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O comediante esquerdista Gregorio Duvivier resolveu usar o Twitter para questionar e desafiar Bolsonaro a ser bem recepcionado na Bahia.
“O Jair Bolsonaro ta chegando na Bahia. Diz que ama o povo nordestino mas duvido que faça algum evento público. Diz que ama mas sabe bem que não é correspondido. Não acredita no Datafolha? Prove sua popularidade na rua dando um passeio entre os “paraíba”. Duvido”
Eis que Bolsonaro respondeu com a ajuda da população de Vitória da Conquista, na Bahia, onde foi muito bem recebido por uma multidão.
O ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro gesticula durante audiência na Comissão de Constituição e Justiça do Senado em Brasília, 19 de junho de 2019 - AFP/Arquivos
23/07/19
A Polícia Federal abriu Operação Spoofing nesta terça-feira, 23, contra um hacker que invadiu o celular do ministro da Justiça, Sérgio Moro. A ação foi determinada pelo juiz da 10ª Vara Federal de Brasília, Vallisney de Souza Oliveira.
A PF cumpre quatro mandados de prisão temporária e sete de busca e apreensão em São Paulo, em Araraquara e Ribeirão Preto.
“As investigações seguem para que sejam apuradas todas as circunstâncias dos crimes praticados”, informou a PF.
Spoofing é um tipo de falsificação tecnológica que procura enganar uma rede ou uma pessoa fazendo-a acreditar que a fonte de uma informação é confiável quando, na realidade, não é. A operação mira uma ‘organização criminosa que praticava crimes cibernéticos’.
Moro teve o aparelho desativado em 4 de junho, após perceber que um dia antes ele havia sido alvo de ataque virtual. O celular do ministro foi invadido por volta das 18h da terça-feira, 4. Ele só percebeu após receber três telefonemas do seu próprio número. O ex-juiz, então, acionou investigadores da Polícia Federal, informando da suspeita de clonagem.
O celular do ministro foi invadido por volta das 18h do dia 4. Ele só percebeu após receber um telefonema do seu próprio número. Ao atender, a ligação ficou muda. O ex-juiz, então, acionou investigadores da Polícia Federal que ficam a sua disposição, informando da suspeita de clonagem. O último acesso de Moro ao aparelho foi registrado no WhatsApp às 18h23 daquele dia.
À época dos fatos, Edison Lobão ocupava o cargo de Ministro de Estado de Minas Energia — Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
O ex-ministro Edison Lobão (MDB), o filho Márcio Lobão e a nora Marta Lobão se tornaram réus na Operação Lava Jato por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia trata de corrupção e pagamentos ilícitos, entre 2011 e 2014, no valor de R$ 2,8 milhões, por intermédio da Odebrecht.
À época dos fatos, Edison Lobão ocupava o cargo de Ministro de Estado de Minas Energia. Três ex-executivos da empreiteira também viraram réus por corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
Em nota, a defesa do ex-ministro e ex-senador "é mais uma, dentre tantas, que se lastreia unicamente nas palavras dos delatores". Veja, mais abaixo, a íntegra. O G1 tenta contato com a defesa dos demais citados.
O esquema de corrupção, conforme a força-tarefa, envolve o contrato de construção da Usina de Belo Monte, no Pará. A denúncia do Ministério Público Federal (MPF) foi aceita pela juíza substituta da 13ª Vara da Justiça Federal em Curitiba Gabriela Hardt.
A Justiça também determinou o arresto e o sequestro de R$ 7,8 milhões em bens e ativos financeiros em nome dos três réus.
Segundo a denúncia, a propina para o ex-ministro e para o filho foi repassada pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, em cinco entregas no escritório de advocacia que a nora mantinha com a família.
Nos sistemas de contabilidade paralela da empreiteira, Edison Lobão era identificado como "Esquálido", informou a força-tarefa.
