Boletim diário da ONU Brasil: “Relatores da ONU condenam racismo e violência policial contra aborígenes papuanos na Indonésia” e 8 outros.
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Posted: 21 Feb 2019 12:09 PM PST
Mulher papuana na Indonésia extrai sagu de palmeira. Foto: USAID Indonesia
Relatores da ONU pediram nesta quinta-feira (21) investigações rápidas e imparciais de assassinatos, prisões indevidas e casos de tratamento desumano contra aborígenes papuanos na Indonésia. Os responsáveis por esses crimes seriam as próprias forças militares e policiais do país. Episódios de violência teriam ocorrido nas províncias de Papua Ocidental e Papua.
No caso mais recente, um vídeo circulado na internet mostra um menino papuano algemado sendo interrogado pela polícia da Indonésia com uma cobra em volta do corpo. O menino, que foi preso em 6 de fevereiro por ter supostamente roubado um celular, pode ser ouvido gritando, enquanto policiais, rindo, empurram a cabeça da cobra na direção do seu rosto.
“Este caso reflete um amplo padrão de violência, de supostas prisões e detenções arbitrárias, assim como métodos equivalentes a tortura usados pela polícia e pelas forças militares da Indonésia em Papua”, disseram os relatores.
“Estas táticas são frequentemente usadas contra aborígenes papuanos e defensores dos direitos humanos. Este incidente mais recente é indicativo do profundo racismo enraizado e da discriminação sofrida pelos aborígenes papuanos”, acrescentaram.
Representantes da polícia da Indonésia reconheceram publicamente o incidente e lamentaram o ocorrido. No entanto, especialistas da ONU afirmaram que investigações rápidas e imparciais devem ser realizadas.
“Instamos o governo a adotar medidas urgentes para prevenir o uso excessivo da força por autoridades policiais e militares envolvidas na aplicação da lei em Papua. Isto inclui garantir que aqueles que cometerem violações de direitos humanos contra a população aborígene de Papua sejam responsabilizados”, disse o grupo.
“Também estamos profundamente preocupados com o que aparenta ser uma cultura de impunidade e com a falta geral de investigações sobre acusações de violações de direitos humanos em Papua”, destacaram os especialistas.
O incidente no qual o menino foi maltratado aconteceu em meio a uma operação militar em Papua, que se tornou parte da Indonésia em 1969. Nas últimas décadas, a província tem sido palco de um crescente movimento pró-independência.
O grupo de relatores especiais é formado por Victoria Tauli Corpuz, relatora especial sobre os direitos dos povos indígenas; Seong-Phil Hong, chefe e relator do Grupo de Trabalho sobre Detenções Arbitrárias; Michel Forst, relator especial sobre a situação dos defensores dos direitos humanos; Nils Melzer, relator especial sobre tortura e tratamento cruel, desumano ou degradante; e E. Tendayi Achiume, relatora especial sobre formas contemporâneas de racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerâncias relacionadas.
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Posted: 21 Feb 2019 11:31 AM PST
Equipes móveis acompanham situação de mulheres que sobreviveram a casos de violência doméstica e de gênero e buscam recomeçar. Foto: UNFPA/Maks Levin
“Estávamos juntos há 12 anos, mas mais de um ano atrás, ele começou a bater em mim”, conta Anna* em entrevista ao Fundo de População das Nações Unidas ( UNFPA). Lembrando o comportamento cada vez mais instável do companheiro, a ucraniana explica que, alguns meses atrás, ele a ameaçou com uma faca. Ela sabia que era hora de ir embora.
No dia seguinte, ela fingiu que ia levar os dois filhos para escola — e aí fugiu para a casa da irmã em outra cidade. Mas a mudança repentina deixou as crianças muito abaladas. Anna não sabia a quem recorrer. Até que descobriu as equipes móveis de apoio psicossocial do UNFPA, que oferecem serviços para sobreviventes de violência de gênero.
Os profissionais do organismo internacional ajudaram Anna a se mudar para um abrigo. Agora, auxiliam a mãe dos meninos a procurar emprego e encontrar uma residência permanente.
As equipes itinerantes da agência da ONU têm se mostrado cruciais na Ucrânia, levando assistência a mulheres que, caso contrário, continuariam fora de alcance, particularmente nas zonas rurais.
Equipes móveis acompanham situação de mulheres que sobreviveram a casos de violência doméstica e de gênero e buscam recomeçar. Foto: UNFPA/Maks Levin
Em agosto passado, o Gabinete de Ministros do país europeu anunciou planos para integrar esse modelo de atendimento ao novo sistema nacional de serviços para sobreviventes de violência de gênero.
