Boletim diário da ONU Brasil: “Organizações de saúde precisam traduzir compromissos com igualdade de gênero em ações, diz relatório” e 11 outros.
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Posted: 08 Mar 2019 12:49 PM PST
Sede das Nações Unidas em Nova Iorque. Foto: ONU/Rick Bajornas
Lançado às vésperas do Dia Internacional da Mulher, 8 de março, um relatório sobre a igualdade de gênero em organismos internacionais da área de saúde pede que os compromissos de muitas instituições sejam traduzidos em ações concretas. A pesquisa, que avaliou agências da ONU, mostra que sete em cada dez organizações globais do setor já afirmaram publicamente estar engajadas com a paridade entre homens e mulheres — mas apenas metade possui, de fato, políticas para o tema.
De acordo com o levantamento Saúde Global 50/50, financiado pelo Fundo Wellcome, menos de um terço das 198 organizações avaliadas possui o mesmo número de mulheres e de homens no nível sênior de gestão. Em média, os homens têm 50% mais chances do que as mulheres de chegar a um cargo sênior, e 72% dos diretores-executivos das instituições analisadas são homens. Em dez organismos, não foi encontrada nenhuma mulher numa posição de nível sênior.
O relatório mostra ainda que apenas um quarto dos membros de conselhos diretores são mulheres. Segundo a pesquisa, homens têm duas vezes mais chances de chegarem a essas instâncias de decisão.
A pesquisa aponta que somente 32% das instituições divulgam em meio online as suas políticas para lidar com assédio sexual. Das quase 200 organizações analisadas, apenas 25 receberam as pontuações mais altas possíveis sobre os elementos que o relatório considera importantes para uma estratégia abrangente sobre esse tipo de violação.
As instituições analisadas incluem entidades de dez setores distintos de saúde, com sede em 28 países em todo o mundo. Juntos, esses organismos empregam cerca de 4,5 milhões de pessoas.
No ranking geral sobre a promoção da diversidade e da igualdade de gênero no ambiente de trabalho, a ONU Mulheres, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) foram classificados entre os 14 organismos com pontuações muito altas. Já o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) entrou na lista de outras 17 organizações com pontuação alta.
No entanto, o relatório salienta que, mesmo entre os organismos que têm bom desempenho, ainda há a necessidade urgente de as organizações cumprirem e aplicarem as suas políticas de igualdade, não discriminação e inclusão.
Em discurso no evento de lançamento do relatório, realizado na Etiópia, o diretor-executivo do UNAIDS, Michel Sidibé, afirmou que “é uma afronta que, em média, as mulheres ganhem 20% menos que os homens sem nenhuma razão além do gênero”.
“As mulheres continuam a ser deixadas para trás e são mais propensas a sofrer assédio, discriminação e progressão de carreira mais lenta”, disse o chefe do programa, que enfatizou que alcançar a igualdade de gênero é uma questão de justiça social.
Sidibé afirmou que o UNAIDS fez progressos na igualdade de gênero, mas reconheceu que há mais a ser feito. O dirigente disse que a instituição aumentou a proporção de diretores nacionais que são mulheres — de 26% em 2013 para 48% atualmente.
O chefe da instituição também lembrou a adoção de uma política única de licença parental e a expansão do Programa de Liderança do UNAIDS para todas as mulheres da organização. Essas medidas, segundo Sidibé, são exemplos de seu compromisso em alcançar a igualdade entre homens e mulheres.
A presidente da Etiópia, Sahle-Work Zewde, foi a oradora principal da cerimônia de divulgação do relatório e ressaltou a necessidade de promover a liderança feminina para implementar políticas e programas em igualdade de gênero. A etíope é a primeira mulher chefe de estado do seu país e atualmente a única mulher chefe de estado em toda a África.
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Posted: 08 Mar 2019 11:16 AM PST
Refugiados e migrantes venezuelanos atravessam a ponte Simon Bolívar rumo à Colômbia, um dos sete pontos de entrada legal da fronteira entre os dois países. Foto: ACNUR/Siegfried Modola
Uma equipe de direitos humanos das Nações Unidas dará início a uma visita oficial à Venezuela na segunda-feira a convite do governo, possivelmente abrindo caminho para uma missão oficial em Caracas conduzida pela alta-comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet.
Cinco membros da equipe irão viajar pelo país de 11 a 22 de março, afirmou nesta sexta-feira (8) o escritório de direitos humanos da ONU (ACNUDH), em meio a uma crise prolongada por conta de uma economia sem força, instabilidade política e violentas manifestações contra o governo.
O anúncio segue um convite inicial feito em novembro pelo presidente Nicolás Maduro à alta-comissária Bachelet. O convite foi reiterado pelo ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Jorge Arreaza, na atual sessão do Conselho de Direitos Humanos, em Genebra.
“Durante sua visita, a equipe irá buscar se encontrar com autoridades do governo, representantes da Assembleia Nacional, organizações da sociedade civil e vítimas de violações de direitos humanos”, afirmou o ACNUDH em comunicado. “A equipe irá visitar Caracas, assim como outras cidades em uma série de departamentos (estados) da Venezuela”.
“Prática padrão” antes de visita da alta-comissária
O Escritório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos acrescentou que o envio de uma equipe técnica é “prática padrão” antes de uma possível visita da alta-comissária.
Isto serve para garantir que Bachelet tenha “acesso irrestrito às pessoas e aos lugares que irá precisar visitar para conseguir ter um claro entendimento da situação de direitos humanos no país”, explicou o escritório em comunicado.