O MPF diz ter colhido provas desses sistemas e que há recibos de entregas apreendidos em uma transportadora de valores ilícitos que prestava serviços para a Odebrecht.
O que dizem os citados
Nota de Edison Lobão na íntegra:
"A denúncia é mais uma, dentre tantas, que se lastreia unicamente nas palavras dos delatores. Nada mais. Ao longo dos últimos meses esta estratégia da força tarefa de usar a palavra dos delatores para escrever uma história da operação Lava Jato está sendo desmoralizada pelos fatos que estão vindo à tona Inclusive, um dos subscritores dessa denúncia hoje está em xeque.
A defesa confia no juiz titular da 13ª Vara de Curitiba e tem certeza da sua imparcialidade. É o que basta para enfrentar uma acusação sem nada concreto, a não ser a palavra de delatores."
A Polícia Federal cumpriu nesta terça-feira (23) quatro mandados de prisão temporária e sete de busca e apreensão cujos alvos são suspeitos de envolvimento na invasão de celulares do ministro Sergio Moro(Justiça). As prisões e buscas são de supostos hackers ou de pessoas que teriam atuado em conjunto com eles.
De acordo com a PF, os mandados foram executados nas cidades de São Paulo, Araraquara e Ribeirão Preto. A autorização para as buscas e prisões foi dada pelo juiz Vallisney de Oliveira, da 10ª Vara da Justiça Federal, em Brasília.
O operação foi batizada de Spoofing ("falsificação tecnológica que procura enganar uma rede ou uma pessoa fazendo-a acreditar que a fonte de uma informação é confiável quando, na realidade, não é", segundo a definição da Polícia Federal). O objetivo, informou a PF, é "desarticular organização criminosa que praticava crimes cibernéticos".
No caso de Moro, os investigadores trabalham com a hipótese de uma ação orquestrada. Há a suspeita de que a invasão do celular do ministro tenha sido planejada.
Os investigadores estão colhendo indícios sobre a autoria, sobre quem teve acesso de forma ilegal a conversas privadas do ministro e sobre o método utilizado pelos hackers.
Nota da PF
Leia abaixo a íntegra de nota divulgada pela Polícia Federal:
Brasília/DF – A Polícia Federal deflagrou, na manhã de hoje (23/07), a Operação spoofing com o objetivo de desarticular organização criminosa que praticava crimes cibernéticos.
Foram cumpridas onze ordens judiciais, sendo sete Mandados de Busca e Apreensão e quatro Mandados de Prisão Temporária, nas cidades de São Paulo/SP, Araraquara/SP e Ribeirão Preto/SP.
As investigações seguem para que sejam apuradas todas as circunstâncias dos crimes praticados.
As informações se restringem às divulgadas na presente nota.
Spoofing é um tipo de falsificação tecnológica que procura enganar uma rede ou uma pessoa fazendo-a acreditar que a fonte de uma informação é confiável quando, na realidade, não é.
“Eu amo o Nordeste, afinal de contas, a minha filha tem em suas veias, sangue de cabra da peste”, afirmou o presidente Jair Bolsonaro
Em disputa política com a oposição no Nordeste, o presidente Jair Bolsonaro cedeu nesta terça-feira, 23, espaço privilegiado ao prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), maior adversário político do PT na região, durante inauguração do Aeroporto Glauber Rocha, no interior da Bahia. Bolsonaro sinalizou que deseja, um dia, que ACM Neto ocupe a Presidência da República.
“Conheci o velho ACM (o ex-governador e ex-senador Antonio Carlos Magalhães) no final dos anos 80, quando eu era vereador no Rio de Janeiro. Homem forte, combativo, leal e preocupado com seu povo da Bahia, deixou bons frutos. Lá na frente, se Deus quiser, você (ACM Neto) ocupará um dia a honrosa cadeira que ocupo”, discursou Bolsonaro a uma plateia de empresários e políticos locais.
