Existem muitas pessoas que estão injustamente na cadeia. Segundo a diretora de políticas do Innocence Project, mais de 360 cidadãos tiveram sua inocência provada nos Estados Unidos desde 1986, quando aconteceu a primeira absolvição por DNA. Vinte desses ex-prisioneiros estavam no corredor da morte.
O Innocence Project atua para inocentar os que são equivocadamente condenados. A organização apoia reformas legais para limitar as condenações injustas e faz campanha contra a pena de morte.
Apesar de evidências atestando o contrário, países são relutantes em admitir que seus sistemas judiciais são passíveis de falha, e erros acontecem. Como resultado, disse Rebecca, eles não implementaram as mais básicas reformas para reduzir o risco de condenações injustas, como a gravação eletrônica de interrogatórios, a preservação de provas de DNA após a condenação e mudanças nos procedimentos de identificação de testemunhas oculares.
Peter Pringle defendeu que um bom sistema de justiça precisa de três elementos: “O risco de um erro da justiça seria reduzido se tivéssemos igualdade, responsabilização e transparência”.
A vice-ministra das Relações Exteriores da Itália, Emanuela Del Re, apontou que a abolição universal da pena capital continua sendo uma das mais altas prioridades do governo italiano. Lembrando os depoimentos comoventes no evento e em outro encontro organizado em Nova Iorque pela Itália e o Escritório de Direitos Humanos da ONU, Emanuela garantiu que seu país continuará trabalhando com a sociedade civil, a ONU e outros países para pôr fim à pena de morte.
“Vamos usar nossa participação no Conselho de Direitos Humanos, de 2019 a 2021, para pressionar por uma moratória global sobre a aplicação da pena de morte. Isso é alcançável”, afirmou a vice-chanceler.
A exibição de Fallout e o debate na ONU em Genebra foram copatrocinados pelo Escritório de Direitos Humanos da ONU e o governo da Itália.
|
Posted: 08 Feb 2019 10:01 AM PST
Desde abril do ano passado, a Nicarágua passa por uma onda de protestos contra o governo. Foto: Álvaro Navarro/Artículo 66
O porta-voz do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), Rupert Colville, manifestou nesta sexta-feira (8) “profunda preocupação” com uma operação de busca e apreensão sem mandado judicial realizada por autoridades da Nicarágua nos escritórios de uma rede local de organizações da sociedade civil.
Segundo comunicado emitido pelo ACNUDH, a operação realizada na quinta-feira (7) foi promovida por agentes do Ministério do Interior da Nicarágua nos escritórios da Rede Nicaraguense para a Democracia e o Desenvolvimento, conhecida como Rede Local, coalizão formada por 22 organizações da sociedade civil que trabalham em todo o país.
Foram apreendidos documentos e bens e, segundo informações recebidas, dois funcionários da Rede Local foram detidos durante algumas horas e posteriormente liberados.
A Rede Local e as ONGs que a integram realizam um trabalho crucial em nome dos nicaraguenses, e deveriam poder operar sem medo de serem acossados pelas autoridades, disse Colville.
O ataque ocorre apenas seis dias depois de um grupo de representantes da sociedade civil nicaraguense, incluindo membros da organização Rede Local, terem se reunido com a alta-comissária da ONU para os direitos humanos, Michelle Bachelet, em Genebra, e manifestado preocupação com as crescentes restrições do espaço cívico e de liberdade de expressão da dissidência na Nicarágua.
“Pedimos às autoridades nicaraguenses que permitam que a sociedade civil trabalhe livremente e continue sua cooperação com as instituições e os mecanismos das Nações Unidas sem sofrer represálias. O ataque a organizações da sociedade civil constitui uma violação dos direitos à liberdade de opinião e expressão, reunião pacífica e associação”, declarou Colville.