Centro do ACNUR é aberto na Colômbia para venezuelanos vulneráveis
Paralelamente, o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) anunciou nesta sexta-feira que inaugurou um centro de recepção na Colômbia para os venezuelanos mais vulneráveis que cruzam a fronteira.
Milhares de venezuelanos estão deixando o país todos os dias, e o porta-voz do ACNUR, Andrej Mahecic, disse que muitos deles passaram a viver nas ruas da Colômbia.
A nova instalação na cidade fronteiriça de Maicao, na região de La Guajira, possui espaço para 350 pessoas, com local para expansão se necessário, explicou o porta-voz.
“Um número significativo de venezuelanos em Maicao está vivendo nas ruas ou em abrigos informais e 81% dos entrevistados disseram precisar de abrigo”, disse Mahecic.
A Colômbia agora acolhe mais de 1 milhão de venezuelanos. Apesar da generosidade de autoridades e da política de fronteiras abertas, estes venezuelanos têm grandes necessidades humanitárias, de acordo com o ACNUR.
“Mais de 3,4 milhões de venezuelanos estão vivendo no exterior, dos quais 2,7 milhões deixaram o país desde 2015”, disse Mahecic. “A Colômbia é o país mais afetado pelo fluxo, com mais de 1,1 milhão de refugiados e migrantes venezuelanos”.
Para ajudá-los, o novo centro irá fornecer abrigo, comida, água, assistência médica básica e outros serviços de curto prazo.
“É um centro de recepção que irá basicamente servir para fornecer apoio imediato às categorias mais vulneráveis”, disse Mahecic.
“Isso pode envolver crianças desacompanhadas, crianças que podem ter sido separadas de suas famílias, mulheres vulneráveis, pessoas com deficiências, e assim por diante. O centro não tem objetivo de fornecer um abrigo permanente ou de longo prazo”.
Neste ano, a agência da ONU está solicitando mais de 730 milhões de dólares para ajudar quase 3 milhões de venezuelanos e comunidades anfitriãs em 16 países.
“Em média, ainda vemos que cerca de 5 mil pessoas cruzam para países vizinhos e destes países vizinhos então seguem para outras nações na região”, disse o porta-voz. “Estes números obviamente oscilam, mas esta é a média que estamos vendo há certo tempo”.
Para complementar esforços da Colômbia para fornecer proteção internacional às pessoas que chegam à fronteira, o ACNUR continua intensificando serviços de abrigo e aconselhamento legal, além de acesso a outros serviços básicos.
ACNUR no Brasil
O ACNUR atua no norte do Brasil oferecendo serviços de registro e informação, abrigo e proteção para famílias venezuelanas em situação de vulnerabilidade.
A ONU Brasil também apoia a estratégia de interiorização do governo brasileiro, que já beneficiou mais de 4,7 mil venezuelanos, realocados de Roraima para cidades em outros estados do país.
Os participantes da iniciativa são registrados e vacinados, além de terem os seus documentos regularizados. Também recebem orientações sobre os municípios de destino, as condições para serem abrigados e materiais informativos sobre o acesso a serviços e assistência à saúde.
Atualmente, mais de 6 mil venezuelanos moram nos abrigos apoiados pelo ACNUR e parceiros, como o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
Nesses locais de residência, os deslocados têm acesso a alimentação, água potável, atendimento psicossocial e espaços seguros para crianças.
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Posted: 08 Mar 2019 10:06 AM PST
De acordo com o censo demográfico mais recente, as mulheres rurais são responsáveis pela renda de 42,2% das famílias do campo no Brasil. Foto: Banco Mundial/Andrea Borgarello
“Pensar em igualdade, construir de forma inteligente, inovar para a mudança” é o lema da quarta edição da campanha Mulheres Rurais, Mulheres com Direitos, que a Organização para a Alimentação e a Agricultura das Nações Unidas para a América Latina e Caribe (FAOALC) lança nesta sexta-feira (8).
A desigualdade de gênero e a discriminação contra as mulheres é uma das causas estruturais da pobreza rural e um dos maiores desafios para os países da América Latina e do Caribe.
Entre 2014 e 2016, a pobreza nas áreas rurais aumentou de 46,7% para 48,6%, enquanto a extrema pobreza rural aumentou de 20% para 22,5%, de acordo com estudos da FAO. Números atualizados para 2017 estimam que isso significa que 59 milhões de pessoas vivem na pobreza, enquanto 27 milhões vivem sob extrema pobreza nas áreas rurais da América Latina.
Mas a pobreza rural afeta mais as mulheres do que os homens: entre 2007 e 2014, o índice de mulheres inseridas na pobreza rural na região aumentou de 108,7 para 114. Por sua vez, o índice de mulheres em extrema pobreza aumentou de 113 para 114,9 no mesmo período.
Na urgência por mudanças, a FAO e os seus parceiros estão convidando os governos, neste Dia Internacional da Mulher, a sociedade civil, a academia e o setor privado a aderir à campanha Mulheres Rurais, Mulheres de Direitos.
O objetivo é compartilhar informações e soluções inovadoras para tornar visíveis conquistas atuais e futuros desafios para reduzir a pobreza rural e promover a segurança alimentar e nutricional de mulheres rurais, indígenas e afrodescendentes.
As mulheres rurais trabalham mais que os homens. Além do trabalho pago como produtoras ou agricultora familiares, elas estão encarregadas de educação, cuidados e alimentação de seus filhos e, muitas vezes, das pessoas idosas ou em situação de dependência.
