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segunda-feira, 19 de março de 2018

Boletim diário da ONU Brasil: “ARTIGO: Uma chance para a esperança” e 1 outros.

Boletim diário da ONU Brasil: “ARTIGO: Uma chance para a esperança” e 1 outros.

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Posted: 09 Mar 2018 02:35 PM PST
Seca na Etiópia em 2015 foi a pior em 30 anos, levando o país a uma crise alimentar que deixou milhares passando fome. Foto: UNICEF Etiópia / Tanya Bindra
Seca na Etiópia em 2015 foi a pior em 30 anos, levando o país a uma crise alimentar que deixou milhares passando fome. Foto: UNICEF Etiópia / Tanya Bindra
Por José Graziano da Silva, diretor-geral da FAO*
Em 2016, depois de mais de uma década de sucessivos recuos que reduziram a população subalimentada do planeta, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) constatou uma inflexão ascendente.
No seu último relatório “O Estado da Segurança Alimentar e a Nutrição no Mundo”, a FAO contabilizou um acréscimo de quase 40 milhões de vidas capturadas pela engrenagem da fome, elevando-se o total global de 777 milhões (em 2015) para 815 milhões de pessoas (em 2016).
O rebote da fome no mundo não pode ficar sem resposta e a hora de construí-la não admite protelações. Esse jogo não terminou.
Ele está sendo jogado nesse momento em vários pontos do planeta, com resultados que se alteram a cada minuto. O saldo traduz o ocaso de milhões de vidas humanas.
A omissão diante de um retrocesso ainda reversível, a um custo ainda irrisório, seria descabida em qualquer circunstância.
Mais ainda agora, quando finalmente avolumam sinais de uma retomada econômica global.
A experiência ensina que um ciclo de alta da economia facilita, mas não corrige sozinho as perdas e danos da etapa negativa que o precedeu.
A qualificação do crescimento em desenvolvimento para toda a sociedade persiste como um apanágio das políticas públicas e da ação coordenada de instituições voltadas à cooperação internacional.
No entanto, o que se passa hoje é mais complicado do que simplesmente resgatar o que se perdeu.
A retomada em curso talvez não produza um novo e abrangente ciclo de expansão do emprego associado a vagas de qualidade, com ganhos reais de poder de compra por um longo período.
Ao declínio do emprego na década crítica iniciada em 2008, soma-se agora um inédito degrau de automação trazido pela quarta revolução industrial.
O conjunto maximizará a produtividade, mas também o desafio histórico de redistribuir a riqueza por ela gerada.
É nessa fronteira de múltiplas encruzilhadas que a FAO constrói um repto à inquietante recidiva da fome na atualidade.
Um bilhão de dólares em contribuições internacionais pode salvar 30 milhões de vidas em 26 países e reverter o núcleo duro da insegurança alimentar em nosso tempo. O apelo encerra múltiplas dimensões.
Se a cooperação internacional não for capaz disso, que chance terá a meta do desenvolvimento sustentável na equação do clima no século XXI, como previsto no Acordo de Paris? Que espaço restará à meta daí inseparável de zerar a fome e a pobreza extrema nos próximos doze anos, com base em novos padrões produtivos previstos nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável?
A agenda da FAO em 2018 está integralmente centrada na construção cooperativa das respostas a essas perguntas, que vão selar o destino do século XXI.
Não se trata apenas de acudir a emergência. As causas da fome precisam ser compreendidas para que se possa agir com a rapidez necessária no presente e prevenir réplicas no futuro.
A fome no século XXI deixou de ser um alvo estático. Há tempos não se traduz a fome por escassez de alimento, como foi até meados do século XX. Tampouco a insegurança alimentar atual decorre apenas das dificuldades de acesso dos pobres à abundância conquistada.
Guerras fratricidas, desequilíbrios climáticos recorrentes, vulnerabilidade agrícola e derivas populacionais combinam-se hoje em diferentes pontos do planeta para impulsionar a regressão detectada pela FAO em 2016.
Infelizmente, os dados preliminares que a FAO está coletando para 2017 apontam para um novo crescimento do número de pessoas com fome no mundo.
Conflitos intermináveis no Iraque, Sudão do Sul, na Síria e no Iêmen, assim como a escalada da violência na República Centro-Africana, no Congo e em Mianmar, tornaram evidente a correlação entre a ausência da paz e o desmanche de sistemas alimentares, com impactos irreversíveis na vida das populações locais e de seus meios de subsistência.
Consequências semelhantes acarretam acidentes climáticos extremos cada vez mais frequentes. Os furacões no Caribe, ou as secas devastadoras na África, mostram que o custo do desequilíbrio ambiental já está sendo pago pelos mais pobres.
Os recursos que a FAO busca junto à cooperação internacional tem o aval de uma bem-sucedida experiência em acudir e semear a resiliência justamente no flanco mais sensível à instabilidade formado pelas comunidades rurais.
Na Nigéria, Somália, Sudão do Sul e Iêmen, mais de 6 milhões de famílias receberam sementes, equipamentos, fertilizantes e capacitação para plantar e colher mesmo em condições adversas.
Outros 2 milhões de agricultores em situação de extrema vulnerabilidade tiveram acesso a recursos financeiros para evitar a venda de suas terras e animais, o que tornaria impossível a sua regeneração produtiva.
Parcerias com a FAO garantiram a vacinação de mais de 43 milhões de cabeças de bovinos e caprinos nesses países, além do abastecimento de água perene, sem o qual seria impraticável dar resiliência à economia comunitária.
A FAO tem experiências, estruturas e vínculos locais para dobrar a aposta nessas iniciativas e converter o repto em um duplo ganho.
De um lado, redimir a segurança alimentar de milhões de seres humanos elevando sua capacidade de produzir em sintonia com a natureza; de outro, provar a nós mesmos que o futuro sustentável continua a ser o nome da esperança no século XXI.
*Artigo publicado originalmente no jornal Valor Econômico em 6 de março de 2018
 