De acordo com o ACNUDH, a operação de quinta-feira é a última de uma série de ações dirigidas contra organizações da sociedade civil críticas ao governo nicaraguense. Entre novembro e dezembro do ano passado, autoridades cancelaram os registros de pessoa jurídica de nove ONGs. Também foram realizadas operações de busca e apreensão em veículos de imprensa e vários jornalistas foram presos, alguns acusados de crimes relacionados a terrorismo. Até a semana passada, ao menos 66 jornalistas teriam fugido do país.
|
Posted: 08 Feb 2019 09:13 AM PST
Homem mostra ouriço de castanha-do-brasil na Floresta do Vale, reserva legal comunitária do assentamento Vale do Amanhecer, em Juruena (MT). Foto: Agência Brasil/Marcelo Camargo
A FAO realiza no próximo 15 de fevereiro uma coletiva de imprensa para apresentar as conclusões do seu relatório Estado da Biodiversidade Mundial para a Alimentação e a Agricultura. A publicação é a primeira a analisar o estado das plantas, animais e microrganismos que apoiam a produção agrícola e alimentar — nos níveis genético, das espécies e do ecossistema. O documento será lançado em 22 de fevereiro.
A biodiversidade para a alimentação e a agricultura engloba não apenas as plantas e animais silvestres e domesticados que fornecem alimento, ração, combustível e fibra, como também a “biodiversidade associada”, isto é, o conjunto de organismos que apoiam a produção de alimentos (incluindo abelhas e outros polinizadores, plantas, animais e microrganismos que ajudam a purificar a água e o ar, combatem doenças agrícolas e pecuárias e mantêm os solos férteis). O relatório analisa todos esses elementos.
A biodiversidade para a alimentação e a agricultura é a base dos sistemas alimentares. Ela torna os sistemas de produção e meios de subsistência mais resilientes a choques e tensões, inclusive aos efeitos das mudanças climáticas. A diversidade biológica também é fundamental para aumentar a produção de alimentos diante das necessidades crescentes da população, limitando os impactos negativos no meio ambiente.
O relatório foi preparado pela FAO sob a orientação da Comissão de Recursos Genéticos para Alimentação e Agricultura — o único organismo intergovernamental permanente que trata especificamente da diversidade biológica para alimentos e agricultura. A publicação é baseada na análise de dados globais, incluindo informações geradas especificamente para o documento por 91 países.
A coletiva de imprensa acontece das 11h às 12h (horário de Roma), no escritório da FAO em Roma, na Itália. É possível participar à distância pelo telefone. Para participar, é necessário se credenciar junto à FAO até 13 de fevereiro. Mais instruções abaixo.
Sobre o Briefing de Mídia:
O coordenador do relatório, o secretário da Comissão de Recursos Genéticos para Alimentação e Agricultura, bem como especialistas em florestas e pesca da FAO irão apresentar as conclusões do documento e responder a perguntas.
Os jornalistas podem ligar durante o briefing se não puderem comparecer pessoalmente. Para ligar, disque: (+39) 06 570 59103.
Para entrevistas com os coordenadores do relatório/especialistas da FAO sobre a publicação, contate:
Adel.Sarkozi@fao.org; (+39) 06 570 52537 ou Escritório de Relações com a Imprensa da FAO; (+39) 06 570 06 53625; FAO-Newsroom@fao.org
RECURSOSComissão da FAO sobre Recursos Genéticos para Alimentação e Agricultura http://www.fao.org/cgrfa/overview/how-we-work/en/
SIGA NO TWITTER@FAOnews #biodiversidade
Para participar do briefing de mídia, você deve se credenciar junto à FAO. O prazo para credenciamento é 13 de fevereiro de 2019, às 17h.
Por favor, envie os seguintes documentos por e-mail para FAO-Newsroom@fao.org, indicando “Briefing da mídia sobre biodiversidade” na linha de assunto:
• uma cópia de um cartão de imprensa válido ou carta de atribuição em papel timbrado da empresa;
• uma cópia de uma identificação válida (passaporte, carteira de identidade).
Por favor, tenha todos os materiais de identificação para ter acesso às instalações da FAO.