Além disso, muitas delas realizam trabalho comunitário ou gerencial para alcançar melhorias em seu ambiente, que no final do dia constitui até três dias úteis, deixando-as sem tempo livre e sem descanso.
Na área econômica, as mulheres rurais têm menos acesso a recursos e serviços produtivos, como terra, água e recursos não produtivos, como crédito e treinamento. No caso das mulheres indígenas e afrodescendentes, a situação é ainda mais injusta, porque a diferença é maior.
A campanha Mulheres Rurais, Mulheres de Direitos é um trabalho colaborativo que, durante 2019, vai identificar e disseminar experiências e conhecimento sobre o poder transformador das mulheres rurais, descendentes de indígenas e africanos na América Latina e no Caribe e sua contribuição para os desafios dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Ao mesmo tempo, continuará a apoiar a campanha global das Mulheres Indígenas: torne-as visíveis, capacite-as.
O lema da campanha este ano é: pensar em igualdade, construir de forma inteligente, inovar para a mudança e se concentrar em formas inovadoras para promover a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres em nossa região.
A inovação e a tecnologia oferecem oportunidades sem precedentes; no entanto, as tendências atuais indicam que o fosso digital está aumentando e que as mulheres estão sub-representadas nos campos da ciência, tecnologia, engenharia, matemática e design.
Isso impede que elas desenvolvam e influenciem o desenvolvimento de inovações sensíveis ao gênero que alcancem benefícios transformadores. Do mobile banking à inteligência artificial ou à Internet, é vital que as ideias e experiências das mulheres influenciem igualmente o design e a aplicação das inovações que moldarão as sociedades do futuro, segundo a FAO.
Para a agência da ONU, é crucial ter abordagens inovadoras que impactem a situação habitual, a fim de eliminar barreiras estruturais e garantir que nenhuma mulher e nenhuma menina sejam deixadas para trás. Se as tendências atuais forem mantidas, as intervenções existentes não serão suficientes para alcançar um planeta com igualdade e equidade até 2030.
A campanha # MulheresRuraisMulheresdeDireit os foi lançada regionalmente em 2016, como um esforço colaborativo para fazer conquistas visíveis para os desafios pela igualdade de gênero em áreas rurais.
Em 2019, os parceiros e co-organizadores da campanha incluem FAO, Direção-Geral de Desenvolvimento Rural do Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca (DGDR / MGAP) do Uruguai, ONU Mulheres, Comissão sobre Agricultura Familiar do Mercosul (REAF) e Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) do Brasil.
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Posted: 08 Mar 2019 08:44 AM PST
As mulheres estão sub-representadas nos campos da ciência, tecnologia, engenharia, matemática e design. Foto: PNUD Sudão do Sul
Em mensagem para o Dia Internacional das Mulheres, o administrador do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Achim Steiner, afirmou que o mundo ainda tem um longo caminho a percorrer para atingir a igualdade de gênero e que, para isso, devemos ser inovadores ao explorar novas formas de trabalhar e pensar.
“Mulheres e meninas estão ansiosas por mudanças, e é fácil entender por quê. As mulheres ainda ganham apenas 77 centavos pelo mesmo trabalho que os homens realizam por 1 dólar. Pelo menos 200 milhões de mulheres e meninas, atualmente vivas, sofreram mutilação genital”, declarou.
Steiner lembrou ainda que as mulheres representam apenas 24% dos parlamentares e 35% das mulheres no mundo sofreram violência física e/ou sexual. “Sem dúvida, ainda temos um longo caminho a percorrer e devemos ser inovadores na exploração de novas formas de trabalhar e pensar”.
Segundo ele, inovações transformadoras não precisam ser caras ou apelativas. Tecnologias simples, inovações locais e novas práticas que mudam atitudes, normas ou preconceitos sociais também podem fazer a diferença. “Basta considerar a independência financeira que os aplicativos bancários têm proporcionado a inúmeras mulheres”.
No entanto, ele lembrou que há uma crescente clivagem digital baseada em gênero, e as mulheres estão sub-representadas nos campos da ciência, tecnologia, engenharia, matemática e design.
“Precisamos das ideias, das percepções e das experiências das mulheres para orientar a concepção e a implementação dessas inovações para que atendam às necessidades das mulheres e não deixem, realmente, ninguém para trás.”
“Quando as mulheres ficam de fora da conversa, elas são excluídas da criação das inovações que moldam nosso futuro.”
O administrador do PNUD afirmou que as Nações Unidas têm um papel vital a desempenhar e, no PNUD, há várias iniciativas para ajudar nesse trabalho.
A Innovation Facility do PNUD investiu em mais de 140 experimentos inovadores em 87 países e territórios. Recentemente, lançou uma nova rede de Laboratórios Aceleradores (Accelerator Labs) em 60 países para explorar novas parcerias e ideias não convencionais a fim de inspirar mudanças e criar oportunidades que beneficiarão mulheres e homens.
“Ao celebrar o Dia Internacional da Mulher de 2019, vamos unir forças no convite a líderes da indústria, startups inovadoras, empreendedores sociais e ativistas para ajudar a superar a clivagem digital de gênero – para trabalhar juntos, compartilhar suas inovações e remover barreiras às mulheres, a fim de acelerar o progresso rumo à verdadeira e universal igualdade de gênero.”
Ciente de que a inovação tem desempenhado um papel fundamental na promoção da igualdade de gênero, o PNUD recomenda à comunidade global a dominar ainda mais a tecnologia para melhorar as vidas de mulheres e meninas, ouvindo-as, incluindo-as, expandindo suas escolhas e aumentando o investimento nelas.