Alcançando ainda mais mulheres
Cada uma das equipes móveis do UNFPA é formada por três especialistas — uma coordenadora, uma psicóloga e uma assistente social. Elas visitam famílias que passam necessidade, com foco naquelas que são afetadas por violência doméstica.
“Esse foi um modo completamente novo de trabalhar para nós”, afirma Volodymyr Dziumak, vice-diretor do Centro de Serviços Sociais para Família, Crianças e Juventude de Donetsk Oblast.
“As equipes móveis podem monitorar a situação de uma família, fazer visitas repetidas à sua casa, trazer uma sobrevivente de violência para o centro de serviços sociais e encaminhar o caso para outras organizações do Estado ou para advogados que podem dar assistência legal.”
Equipes móveis acompanham situação de mulheres que sobreviveram a casos de violência doméstica e de gênero e buscam recomeçar. Foto: UNFPA/Maks Levin
As equipes do fundo internacional atuam em conjunto com o Ministério de Política Social da Ucrânia. O apoio financeiro à iniciativa vem do Reino Unido. Desde que o programa foi lançado, em 2015, as equipes trabalharam em cerca de 10 mil casos por todo o país.
Agora, à medida que o governo estabelece as suas próprias equipes de apoio psicossocial, com o apoio e conhecimento técnicos no UNFPA, a expectativa é de que um número ainda maior de mulheres receba assistência.
Rompendo o ciclo de violência
Anna atribui o comportamento violento do marido ao uso de drogas.
“Ele começou a me acusar de ser infiel durante todos esses anos, mesmo eu raramente saindo de casa ou do quintal durante esse tempo”, lembra a ucraniana. “Aí ele começou a criar perfis falsos meus em vários sites de namoro e a perguntar por que as minhas fotos estavam nesses sites.”
Enquanto Anna conversava com uma psicóloga, os seus filhos faziam desenhos com Alyona, a assistente social. Os meninos também estavam recebendo assistência. Eles começaram a mostrar sinais de agressão, uma reação comum em crianças que testemunham ou sofrem violência doméstica.
A violência tem efeitos extensos tanto em mulheres quanto em homens. Uma pesquisa recente do UNFPA na Ucrânia descobriu que um em cada quatro homens havia testemunhado a sua mãe ser abusada fisicamente pelo seu pai ou padrasto. Cerca de metade dos participantes do levantamento sofreu castigo físico dos pais durante a infância.
“Com base na minha experiência profissional, posso dizer que a maioria dos agressores homens foram vítimas ou testemunhas de violência doméstica quando crianças”, diz Lizaveta Krasnoyarska, uma psicóloga que trabalha numa clínica móvel do UNFPA na cidade de Slovyansk.
“As pessoas seguem esse padrão ‘eu sofri essas agressões, agora vou infligi-las a outras pessoas’ sem nem refletir sobre isso”, acrescenta a profissional.
Segundo a terapeuta, ajudar as famílias a entender e combater essa dinâmica é essencial para acabar com o ciclo de violência.
“Mesmo quando se falam em situações onde uma mulher teria supostamente ‘provocado’ o marido, ela não pode ser considerada responsável pela violência dele contra ela. Porque é o homem que escolhe como reagir. Ele é responsável pelas decisões dele.”
*Nome alterado para preservar a privacidade da entrevistada
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Posted: 21 Feb 2019 10:04 AM PST
Estudantes em biblioteca universitária de Rabat, no Marrocos. Foto: Banco Mundial/Arne Hoel
A UNESCO e o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) lançaram nesta semana (20) um guia para formuladores de políticas sobre qual é o papel das instituições de ensino na consolidação do Estado de Direito. Publicação apresenta orientações para gestores e educadores que queiram trabalhar temas de justiça, direitos humanos e combate à corrupção com estudantes dos ensinos fundamental e médio.
As duas agências da ONU lembram que o Estado de Direito é o fundamento de sociedades justas e inclusivas. “Ele obriga as instituições a prestar contas, a proteger os direitos humanos, a serem justas e transparentes e a dar aos cidadãos os meios de participar de maneira construtiva da sociedade”, afirmaram os chefes da UNESCO, a francesa Audrey Azoulay, e do UNODC, o russo Yury Fedotov.
O guia traz recomendações e exemplos de boas práticas sobre como o setor da educação pode ajudar os jovens a se tornarem cidadãos engajados e tomarem decisões eticamente responsáveis em suas vidas cotidianas. As sugestões também visam mostrar para os estudantes como é possível agir com empatia e respeito pelos outros.
Concebido para distribuição global, o material considera diferentes cenários de presença e atuação do Estado de Direito, com indicações sobre o que fazer, por exemplo, em contextos de risco, quando crianças e adolescentes estão mais vulneráveis à violência e à criminalidade.