ACM Neto dividiu o palco com a comitiva presidencial, ao lado de Bolsonaro, e discursou sobre a inauguração do aeroporto para convidados e para populares, em dois palanques separados. Foi anunciado à população, pelo presidente, como um “amigo”. Disse que o povo baiano é generoso e que a obra não tem dono político.
“Vejo, presidente, nos últimos dias, instaurar-se uma polêmica absolutamente desnecessária. Quero parabenizar a postura do senhor, que disse claramente que essa obra não é do político A ou do político B, do partido A ou do partido B. Essa obra é do povo”, afirmou ACM Neto, dizendo que os baianos são têm “independência”.
“O povo baiano lhe recebe com muita emoção. Estamos realizando um sonho em Vitória da Conquista. Eu participei do início da mobilização pela construção desse aeroporto, era deputado federal, e na época colega do presidente Jair Bolsonaro.”
Presidente nacional do DEM, partido que tem três ministros na equipe do governo federal, ele é tido como futuro candidato ao governo da Bahia, na sucessão de Rui Costa (PT), atual governador, que se recusou a participar da cerimônia desta terça
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, disse que “há carinho com o Nordeste” no governo e prometeu inaugurar em novembro obras no Aeroporto de Salvador.
Polêmica
A inauguração do aeroporto acontece em meio à tensão entre Bolsonaro e governadores da região Nordeste. Na sexta-feira passada, dia 19, em áudio captado pela TV Brasil, Bolsonaro faz referência à região e diz que o governo federal não devia dar “nada” para o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). Também chamou nordestinos de “paraíbas”, termo jocoso muito usado no Rio em referência ao povo do Nordeste.
Bolsonaro fez, então uma declaração afirmando que ama o Nordeste. “Eu amo o Nordeste, afinal de contas, a minha filha tem em suas veias, sangue de cabra da peste. Cabra da peste de Crateús, o nosso estado aqui, mais pra cima, o nosso Ceará. Quem é nordestino aqui levanta o braço. Quem concorda com o presidente Jair Bolsonaro levanta o braço. Estamos juntos ou não estamos?”, declarou.
O apresentador Jô Soares é um dos nomes mais queridos da televisão brasileira. Afastado da telinha desde que saiu da Globo, o humorista surpreendeu seus fãs quando, nesta segunda-feira, 22 de julho, enviou uma carta aberta ao presidente da república, Jair Bolsonaro. O texto foi publicado pelo jornal Folha de São Paulo, onde Jô tem uma famosa coluna.
Em um texto bastante humorado e irônico, Jô Soares criticou o fato do presidente querer nomear o próprio filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, como embaixador do Brasil nos Estados Unidos. De acordo com Jair, seu filho tem todos os requisitos necessários para ser embaixador. Entre eles, Eduardo falaria inglês e já “fritou hambúrguer” na terra de Donald Trump.
Jô, que é poliglota, fez um texto que reúne partes das sentenças em português e outras partes em francês. A brincadeira foi realizada porque, diferente do que Bolsonaro disse, a língua usada por embaixadores não necessariamente é o inglês. A língua universal para esse tipo de cargo, na verdade, é o francês, ainda que atualmente a maioria dos embaixadores também fale inglês. “Se já temos um ex-presidente FHC, porque não um embaixador do KFC?”, disse o comediante.
Jô Soares citou ainda em seu texto o ditador Jacinto B. Peynado, que nomeou o filho de quatro anos para o cargo de coronel do Exército dominicano. Na sequência, o ex-apresentador da Rede Globo, sugeriu que Eduardo fizesse uma pós-graduação em “cheesburguer”, já que ele tem experiência em fritar hambúrguer.
Vale lembrar que, apesar do fato de “fritar hambúrguer” ter repercutido, a lanchonete que Eduardo diz ter trabalhado, na verdade, não oferece esse tipo de alimento em seu cardápio.