PARA MAIORES INFORMAÇÕESEscritório de Relações com a Imprensa da FAO (+39) 06 570 06 53625 FAO-Newsroom@fao.org
|
Posted: 08 Feb 2019 09:09 AM PST
Especialista das Nações Unidas fez um chamado a todas as instituições estatais venezuelanas a “respeitar, promover e garantir a independência e imparcialidade do Judiciário”. Foto: EBC
O relator especial da ONU para a independência de magistrados e advogados, Diego García-Sayán, pediu nesta sexta-feira (8) que o governo da Venezuela adote todas as medidas necessárias para garantir que juízes, magistrados e procuradores possam realizar suas funções com plena independência e garantias de forma a proteger os direitos humanos no país.
O especialista das Nações Unidas fez um chamado a todas as instituições estatais a “respeitar, promover e garantir a independência e imparcialidade do Judiciário, assim como o direito de todas as pessoas a desempenhar suas funções em um entorno seguro e sem restrição alguma, sem influências, alicientes, pressões, ameaças ou intromissões indevidas, sejam diretas ou indiretas, de quaisquer setores ou por qualquer motivo”.
“No atual período de instabilidade, a falta de procuradores e magistrados de carreira, assim como o fato de que a maioria dos juízes tenham nomeações provisórias e de curta duração, produz uma severa falta de independência no Judiciário”, disse o especialista da ONU.
García-Sayán também manifestou preocupação com as pressões políticas contra juízes no contexto dos recentes protestos no país. “No contexto das manifestações públicas, algumas decisões de membros do Poder Judiciário fizeram parte das medidas do governo para privar de liberdade centenas de pessoas, incluindo menores”.
Além disso, o relator especial demonstrou preocupação com as últimas medidas impulsionadas pelo procurador-geral da Venezuela, Tarek Saab, contra o presidente da Assembleia Nacional e presidente interino do país designado por este mesmo órgão, Juan Guaidó. Essas iniciativas incluem a proibição de Guaidó sair do país e o congelamento de ativos financeiros.
“Há poderosos elementos para concluir que as medidas contra Guaidó não foram adotadas de acordo com os requisitos constitucionais, procedimentos legalmente estabelecidos e respeito aos padrões internacionais em matéria de direitos humanos”, afirmou García-Sayán.
“O respeito e a garantia da independência e imparcialidade da Justiça é um pilar fundamental para a proteção dos direitos humanos, da democracia e do Estado de Direito”, disse o especialista.
O relator informou suas preocupações ao governo da Venezuela.
|
Posted: 08 Feb 2019 07:29 AM PST
Na Ucrânia, Vasyl, de oito anos, Roman, de sete, Valentyna, de nove, Ivan, de sete, e Misha, de 17, aguardam para receber vacinas contra o sarampo. Foto: UNICEF/Zmey
O sarampo atingiu números recordes em 2018 na Europa, infectando 82.596 pessoas. A doença também foi responsável pela morte de 72 adultos e crianças. Os índices são de balanço divulgado na quinta-feira (7) pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O organismo das Nações Unidas explica que a quantidade de pessoas que contraíram a infecção no ano passado é o maior da década, além de ser 15 vezes maior que o registrado em 2016.
O levantamento da OMS cobre os 53 países que integram a região europeia da agência — incluindo nações como Azerbaidjão, Israel, Cazaquistão, Turquia, Turcomenistão, Quirguistão, Tajiquistão e Uzbequistão. As infecções contabilizadas pela Organização foram notificadas em 47 desses Estados. Em países onde há dados sobre internação, a OMS verificou que 61% de todos os casos de sarampo exigiram a hospitalização.
Na avaliação da agência das Nações Unidas, o surto da doença em 2018 é fruto de disparidades dentro dos países e entre eles, mascaradas pelas taxas nacionais e continentais de vacinação.
Em 2017, a região europeia alcançou a maior cobertura estimada para a segunda dose da vacina contra o sarampo (90%). Também no ano retrasado, o maior número anual de crianças desde 2000 recebeu a série completa das duas doses da imunização no tempo previsto. A cobertura com a primeira dose da vacina também aumentou ligeiramente para 95%, o nível mais alto desde 2013.
“O cenário em 2018 deixou claro que o ritmo atual de progresso no aumento das taxas de imunização será insuficiente para impedir a circulação do sarampo. Embora os dados indiquem uma cobertura vacinal excepcionalmente alta em nível regional, eles também refletem um número recorde de pessoas afetadas e mortas pela doença. Isso significa que as lacunas em nível local ainda oferecem uma porta aberta para o vírus”, explica Zsuzsanna Jakab, diretora regional da OMS para a Europa.