Posted: 09 Mar 2018 01:26 PM PST
Criança no campo Tesreen, em Alepo. Foto: OCHA / Josephine Guerrero
Criança no campo Tesreen, em Alepo. Foto: OCHA / Josephine Guerrero
No mês em que a guerra na Síria completa sete anos, o alto-comissário das Nações Unidas para Refugiados, Filippo Grandi, afirmou nesta sexta-feira (9) que “o contínuo sofrimento dos civis marca um grande fracasso político”. Os confrontos armados forçaram 5,6 milhões de pessoas a deixar o país em busca de segurança. Outras 500 mil tiveram de abandonar suas casas e vivem como deslocadas forçadas dentro do território sírio.
“Para o bem das pessoas ainda vivas, é hora de acabar com este conflito devastador. Não há vencedores claros nesta busca sem sentido por uma solução militar. Mas os perdedores são fáceis de ver — eles são o povo da Síria”, criticou o dirigente, que descreveu a destruição deixada pela guerra como “um enorme rastro de tragédia”.
As condições de vida dos civis dentro da Síria são piores do que nunca, com 69% da população vivendo na pobreza extrema. O número de famílias que gastam mais da metade da sua renda anual com comida aumentou para 90%. Os preços dos alimentos são, em média, oito vezes mais altos do que os níveis anteriores à crise.
Segundo a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), cerca de 5,6 milhões de pessoas vivem em péssimas condições no que diz respeito a segurança, necessidades e direitos básicos. Todas elas precisam de assistência humanitária urgente.

Bombardeios impedem entrega de ajuda da ONU

O ACNUR e seus parceiros humanitários têm empreendido esforços para levar ajuda à população, mas as pessoas em zonas sob cerco ou de difícil acesso continuam sem receber a assistência de que necessitam devido a barreiras políticas e militares.
No dia 5 de março, um comboio chegou a Duma, na Ghouta Oriental. Contudo, bombardeios em curso forçaram caminhões a deixar o local antes que metade dos alimentos tivesse sido descarregada. Tentativas de retorno não foram bem-sucedidas.
“Mesmo durante uma guerra, existem regras que todos os lados devem respeitar. Na Síria, até mesmo a opção de fugir das áreas de conflito para locais mais seguros em outras partes do país está diminuindo. O acesso humanitário aos que precisam de ajuda deve ser garantido. É preciso assegurar o direito de buscar refúgio e a infraestrutura, como hospitais e escolas, deve ser protegida a todo custo”, disse Grandi.
Para os milhões de sírios vivendo na Turquia, no Líbano, na Jordânia, no Egito e no Iraque, o sonho do retorno para a terra natal ainda é uma realidade distante. “Com conflitos ainda violentos em partes da Síria, os refugiados estão muito assustados para retornar”, acrescentou o alto-comissário.
Na avaliação do ACNUR, a segurança precisa melhorar consideravelmente antes que os retornos possam de fato acontecer.

Pobreza e refúgio

A maioria dos refugiados sírios em países vizinhos vive abaixo da linha da pobreza. Mais de três quartos dos refugiados nas áreas urbanas da Jordânia e do Líbano são incapazes de suprir suas necessidades básicas de alimentação, moradia, saúde e educação.
A proporção de crianças refugiadas na escola aumentou nos últimos anos. No entanto, 43% do 1,7 milhão de refugiados sírios em idade escolar não frequentam um centro de ensino. Os sistemas nacionais de educação pública nos países de acolhimento estão tendo de criar segundos turnos para acomodar estudantes sírios e precisam de mais apoio.
“Embora o foco esteja na devastação dentro da Síria, não devemos esquecer do impacto nas comunidades de acolhimento nos países vizinhos e do efeito que tantos anos de exílio têm sobre os refugiados”, ressaltou Grandi. “Enquanto não houver uma solução política para o conflito, a comunidade internacional deve intensificar seu investimento nos países de acolhimento.”
O alto-comissário frisou que a próxima Conferência Internacional sobre Apoio ao Futuro da Síria e da Região, prevista para acontecer em Bruxelas nos dias 24 e 25 de abril, deve resultar em promessas firmes de auxílio financeiro e assistência para o desenvolvimento.
Ao longo dos anos, as contribuições dos doadores têm sido generosas, mas são necessários mais recursos. Em dezembro do ano passado, as agências da ONU e cerca de 270 ONGs lançaram o Plano Regional de Refugiados e Resiliência de 2018, uma estratégia de 4,4 bilhões de dólares destinada a ajudar tanto os refugiados quanto os membros das comunidades que os acolhem. Em 2017, a resposta internacional recebeu apenas metade do financiamento necessário.
O alto-comissário esteve nesta sexta-feira no Líbano, onde passou três dias se reunindo com funcionários do governo e com alguns dos quase 1 milhão de refugiados sírios registrados que vivem no país.
O dirigente elogiou a generosidade do país em acolher quase o mesmo número de sírios que todo o continente europeu, mas fez um alerta em relação ao apoio internacional inadequado, um problema responsável por aumentar a vulnerabilidade entre os refugiados e as comunidades onde vivem.
 
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