Na manhã desta terça (23), Bolsonaro e Rui Costa (PT) chegaram a trocar acusações sobre a segurança do evento
Foto: Divulgação
Sob aplausos, gritos de 'mito' e sem contar com a presença do governador da Bahia, Rui Costa (PT), o presidente Jair Bolsonaro (PSL) desembarcou nesta terça-feira (23), em Vitória da Conquista (BA), para realizar a inauguração do Aeroporto Glauber Rocha. Um forte esquema de segurança foi montado pelo Exército. Somente pessoas previamente cadastradas tiveram acesso ao evento. O presidente não esteve nas ruas do município.
A viagem ocorreu mesmo após o governador petista anunciar que não participaria do evento do terminal porque a solenidade ficou restrita a poucos convidados, "como se fosse uma convenção político-partidária".
Acompanharam o presidente na cerimônia, os ministros General Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional e Tarcísio Gomes da Costa, de Infraestrutura. Os prefeitos de Salvador, ACM Neto (DEM), e de Vitória da Conquista, Hérzem Gusmão (MDB), também participaram do evento.
Além de Rui Costa, o presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, Nelson Leal (PP), também informou que não participaria do evento no Aeroporto Glauber Rocha, em solidariedade à decisão do governador. A filha do cineasta baiano que dá nome ao novo terminal, Paloma Rocha, também se recusou a ir à solenidade.
Rui Costa disse que o presidente preparou um evento de inauguração "exclusivamente federal" sem a presença do "povo baiano"
Por Da redação
Governador da Bahia, Rui Costa (PT) (Manu Dias/Governo da Bahia/Flickr)
O governador da Bahia, Rui Costa (PT), afirmou nesta terça-feira que não colocou a Polícia Militar à disposição do presidente Jair Bolsonaro no evento de inauguração do aeroporto de Vitória da Conquista (BA), porque, segundo ele, o Planalto organizou uma cerimônia “exclusivamente federal” com restrição à presença do “povo baiano”.
“Eu não posso colocar a Polícia Militar para espancar o povo baiano que quer conhecer aeroporto, então quem é impopular e tem medo de ir para as ruas, fica em seu gabinete. Se o evento é exclusivamente federal, as forças federais que cuidem da segurança do presidente. Não posso botar a PM pra entrar em conflito com pessoas que querem ver o aeroporto”, disse o governador em entrevista à Rádio Metrópole, de Salvador, nesta terça. Costa se referia à colocação de tapumes ao redor do aeroporto para restringir o acesso do público.
Na manhã desta terça, o presidente se queixou no Twitter da ausência da PM baiana em sua escolta. “Lamentável a decisão do governador da Bahia que não autorizou a presença da Polícia Militar para a nossa segurança”, escreveu ele.
O conflito do presidente com governadores do Nordeste, cuja maioria é filiada a partidos da oposição, chegou ao ápice na última sexta-feira, quando vazou o áudio de uma conversa do presidente usando a expressão “de Paraíba” para se referir a governadores nordestinos.
A presença de Rui Costa na cerimônia estava confirmada, mas ele decidiu não comparecer.O petista acusou o governo Bolsonaro de fazer uma inauguração “restrita a poucas pessoas, escolhidas a dedo, como se fosse uma convenção político-partidiária”.
O aeroporto Glauber Rocha – batizado em homenagem ao cineasta natural de Vitória da Conquista, responsável por longas premiados como Deus e o Diabo na Terra do Sol, Terra em Transe e O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro – custou cerca de 145 milhões de reais em recursos do governo federal e estadual, com financiamento federal concluído na gestão presidencial anterior, de Michel Temer.
A Zona Franca de Manaus, um dos polos industriais brasileiros, tem como seu novo presidente do Conselho Administrativo o ministro Paulo Guedes.
A portaria foi publicada no decreto 9.912, do dia 10 de julho, e já era algo previsto pelas regras da autarquia, que estabelecem que o presidente do Conselho Administrativo da Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus) deverá ser o titular do ministério ao qual a superintendência está subordinada.