“Não podemos ter populações mais saudáveis globalmente, como prometido na visão da OMS para os próximos cinco anos, se não trabalharmos localmente. Precisamos fazer mais e proteger melhor cada pessoa contra doenças que podem ser facilmente evitadas.”
A OMS lembra as lacunas na proteção da população europeia. Em 34 países em 2017, a cobertura da segunda dose da vacina ficou abaixo dos 95% recomendados para evitar a circulação do sarampo. Um alcance da imunização abaixo do recomendado para qualquer dose cria condições para a transmissão da doença no futuro. A maioria dos países com a cobertura imunológica abaixo do adequado é de renda média.
O plano de ação da Europa para vacinas (EVAP), endossado por todos os 53 Estados-membros, visa eliminar o sarampo e a rubéola até 2020. A estratégia define que ao menos 95% de todas as populações precisam estar imunes por meio de duas doses da vacina ou exposição prévia ao vírus. O objetivo dessa exigência é garantir a proteção da comunidade para todos – incluindo bebês muito novos para serem vacinados e pessoas que não podem ser imunizadas por causa de outras doenças ou condições médicas.
“Ao adotar o EVAP, todos os países da região europeia concordaram que a eliminação do sarampo e da rubéola é possível e também é uma maneira econômica de proteger pessoas de todas as idades do sofrimento evitável e da morte”, afirmou Nedret Emiroglu, da Divisão de Emergências em Saúde e Doenças Transmissíveis do Escritório Regional da OMS para a Europa.
Quarenta e três países europeus interromperam a transmissão local de sarampo por pelo menos 12 meses a partir do final de 2017. Alguns deles também conseguiram limitar a propagação do vírus, após a chegada da infecção de outros países, para pouquíssimos casos em 2017 e 2018. Segundo a OMS, isso mostra que a eliminação do sarampo está ao alcance de toda a região.
“O progresso na obtenção de uma alta cobertura nacional é louvável. No entanto, não pode nos deixar cegos para as pessoas e lugares que ainda estão sendo deixados para trás. É aqui que devemos concentrar esforços crescentes”, concluiu Emiroglu.
A OMS está trabalhando com os países para aprimorar sistemas de imunização e vigilância de doenças. A agência da ONU oferece capacitação e orientação para identificar quem não foi vacinado no passado e alcançar essas pessoas com os meios de prevenção necessários. O organismo também atua para fortalecer a confiança das pessoas nas vacinas e nas autoridades de saúde, além de garantir que os suprimentos médicos estejam disponíveis a tempo e a custos acessíveis.
|
Posted: 08 Feb 2019 07:23 AM PST
O governo do Reino Unido tem desempenhado um papel de liderança na resposta global ao HIV desde o início da epidemia. Foto: UNAIDS
O Reino Unido (Grã-Bretanha e Irlanda do Norte) anunciou que acabará com a transmissão do HIV em seu território nos próximos dez anos — um anúncio elogiado na quinta-feira (7) pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS).
Em 2016, todos os Estados-membros das Nações Unidas comprometeram-se a acabar com a AIDS até 2030 na Declaração Política de 2016 da ONU sobre o Fim da AIDS. O compromisso do Reino Unido é uma boa notícia e mostra que o país continua determinado a alcançar este objetivo, segundo o UNAIDS.
O Reino Unido intensificou recentemente seus esforços para a resposta ao HIV, o que resultou em um declínio de 28% no número de novos casos nos últimos dois anos.
O secretário de Saúde e Proteção Social do Reino Unido, Matt Hancock, lançou a campanha, que é apoiada por 600 mil libras adicionais do Fundo Inglês de Saúde Pública em Inovação de Prevenção ao HIV, no Fórum Global sobre Cidades Livres da AIDS (AIDSfree Cities Global Forum), que aconteceu em Londres em 30 de janeiro.