Na avaliação dos dois organismos internacionais, a educação desempenha um papel importante na criação de uma cultura de legalidade, onde os cidadãos compreendem e respeitam a leis, além de participarem de processos decisórios sobre a legislação.
“Ela (a educação) garante uma função importante de proteção, reforçando a capacidade dos estudantes de enfrentar e superar situações difíceis da vida”, acrescentaram os dirigentes das agências.
Acesse o guia clicando aqui (em inglês).
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Posted: 21 Feb 2019 09:16 AM PST
Um mulher supervisiona um jardim e horta comunitários em província no nordeste da Gâmbia, onde a ONU Meio Ambiente e parceiros trabalham para recuperar solo e meio ambiente degradados e construir resiliência climática. Foto: ONU Meio Ambiente/Hannah McNeish
Na Gâmbia, um projeto das Nações Unidas quer revitalizar a produção agrícola em regiões onde a degradação ambiental e variações climáticas têm causado um dramático êxodo rural, sobretudo dos jovens. Muitos desses migrantes se arriscam a deixar não só a comunidade onde moram, mas também o próprio país, em busca de oportunidades na Europa. O relato é da ONU Meio Ambiente.
Para Alagie Camora, gastar sua poupança numa tentativa de deixar a Gâmbia e migrar para a Europa parecia ser a melhor opção depois que o governo fechou a fronteira com o Senegal, em 2015. A decisão das autoridades quebrou o seu negócio de importação de vegetais, que rendia uns 50 dólares por mês.
Mas depois de sobreviver a uma perigosa jornada pelo deserto para chegar à Líbia, Camora foi capturado e mantido sob cárcere junto com outros gambianos. Eles tiveram seus pertences roubados, seus direitos abusados e foram deixados sem água, banheiros ou comida.
Camora passou um mês ouvindo histórias de homens do campo que eram extorquidos e assassinados na Líbia ou que morriam no Mediterrâneo ou ainda que chegavam à Europa, mas iam parar nas ruas e viviam como mendigos. O gambiano e outros 140 compatriotas decidiram, então, voltar para casa e prometeram começar um empreendimento agrícola na terra natal.
“Nós vamos até o Senegal para conseguir vegetais. Por que não tentamos isso em nosso país? Podemos encorajar as pessoas a crescer e ficar aqui”, afirma o sobrevivente, que criou a Associação de Retornados do Caminho de Volta.
A Gâmbia é uma das menores nações do mundo, com uma população de menos de 2 milhões de habitantes. O país também aparece em outro ranking global — é um dos seis considerados os maiores pontos de origem de migrantes que tentam a rota Líbia-Mediterrâneo-Europa.
A Gâmbia uma faixa de terra atravessada pelo rio homônimo, que desemboca na costa oeste da África. O território é altamente suscetível às mudanças climáticas. As décadas do governo ditatorial de Yaya Jammeh, deposto em 2016, também deixaram a população em situação de vulnerabilidade.
Enchentes e secas cada vez mais frequentes e severas provocaram danos e erosão em terras agrícolas. Temperaturas mais altas, chuvas irregulares, um desmatamento crescente e práticas agrícolas precárias tornaram o solo seco ou contribuíram para lavá-lo — o que levou à degradação do meio ambiente e à desertificação.
“Em muitas dessas áreas rurais, o meio ambiente e as condições dos recursos naturais são uma das razões que impulsionam a migração”, afirma Alagie Manjang, vice-secretário permanente no Ministério do Meio Ambiente, Mudanças Climáticas e Recursos Naturais.
Na avaliação do chefe da pasta, o ministro Lamin Dibba, o êxodo rural, principalmente dos jovens, é uma das causas que explica por que 53,5% da população gambiana vive atualmente no entorno da capital do país, Banjul. Ainda segundo o dirigente, a falta de oportunidades nessas áreas periféricas faz com que algumas pessoas pensem em ir ainda mais longe.
“A maioria deles pensa que a Europa é a solução, então eles deixam (o país) para procurar por uma grama mais verde lá fora”, afirma Dibba.
Bubu Jallow, meteorologista e um dos principais negociadores em mudanças climáticas da Gâmbia, aponta que uma redução de 30% nas chuvas, ao longo dos últimos 50 anos, levou as pessoas a abandonarem o campo.
“O fluxo (de pessoas) do (meio) rural para o urbano tem acontecido desde os anos 1970 porque as chuvas no país realmente minguaram depois de 1968”, explica o especialista.
Fatou Touray é governador da região do Rio Alto, onde houve um êxodo massivo da juventude e também muitas perdas. “Tantos jovens morreram”, conta o dirigente, que lembra o caso de uma família que perdeu sete filhos em naufrágios no Mediterrâneo, em 2016.