A Zona Franca conta hoje com cerca de 600 indústrias, e entre os produtos produzidos lá destacam-se televisores, informática, motocicletas, aparelhos celulares e refrigerantes.
Paulo Guedes, no entanto, é um ferrenho opositor desde tipo de política.
Michel Temer é um homem com tempo. Quase oito meses depois de deixar a Presidência da República, ele está em dia com os principais lançamentos da plataforma Netflix: assistiu às minisséries Olhos que Condenam ("O Trump deveria pedir desculpas aos negros", comenta) e Guerras Brasileiras ("Faltou incluir a Revolução Constitucionalista nos episódios", nota), além de Os Últimos Czares.
Temer passa seus dias entre o escritório de advocacia e a casa, onde mora com a mulher Marcela e o filho Michelzinho, de 10 anos. Ocupa-se também da própria defesa - é réu em seis processos e chegou a ser preso em março e depois em maio, em um caso comandado pelo juiz Marcelo Bretas, responsável pelo braço carioca da Operação Lava Jato. E, por fim, dedica-se a seu novo projeto, um romance que qualifica como "uma ficção da minha biografia".
"Romance é uma coisa assim, é um trabalho, você escreve, de repente você volta, rasga aquilo, escreve, reescreve", explicou Temer em entrevista à BBC News Brasil em seu escritório em São Paulo, na última quinta-feira.
Na conversa, Temer repassa pontos de seu governo, que chama de "reformista", e elogia o atual presidente Jair Bolsonaro (PSL) por dar "continuidade" a seu programa, o que inclui a aprovação da Reforma da Previdência e a proposta de uma reforma tributária.
"Eu me recordo, quando presidente da República, eu dizia: 'olha, será bem sucedido o presidente que der sequência àquilo que estou fazendo'. Do jeito que as coisas vão indo, o governo vai bem, porque está dando sequência ao nosso governo", disse.
O político do MDB comenta ainda seus dias atrás das grades, a prisão e o ostracismo dos antigos companheiros políticos, as conversas atribuídas ao ex-juiz federal Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol e a conversa que teve com o empresário Joesley Batista, cuja divulgação detonou a maior crise política de seu governo e quase o derrubou.
Com as mãos sobre uma cópia da Constituição, que fez questão de colocar em cima da mesa, ele se compara ao protagonista da série americana Designated Survivor, em que um secretário de governo é alçado à Presidência depois da morte do presidente e de todo o resto do gabinete.
"É a história de um sujeito que assume em um impasse. Eu assisti naquela época (do impeachment). Eu me via muito na figura dele, sabia? Porque ele assumiu meio acidentalmente, né (risos)?", afirmou.
A seguir, os principais trechos da entrevista.
BBC News Brasil - Como o senhor avalia o governo Bolsonaro?
Michel Temer - Você sabe que eu acabo avaliando até positivamente... Por uma razão, digamos, singela, e que vem muito ao encontro daquilo que eu penso. Eu me recordo, quando presidente da República, eu dizia: "olha, será bem sucedido o presidente que der sequência àquilo que estou fazendo". Do jeito que as coisas vão indo, o governo vai bem, porque está dando sequência ao nosso governo.
E veja, eu posso dar aqui vários exemplos. Por exemplo, a questão da Previdência Social. A Previdência Social só foi aprovada agora porque na verdade, durante dois anos, eu fiz um debate intensíssimo sobre a Previdência Social e agora acabou sendo aprovada em primeiro turno. Suponho que será aprovada em segundo turno, é importante, fundamental para o país.
No passado houve muita resistência, mas esta resistência foi vencida pela campanha que nós fizemos ao longo do tempo.
BBC News Brasil - O senhor acha que essa vitória da Previdência é mais sua do que de Bolsonaro?
Temer - Não... Sabe o que é, nós temos muito no Brasil essa concepção política equivocada que é tentar sempre destruir o governo anterior. Eu não faço isso em relação a nenhum governo.
Agora, o meu teve esse mérito de colocar a Previdência, como de colocar outras reformas. Reformas fundamentais para o país, como a reforma trabalhista, a reforma do Ensino Médio, a recuperação das estatais...
Convenhamos, a inflação tinha dois dígitos, veio para menos. Quando terminei o governo, tava em 3,75%, portanto abaixo da média. Os juros, que estavam em 14,25%, vieram para 6,5%, o meio ambiente.
Eu dou o exemplo aqui da União Europeia e Mercosul... Como se chegou a isso? Praticamente não deu tempo, digamos assim, no meu governo, de fechar este acordo, mas ele concluiu-se nesse governo. Então, eu digo: o governo Bolsonaro não saiu da linha pré-traçada no meu. E por isso, digamos assim, eu posso falar positivamente em relação ao governo que ele está fazendo.
BBC News Brasil - O senhor tem essa visão construtiva sobre os governos anteriores ao seu, do PT?
Temer - Tenho. Eu digo com toda a franqueza, o governo Lula fez, digamos assim, que os mais pobres, que eram praticamente invisíveis, se tornassem visíveis - por meio do Bolsa Família, depois, com a presidente Dilma, com o Minha Casa Minha Vida. Que na verdade, são meros cumprimentos do que estabelece a Constituição Federal.
BBC News Brasil - O senhor assumiu afirmando que seu governo seria o governo do diálogo. Seu sucessor tem um estilo diferente disso. Como o senhor avalia o estilo do presidente?
Temer - Aí cada um tem seu estilo... O meu é conciliador, de agregação.
Quando eu assumi a Presidência, o que que eu disse? Quem é que governa no país? É o Executivo com o Legislativo. Porque se você não tiver apoio do Legislativo, você não consegue governar.
Veja que no caso da Previdência Social, quem acabou tomando as rédeas foi o próprio presidente da Câmara (o deputado federal Rodrigo Maia). E o que eu fiz? Logo que cheguei, eu até rotulava o meu governo como semipresidencialista, porque eu chamei o Congresso Nacional para trabalhar comigo. E por isso que nós conseguimos essas reformas todas.
BBC News Brasil - Como vê a atuação de Rodrigo Maia?
Temer - Ele colabora muito. E colaborou muito comigo.
BBC News Brasil - O senhor acha que o modelo semipresidencialista está instaurado de fato no Brasil?
Temer - Os fatos estão determinando que o Congresso cada vez tenha mais presença executiva, e não apenas legislativa.
Qual é a vantagem do semipresidencialismo? A primeira é que o Legislativo passa a ser um responsável pela execução: você pode apontar o dedo para o Legislativo e dizer, você é responsável pela execução, não é só o presidente. A segunda é evitar os traumas institucionais.
Eu vivi isso, vocês sabem, quando assumi a Presidência da República, era logo chamado de golpista, aquela confusão. Fruto do quê? De um presidencialismo que, a todo momento que há um impedimento, gera um trauma institucional.
Agora, convenhamos, essa questão do presidente Bolsonaro... é interessante, digamos, há falas que muitas vezes se contradizem. Porque ele diz que o povo precisa disso, precisa daquilo, que o Congresso tem que acompanhar o que o povo quer... Mas na verdade, ele lança palavras elogiosas ao Rodrigo, ele vai lá ao Congresso, diz que tudo depende do Congresso...
BBC News Brasil - Enquanto isso, o filho dele tuíta contra o Rodrigo Maia...
Temer - É o filho dele, né, não é ele...
O primeiro ponto é o seguinte, os três filhos dele são políticos. Por mais que sejam filhos dele, quando se manifestam também se manifestam em função do cargo de senador, deputado federal, vereador... Agora, há uma realidade, que é a realidade de comunicação nos dias atuais, que é a rede social. E eles realmente, não sei se criam problemas para o pai, porque eu nunca vi o pai, o presidente Bolsonaro, criticar o filho... Dizer: "Olha, não faça isso". Pelo contrário, ele enaltece a atividade dos filhos. Aqui volto a dizer, cada um tem seu estilo.
BBC News Brasil - Como vê os baixos índices de aprovação do governo Bolsonaro?
Temer - É decepção, né... É natural essa decepção. Toda vez que alguém chega ao governo, chega dando muita esperança, as pessoas esperam muito. A gente não pode pautar-se apenas pela popularidade, e convenhamos, falando de mim, se fosse pautar-me pela minha popularidade, eu não teria feito as reformas que o país precisa.
A questão da popularidade não significa que o governo está bem ou está mal. O governo precisa agir, ir pra frente.
BBC News Brasil - O senhor acha que aproveitou bem a sua impopularidade?
Temer - Eu acho, com toda a franqueza, e com toda a imodéstia. É que às vezes as pessoas tendem, quando você está na presidência, a te desprezar. Mas interessante, eu tenho observado nos últimos tempos, onde eu vou, e mesmo notícias de jornais agora, que dizem: "Isso começou no governo Temer". Então estou vendo um reconhecimento. Ou seja, a história é mais importante do que o momento.
BBC News Brasil - Outra característica do governo Bolsonaro é a presença de militares, uma tendência que começou no seu mandato e que está sendo agora ampliada. Como vê essa expansão?
Temer - Eu não faço distinção nenhuma entre brasileiros ditos militares e brasileiros ditos civis. Essa coisa pegou muito aqui no Brasil por causa de 64 (1964, ano do golpe militar). Nos Estados Unidos não existe isso.
BBC News Brasil - Mas eles nunca viveram uma ditadura militar.
Temer - Pois é, exatamente. Eu nunca fiz essa distinção por uma razão singela. Os militares são muito preparados. Eu tive um apoio extraordinário dos militares.
BBC News Brasil - Como foram seus dias na prisão?
Temer - Desagradáveis. Mas vou contar a você, para ser presidente da República, primeiro você precisa ter uma vida interior muito acentuada. Se você não tiver, você se influencia pelo que as pessoas estão dizendo a seu lado. Eu sempre tive uma vida interior muito fértil, graças a Deus.
E essa vida interior me permitiu verificar aquela barbaridade que foi feita na primeira prisão. Eles poderiam perfeitamente ter ido à minha casa e dito: "Olhe, Michel Temer, nós estamos aqui com um mandado de prisão e queremos que nos acompanhe". Claro que eu acompanharia. Mas não, eles montaram de uma forma que pudesse fazer a prisão na rua, esperaram eu sair de casa.
Quando eu fui olhar a decisão, não é nem sentença, é um despacho preliminar, verifiquei que não havia sequer um processo formatado. É como se o juiz de Birigui dissesse: "Vamos mandar prender alguém? Vamos prender esse Michel Temer".
BBC News Brasil - O senhor se sente desrespeitado?
Temer - Um desrespeito brutal, fantástico, uma coisa jamais vista. Vocês sabem que logo depois que eu fui recebido na Polícia Federal, devo registrar que eles me trataram com uma dignidade extraordinária, até com um certo constrangimento. Alguns até tinham lido os meus livros, prestaram concurso com meus livros. Mas não digo que a história vai reconhecer, no dia seguinte, começaram a dizer nos jornais "isso é uma indignidade".
Com o espírito punitivista que tomou conta do país o esperado é logo dizer: "Delenda Temer". Quer dizer, bota ele na forca. E não aconteceu isso, ao contrário, houve uma reação contra aquilo que se deu.
BBC News Brasil - O senhor vê semelhanças entre o seu caso e o do ex-presidente Lula?
Temer - Eu não sei se o juiz do Rio de Janeiro (Bretas, que ordenou sua prisão) tem contato com os procuradores, como se diz que tinha o juiz Moro com os procuradores. Não sei dizer. Mas que havia um sentido punitivista, não temo dizer, com absoluta convicção.
BBC News Brasil - Esse contato entre Moro e Deltan seria impróprio?
Temer - A ser verdadeiros os diálogos que se verificaram, eu mais uma vez invoco a Constituição, não vou nem falar do juiz Moro. A função do juiz é ser imparte, ou seja, não parte interessada no litígio, daí a imparcialidade. Agora, se em vez de falar com o promotor, o procurador, (o juiz) tivesse falado com o advogado de defesa "faça isso, faça aquilo", seria impróprio também.
O Judiciário há de ser permanentemente imparcial. Eu sou de Tietê, no interior de São Paulo, no meu tempo de menino, o juiz tomava o cuidado de não falar com quase ninguém.
BBC News Brasil - O juiz então trocando mensagens...
Temer - Não pode. Eu acho que não pode.
BBC News Brasil - O senhor se arrepende de ter recebido Joesley Batista naquela conversa, naquelas condições? Como o senhor avalia a sua conduta?
Temer - Pois é, você sabe de uma coisa... Se eu disser que não me arrependo, a essa altura eu tenho que me arrepender, né?! Mas é que meu hábito era um hábito parlamentar, um hábito pessoal. Eu tinha cinco audiências marcadas na agenda. No fim do dia ia ver, eu tinha recebido 15 pessoas. Porque chegava o deputado, chegava o senador, chegava o empresário - o chefe de gabinete avisava, eu dizia: "pede pra esperar que eu atendo". E atendia.
Houve uma concepção equivocada que o presidente trabalha das 8 da manhã às 6 da tarde e depois vai embora. Não é assim, o presidente trabalha 24 horas por dia. Eu trabalhava até 23 horas, meia-noite. Recebi dezenas de empresários no Jaburu (Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente), o procurador-geral da República, aquele rapaz que ficou na procuradoria...
BBC News Brasil - O Janot (Rodrigo Janot, ex-procurador geral da República)?
Temer - O Janot. Recebi lá no Jaburu várias vezes, nos mais variados horários e muitas vezes sem agenda. Não mandava colocar na agenda. Não ia ficar toda hora, bota na agenda, tira da agenda.
BBC News Brasil - Mas receber sem registro na agenda é um erro, né, presidente?
Temer - Bom, mas deixa eu te falar, o que mais me caceteou foi que criou-se uma frase falsa, a frase não existe.
BBC News Brasil - O "tem que manter isso aí"?
Temer - Não, o "tem que manter isso aí" existe. Mas qual é a frase anterior que você conhece: "Estou dando dinheiro...".
BBC News Brasil - "Estou dando dinheiro ao Eduardo Cunha".
Temer - Veja a gravação de novo. Veja a degravação, não existe a frase. A frase que existe é a seguinte: "Olhe, eu sou amigo do Eduardo, o senhor sabe". Ele (Joesley) falava do deputado, né?
"Eu me dava bem com ele, estou de bem com ele". (nota da BBC News Brasil: na transcrição do diálogo, antes de Temer dizer "'Tem que manter isso aí", a última frase de Joesley Batista, na transcrição da Agência Brasil, foi "Que que eu mais ou menos dei conta de fazer até agora... Eu tô de bem com o Eduardo.")
Aí eu digo: "Mantenha isso, viu", mantenha a amizade. Eu (não) vou dizer "brigue com ele", percebe?
O que houve foi um equívoco muito grande, veja bem o que você acabou de dizer: "Tem que manter isso". Ao longo do tempo, acabou diluindo a ideia da frase anterior, tanto que você teve alguma dificuldade para se lembrar da frase anterior. Nos primeiros momentos, eram 18 horas por dia reproduzindo uma frase: "Estou dando dinheiro para fulano de tal para manter o silêncio dele".
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