O financiamento será usado para apoiar 14 organizações voluntárias que estão liderando novas abordagens para prevenção do HIV e se concentrarão no engajamento de comunidades em situação de risco ou desassistidas.
Ainda no evento, a secretária de Estado para Desenvolvimento Internacional, Penny Mordaunt, fez uma declaração ousada sobre o compromisso do país em acabar com a AIDS em todo o mundo.
“Embora o mundo tenha feito grandes progressos na resposta ao HIV e à AIDS, precisamos intensificar nossos esforços”, disse ela. “Acreditamos apaixonadamente que podemos criar um futuro livre da AIDS para o mundo todo. Esta é a escala da nossa ambição”.
O governo do Reino Unido tem desempenhado um papel de liderança na resposta global ao HIV desde o início da epidemia. O país investiu 1,2 bilhão de libras no Fundo Global de Combate à AIDS, Tuberculose e Malária e está ampliando o acesso à terapia antirretroviral por meio do UK Aid, um programa de cinco anos e 150 milhões de libras criado para mudar as vidas de mais de 3 milhões das pessoas mais pobres do mundo.
“Este anúncio é mais um exemplo de como o Reino Unido está realmente comprometido em acabar com a AIDS. Não apenas no Reino Unido, mas em todo o mundo”, disse Tim Martineau, diretor-executivo adjunto interino do UNAIDS.
“O UNAIDS trabalha em estreita colaboração com o Reino Unido desde 1996 e estamos ansiosos para continuar essa parceria e garantir que cada centavo investido nos aproxime do fim da AIDS.”
O evento em Londres foi parte da Aidsfree Appeal, uma campanha liderada pela Elton John AIDS Foundation e pelos jornais London Evening Standard e The Independent.
O dinheiro arrecadado de doações públicas será usado para apoiar projetos da Elton John AIDS Foundation em seis cidades — Atlanta, Déli, Kiev, Londres, Maputo e Nairobi. Com o UK Aid Match, o governo do Reino Unido comprometeu-se a dobrar as doações públicas para até 2 milhões de dólares, que serão gastos em projetos em Maputo e Nairobi.
O Fórum Global sobre Cidades Livres da AIDS deu as boas-vindas aos líderes das seis cidades, que falaram sobre suas esperanças para o futuro. O evento foi um aquecimento para a Conferência Global sobre Cidades Fast-Track—Aceleração da Resposta (Fast-Track Cities Global Conference), que acontecerá em Londres em setembro de 2019, na qual representantes de mais de 275 cidades se reunirão para o primeiro encontro global de cidades que estão acelerando seu trabalho para acabar com a AIDS como um ameaça à saúde pública.
A iniciativa Cidades ‘Fast-Track’ foi lançada pelo UNAIDS em 2014 em parceria com a cidade de Paris, a Associação Internacional de Prestadores de Cuidados em AIDS e Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (ONU-HABITAT) para fornecer apoio às cidades na aceleração da resposta ao HIV para acabar com a epidemia de AIDS até 2030.
Londres assinou a iniciativa Cidades ‘Fast-Track’ em 2018. O número de novas infecções por HIV na cidade caiu em mais de 40% nos últimos anos e Londres superou as metas 90–90–90—em que 90% das pessoas vivendo com HIV estejam diagnosticadas; que destas, 90% estejam em tratamento; e que 90% destas pessoas tenham carga viral indetectável. Londres já alcançou 95 (diagnosticadas) – 98 (em tratamento) – 97 (indetectáveis).
“Estamos ansiosos para levar as lições aprendidas no fórum para uma reunião mais ampla de Cidades ‘Fast-Track’ no final deste ano em Londres, que definirá a medida dos progressos realizados e dos desafios a serem resolvidos”, disse José M. Zuniga, presidente e diretor-executivo da Associação Internacional de Prestadores de Cuidados em AIDS.
|
Posted: 08 Feb 2019 07:03 AM PST
Jamal Khashoggi, jornalista crítico ao governo da Arábia Saudita, desapareceu após entrar no consulado do seu país em Istambul. Foto: Project on Middle East Democracy/April Brady (CC)
A relatora especial da ONU que está liderando uma investigação independente de direitos humanos sobre o assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi disse na quinta-feira (7) que o crime brutal foi premeditado e perpetrado por funcionários do governo da Arábia Saudita.