Touray e outros políticos estão empenhados em desmitificar as ideias, disseminadas nas redes sociais, de que a Europa, a um pulo de distância do outro lado “rio”, é um paraíso para os pobres.
A Associação de Retornados de Camora quer diminuir a migração dos jovens e ajudar os que voltam a se reinserir na agricultura, obtendo terras nas províncias mais atingidas. A organização já conseguiu proteger e garantir alguns terrenos degradados por meio de negociações com chefes de vilarejos. A instituição também espera que os jovens terão mais oportunidades, conforme o governo tenta construir uma economia verde.
Dibba quer criar 25 mil empregos verdes para os jovens nas suas próprias comunidades, a fim de conter a migração e impedir que a Gâmbia se torne cada vez mais dependente da importação de alimentos.
O ministro deposita esperanças num projeto de 25,5 milhões de dólares da ONU Meio Ambiente, que promoverá a adaptação em larga escala da produção agrícola aos ecossistemas naturais.
O programa Adaptação baseada nos Ecossistemas vai fortalecer a resiliência climática em quatro regiões, recuperando terras aráveis degradadas, regiões de savana e floresta com espécies nativas e desenvolvendo uma economia sustentável, baseada em recursos naturais e gerida pelas comunidades locais.
“Esse projeto vai recuperar até 10 mil hectares de florestas degradadas e parques de vida silvestre por meio do reflorestamento, enriquecimento do plantio, conservação de espécies raras ou em risco, assim como (vai promover também) a recuperação de 3 mil hectares de terras agrícolas abandonadas ou periféricas.”
A ONU Meio Ambiente vai implementar o projeto, financiado principalmente pelo Fundo Global para o Meio Ambiente, ao longo dos próximos seis anos. A expectativa da agência é ajudar pelo menos 11,5 mil famílias diretamente e outras 46,5 mil indiretamente.
“Todos nós deixamos esse país à procura de uma grama mais verde e voltamos agora para procurá-la aqui”, diz Camora.
“Temos de acreditar em nós mesmos e dizer que somos africanos, não europeus, e as pessoas lá podem estar na nossa frente, mas, como jovens, precisamos encorajar os gambianos para que eles possam permanecer e viver bem aqui.”
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Posted: 21 Feb 2019 08:23 AM PST
Foto: ONU Mulheres/Ryan Brown
Todos os dias temos a oportunidade de defender a igualdade de gênero, de grandes e pequenas maneiras. Mas, em alguns dias, muitos de nós escorregamos quando não prestamos atenção às nossas próprias atitudes e às ações que disseminam estereótipos e desigualdade.
Das palavras que usamos no trabalho ou com nossos entes queridos até as suposições que fazemos sobre estranhos, todos nós podemos ser melhores em promover a igualdade em nosso cotidiano.
Aqui estão listadas cinco maneiras de romper com comportamentos tóxicos e promover a igualdade de gênero na vida.
1) Desafie estereótipos
Desafie os rótulos. A jogadora brasileira Marta Vieira da Silva, estrela do futebol mundial, tinha apenas 7 anos quando soube que o futebol não era para garotas. Ela era a única menina jogando em equipes cheias de meninos. Em sua comunidade, como em muitas partes do mundo, o esporte ainda é uma área dominada por homens, o que significa que meninas e mulheres são frequentemente desencorajadas a participar.
A jogadora brasileira Marta. Foto: ONU Mulheres/Ryan Brown
E não é só no esporte, um estudo descobriu que, aos 6 anos, as meninas já são menos propensas a descrever seu próprio gênero como “brilhante”, e menos encorajadas a participar de atividades rotuladas de “muito inteligentes”.
Ao combater esses estereótipos ultrapassados, mulheres como Marta estão quebrando barreiras e mostrando que as meninas podem fazer qualquer coisa.
Marta continuou jogando, provando que ela era tão boa quanto qualquer menino em sua comunidade, e quando tinha 24 anos, em 2010, já tinha sido nomeada melhor jogadora do ano da FIFA por cinco vezes seguidas (houve mais uma sexta vez em 2018). Marta tornou-se embaixadora da Boa Vontade da ONU Mulheres para mulheres e meninas no esporte, para inspirar a próxima geração a perseguir seus sonhos.
“Hoje, quero usar minha história para capacitar meninas em todos os lugares, para que elas trabalhem em direção a seu objetivo, em qualquer área – no esporte, na vida, no trabalho”, disse ela.
2) Mude a linguagem
Palavras importam. As palavras e a linguagem que usamos podem perpetuar ou quebrar estereótipos de gênero. Usar palavras e frases como “homens” para se referir à “humanidade” ou “homem de negócios” em vez de “pessoa de negócios” coloca homens e mulheres em um nível desigual.