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Posted: 08 Mar 2019 07:52 AM PST
Manifestação em abril de 2016 pelo assassinado da defensora dos direitos humanos Berta Cáceres, em Honduras. Foto: Flickr(CC)/CIDH/Daniel Cima
Mulheres, meninas e pessoas em não conformidade de gênero que defendem os direitos humanos estão enfrentando crescente repressão e violência no mundo. Estados devem respeitar, proteger e assegurar o direito de defensoras de promover os direitos humanos sem discriminação, disse um especialista das Nações Unidas na semana passada (28).
“No clima político atual, no qual há uma forte reação contra direitos humanos, mulheres que defendem e promovem direitos humanos são frequentemente as primeiras a sofrer ataques”, disse o relator especial das Nações Unidas sobre a situação de defensores dos direitos humanos, Michel Forst, em apresentação de relatório anual ao Conselho de Direitos Humanos, em Genebra.
O relatório mostra como o aumento de discursos misóginos, sexistas e homofóbicos por parte de líderes políticos nos anos recentes normalizou violência contra defensoras dos direitos humanos. Em alguns casos, aqueles que agem em nome de Estados participaram de ataques diretos contra defensoras e suas famílias.
“Em muitos países, mulheres que ousam se posicionar sobre direitos humanos são estigmatizadas e chamadas de mães ruins, terroristas ou bruxas, silenciadas e marginalizadas das tomadas de decisões, até mesmo assassinadas. É particularmente preocupante que a hostilidade que enfrentam não seja apenas de autoridades estatais, mas também da mídia, de movimentos sociais, de suas próprias comunidades e até de suas famílias”, disse o relator especial.
“Humilhações públicas, ataques contra a honra e reputação de mulheres, divulgação ou publicação de dados pessoais na Internet, violência sexual e ataques contra seus filhos e entes queridos são usados para silenciar defensoras dos direitos humanos”, acrescentou.
O relatório destacou que mulheres enfrentam os mesmos riscos que homens defensores dos direitos humanos, mas deixa claro que mulheres enfrentam ameaças adicionais e diferentes, que são moldadas por estereótipos de gênero e percepções sociais acerca de mulheres.
“Documentamos como os obstáculos e riscos enfrentados por defensoras dos direitos humanos são moldados pelo gênero. Mulheres são atacadas por promover e proteger direitos humanos simplesmente por conta de suas identidades como mulheres e por conta do que fazem”, disse Forst.
O relatório também expressou preocupação com o crescente número de Estados que estão restringindo espaços da sociedade civil, impondo exigências legais e administrativas que reduzem os direitos à liberdade de opinião, expressão, associação e reunião pacíficas. Em alguns países, defensoras dos direitos humanos têm sido alvo por promover direitos das mulheres, incluindo direito à igualdade e à saúde sexual e reprodutiva.
O especialista também expressou séria preocupação com o aumento do uso do conceito de “ideologia de gênero”. Em várias partes do mundo, especialmente na América Latina e no leste da Europa, o conceito é apresentado como uma tentativa de feministas e ativistas LGBT de desestabilizar a ordem política e social.
“Não há atalhos para reverter esta situação deplorável. Devemos desmantelar estereótipos prejudiciais de gênero e reimaginar radicalmente construções sociais de gênero para prevenir a dominação e marginalização de mulheres”, afirmou o relator especial.
O relatório apresentou recomendações e exemplos de boas práticas para apoiar a construção de movimentos diversificados e inclusivos de mulheres defensoras dos direitos humanos.
“Estados e organizações internacionais devem reconhecer os desafios e riscos específicos que defensoras enfrentam. Eles devem garantir que tais defensoras sejam reconhecidas, apoiadas e possam participar igualmente, significativamente e poderosamente da promoção e proteção dos direitos humanos”.
O relatório foi baseado em diversas conversas entre o relator especial e defensoras dos direitos humanos no mundo desde o começo de seu mandato, assim como em consultas realizadas em Nova Iorque, Beirute, Genebra e Bali.
O documento também usa como base 181 cartas de casos de defensoras enviadas a 60 Estados pelo relator especial entre 2 de julho de 2014 e 2 de outubro de 2018, além de mais de 200 respostas a uma enquete do relator especial.
Michel Forst, da França, foi nomeado pelo Conselho de Direitos Humanos como relator especial das Nações Unidas em 2014. Ele foi diretor-geral da Anistia Internacional e secretário-geral da primeira Cúpula Mundial sobre Defensores dos Direitos Humanos, realizada em 1998. Além disso, Forst é ex-especialista independente da ONU sobre a situação de direitos humanos no Haiti.
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Posted: 08 Mar 2019 07:38 AM PST
Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, a Rede Brasil do Pacto Global da ONU reitera os seus esforços em promover a equidade de gênero no mercado de trabalho. Foto: PNUD
Neste 8 de março, Dia Internacional das Mulheres, a Rede Brasil do Pacto Global da ONU reiterou seus esforços em promover a equidade de gênero no mercado de trabalho.
Esta é uma das frentes de ação prioritárias para as estratégias da iniciativa em 2019 e 2020, nivelando a agenda ao mesmo patamar do combate às mudanças do clima e do engajamento dos jovens com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
A estratégia do Pacto Global, liderado pela CEO e diretora-executiva Lise Kingo, reconhece um panorama real enfrentado pelas mulheres no setor privado — elas são sub-representadas em cargos de decisão, recebem salários desiguais pelo mesmo trabalho, lacuna que chega a uma média de 30% de diferença, e estão em desvantagem em relação aos homens no que se refere a oportunidades no mercado.
Apenas 14% dos cargos de liderança das 500 maiores empresas do Brasil são ocupadas por mulheres.
É por isso que a Rede Brasil também se empenha para que, em 2019, mais empresas se comprometam com os Princípios do Empoderamento da Mulher (ou Women’s Empowerment Principles, em inglês), também conhecidos como WEPs.
“Queremos que até o final do próximo ano, 100% dos nossos participantes assumam compromissos públicos em relação à igualdade de gênero”, disse a Rede Brasil.
Sete passos do empoderamento
O WEPs é uma ferramenta do Pacto Global e da ONU Mulheres que oferece sete passos para guiar empresas no empoderamento das mulheres no ambiente de trabalho:
Mais de 150 empresas brasileiras já se comprometeram com o WEPs – interessadas em participar do movimento devem preencher o formulário de adesão. Os princípios são divulgados no Brasil pelo Fórum WEPs, encontros anuais da ONU Mulheres, Rede Brasil, empresárias e representantes do setor privado para discutir os avanços e desafios no setor privado brasileiro.
Para reforçar a iniciativa e o engajamento das empresas, o Pacto Global e a ONU Mulheres também lançaram a plataforma online WEP Gender Gap Analysis Tool (Ferramenta de Análise de Diferenças de Gênero e Princípios de Empoderamento das Mulheres). Quando as companhias se engajam na ferramenta, elas identificam os seus pontos fortes, lacunas e oportunidades para melhorar o seu desempenho em igualdade de gênero.
A Rede Brasil também promove a igualdade de gênero dentro do seu Grupo Temático (GT) de Direitos Humanos & Trabalho.
Em sua terceira edição, o projeto Empoderando Refugiadas abrange encontros onde signatárias da Rede Brasil qualificam mulheres refugiadas para que consigam emprego no Brasil. Duas frentes são trabalhadas durante o projeto: primeiro, a orientação profissional às participantes; segundo, a criação de uma ponte de diálogo e networking entre essas mulheres e empresas para oportunidades de trabalho.
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Posted: 08 Mar 2019 07:26 AM PST
As doenças relacionadas à AIDS continuam sendo a principal causa de morte entre mulheres de 15 a 49 anos no mundo. Foto: UNAIDS
As doenças relacionadas à AIDS continuam sendo a principal causa de morte entre mulheres de 15 a 49 anos no mundo. Em 2017, 66% das novas infecções por HIV no mundo, entre jovens de 10 a 19 anos, ocorreram entre mulheres — na África Oriental e Meridional, 79% das novas infecções por HIV entre os jovens de 10 a 19 anos ocorreram entre mulheres.
“Há um ciclo vicioso de desigualdade de gênero, violência baseada em gênero e infecção por HIV em muitas partes do mundo”, disse Michel Sidibé, diretor-executivo do UNAIDS. “Os desequilíbrios de opressão e poder devem ser revertidos, e masculinidades nocivas devem ser abordadas para garantir que as mulheres e meninas tenham controle total sobre sua saúde e direitos sexuais”.
Muito mais precisa ser feito para alcançar os jovens com prevenção, tratamento e cuidado em relação ao HIV. Mulheres jovens e meninas adolescentes são especialmente deixadas para trás. A violência baseada em gênero, a exploração sexual e o uso de drogas estão entre os muitos fatores que podem aumentar a vulnerabilidade ao HIV entre mulheres jovens e meninas adolescentes.
Os esforços para acabar com a AIDS são enfraquecidos quando os direitos humanos de mulheres jovens e meninas adolescentes — especialmente a saúde e os direitos sexuais e reprodutivos — não são promovidos. Os países devem, portanto, promulgar leis e políticas que permitam o acesso a serviços, incluindo saúde e proteção social, por mulheres jovens e meninas adolescentes, ajudando-as a reivindicar seu direito à saúde.
O direito internacional dá às pessoas, incluindo mulheres jovens e meninas adolescentes, o direito de acessar serviços para proteger sua saúde sexual e reprodutiva. No entanto, 45 países em todo o mundo ainda possuem leis que exigem que menores de 18 anos tenham o consentimento de seus pais para realizar o teste de HIV.
Proteção social, educação — incluindo educação abrangente sobre sexualidade — e serviços de prevenção do HIV integrados a serviços de saúde sexual e reprodutiva, têm demonstrado melhora na saúde e o empoderamento de jovens mulheres e meninas adolescentes.
Um estudo sul-africano mostrou que a prevalência do HIV entre meninas que terminaram o ensino médio foi de cerca de metade da prevalência entre as meninas que não tinham concluído o ensino médio (8,6% e 16,9%, respectivamente). As crianças que acessaram o ensino primário universal em Botsuana, no Malawi e em Uganda mostraram ter resultados semelhantes.
Investir em educação; investir em serviços de saúde e de HIV; prevenir e proteger mulheres e meninas da violência; erradicar práticas nocivas como o casamento infantil precoce e forçado; e promover os direitos das mulheres. Através destas ações, as mulheres jovens e meninas adolescentes podem ser protegidas do HIV e o mundo pode seguir em curso para acabar com a epidemia de AIDS até 2030.
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Posted: 08 Mar 2019 07:07 AM PST
As mulheres do mundo não estão se beneficiando de forma plena da revolução tecnológica, de acordo com a UNESCO. Foto: OIT/Marcel Crozet
No Dia Internacional das Mulheres deste ano, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) celebra as contribuições das mulheres para a sociedade – em particular, no espaço digital – e reflete sobre como podemos assegurar que elas exerçam totalmente seus direitos.
Em mensagem para a data, a diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay, lembrou que as tecnologias digitais têm afetado as formas como trabalhamos, aprendemos, ensinamos e vivemos juntos.
“Contudo, infelizmente, as mulheres não estão se beneficiando de forma plena dessa revolução tecnológica”, declarou.
Um relatório recente da Broadband Commission, em coautoria com a UNESCO, concluiu que a exclusão digital de mulheres está aumentando atualmente: em 2016, havia mais de 250 milhões de mulheres online a menos do que homens.
As mulheres não estão apenas menos conectadas, mas se beneficiam menos da alfabetização digital e da formação em habilidades, assim como têm menor probabilidade de serem contratadas por empresas de tecnologia, e muitas vezes ganham menos do que seus colegas homens.
Mesmo em alguns dos campos científicos mais avançados (tecnologias digitais e inteligência artificial), as mulheres estão em desvantagem. Por exemplo, apenas 22% dos profissionais de inteligência artificial são mulheres.
“Este ano, a UNESCO busca compensar esse desequilíbrio, no momento em que celebramos as pioneiras que ampliaram os limites do nosso conhecimento em campos como computação quântica, inovação digital e inteligência artificial”, disse.
“Ao destacar os sucessos dessas mulheres, esperamos encorajar uma nova geração de jovens mulheres nos campos de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM), nos quais elas continuam a ser sub-representadas.”
“Por exemplo, nós trabalhamos para estimular meninas e mulheres a ocupar os campos de STEM e, em especial, desenvolver habilidades digitais, por meio do recém-lançado projeto Girls Can Code (As Meninas Sabem Programar).”
Na área cultural, a UNESCO também apoia o acesso das mulheres à criação digital e promove a igualdade de gênero nas indústrias criativas por meio da iniciativa You Are Next (Você é a Próxima).
Em parceria com Sabrina Ho, a UNESCO fornece a centenas de jovens mulheres no México, na Palestina, no Senegal, no Afeganistão e no Tajiquistão as habilidades artísticas, digitais e empreendedoras necessárias para que tenham sucesso no ambiente digital.
Apesar de tais iniciativas e dos muitos modelos de mulheres na esfera digital, elas estão cada vez mais se retirando das plataformas online para se proteger de ataques cibernéticos e perseguição.
Uma em cada dez mulheres da União Europeia declarou ter sofrido perseguição cibernética desde os 15 anos, em particular entre as jovens de 18 a 29 anos.
A UNESCO – como a agência das Nações Unidas dedicada à informação e à comunicação – está na frente da luta contra a discriminação de gênero, desconstruindo os estereótipos que se espalham pelos meios de comunicação, bem como combatendo a perseguição online.
“Para contribuir com a luta contra os estereótipos, eu convido todos e todas a se juntar ao movimento coletivo mundial #Wiki4Women. Atualmente, nas páginas da Wikipédia, apenas uma em seis biografias é dedicada a uma mulher”, disse a diretora-geral da UNESCO.
“Ao criar e complementar biografias de mulheres extraordinárias nas áreas de cultura, educação e ciências na Wikipédia, a UNESCO tem como objetivo dar a elas a existência digital que merecem.”
Tomando como base a bem-sucedida “maratona editorial” realizada no ano passado em sua sede, a UNESCO colabora com a Wikimedia Foundation, com a organização de oficinas de “maratona editorial” no Cairo, em Nova Deli, em Bangkok, em Lima, em Almaty, assim como em Paris.
“A UNESCO está comprometida em realizar uma contribuição positiva e duradoura para o empoderamento das mulheres e para a igualdade de gênero.”
“Cada um e cada uma de nós pode fazer a diferença, rejeitando o preconceito e a discriminação, garantindo que os espaços online sejam seguros para todos e todas, celebrando as conquistas femininas e promovendo a contribuição das mulheres na esfera digital – e em todas as esferas da vida.”
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Posted: 08 Mar 2019 06:56 AM PST
Mercados, empresas, empreendimentos, associações, cooperativas e entidades produtivas são determinantes para a inclusão do enfoque de gênero no desenvolvimento sustentável. Foto: ONU Mulheres
Empresas, lideranças empresariais e empreendedoras são agentes decisivas para a igualdade de gênero, trabalho decente e desenvolvimento sustentável.
Essa é a constatação da ONU Mulheres Brasil com base nos Princípios de Empoderamento das Mulheres (Women’s Empowerment Principles – WEPs, na sigla em Inglês), que conta 198 adesões de empresas privadas e públicas no Brasil. O país é o terceiro no ranking internacional de 2.183. signatárias.
Instrumentos para diagnóstico, planos de trabalho para transformação da cultura organizacional, indicadores de progressos e intercâmbio de boas práticas de gênero em comunidades de negócios são algumas das medidas para eliminação de lacunas e assimetrias, provocadas por machismo, racismo e outras formas de opressão nas empresas.
Entre eles, está a Ferramenta de Análise de Lacunas de Gênero dos WEPs – Dos princípios à prática, traduzida para o Português a partir do apoio de Embaixadas dos Países Nórdicos. Essa plataforma online é gratuita e confidencial. É utilizada por empresas para avaliar políticas, programas e práticas comerciais pela perspectiva de gênero e estabelecer planos de mudança com foco na equidade.
O modelo de parceria dos Princípios de Empoderamento das Mulheres no Brasil com o setor empresarial é referência para países latino-americanos e caribenhos. Originou, inclusive, estratégia de abordagem de empresas por meio do programa regional Ganha-Ganha: Igualdade de Gênero Significa Bons Negócios, desenvolvido por ONU Mulheres, Organização Internacional do Trabalho (OIT) e União Europeia em Argentina, Brasil, Chile, Costa Rica, Jamaica e Uruguai.
No Brasil, entre as principais metas estão aumento de empresas signatárias aos Princípios de Empoderamento das Mulheres, intercâmbio entre empresárias e empreendedoras latino-americanas e europeias e fortalecimento de associações e cooperativas, a exemplo da cafeicultura.
“Mulheres do mundo inteiro se deparam com obstáculos para o acesso a direitos econômicos, trabalho decente e proteção social. O empoderamento econômico das mulheres é uma das estratégias capazes não somente de remover obstáculos, mas de criar as condições para que as mulheres possam desenvolver toda a sua potencialidade no mundo do trabalho com valorização dos seus talentos, direitos, oportunidades de ascensão, remuneração e benefícios adequados à sua capacidade produtiva”, disse Ana Carolina Querino, representante interina da ONU Mulheres no Brasil.
Mercados, empresas, empreendimentos, associações, cooperativas e entidades produtivas são determinantes para a inclusão do enfoque de gênero no desenvolvimento sustentável. “Não é possível levar essa agenda adiante sem o engajamento de grandes empresas no processo. As empresas têm o poder tanto de garantir oportunidades iguais no ambiente de trabalho como o de influenciar a cadeia de fornecedores e as comunidades com as quais se relacionam para que façam o mesmo”, disse ela. Exemplo disso são as compras sustentáveis.
A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propõem transformações e metas, que demandam o engajamento do setor empresarial para novas práticas econômicas e empoderamento de mulheres.
Globalmente, a desigualdade de gênero no mercado de trabalho gera uma perda média de 15% nas economias dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). No Brasil, a maior participação da mulher no mercado de trabalho e também uma maior projeção profissional aumentaria o PIB em 3,3% – seriam 382 bilhões de reais a mais na economia, conforme o Banco Mundial.
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Posted: 08 Mar 2019 06:47 AM PST
Em comemoração ao Dia Internacional das Mulheres, o Instituto Olímpico Brasileiro (IOB), área de Educação do Comitê Olímpico do Brasil (COB), fechou parceria com a ONU Mulheres para a primeira edição do Congresso Olímpico Brasileiro, que acontece no dia 13 de abril, em São Paulo.
“A ONU Mulheres é uma importante parceira e vai contribuir para o incremento da perspectiva de gênero do COB e de demais organizações esportivas, inspirando a criação de políticas e programas”, afirmou Soraya Carvalho, gerente do Instituto Olímpico Brasileiro.
Com o objetivo de aumentar a participação de mulheres no esporte de rendimento – tanto como atletas quanto como profissionais em posições de liderança – e promover a igualdade de gênero no ambiente esportivo, o estande da ONU Mulheres vai focar em temas diretamente relacionados à tomada de decisões e ao desenho e à gestão de programas esportivos.
Será um momento de exposição do conhecimento trazido pelo programa Uma Vitória Leva à Outra, cuja parceria com o COI se constituiu em 2016, tornando-se parte do legado olímpico a partir do investimento em programas esportivos e de desenvolvimento de habilidades para a vida das meninas.
Entre os temas que serão abordados, estão as barreiras comuns que limitam a participação de meninas e mulheres no esporte, as medidas para a inclusão de gênero no esporte, criação de espaços seguros, abuso e assédio sexual no esporte e maneiras de combatê-los e o papel de dirigentes, treinadores e treinadoras, e atletas para a inclusão de meninas e mulheres no esporte.
As pessoas participantes também terão oportunidade de aderir ao movimento “ElesPorElas”, que pretende mobilizar homens e meninos de todo o mundo para que se posicionem e adotem ações rumo ao alcance da igualdade de gênero.
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Posted: 08 Mar 2019 06:34 AM PST
OIT alertou que desigualdades de gênero afetam a inserção das mulheres no mercado de trabalho. Foto: Agência Brasil
As oportunidades de emprego para mulheres melhoraram pouco desde o início dos anos 1990, disseram especialistas trabalhistas da ONU na quinta-feira (7), alertando que as trabalhadoras ainda são penalizadas por ter filhos e cuidar deles.
Lançado na véspera do Dia Internacional das Mulheres, lembrado em 8 de março, o relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) constatou que 1,3 bilhão de mulheres trabalhavam em 2018, em comparação com 2 bilhões de homens – uma melhora de menos de 2% nos últimos 27 anos.
As preocupações sobre o “teto de vidro” no que se refere à falta de mobilidade ascendente no trabalho também persistem, já que menos de um terço dos cargos de gerência das empresas é ocupado por mulheres.
“As mulheres ainda estão sub-representadas no topo, uma situação que mudou muito pouco nos últimos 30 anos”, disse o relatório da OIT.
“Isso ocorre apesar do fato de elas terem mais educação formal que seus pares masculinos. A educação não é a principal razão para taxas de emprego mais baixas e salários mais baixos das mulheres, mas sim que as mulheres não recebem os mesmos dividendos da educação que os homens.”
De acordo com as conclusões da OIT, a remuneração das mulheres é 20% menor do que a dos homens, como uma média global.
Essa discrepância está ligada a uma “penalidade salarial por maternidade”, que contrasta com o fato de que os pais desfrutam de um “prêmio salarial”.
De maneira preocupante, entre 2005 e 2015, houve também um aumento de 38% no número de mulheres trabalhadoras que não tiveram filhos pequenos, em comparação com as que tiveram.