“As evidências recolhidas durante a minha missão à Turquia revelam à primeira vista que Khashoggi foi vítima de um assassinato brutal e premeditado, planejado e perpetrado por funcionários do Estado da Arábia Saudita”, disse Agnes Callamard, relatora especial da ONU para execuções extrajudiciais, sumárias ou arbitrárias, ao fim de sua visita à Turquia.
Jamal Khashoggi, de origem saudita e colunista do jornal norte-americano The Washington Post, era um crítico aberto da monarquia do seu país e foi morto em outubro dentro do consulado da Arábia Saudita em Istambul, na Turquia.
“O assassinato de Jamal Khashoggi e a brutalidade do crime provocaram uma tragédia irreversível aos seus entes queridos. Também está levantando uma série de implicações internacionais que exigem a atenção urgente da comunidade internacional, incluindo as Nações Unidas”.
A relatora especial viajou para Ancara e Istambul com Helena Kennedy, conselheira da rainha da Inglaterra, Duarte Nuno Vieira, perito forense, e Paul Johnston, um investigador de homicídios e crimes graves. As investigações da equipe estão em andamento.
O relatório final da especialista, que será apresentado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU em junho, fará uma série de recomendações, incluindo a responsabilização por meio de processo criminal formal, tendo como base a lei internacional. “A investigação de direitos humanos que me comprometi a realizar é um passo necessário, entre uma série de outros, rumo à responsabilização formal e à crucial divulgação da verdade”.
Ela disse que sob as diretrizes da lei internacional que guia sua missão, a equipe esteve focada naqueles com o dever de investigar a morte de Khashoggi, naqueles que estiveram envolvidos na investigação e em suas conclusões e avaliações.
Callamard disse que os esforços da Turquia de realizar investigações rápidas, eficientes, amplas, independentes, imparciais e transparentes, em linha com a lei internacional — foram seriamente cerceados e prejudicados pela Arábia Saudita. “Tempo e acesso totalmente inadequados foram concedidos a investigadores turcos para realizar um exame profissional e eficaz da cena do crime e uma busca exigida pelos padrões internacionais para investigação”, disse ela.
A relatora da ONU afirmou que o assassinato de Khashoggi violou tanto o direito internacional quanto as regras básicas das relações internacionais, incluindo os requisitos para o uso legal de missões diplomáticas.
“Garantias de imunidade nunca tiveram a intenção de facilitar a prática de um crime e exonerar seus autores de responsabilidade criminal ou ocultar uma violação do direito à vida. As circunstâncias do assassinato e a resposta dos representantes do Estado para suas conseqüências podem ser descritas como ‘imunidade à impunidade'”, disse ela.
A relatora especial declarou que sua equipe teve acesso a algumas informações cruciais sobre o assassinato de Khashoggi, incluindo partes do material de áudio “arrepiante e terrível” obtido pela agência de inteligência turca. Ela disse que a equipe não foi capaz de realizar um profundo exame técnico deste material, e não teve a oportunidade de autenticar de forma independente o material de áudio.
Callamard disse que a equipe tampouco pôde realizar outras investigações cruciais, em grande parte, mas não apenas, devido a restrições de tempo. “Por exemplo, não pudemos nos encontrar com os investigadores que estiveram trabalhando no caso, como o investigador-chefe da polícia e especialistas forenses e de cena do crime”, disse ela, conclamando as autoridades a prontamente cumprir sua promessa de fornecer acesso a relatórios forenses, científicos e policiais.
A relatora especial disse que o assassinato de Khashoggi faz parte de um padrão bem comprovado de assassinatos em todo o mundo de jornalistas, outros defensores dos direitos humanos, ativistas e opositores de vários regimes. “Fugir para o exterior em busca de segurança tornou-se cada vez menos uma forma confiável de proteção”, disse ela. “A comunidade internacional deve assumir uma postura forte e coletiva contra essas práticas”, alertou.
Callamard agradeceu o governo turco por seu apoio à visita e pediu que autoridades relevantes permaneçam engajadas e continuem a cooperar totalmente com a missão.