Quando a Declaração Universal dos Direitos Humanos estava sendo feita em 1948, o Artigo 1 quase foi elaborado da seguinte forma: “todos os homens nascem livres e iguais”. Mas a indiana Hansa Mehta, uma das duas únicas delegadas mulheres da Comissão de Direitos Humanos da ONU na época, lutou pela frase mais abrangente “todos os seres humanos nascem livres e iguais”, o que acabou sendo adotado, tornando a declaração tão abrangente quanto deveria ser.
Pense na maneira como você está usando palavras e frases e como elas podem alienar ou incluir todos os gêneros. Para saber mais, confira o guia das Nações Unidas sobre a linguagem inclusiva de gênero e o léxico da ONU Mulheres para mais informações.
3) Jogue fora a masculinidade tóxica
Tudor Mereacre, de 32 anos, especialista em relações públicas. Foto: Mihai Turculeț
Questione. Os papéis de gênero não estão biologicamente enraizados em nossos DNAs, mas são construídos e definidos social e historicamente. O que significa ser um menino ou uma menina, uma mulher ou um homem, ou uma pessoa transexual, são, em última análise, um conjunto de atitudes, percepções e comportamentos aprendidos.
E não são apenas as mulheres que se machucam ou são retidas por estereótipos de gênero. Há uma enorme pressão sobre homens e meninos para que desempenhem e se adaptem a papéis específicos que acabam também restringindo sua vida, como a expectativa de que homens e meninos não demonstrem emoção, sejam os provedores das famílias ou que ajam com agressividade.
Essas definições socialmente construídas do que significa ser um homem, enraizadas em uma cultura patriarcal, criam a masculinidade tóxica e a desigualdade de gênero. Temos o poder de romper essa cultura questionando e redefinindo o que significa ser homem ou mulher.
Então, vamos deixar de lado a ideia de “meninos serão meninos”, vamos rejeitar definições binárias de gênero e reconhecer todas as formas de identidade e expressão de gênero. Vamos celebrar a diversidade e respeitar o direito de cada pessoa de viver como seu “eu” verdadeiro, com toda a gama de emoções, sonhos e capacidades.
4) Compartilhe o cuidado
A igualdade de gênero começa em casa.
Quem faz o que? De cozinhar e limpar, lavar a louça, ajudar as crianças nas lições de casa, buscar água e lenha ou cuidar de crianças e idosos, as mulheres realizam pelo menos duas vezes e meia mais trabalho não remunerado em casa do que homens, o que significa que têm menos tempo para participar do trabalho remunerado. Este trabalho de cuidado não remunerado é o trabalho que possibilita que as famílias e as sociedades funcionem e, no entanto, é amplamente desvalorizado e, muitas vezes, invisibilizado na economia.
Se você compartilha uma casa, você tem que compartilhar o trabalho 50/50. Lavar a louça ou cozinhar uma refeição ou criar um filho juntos não é “ajudar o seu parceiro”, você só está fazendo a sua parte.
5) Não tolere a intolerância
Amor é amor. A liberdade de ser quem você é e amar quem você escolhe é um direito humano fundamental.
Em todo o mundo, pessoas de sexo diverso, orientação sexual e identidade de gênero continuam a enfrentar discriminação, proliferação de discurso de ódio e atos de violência.
Quando Helen Tavares, de Cabo Verde, a ilha da costa oeste da África, tinha 14 anos, ela se apaixonou por outra menina na escola.
“Desde muito cedo, senti que algo sobre mim não era como as outras crianças, eu simplesmente não sabia como explicar o que era”, disse Helen. “Eu sempre gostei do estilo masculino e, por causa disso, fui intimidada na escola”.
Agora, Helen atua como presidente da Associação LGBTI em Santiago, Cabo Verde, e trabalha para apoiar jovens e acabar com a discriminação e violência contra a comunidade LGBTI.
Ao falar contra a homofobia, a transfobia e a bifobia, você pode contribuir para uma sociedade mais inclusiva e pacífica. Porque a diversidade é uma força, não uma ameaça.
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Posted: 21 Feb 2019 07:46 AM PST
Co-fundadores da Perfect Day, Ryan Pandya e Perumal Gandhi. Foto: Perfect Day
Ryan Pandya e Perumal Gandhi são co-fundadores de uma startup norte-americana chamada Perfect Day, cuja ideia inovadora foi produzir lácteos sem a ajuda das vacas.
A Perfect Day, cujo nome vem de um estudo que concluiu que as vacas produzem mais leite quando escutam músicas lentas como “Perfect Day”, de Lou Reed, usa um processo chamado fermentação microbiana. O processo cria todas as proteínas que existem no leite usando levedura.
Ambos com menos de 30 anos, os co-fundadores da empresa acreditaram o suficiente na ideia para transformá-la em realidade. A história deles é tanto de perseverança quanto de inspiração.
A combinação perfeita
Os dois co-fundadores têm histórias paralelas, ambos inspirados pelos impactos destrutivos associados à produção de carne. Eles se tornaram vegetarianos na faculdade.
Então eles notaram que suas dietas dependiam muito de produtos lácteos. Embora gostassem de queijo, estavam cada vez mais conscientes das implicações ambientais de sua produção em massa. Deveria haver alguma maneira de criar alternativas aos produtos lácteos.
Como voluntários da New Harvest, um instituto de pesquisa e organização sem fins lucrativos que apoia a agricultura celular, eles discutiram separadamente ideias para a produção de leite em cultura celular com o diretor-executivo da entidade, Isha Datar.
Percebendo a semelhança de pensamento dos dois jovens, Datar apresentou o duo online e os encorajou a se candidatar à oportunidade perfeita: um acelerador de biotecnologia na Irlanda.
E, assim, embora o trio nunca tivesse se encontrado antes, eles se candidataram ao acelerador e receberam 30 mil dólares em financiamento inicial e espaço de laboratório para o verão. Sua jornada de negócios havia começado oficialmente.
Produzindo um novo tipo de produto lácteo
A proteína livre de animal da Perfect Day é a mesma encontrada no leite de vaca, com o mesmo sabor e textura. Embora ainda não esteja nas prateleiras dos supermercados, o modelo business-to-business da startup fará parceria com os fabricantes para produzir lácteos.
Nos últimos quatro anos e meio, Pandya e Gandhi trabalharam vigorosamente para colocar sua produção nas prateleiras. Eles dizem que, embora seus produtos tenham gosto de laticínios tradicionais, não contêm hormônios, antibióticos, corantes e sabores artificiais. São ricos em proteínas, não têm lactose e uma vida útil longa.
Seu foco atual é criar parcerias com empresas de alimentos. Eles também estão aproveitando a flexibilidade de sua tecnologia, que pode ser produzida em qualquer lugar onde eles tenham um tanque de produção de cerveja e uma fonte de energia.
Pandya e Gandhi são motivados pela perspectiva de fornecer uma alternativa aos laticínios de vacas. Mas eles ainda estão refinando sua tecnologia e pretendem lançar seu novo produto nos próximos dois anos, inicialmente nos Estados Unidos e depois expandindo para outros mercados.
Eles acreditam no valor de se criar uma cadeia de suprimentos sustentável, na qual os lucros e os valores da empresa não precisam ser mutuamente exclusivos. No futuro, eles acreditam que a criação de produtos lácteos a partir de leveduras e técnicas de fermentação pode reduzir significativamente o impacto ambiental da produção de leite.
“Ninguém pode resolver todos os problemas, todos nós precisamos fazer a nossa parte onde pudermos”, disse a dupla. Ainda há obstáculos no caminho – por exemplo, garantir financiamento para levar o produto para o próximo estágio antes de se tornar disponível para o público.
Embora ainda nas fases iniciais, a startup espera que sua proteína irá competir no custo com a indústria de laticínios no futuro próximo.
James Lomax, diretor de gestão de sistemas alimentares e programas de agricultura da ONU Meio Ambiente, disse: “encontrar alternativas para as proteínas animais que emitam menos gases de efeito estufa é benéfico para os consumidores e para o planeta”.
“Contanto que os agricultores que produzem leite de vaca não sejam esquecidos, soluções empresariais como essa são essenciais em nossa resposta a tais desafios, à medida que avançamos em direção a sistemas alimentares mais sustentáveis.”
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Posted: 21 Feb 2019 07:12 AM PST
A dinamarquesa Inger Andersen atuou como diretora-geral da União Internacional para a Conservação da Natureza. Foto: ONU Meio Ambiente
Após sua indicação pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, a Assembleia Geral da ONU aprovou nesta quinta-feira (21) a nomeação da economista dinamarquesa Inger Andersen para um mandato de quatro anos como diretora-executiva da ONU Meio Ambiente.
Atuando como diretora-geral da União Internacional para a Conservação da Natureza desde 2015, Inger traz ao cargo “paixão pela conservação e pelo desenvolvimento sustentável com mais de 30 anos de experiência em economia para desenvolvimento internacional, sustentabilidade ambiental e políticas públicas”, segundo comunicado da ONU Meio Ambiente.
Ela também tem experiência em desenhar e implementar projetos e em gerar impactos locais por conta de seu trabalho com uma pequena organização não governamental no Sudão, além de trabalhar nos âmbitos multilateral e internacional com constante foco na erradicação da pobreza.
A economista ocupou diversos cargos de liderança no Banco Mundial e nas Nações Unidas, mais recentemente como vice-presidente para Oriente Médio e Norte da África no Banco Mundial (2011-2015) e vice-presidente de desenvolvimento sustentável e chefe do grupo consultivo do Fundo Internacional de Pesquisa Agrícola (2010-2011).
Em sua carreira de 15 anos no Banco Mundial, seus cargos de gerência estiveram focados em água, meio ambiente e desenvolvimento sustentável, com ênfase em África e Oriente Médio. Ela também trabalhou nas Nações Unidas por 15 anos, começando no escritório da ONU no Sudão, onde trabalhou no combate à seca e à desertificação, e foi nomeada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) coordenadora do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF, na sigla em inglês) para a região árabe.
Inger tem bachalerado na Universidade Metropolitana de Londres e mestrado na Escola de Estudos Africanos e Orientais da Universidade de Londres, com especialização em economia para o desenvolvimento.
O secretário-geral da ONU enviou sua manifestação de apreciação e gratidão para a diretora-executiva interina da ONU Meio Ambiente, Joyce Msuya of Tanzania, por seus serviços no cargo.
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Posted: 21 Feb 2019 07:05 AM PST
Médico vacina profissional de saúde na cidade de Mbandaka, na República Democrática do Congo, em junho de 2018. Foto: OMS/Lindsay Mackenzie
A Organização Mundial da Saúde ( OMS) revelou nesta quinta-feira (21) que mais 35% das despesas de saúde no mundo são pagas pelas próprias pessoas que precisam de cuidados — um gasto que leva, em média, 100 milhões de indivíduos para condições de extrema pobreza. Em novo levantamento sobre os gastos com saúde, a agência da ONU alerta que serviços de atendimento continuam pesando no bolso dos cidadãos, mesmo com o aumento do investimento público.
Os gastos com saúde são compostos por gastos dos governos, pagamentos diretos (pessoas que pagam pelos cuidados de saúde com dinheiro próprio) e fontes como seguro de saúde voluntário, programas de saúde oferecidos por empregadores e atividades de ONGs.
De acordo com a OMS, todos essas fontes de recursos estão crescendo mais rapidamente do que o resto da economia global. Hoje, os gastos com saúde já representam 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do mundo. Nos países de média e baixa renda, essas despesas e investimentos crescem a estimados 6% por ano. Nas nações de renda alta, o aumento é de 4%.
Segundo o relatório da agência das Nações Unidas, os governos fornecem uma média de 51% dos gastos com saúde de um país, enquanto mais de 35% dessas despesas são pagas pelas pessoas com o próprio dinheiro.
A OMS vê uma tendência ascendente no financiamento público interno para a saúde em países de baixa e média renda, mas afirma que o uso de recursos individuais para arcar com despesas de atendimento está diminuindo lentamente.
“O aumento dos gastos internos nos países é essencial para alcançar a cobertura universal de saúde e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável relacionados à saúde”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
“Os gastos com saúde não são um custo, são investimentos para a redução da pobreza, (geração de) empregos, produtividade, crescimento econômico inclusivo e sociedades mais saudáveis, seguras e justas.”
Em países de renda média, o gasto público per capita em saúde dobrou desde o ano 2000. Estima-se que os governos gastem 60 dólares por pessoa em saúde nos países de baixa-média renda. Em nações de renda média-alta, o valor chega a aproximadamente 270 dólares.
Quando os gastos do governo com saúde aumentam, as pessoas têm menos chances de cair na pobreza ao buscarem serviços de saúde. A OMS, porém, aponta que os gastos dos governos apenas reduzem as desigualdades quando as alocações são cuidadosamente planejadas, a fim de garantir que toda a população possa obter cuidados primários de saúde.
Em países de baixa e média renda, novos dados sugerem que mais da metade dos gastos em saúde é dedicada à atenção primária — a porta de entrada nos sistemas de atendimento, com serviços baseados na comunidade e ações de prevenção. Mas menos de 40% de todos os gastos com cuidados primários vêm dos governos.
“Todos os 194 Estados-membros da OMS reconheceram a importância da atenção primária de saúde na adoção da Declaração de Astana, em outubro passado”, lembrou Agnes Soucat, diretora da área de Sistemas de Saúde, Governança e Financiamento da OMS.
“Agora os países precisam agir de acordo com essa declaração e priorizar os gastos com cuidados de saúde de qualidade nas comunidades.”
O relatório também examina o papel do financiamento externo. Segundo a OMS, a proporção média dos orçamentos dada por fontes estrangeiras caiu para menos de 1% das despesas globais com saúde. Isso porque os gastos internos aumentaram. Quase metade desses fundos externos são dedicados a três infecções – HIV/AIDS, tuberculose e malária.
Embora o relatório mostre uma clara transição dos países de média renda para um modelo de financiamento interno dos sistemas de saúde, a ajuda externa continua sendo essencial para muitas nações, especialmente as de baixa renda.
“A saúde é um direito humano e todos os países precisam priorizar a atenção primária de saúde eficiente e com boa relação custo-eficácia, como o caminho para alcançar a cobertura universal de saúde e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, concluiu Agnes.
O novo relatório da OMS aponta maneiras pelas quais formuladores de políticas, profissionais de saúde e cidadãos podem continuar a fortalecer os sistemas de saúde. Acesse o documento na íntegra clicando aqui (em inglês).
Brasil: gasto público inferior ao gasto privado
Atualmente, o gasto total em saúde no Brasil é estimado em torno de 8% do PIB — 4,4% do PIB é de gastos privados (55% do total) e 3,8% PIB, de gastos públicos. Os dados são do Relatório “Aspectos Fiscais da Saúde no Brasil”, publicado pelo Banco Mundial no final de 2018. A publicação destaca que, mesmo o país tendo uma rede de saúde pública universal, o gasto privado no Brasil é superior ao gasto público, uma situação diferente do encontrado em nações desenvolvidas com sistemas parecidos, como o Reino Unido e a Suécia.
Em 2014, os Estados-membros da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) firmaram uma estratégia para promover o acesso universal à saúde e a cobertura universal de saúde. Nesse plano, as nações se comprometeram a aumentar o gasto público em saúde até atingir a meta de referência de 6% do PIB.
Um estudo publicado em 2018 pela Revista Pan-Americana de Saúde Pública calculou que, com a projeção de crescimento econômico atual, o Brasil só poderia alcançar a meta dos 6% em 2064.
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Posted: 20 Feb 2019 01:15 PM PST
Participantes da sessão de 2016 do Fórum Permanente das Nações Unidas para Questões Indígenas. Foto: ONU
Todas as línguas maternas merecem ser conhecidas e reconhecidas, além de ter maior importância em todas as esferas da vida pública. A declaração foi feita pela diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Audrey Azoulay, para a ocasião do Dia Internacional da Língua Materna, lembrado em 21 de fevereiro.
“Porém, nem sempre é isso que acontece. As línguas maternas não têm necessariamente o status de línguas nacionais ou oficiais, ou mesmo o status de língua usada na instrução. Essa situação pode conduzir à desvalorização de uma língua materna e ao seu desaparecimento definitivo no longo prazo”, alertou Audrey.
“Neste 20º aniversário do Dia Internacional da Língua Materna, nós devemos lembrar que todas as línguas maternas são importantes e que todas elas são essenciais para construir a paz e apoiar o desenvolvimento sustentável.”
Para a chefe da UNESCO, uma língua materna é fundamental para a alfabetização, porque facilita a aquisição de habilidades básicas de leitura e escrita, assim como para o aprendizado básico de matemática, durante os primeiros anos escolares.
Essas habilidades fornecem os fundamentos para o desenvolvimento pessoal, disse. “Uma língua materna também é uma expressão única da diversidade criativa e da identidade, bem como uma fonte de conhecimento e inovação”, declarou. “Ainda há muito para ser feito. As línguas maternas dos estudantes raramente são a língua usada na instrução durante os primeiros anos escolares”.
De acordo com a UNESCO, quase 40% das pessoas em todo o mundo não têm acesso à educação em uma língua que elas falem ou entendam. Essa situação persiste, apesar de estudos que mostram que o domínio de uma língua materna facilita a aprendizagem geral e a aprendizagem de outras línguas.
Os povos indígenas sempre demonstraram seu desejo por uma educação em suas próprias línguas, como ficou estabelecido na Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas. Como 2019 é o Ano Internacional das Línguas Indígenas, o tema do Dia Internacional da Língua Materna deste ano será o das línguas indígenas como um fator do desenvolvimento, da paz e da reconciliação.
Atualmente, cerca de 370 milhões de pessoas fazem parte de povos indígenas, e suas línguas correspondem à maioria das aproximadamente 7 mil línguas vivas que existem no planeta. Muitos povos indígenas continuam sofrendo com a marginalização, a discriminação e a pobreza extrema, e também são vítimas de violações aos direitos humanos.
À luz do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 4 e do objetivo de não deixar ninguém para trás, é essencial que os povos indígenas tenham acesso à educação em suas próprias línguas, salientou a chefe da UNESCO.
“Assim, neste Dia Internacional da Língua Materna, eu convido todos os Estados-membros da UNESCO, nossos parceiros e as partes interessadas no campo da educação a reconhecerem e a fazerem valer os direitos dos povos indígenas”, concluiu.
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