Isso ocorre apesar das conclusões de um relatório global de OIT-Gallup de 2017, segundo o qual 70% das mulheres preferem trabalhar em vez de ficar em casa – algo com o que os homens concordam em grande parte, observou a organização.
“Uma série de fatores está bloqueando a igualdade no emprego, e o que desempenha o maior papel é o cuidado”, disse Manuela Tomei, diretora do Departamento de Condições de Trabalho e Igualdade da OIT.
“Nos últimos 20 anos, a quantidade de tempo que as mulheres gastaram com cuidados não remunerados e trabalho doméstico quase não diminuiu”, disse ela, enquanto a participação dos homens aumentou “em apenas oito minutos por dia”. Nesse ritmo de mudança, serão necessários mais de 200 anos para alcançar a igualdade no tempo gasto em trabalho de cuidado não remunerado.
Mulheres recorrem a empregos informais
Em 2018, de acordo com o relatório, as mulheres eram mais propensas a trabalhar em ocupações de baixa qualificação e a enfrentar condições de emprego piores do que os homens.
As mulheres também estão “mais expostas” a empregos informais sem proteção social em mais de 90% dos países subsaarianos, em 89% dos Estados do sul da Ásia e em quase 75% dos países latino-americanos.
“As mulheres também são frequentemente vistas em ocupações mais vulneráveis, como domésticas, trabalhadoras do lar ou contribuindo para o trabalho familiar”, observou o relatório da OIT.
Em termos de soluções que podem ajudar a criar um futuro melhor de trabalho para as mulheres, o relatório pediu um “salto quântico” de escolhas políticas transformadoras.
Isso inclui a criação ou a revisão de leis para estabelecer direitos iguais para todos os sexos no mundo do trabalho e a revogação da proibição de mulheres ingressarem em determinadas profissões ou de trabalhar à noite ou no subsolo.
Esforços também são necessários para criar “tempo para cuidar”, enfatizou o relatório da OIT, explicando que “maior tempo de soberania é necessário para permitir que as trabalhadoras exerçam mais escolhas e controle sobre suas horas de trabalho”.
Aquelas com famílias se beneficiariam particularmente, explicou o relatório. Quando os homens dividem o trabalho não remunerado de cuidados de forma mais igualitária, “mais mulheres são vistas em cargos gerenciais”.
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Posted: 08 Mar 2019 05:35 AM PST
Soukaina (esquerda) e Mouna trabalham no departamento de marketing de uma companhia em Rabat, capital do Marrocos. Foto: Banco Mundial/Arne Hoel
O empoderamento das mulheres e a igualdade de gênero são “essenciais para o progresso global”, salientou o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, em sua mensagem para o Dia Internacional das Mulheres, que este ano coloca “inovação por mulheres e meninas, para mulheres e meninas” no centro dos esforços para alcançar a igualdade de gênero.
“No ano passado, pela primeira vez, alcançamos a paridade de gênero no Grupo de Gestão Sênior da ONU e entre aqueles que lideram equipes da ONU no mundo todo”, disse o chefe das Nações Unidas, acrescentando que a Organização está trabalhando para alcançar a paridade em todo o Sistema das Nações Unidas dentro de uma década.
A ONU começou a celebrar o Dia Internacional em 1975, que foi designado Ano Internacional das Mulheres. Ao longo das décadas, a data passou de um reconhecimento das realizações das mulheres a um marco para construir apoio para a seus direitos e participação nas arenas política e econômica.
“A igualdade de gênero é essencial para a eficácia do nosso trabalho, e não podemos nos dar ao luxo de perder as contribuições de metade da população mundial”, disse a subsecretária-geral Amina J. Mohammed.
Além disso, “a participação igualitária das mulheres na força de trabalho liberaria trilhões de dólares para o desenvolvimento global”, continuou ela.
“Sejamos claros”, completou. “Não podemos construir o futuro que queremos e alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) sem a plena participação das mulheres”.
Alcançar um mundo igualitário em gênero requer inovações sociais que funcionem tanto para mulheres quanto para homens e não deixem ninguém para trás, de acordo com a estratégia global da ONU. Plataformas de e-learning que levam as salas de aula para mulheres e meninas; centros de cuidados infantis acessíveis e de qualidade; e tecnologia moldada por mulheres, são alguns exemplos da inovação necessária para cumprir o prazo de 2030 estabelecido na Agenda para o Desenvolvimento Sustentável.
“E precisamos de mais mulheres líderes que participem da vida pública e tomem decisões”, sinalizou a presidente da Assembleia Geral, Maria Fernanda Espinosa, conclamando todos a redobrar seus esforços “contra a discriminação e a violência que as mulheres e meninas enfrentam todos os dias”.
Por sua parte, a enviada da Juventude da ONU, Jayathma Wickramanayake, chamou a atenção para os milhões de jovens que se preparam para começar sua vida profissional, dizendo que com demasiada frequência “eles não têm a oportunidade de realizar seus sonhos e crescer”.
“Vamos investir na educação e nas habilidades das meninas para que elas se tornem líderes e inovadoras que nasceram para ser”, acrescentou ela.
Em sua mensagem para o dia, a diretora-executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka, destacou que “mulheres e meninas em todo o mundo ainda enfrentam muitos desafios”, argumentando que as mudanças começam com a certeza de que suas necessidades e experiências são integradas e reforçada por novas tecnologias e inovações.
“No Dia Internacional da Mulher, pedimos a todos que se juntem a nós para ‘pensar igual, construir com inteligência e inovar para a mudança’”, concluiu a chefe da ONU Mulheres.
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