“Pretendo continuar considerando as evidências nas próximas semanas, e peço que qualquer pessoa que tenha conhecimento ou informações de inteligência sobre o que aconteceu antes e depois do assassinato de Khashoggi que compartilhe essas informações conosco”, disse a relatora especial.
A equipe reuniu-se com o ministro das Relações Exteriores, o ministro da Justiça, o chefe da inteligência turca, o procurador-chefe de Istambul e uma série de outras partes interessadas, inclusive da sociedade civil e da comunidade de imprensa.
A missão, realizada de 28 de janeiro a 3 de fevereiro, foi a primeira visita oficial da relatora especial ao país.
|
Posted: 08 Feb 2019 06:07 AM PST
Vista de Moscou, com a Catedral de São Basílio, à esquerda, e a Torre Spasskaya, à direita. Foto: Flickr (CC)/thisisbossi
A chefe de Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet, expressou preocupação com a condenação na quinta-feira (7), na Rússia, do dinamarquês e testemunha de Jeová Dennis Christensen. O fiel deverá passar seis anos na prisão por, segundo as autoridades russas, promover atividades de “uma organização extremista proibida” no país. Para a alta-comissária das Nações Unidas, caso abre um precedente perigoso e criminaliza o direito à liberdade de crença e religião.
Em abril de 2017, a Suprema Corte da Rússia declarou que as Testemunhas de Jeová, uma denominação cristã com sede nos Estados Unidos, são um grupo extremista. Um mês mais tarde, Christensen foi detido pela primeira vez. Segundo relatos da imprensa, existem no país europeu cerca de 170 mil praticantes da religião. No mundo todo, o número de fiéis chega a estimados 8 milhões.
Os testemunhas de Jeová são conhecidos por professar sua fé de porta em porta e por seu estudo detalhado da Bíblia. Entre as regras de adesão à denominação, estão a rejeição de transfusões de sangue, por mais sérias que sejam as necessidades médicas do fiel, e a recusa em participar do serviço militar.
Christensen foi acusado de continuar a organizar e trabalhar com atividades em nome das Testemunhas de Jeová na cidade de Oryol, centenas de quilômetros ao sul de Moscou, mesmo sabendo que o grupo fora declarado ilegal.
Bachelet afirmou que, desde a decisão do Judiciário, inquéritos criminais foram abertos contra mais de cem membros da denominação na Rússia, incluindo pelo menos 18 indivíduos que estão sendo mantidos em detenção antes dos seus julgamentos. “Outros foram sujeitos a várias medidas restritivas, incluindo prisão domiciliar e restrições de viagem”, acrescentou a alta-comissária.
A chefe de Direitos Humanos disse ainda que “a dura sentença imposta a Christensen cria um precedente perigoso e, efetivamente, criminaliza o direito à liberdade de religião para as Testemunhas de Jeová na Rússia, numa violação às obrigações do Estado sob a Convenção Internacional sobre Direitos Civis e Políticos”.
“Vários organismos de direitos humanos da ONU, incluindo o Comitê de Direitos Humanos e muitos relatores especiais da ONU, levantaram preocupações similares em anos recentes.”
De acordo com a mídia, a Suprema Corte russa ordenou a dissolução dos grupos de Testemunhas de Jeová por todo o país. Ainda segundo a imprensa, a prisão e a condenação de Christensen estabeleceriam um precedente claro para outros fiéis que estão sob cárcere e aguardam uma sentença. O dinamarquês alegou inocência afirmando que estava exercendo seu direito à liberdade religiosa, garantido pela constituição russa.
“Instamos o governo da Rússia a rever a Lei Federal sobre o Combate de Atividade Extremista com vistas a esclarecer a definição vaga e aberta de ‘atividade extremista’ e a garantir que a definição exija um componente de violência ou ódio”, disse Bachelet.
“Também chamamos as autoridades a anular as acusações e liberar todos os detidos por exercerem os seus direitos à liberdade de religião e crença, à liberdade de opinião e expressão e o direito à liberdade de reunião e associação pacíficas.”
|
|
|
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário