Boletim diário da ONU Brasil: “Cientista político assume cargo de diretor interino do UNAIDS no Brasil” e 14 outros.
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qui, 14 de mar 18:57 (há 23 horas)
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Posted: 14 Mar 2019 02:25 PM PDT
O cientista político Cleiton Euzébio de Lima assumiu a a função de diretor interino do UNAIDS após a saída de Georgiana Braga-Orillard. Foto: UNAIDS
A partir desta quinta-feira (14), o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) está sob a coordenação do assessor para apoio comunitário do UNAIDS, Cleiton Euzébio de Lima.
Ele assume a função de diretor interino após a saída de Georgiana Braga-Orillard, que esteve à frente do escritório de 2013 a 2019 e deixou o país para assumir o posto de representante residente do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em El Salvador.
Cleiton tem mais de dez anos de experiência com a resposta ao HIV no Brasil, tendo trabalhado com foco em prevenção e promoção da saúde e dos direitos humanos das pessoas vivendo com HIV e das populações mais vulneráveis ao vírus. Ele faz parte da equipe do UNAIDS no Brasil desde 2014, quando assumiu a função de assessor para mobilização social e trabalho em rede, atualmente denominada assessor para apoio comunitário.
“A equipe do UNAIDS é extremamente grata pelo trabalho realizado por Georgiana ao longo destes últimos 18 anos, cinco deles como diretora do escritório da organização no Brasil. Desejamos a ela muito sucesso na nova empreitada”, disse ele.
“Daremos continuidade a esse trabalho tão importante porque sabemos que ainda temos muitos desafios diante de nós e, para isso, seguiremos trabalhando com nossos parceiros do governo, sociedade civil, academia, Nações Unidas e setor privado para acelerar a resposta à epidemia, com foco nas populações mais vulneráveis e nas pessoas vivendo com HIV.”
Antes do UNAIDS, Cleiton trabalhou como ponto focal para HIV em outros organismos do Sistema ONU no Brasil, como o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), entre 2012 e 2014, o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), entre 2010 e 2012, e o então Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM), atualmente ONU Mulheres, entre 2008 e 2010.
Ele é mestre em Ciência Política pela Universidade de Brasília e tem graduação em Ciência Política também pela UnB.
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Posted: 14 Mar 2019 02:16 PM PDT
Clique para exibir o slide.A vida como refugiada nunca foi fácil para Zahida, de 35 anos. Mãe de cinco filhos, ela cuida sozinha das crianças desde que seu marido desapareceu há alguns anos na guerra da Síria.
No Líbano, onde vivia após fugir de casa, ela diz que as ofertas de trabalho eram escassas e o valor do aluguel, muito alto. No entanto, ao voltar para sua terra natal, Zahida se deparou com novas dificuldades.
“A destruição era indescritível. Inicialmente, eu não reconheci minha cidade”, disse ela. Sua casa, em Souran, foi reduzida a escombros. Nem as janelas e portas existiam mais. “Não tinha água ou energia elétrica. Parecia que estávamos na idade da pedra. Mas, de pouco em pouco, melhoramos as coisas.”
Zahida compartilhou sua história na semana passada (6) com Filippo Grandi, alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados, que visitou a Síria para identificar quais são as necessidades humanitárias que dos habitantes da região.
“A decisão de voltar é difícil. E precisamos respeitar que nem todos os refugiados e deslocados internos irão tomar rapidamente essa decisão”, disse Grandi. “Mas, para aqueles que decidirem retornar voluntariamente, vamos oferecer ajuda – pelo menos no que diz respeito às suas necessidades básicas e sua reintegração à comunidade”.
Em Souran, a menos de vinte quilômetros da cidade de Hama, o alto-comissário se encontrou com diversas famílias que resolveram retornar de maneira voluntária após inúmeras mudanças que duraram anos.
Grandi conversou também com um recém-formado grupo de mulheres, além de ter visitado a escola primária que abriu em outubro e uma padaria inaugurada em janeiro deste ano. Todas as iniciativas contaram com o apoio da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e seus parceiros.
Mais de 1 milhão de sírios voltaram para casa
Antes do conflito, Souran abrigava mais de 47 mil pessoas, entre elas fazendeiros, mercadores e trabalhadores. Quando grupos armados tomaram a região em agosto de 2016, a cidade ficou vazia do dia para a noite. Alguns moradores procuraram refúgio na Turquia e no Líbano, enquanto o restante fugiu para Hama e outras cidades da Síria.
Abdelkarim está entre aqueles que foram para Hama, onde frequentes aumentos de aluguel forçaram sua família a se mover de lugar em lugar por mais de um ano. Ao retornar para Souran, ele encontrou sua casa repleta de entulho e sem nada de valor. “Não tinha portas, nem torneiras”, contou ele. “Até mesmo os pregos foram retirados”.
Com ratos e insetos atrapalhando o sono da família, Abdelkarim trabalha agora na recuperação da casa. Ele ergueu as paredes e, com ajuda do ACNUR, instalou portas e janelas que garantem maior segurança.
Ao todo, cerca de 33 mil pessoas retornaram a Souran. A maioria é de sírios que fugiram para outras áreas dentro do país. Pelo menos um terço dos antigos residentes da cidade estão vivendo em outros lugares.
Em 2018, estima-se que 1,4 milhão de sírios que foram deslocados internamente voltaram para casa, trocando um desafio por outro. Mesmo assim, eles são a minoria. Após oito anos de violência e destruição, milhões permanecem deslocados internamente, com outros 5,6 milhões de refugiados ainda morando em países vizinhos e mais de 1 milhão de sírios espalhados por outras partes do mundo.
Reconstruindo a esperança
Zahida contou a Grandi que sua volta a Souran ocorreu porque sua vida de refugiada estava afetando muito a vida dos filhos. Aos 14 anos, seu filho largou a escola para ajudar a sustentar a família trabalhando em uma barbearia. No entanto, o dinheiro ganho não foi suficiente para pagar a escola de suas irmãs, que estavam ficando atrasadas no ensino.
A casa da família de Zahida, localizada no que então era uma bela esquina da cidade, existe hoje apenas em ruínas. Um escada de concreto balança em meio aos destroços como um pêndulo, sustentado por alguns vergalhões. “Quando vi essa cena, foi um dos momentos mais tristes da minha vida”, explicou ela.
Agora, a filha mais velha de Zahida frequenta aulas de recuperação escolar no novo centro comunitário, enquanto os três filhos mais novos estão na escola primária, que reabriu em novembro com a ajuda do ACNUR. Esta é uma das cinco escolas servindo a comunidade.
Quinze centros de ensino fecharam, principalmente por conta de danos estruturais. Como muitas crianças perderam meses e até anos de escola, as salas de aulas lotadas servem estudantes com diferença de idade entre dois e três anos.
Grandi também visitou a única padaria de Souran, que foi inaugurada em janeiro com o apoio do ACNUR. Anteriormente, a cidade tinha que comprar pão de um distribuidor a quilômetros de distância. Agora, o novo estabelecimento gerou 45 empregos e abaixou o preço do pão em 75%. A padaria então contratou um segundo turno de funcionários e utiliza dez toneladas de farinha por dia, ajudando a alimentar mais de 12 mil pessoas.
O alto-comissário da ONU conheceu também um grupo local de mulheres que ajudou muitos residentes de Souran a voltar para casa e reconquistar o senso de comunidade e pertencimento. “Queríamos voltar para nossas casas, para nossa terra”, disse uma das mulheres. “Queremos recuperar nossa dignidade. Fora de nosso país, não é a mesma coisa”.
Zahida completou: “estamos começando do zero”. “Esperamos ter força o suficiente para reconstruir nossas vidas, mas ainda vamos precisar da ajuda de outros”.
A política do ACNUR é ajudar tanto pessoas deslocadas dentro da Síria como fora de suas fronteiras, e trabalha para assegurar que sírios que desejem retornar voluntariamente para seu país de origem recebam o apoio humanitário de que precisam.
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Posted: 14 Mar 2019 01:11 PM PDT
Clique para exibir o slide.“Minha história começa com 20 dinares (R$ 110) e uma lata de azeite”, diz Najwa, de 42 anos, descrevendo como um simples ato de bondade a ajudou a superar a tragédia pessoal e recuperar o controle de sua vida como refugiada síria na Jordânia.
Dessa pequena doação inicial, Najwa construiu um negócio de fabricação de sabão que fornece a ela e outras quatro mulheres uma renda vital, e que recentemente começou a exportar suas primeiras encomendas para a China.
As coisas eram muito diferentes para Najwa quando, em 2013, ela e sua família fugiram de sua cidade natal, Daraa, no sul da Síria, e chegaram pela primeira vez em Zarqa, uma extensa cidade a cerca de 25 quilômetros a nordeste da capital da Jordânia, Amã.
Em dezembro de 2011, durante os primeiros meses de um conflito que vai completar oito anos em 15 de março, seu filho de 16 anos, Mahmoud, foi baleado e morto nas ruas de sua cidade natal. Logo depois, sua casa foi destruída por bombardeios. Foi quando Najwa concluiu que não havia mais nada a fazer na Síria, e eles cruzaram a fronteira para a Jordânia.
Vivendo em uma cidade estranha e atormentada pela tristeza, Najwa lutou para cuidar de si mesma e de sua família, até que um dia ouviu falar sobre o Centro de Vida de Zarq, que oferece apoio psicossocial a mulheres jordanianas e sírias em situação de vulnerabilidade que moram na cidade.
A diretora do centro, Gertrud Khouri, conhecida como Trudy, é uma ex-enfermeira alemã que chegou à Jordânia há algumas décadas, depois de se candidatar a um emprego em um hospital local, antes de conhecer seu marido e se estabelecer no país.
Depois do início do conflito, refugiados sírios começaram a se estabelecer em Zarqa, muitos deles mulheres sozinhas ou vulneráveis, e Trudy, de 75 anos, estava determinada a ajudar. “Eu vi que essas mulheres precisavam de apoio. Se as mulheres desmoronarem, toda a família desmorona”, explicou ela.
A Jordânia abriga atualmente mais de 670 mil refugiados sírios registrados, e mais da metade são mulheres. Nos últimos anos, o governo da Jordânia adotou medidas importantes para melhorar o acesso de refugiados sírios ao mercado de trabalho.
O Ministério do Trabalho do país emitiu mais de 120 mil autorizações de trabalho para refugiados sírios entre 2016 e 2018, nos setores de construção, agricultura, manufatura e processamento de alimentos.
Além disso, em novembro de 2018, o ministério permitiu que os refugiados sírios na Jordânia estabelecessem seus próprios negócios domiciliares, no processamento de alimento, alfaiataria e artesanato.
Ainda que o ACNUR comemore essas decisões, que fortalecem os refugiados sírios, as oportunidades permanecem limitadas para muitos, especialmente para as mulheres.
Najwa tinha apenas começado a fazer sabonete de glicerina quando conheceu Trudy, que viu seu potencial e a encorajou a tentar produzir sabão usando óleo orgânico dos antigos olivais da Jordânia, doando os recursos que ela precisava para começar.
Najwa começou a vender seu sabonete no centro e em bazares locais, eventualmente expandindo para instalações dedicadas e empregando duas mulheres sírias e duas jordanianas. Ela também recebeu financiamento de uma ONG holandesa chamada ZOA para ensinar outras mulheres refugiadas e locais a fazer sabão.
“Sinto que esta é uma verdadeira conquista e um milagre”, diz Najwa, repleta de uma confiança recém-descoberta. “Agora temos mulheres que estão melhorando seu futuro e ajudando suas famílias, enquanto também desenvolvem suas personalidades”.
Para Najwa, ser capaz de começar seu próprio negócio aumentou sua independência financeira, assim como a das duas refugiadas sírias que ela emprega, tornando-as menos dependentes de ajuda.
Seu negócio também beneficiou a comunidade jordaniana, oferecendo oportunidades de emprego para mulheres locais e assegurando que a presença de Najwa e de outros refugiados sírios estimulasse o desenvolvimento econômico.
Desde que se conheceram, Najwa desenvolveu um relacionamento próximo com Trudy, que se maravilha com a transformação que viu em sua amiga síria. “Quando conheci Najwa, vi uma mulher desesperada”, diz ela. “Agora, vejo uma pessoa muito confiante que realmente ajuda outras mulheres, não apenas ensinando-lhes algo, mas também apoiando-as emocional e psicologicamente”.
Por sua vez, Najwa sempre agradece a Trudy por sua bondade e por tê-la ajudado durante um período em sua vida. “Nos conhecemos em um momento difícil, mas ela me ofereceu segurança e amor, e uma nova vida”, diz ela. “Eu me vejo como uma mulher forte. Passei por tempos difíceis, mas fui mais forte que essas dificuldades”.
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Posted: 14 Mar 2019 12:54 PM PDT
A brasileira Yara Maasri, de 34 anos, trabalha há mais de quatro no ACNUR. Hoje, ela é oficial regional de avaliação de vulnerabilidade no escritório da agência da ONU na Jordânia. Foto: ACNUR
A brasileira Yara Maasri, de 34 anos, trabalha há mais de quatro na Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e já atuou em quatro países. Hoje, ela é oficial regional de avaliação de vulnerabilidade e targeting no escritório do ACNUR na Jordânia. Na semana que marca os oito anos da guerra na Síria, ela compartilhou os principais desafios dessa grave crise humanitária.
ACNUR: Por que você se tornou uma trabalhadora humanitária?
Yara Maasri: Desde pequena, eu sempre gostei de defender direitos humanos. Apesar de ter escolhido estudar um dos meus outros interesses (idiomas e leitura) na universidade, me formando em Literatura Inglesa e Linguística, quando fiz meu mestrado decidi mudar para a área de migração.
Eu mesma passei minha vida me mudando, e até hoje vivi em dez países, quatro deles antes de ter 15 anos. Eu também tenho origens mistas – minha mãe é brasileira e meu pai é libanês, e isso teve um impacto muito grande na minha vida, fazendo com que eu me interessasse por conceitos como identidade, cultura e pertencimento. Por isso, o trabalho humanitário com refugiados e migrantes me pareceu um passo natural.
ACNUR: Com o que você trabalha hoje?
Yara Maasri: Há dois anos, trabalho com avaliações e pesquisas de vulnerabilidade e targeting, no escritório do ACNUR para o Oriente Médio e África do Norte, em Amã, na Jordânia. Fazemos estudos das populações de refugiados em diferentes países, para entender suas necessidades e identificar quem precisa de assistência do ACNUR.
Fazemos isso através de pesquisas (economia, proteção, educação, abrigo, água e saneamento, etc.), usando técnicas avançadas como estatística, mas também dependendo do conhecimento dos nossos especialistas de campo e dos próprios refugiados.
ACNUR: Qual é a parte mais gratificante do seu trabalho?
Yara Maasri: Interagir com colegas de formação educacional e profissional diferentes da minha, enquanto trabalhamos juntos para atingir uma meta comum. Eu aprendi muito sobre estatística, por exemplo, e como podemos utilizá-la para nos ajudar a fazer nosso trabalho melhor, enquanto observamos nosso mandado como uma agência de proteção.
ACNUR: Qual é a parte mais desafiadora do seu trabalho?
Yara Maasri: A parte mais desafiadora é saber que, apesar de sermos uma das operações mais bem financiadas do ACNUR, ainda assim existem centenas de milhares de pessoas que precisam da nossa ajuda, mas para quem não podemos providenciá-la, devido à falta de fundos. E isso significa que tem pessoas que vão dormir preocupadas com pagar o aluguel, mandar seus filhos para a escola, comprar comida e remédios… pensar nisso é muito difícil.
ACNUR: Você pode nos contar um pouco sobre o imenso impacto que a crise na Síria tem na vida de milhões de pessoas e como você presencia isso diariamente?
Yara Maasri: O impacto da crise na Síria é, francamente, incompreensível. Acho muito difícil realmente compreender a magnitude do que aconteceu ao país e seu povo. Parece estar muito longe da minha realidade, mas sempre penso também que deveria parecer longe da realidade dos sírios quando tudo começou.
Quem poderia imaginar quantas pessoas seriam forçadas a deixar suas casas, seus empregos, suas terras e suas famílias; e que quando fossem embora, passariam tanto tempo exiladas?
Parte do meu trabalho é contribuir para pesquisas com refugiados sírios, e percebo que com o passar do tempo, no geral, tanto suas condições financeiras como seu bem-estar têm piorado. A quantidade de gente precisando de ajuda é surpreendente, praticamente inconcebível.
As necessidades mais básicas, que muitos de nós nem imaginamos viver sem, como eletricidade, saneamento, cobertores, tornam-se uma enorme preocupação para centenas de milhares de pessoas.
E é importante também lembrar as nações vizinhas que têm permitido muito benevolentemente que milhões de sírios cruzem suas fronteiras e permaneçam no país, por vários anos já. Esses países, como a Jordânia e o Líbano, também foram afetados e continuam a depender da comunidade internacional para que consigam manter sua hospitalidade.
ACNUR: Qual o apoio fundamental oferecido pelo ACNUR nessa emergência?
Yara Maasri: O ACNUR lidera um esforço coordenado pela região para providenciar assistência que salva vidas, ajudando os mais vulneráveis com dinheiro para comida e remédios, fogões e combustível para aquecimento, isolamento para tendas, cobertores termais e roupas de inverno.
Também empregam soluções duradouras como reassentamento, embora para uma minoria da população. Para aqueles que foram deslocados mas continuam na Síria, também providenciamos kits de abrigo e apoio psicossocial. Todas nossas intervenções têm como objetivo principal proteger os refugiados e deslocados.
ACNUR: Qual foi o seu melhor dia de trabalho?
Yara Maasri: Acho que meu melhor dia de trabalho aconteceu há apenas alguns meses. Estava com colegas em uma roda de discussão em Manaus, onde fui em missão para apoiar a operação com a resposta à situação da Venezuela, e havia um pouco de tensão enquanto os participantes respondiam uma pergunta sobre encontrar emprego no Brasil.
Uma das pessoas que havia chegado mais recentemente respondeu que era “impossível”, enquanto um outro, que já estava em Manaus havia alguns anos, disse que, apesar de ser difícil, era possível, desde que a pessoa fizesse um esforço.
Esse homem foi a pé de Boa Vista até Manaus, um trajeto de mais de 700 km; depois de ter passado mais de um mês vivendo em situação de rua em Boa Vista. Apesar de ter passado momentos muitos difíceis e de nem sempre conseguir pagar todas as contas, ele disse ser imensamente grato pelas oportunidades que o governo brasileiro lhe deu, assim como toda a assistência do ACNUR.
Como uma brasileira que trabalha para o ACNUR, me senti muito feliz de ouvir que nossos esforços conjuntos haviam tido um impacto tão positivo na vida daquele homem.
ACNUR: Qual foi o seu pior dia?
Yara Maasri: Meu pior dia foi há alguns anos, quando, devido a uma escassez de financiamento, eu e alguns colegas tivemos que encontrar uma maneira de identificar os casos mais vulneráveis de refugiados sírios para continuar recebendo assistência financeira.
O que tornou a tarefa ainda mais dolorosa é que todas as pessoas que recebem assistência já são as mais vulneráveis, então, escolher entre elas quem era ainda mais vulnerável nos deixou muito triste.
No final, não tivemos que cortar a assistência de ninguém – daquela vez – porque recebemos fundos em cima da hora, mas eu nunca vou esquecer aquele dia. Saber que algumas pessoas que precisavam muito da assistência iam parar de recebê-la simplesmente porque não tínhamos dinheiro suficiente…me deu uma sensação de impotência.
ACNUR: Alguma história te marcou mais profundamente?
Yara Maasri: Uma vez, estava numa roda de discussão na Jordânia e um dos doadores elogiou uma das participantes, uma mulher síria, dizendo que as filhas dela eram muito bem-educadas e bem-vestidas. Ela perguntou onde a mulher encontrava roupas tão bonitinhas pra as crianças.
A mulher respondeu que ia de vez em quando a uma organização de caridade que distribuía roupas usadas, e tentava escolher as melhores peças, o que nem era sempre fácil; ela explicou que várias das roupas doadas estavam em condições tão ruins que ela não poderia usá-las nem pra limpar o chão de casa. Só porque somos refugiados, disse ela, não quer dizer que não temos orgulho e dignidade.
Este foi um momento marcante pra mim, que desafiou a própria noção de assistência. A mulher não soou nem um pouco arrogante ou mal agradecida; ela estava apenas dizendo uma verdade que muitas vezes esquecemos: refugiados têm sim necessidades urgentes, várias das quais podem ser atendidas com assistência material, mas isso não quer dizer que não devemos pensar neles e tratá-los com o maior respeito, o mesmo respeito que devemos a nossas famílias e amigos – a quem eu duvido muito que daríamos roupas rasgadas ou manchadas como presentes.
Essa é uma das principais razões pelas quais o ACNUR defende o aumento de assistência financeira (em contextos que permitem), que é a maneira mais digna de providenciar assistência, já que proporciona o poder de escolha às próprias famílias, que sem dúvida sabem definir melhor suas prioridades.
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Posted: 14 Mar 2019 12:17 PM PDT
Clique para exibir o slide.Fatima tem 42 anos e cinco filhos. São quatro meninos, Hussen, de 21, Mohamde, de 20, Lawand, de 15, Laith, de 7, e uma menina, Simaf, de 4, que nasceu no Brasil. Eles moram há quatro anos em São Paulo (SP), onde estão reconstruindo suas vidas dia após dia.
“Graças a Deus a gente conseguiu, eu consegui trazer meus filhos, isso é o importante da vida. O importante é que as crianças estão todas bem”, declarou.
Fatima morava com seus três filhos mais velhos e o marido em Alepo, no norte da Síria. Sua família era dona de uma fábrica de roupas e ela trabalhava no negócio como costureira.
Descendente de curdos, ela chegou a dar aula de árabe para os familiares que chegavam à cidade. Na época, a vida era um “paraíso”, em suas próprias palavras — até a guerra começar.
“Eu amava aquela cidade. Você olhava e podia ver os anos de história. Eu passeava muito”, contou.
“Tinha os castelos de Alepo, com mais de 7 mil anos. Eu sempre ia lá, porque da casa da minha família você conseguia ver o castelo bem longe. Era a cidade que eu mais gostava da Síria, eu amava. E no interior de Alepo minha família plantava azeite, uva, algodão, trigo, pistache.”
No início, ela achou que a guerra terminaria rápido. Tudo mudou quando seu marido decidiu entrar para o conflito e a abandonou, levando consigo seus dois filhos mais velhos, que na época tinham 12 e 13 anos.
Fatima ficou sem notícia das crianças, até que um dia um conhecido da família contou que as tinha visto morando nas ruas. “Meus amigos me contaram que ele tinha deixado as crianças na rua. Meu filho quase morreu, até minha família conseguir encontrá-los. Ficaram nessa situação por seis meses.”
A guerra na Síria continua a provocar a maior crise de deslocamento do mundo. Mais de 12 milhões de pessoas tiveram de deixar suas casas: metade da população. São oito anos de guerra, mais de 5,6 milhões de refugiados sírios registrados e mais de 6 milhões de pessoas deslocadas dentro da Síria.
Alguns anos depois Fatima conheceu seu atual marido. Por um tempo, ele morou na Jordânia, enquanto ela continuava na Síria. Mas o conflito foi se agravando e eles decidiram viver todos no mesmo lugar.
“Eu estava grávida e era perigoso. No meu bairro, todo mundo fugiu. A minha mãe não queria sair de casa, eu morava perto dela, mas liguei para o meu marido e saí de lá. (…) A gente fugiu para a Jordânia.”
A família viveu na Jordânia por quatro anos, esperando que a guerra acabasse. Sofreram muita discriminação no país. Seus dois filhos mais velhos precisaram trabalhar para ajudar a sustentar a família. Apenas o mais novo estudava. Tudo era muito caro e eles viviam em condições precárias, apertados em um cômodo. Se sentindo sem saída, foram à embaixada brasileira.
“A gente queria sair da Jordânia por causa dos estudos do meus filhos, a gente queria dar uma vida melhor para eles. Fomos no consulado da Austrália, da Suíça, da Armênia: todas pessoas secas. Quando entrei no consulado brasileiro, eu não esqueço esse momento, nos receberam com um alegre: “Oi, bem-vindo!”.
Chegar ao Brasil não foi fácil. Fatima contou que eles estavam priorizando locais em que tinham familiares, e não tinham nenhum no país. Hoje, no entanto, ela disse que eles já estão adaptados — todos os filhos estudam e os dois mais velhos fazem curso superior, de enfermagem e de comissário de bordo.
“Quando entendemos a cultura daqui a gente se acostumou mais. Agora meus filhos amam arroz e feijão, e eu tenho que fazer. Mas no início a gente pensava ‘por que sempre arroz e feijão?’. Agora nos acostumamos, mas só uma vez por semana, todo dia como os brasileiros não dá”, disse, brincando.
Até 2017, havia 2,7 mil refugiados sírios no Brasil. Eles são o maior grupo dentre os solicitantes de refúgio que já tiveram seus vistos reconhecidos. comida também é desfrutada pelos brasileiros, que fazem encomenda de salgados e doces com ela. Assim, ela consegue gerar renda extra para ajudar a família.
Fatima leva os sabores e aromas dos quais sente falta para o dia a dia da família. Sua saborosa As receitas da mãe também a ajudam a lidar com a saudade de uma casa que não existe mais. Seu bairro foi bombardeado e restaram apenas destroços. Ela afirmou sentir dor ao pensar que seu lar não existe mais.
“Alepo está destruída. Meu bairro, Ashrafieh, não existe mais, está completamente destruído. Minha mãe ainda está na Síria. Agora lá é assim: eles entram nas casas, limpam e as pessoas podem morar até o dono voltar, se o dono chega, a pessoa tem que sair e ir para outra casa que esteja vazia.”
“Isso é vida? Antes a minha mãe era gorda, agora, se você olhar para ela, está muito magra. Ela não aguenta mais. Às vezes, é difícil falar com eles, porque é muito triste e você acaba ficando triste também.”
O ACNUR atua na emergência da Síria desde o começo. Somos a principal agência da ONU em proteção, abrigo, serviços comunitários e distribuição de itens essenciais dentro da Síria. Mas não é só isso: estamos ao lado dos refugiados em todos os passos da sua jornada. No Brasil, apoiamos através de nossos parceiros locais cursos de português, revalidação de diploma, documentação, atuando para que as famílias se integrem e tenham a chance de viver em melhores condições.
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Posted: 14 Mar 2019 11:48 AM PDT
Manifestação durante o Dia Internacional das Mulheres em São Paulo (SP) em 2019. Foto: Ian Maenfeld (CC)
Para lembrar o Dia Internacional da Mulher, o Centro Internacional de Políticas para Crescimento Inclusivo (IPC-IG) selecionou artigos dedicados ao empoderamento das mulheres e à igualdade de gênero.
O tema escolhido este ano para lembrar a data foi “Pensar igual, construir de forma inteligente, inovar para mudar”, cujo objetivo é buscar formas inovadoras de avançar na igualdade de gênero e no empoderamento das mulheres, particularmente nas áreas de sistemas de proteção social, acesso a serviços públicos e infraestrutura sustentável.
Da proteção social à participação das mulheres no mercado de trabalho, o IPC-IG escolheu algumas publicações recentemente lançadas pelo Centro.
A Revista Policy in Focus intitulada em inglês “ Women at work: addressing the gaps” (Mulheres no trabalho: enfrentando as desigualdades) aborda as barreiras significativas que as mulheres em todo o mundo enfrentam diariamente para se posicionar como cidadãs economicamente ativas.
A publicação destaca um aspecto crucial do empoderamento econômico das mulheres: a participação no mercado de trabalho. Nem todos os tipos de trabalho resultam em experiências positivas para as mulheres, uma vez que elas enfrentam desafios na busca por empregos produtivos e bem remunerados, que lhes permitam acumular ativos.
O tempo que as mulheres podem dedicar ao mercado de trabalho permanecerá limitado se normas sociais profundamente enraizadas, como as relativas ao trabalho doméstico e ao cuidado das crianças, não forem repensadas para que todos os membros da família dividam as tarefas igualmente.
Outra publicação da Revista Policy in Focus é “ Proteção social: rumo à igualdade de gênero”, que conta com estudos que focam nos contextos dos programas de proteção social implementados atualmente em África do Sul, Egito, Uganda, Tanzânia e Brasil.
Alguns dos artigos apresentam reflexões sobre os desafios para o alcance da igualdade de gênero por meio de políticas sociais, onde podemos melhorar e onde estamos vendo progresso.
Já a Revista Policy in Focus “ Mulheres Protagonistas” destaca exemplos de mulheres em posição de liderança em uma sociedade antagônica. Essa edição reconhece as pluralidades de experiências e desafios experimentados por mulheres em todo o mundo, desde os desafios biológicos aos de integridade física e saúde reprodutiva, e restrições impostas por certos valores e normas sociais.
A publicação One Pager sobre “ Como fazer os programas de transferência de renda funcionarem bem para mulheres e crianças?” procura delinear boas estratégias e práticas no desenho e na implementação de programas de transferência de renda sensíveis ao gênero e às crianças, com base na experiência internacional.
O estudo concentra-se nas características do programa, destacando a importância de antecipar os efeitos sobre as mulheres e crianças durante cada etapa de desenho, implementação e avaliação do programa.
A publicação One Pager “ Desafios e perspectivas para as mulheres rurais no Brasil sob a ótica da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável” examina a desigualdade enfrentada pelas mulheres rurais e propõe uma estrutura política baseada na agenda dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) para a criação de uma estratégia que poderia diminuir disparidades no acesso a fatores de produção, tecnologia, conhecimento e oportunidades econômicas e sociais, bem como melhorar o papel das mulheres na agricultura, com benefícios significativos para alcançar todos os ODSs.
Clique aqui para acessar outras sugestões de leitura.
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Posted: 14 Mar 2019 10:56 AM PDT
A Estratégia de Igualdade de Gênero 2018-2021, a terceira do tipo elaborada pelo PNUD, fornece um roteiro para ampliar e integrar a igualdade de gênero em todos os aspectos do trabalho da organização. Foto: Thiago Siqueira
A igualdade de gênero é um direito humano básico e uma necessidade na busca por um mundo sustentável. Ao lado do empoderamento das mulheres, ela é vital para o alcance da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, que prevê o respeito universal pela dignidade e pelos direitos humanos em um mundo onde todas as mulheres e meninas experimentem a igualdade de gênero completa em que todas as barreiras legais, sociais e econômicas sejam removidas.
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) está empenhado em fazer desse cenário uma realidade. A Estratégia de Igualdade de Gênero 2018-2021, a terceira do tipo elaborada pela agência da ONU, fornece um roteiro para ampliar e integrar a igualdade de gênero em todos os aspectos do trabalho da Organização a fim de reduzir a pobreza, construir resiliência e alcançar a paz em comunidades e territórios, ajudando a acelerar o desenvolvimento sustentável.
Construído com base nas lições aprendidas por meio da implementação da estratégia anterior (2014-2017), o novo documento reflete descobertas, conclusões e recomendações de uma avaliação independente e externa de planos passados.
Essa estratégia também está sendo adotada no Brasil. No 8 de março, Dia Internacional da Mulher, a equipe do PNUD no país foi apresentada ao documento, que é pautado nos direitos humanos das mulheres e dos homens, e cujo enfoque é enxergar a igualdade de gênero como um requisito essencial e um acelerador para a realização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A implementação será feita com base em evidências científicas e por meio de parcerias, em colaboração com outros organismos da ONU, sociedade civil e terceiro setor.
De acordo com a oficial de Gênero e Raça do PNUD Brasil, Ismália Afonso, o plano prevê a implementação do Selo de Igualdade de Gênero, um programa de certificação corporativa que reconhece o bom desempenho dos escritórios nacionais do PNUD ao apresentar resultados relacionados ao tema.
“Ao longo dos próximos meses, vamos implantar ações para alcançar os 39 indicadores, distribuídos em sete áreas de performance”, explicou Ismália. Alguns desses indicadores são baseados na paridade de gênero na ocupação de postos no país, medidas de enfrentamento ao assédio sexual e implementação de uma política de equilíbrio entre vida profissional e pessoal.
Para o diretor do Gabinete de Apoio a Políticas e Programas do PNUD, Abdoulaye Mar Dieye, como elemento integrador do alcance dos ODS nas Nações Unidas, o PNUD desempenha papel fundamental para assegurar que a igualdade de gênero seja parte de todos os esforços de desenvolvimento.
“Com nosso amplo mandato de desenvolvimento e especialização, não estamos apenas bem posicionados para integrar o gênero em nosso trabalho, mas temos a responsabilidade de fazê-lo”, declarou. Ainda de acordo com Mar Dieye, em particular, a estratégia exige que sejam criadas oportunidades para que as mulheres contribuam e participem de meios de subsistência sustentáveis, de modo a melhorar os resultados para elas e suas famílias.
Dentro de casa, o PNUD também tem agido para ampliar o espaço de lideranças femininas globalmente. Metade dos recém-recrutados representantes-residentes são mulheres, um marco histórico no PNUD que, para celebrar este Dia Internacional da Mulher, está elaborando perfis de suas líderes sob o lema da campanha “Pense em termos de Igualdade, Desenvolva com Inteligência, Inove para a Mudança”.
Estratégia de Igualdade de Gênero 2018-2021
De modo central, a estratégia delineia o compromisso do PNUD em enfrentar desafios da igualdade de gênero em vez de intervenções voltadas a mulheres como simples beneficiárias; fortalecer a transversalidade de gênero nos programas; harmonizar o posicionamento institucional do PNUD com o tema da igualdade de gênero; adotar estratégias institucionais, como o Selo de Igualdade de Gênero e o Gender Marker, para a promoção da igualdade de gênero.
Selo de Igualdade de Gênero
O Selo de Igualdade de Gênero é uma ferramenta de desenvolvimento e supervisão de capacidade para incentivar a liderança e capacitar os gerentes. O desempenho dos escritórios do PNUD é medido de acordo com um conjunto de padrões mínimos de qualidade.
Ao longo de 18 meses, são analisados 39 indicadores em sete áreas de desempenho: gestão para a igualdade de gênero, capacidades internas, ambiente favorável, gestão do conhecimento e comunicação, programas e projetos, parcerias, e impacto e resultados.
As certificações são divididas em ouro (para quem cumprir pelo menos 80% dos indicadores), prata (pelo menos 70%) e bronze (pelo menos 50%).
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Posted: 14 Mar 2019 10:34 AM PDT
Vista panorâmica do centro da capital federal do Brasil. Foto: Isac Nóbrega/PR
O Brasil foi aceito como membro permanente do Comitê de Concorrência da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O anúncio foi feito em 22 de fevereiro e recebido com entusiasmo por autoridades do governo federal e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE).
A OCDE é segmentada em diretórios, subdivididos em comitês que se reúnem para discutir temas como macroeconomia, comércio, desenvolvimento, educação, ciência e inovação. O Comitê de Concorrência tem dois grupos de trabalho que tratam da interface entre concorrência e regulação e da cooperação e implementação das leis antitrustes.
A participação do Brasil como membro permanente foi apoiada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), por meio de projetos de cooperação com o CADE, em dois âmbitos.
Participação do PNUD
O projeto de execução nacional “Efetividade e Escala da Política Pública de Defesa da Concorrência”, iniciado em janeiro deste ano, tem como foco o fortalecimento do CADE na execução da Política Pública de Defesa da Concorrência, com vistas a aprimorar a excelência dos serviços prestados pela autarquia.
Por meio da produção de estudos e pesquisas, o projeto colabora para a inserção do país em fóruns internacionais, incluindo, por exemplo, o pleito de adesão do Brasil como membro permanente do Comitê de Concorrência da OCDE.
Já o projeto “Fortalecimento da Proteção e Defesa da Concorrência e dos Direitos do Consumidor no Brasil”, firmado com o Cade e a Secretaria Nacional de Defesa do Consumidor (SENACON), visava, entre outros objetivos, consolidar o ambiente concorrencial no país e o fortalecimento institucional do Cade. Fazem parte dos resultados alcançados com o projeto estudos, diagnósticos e pareceres técnicos que aprimoraram a atuação da instituição.
A partir dos métodos, tecnologias e fluxos de trabalho desenvolvidos, o Brasil ganhou notoriedade internacional, seja pela transparência nos critérios de julgamento (como as Guias de Atos de Concentração, de Termo de Cessação de Conduta e de Leniência); pela simplificação e transparência dos procedimentos (peticionamento eletrônico e pesquisa pública de processos), seja pelo entendimento disseminado sobre os comportamentos concorrenciais adequados.
O projeto viabilizou, ainda, a realização do intercâmbio de boas práticas nacionais e internacionais e o desenvolvimento de tecnologias para gestão de conhecimento e informação.
Os diálogos que culminaram na admissão do Brasil no Comitê de Concorrência da OCDE começaram no fim de 2017, quando o CADE formalizou o pedido durante fórum global realizado pelo Ministério das Relações Exteriores em Paris.
Quatro meses depois, o CADE recebeu sinalização positiva em relação ao pedido e foi informado de que teria que passar por processo de revisão por pares, que abrangeria avaliação minuciosa da política e legislação concorrencial brasileira e sua adequação aos padrões definidos pela OCDE.
O relatório resultante do processo foi apresentado em novembro passado, durante a 130º Reunião do Comitê de Concorrência da OCDE, em Paris. A Organização reconheceu os importantes avanços alcançados pela autarquia e a ampla implementação das recomendações decorrentes de peer reviews anteriores, conduzidos em 2005 e 2010.
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Posted: 14 Mar 2019 10:25 AM PDT
Os profissionais conhecidos como codificadores de mortalidade e morbidade desempenham um papel fundamental ao garantir a qualidade das estatísticas vitais e de saúde. Foto: Banco Mundial
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) está oferecendo mais capacitações e apoio aos profissionais responsáveis por registrar dados precisos sobre mortalidade e morbidade na América Latina e no Caribe. Essa iniciativa compõe os esforços para melhorar a qualidade, a pertinência e a uniformidade das informações que servem de base para muitas decisões no âmbito da saúde pública.
Os profissionais conhecidos como codificadores de mortalidade e morbidade desempenham um papel fundamental ao garantir a qualidade das estatísticas vitais e de saúde. Eles interpretam informações médicas completas (escritas por médicos) para determinar o diagnóstico exato de um paciente ou a causa de morte subjacente. Para isso, atribuem o diagnóstico a um código da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10) e o utilizam para elaborar dados de saúde padronizados em níveis local, regional e nacional.
“O trabalho dos codificadores é de vital importância para assegurar a geração de dados precisos sobre morbidade e mortalidade, que são utilizados para o planejamento, monitoramento e avaliação de políticas para manter e melhorar a saúde pública”, afirmou Patricia Ruiz, chefe interina da Unidade de Sistemas de Informação e Plataformas para a Saúde da OPAS. “No entanto, apesar desta responsabilidade, os codificadores geralmente precisam interpretar terminologias médicas complexas com pouca ou nenhuma capacitação sobre as atualizações mais recentes da CID-10, uma situação que deve ser modificada.”
Para abordar este tema, a Rede Latino-Americana e do Caribe para o Fortalecimento dos Sistemas de Informação de Saúde (RELACSIS), da OPAS, está trabalhando para colocar em prática diversas iniciativas que permitam melhorar a capacidade técnica dos codificadores da CID na região e lhes proporcionar as ferramentas necessárias para que possam realizar suas tarefas de forma mais eficaz.
Entre as iniciativas, está o desenho de cursos virtuais sobre a codificação de morbidade e mortalidade conforme a CID-10 – como, por exemplo, um curso online para médicos sobre como completar certidões de óbito. Há também uma outra capacitação virtual, com duração de dois meses, para novos codificadores, com o intuito de orientá-los sobre a forma correta de interpretar os termos médicos para utilizar os códigos, de compreender a estrutura da CID-10 e de atribuir códigos aos diagnósticos dos médicos. Mais de 250 codificadores participaram do último curso. A RELACSIS também criou uma plataforma virtual para promover debate técnico e responder às perguntas frequentes.
Também foi realizado um censo regional sobre os codificadores de mortalidade e morbidade para determinar, pela primeira vez, sua demografia, ambiente de trabalho e nível de competência. O censo revelou que existem cerca de 7 mil codificadores em países de língua espanhola da América Latina e do Caribe e permitirá intervenções mais direcionadas para apoiar essa força essencial de trabalho.
Reunião regional de codificadores
Em novembro de 2018, celebrou-se na Cidade do México a Primeira Reunião Regional de Codificadores de Mortalidade e Morbidade. O objetivo da conferência foi destacar o papel fundamental dos codificadores ao facilitar a criação de políticas de saúde fundamentadas na região e oferecer a esses profissionais o apoio necessário para desempenhar essa função no mais alto nível possível.
Durante a reunião, a RELACSIS, junto aos Centros Colaboradores para a Família de Classificações Internacionais da OMS na Argentina (CACE), Cuba (CECUCE) e México (CEMECE) aceitaram seguir trabalhando para buscar um maior reconhecimento do trabalho dos codificadores da CID e programar reuniões entre esses profissionais para intercâmbio de ideias, experiências e perspectivas em torno dessa função, assim como para tratar de suas necessidades técnicas específicas.
Fortalecimento das estatísticas vitais
Todas essas iniciativas fazem parte do Plano de Ação da OPAS para o fortalecimento das estatísticas vitais (2017-2022). O documento tem foco na melhoria do papel dos codificadores, estabelecendo um registo desses profissionais; em fornecer treinamento e desenvolvimento de habilidades, de acordo com as necessidades do codificador; preparar codificadores para a CID-11 em 2022; expandir as iniciativas para codificadores do Caribe de língua inglesa; e desenvolver uma qualificação profissional para garantir o desenvolvimento profissional dos codificadores.
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Posted: 14 Mar 2019 08:50 AM PDT
Um trajeto difícil, cheio de perigos, mas também de muita determinação. Essa é a síntese do livro Amal e a viagem mais importante da sua vida, que será lançado nesta sexta-feira (15), na biblioteca do Sesc Avenida Paulista, em São Paulo (SP). Evento tem o apoio da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR).
Escrito por Carolina Montenegro, jornalista brasileira correspondente na Itália e especializada em questões migratórias, Amal também traz uma narrativa visual concebida por Renato Moriconi, artista plástico que já assinou mais de 40 livros no Brasil e outros países. O livro é publicado pela Editora Caixote nos formatos impresso e digital.
Amal é o nome da menina que deixa para trás a sua vida na Síria, passando pela Turquia e depois Grécia e Itália, tendo que viajar sozinha, de carona, a pé e até num bote improvisado. Pelo caminho, conhece outras crianças na mesma situação, vindas de outros países e contextos. O livro revela o drama de cada uma delas, mas também a sua coragem e determinação. A obra é uma homenagem às milhões de crianças refugiadas e, em especial, às centenas de milhares que viajam sozinhas pelo mundo para sobreviver.
No lançamento, o ACNUR vai apresentar um panorama atual sobre os impactos da guerra da Síria, que completa oito anos nesta sexta. Em seguida, será apresentado o projeto Amal, com contação da história, bate-papo com refugiados e autores, venda de livros e autógrafos.
O ACNUR apoia e acredita no livro Amal como estímulo à educação, capaz de sensibilizar professores e leitores e fazer com que os direitos das crianças e pessoas refugiadas sejam respeitados de forma digna e plena.
Serviço:Lançamento do livro infanto-juvenil “Amal e a viagem mais importante da sua vida” Data: 15 de março de 2019 Local: Biblioteca do Sesc Avenida Paulista Horário: 19h00 Entrada franca
Contatos de imprensa:Miguel Pachioni ( pachioni@unhcr.org / 11 3107-5324)
Ficha técnica do livro:História de Carolina Montenegro Narrativa visual de Renato Moriconi Editora Caixote e Webcore Games Indicação para crianças de 8 anos ou mais Temas: literatura juvenil, refugiados, migrantes, crises humanitárias, história contemporanêa
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Posted: 14 Mar 2019 08:27 AM PDT
O líder comunitário Mohammed liderou esforços para propor políticas de planejamento urbano que resolvessem os problemas ambientais e habitacionais vividos pelos moradores de Jardim Helian. Foto: ONU Meio Ambiente
São Paulo é uma metrópole em expansão, conhecida por seu mercado financeiro, empresas e cena artística. Mas essa reputação pode ser enganosa para os moradores de regiões rurais que se mudam para a capital paulista em busca de empregos. O crescimento da população paulistana — estimada em cerca de 12 milhões de habitantes — não mostra sinal de desaceleração.
Esse crescimento, mais espontâneo do que o planejado, traz desafios próprios. O bairro Jardim Helian, por exemplo, no leste da cidade, foi se expandindo conforme as pessoas chegavam para buscar trabalho no setor de construção, comércio e também como empregadas domésticas em residências de classe média e classe média alta.
A área, construída sobre a bacia do córrego Tone, é representativa de outros assentamentos informais, com casas construídas pelos próprios moradores e, frequentemente, em condições precárias. Os cerca de 14 mil moradores do Jardim Helian têm renda de baixa a média. O caráter não planejado da região levou inevitavelmente a problemas.
“Um dos problemas é quando as casas invadem o território do rio, levando à canalização forçada (o que causa enchentes durante a estação chuvosa)”, afirma o morador Mohammed, ao lado de uma “casa na ponte”. Debaixo da residência, o rio segue seu curso. “Outro (problema) é que o esgoto é jogado diretamente no riacho.”
O bairro também enfrenta desafios relacionados ao descarte de resíduos sólidos, com o lixo se acumulando com frequência nas ruas ou indo parar no rio. Outra dificuldade é a locomoção, sobretudo o acesso ao transporte público.
Mohammed, um dos líderes comunitários, estava determinado a aprender sobre soluções para os problemas locais. Ele acompanhou aulas na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Sua paixão e entusiamo o levaram a conseguir apoio por meio de um projeto conjunto da ONU Meio Ambiente e do Programa Cidades Sustentáveis, com o Instituto das Cidades, da UNIFESP.
O projeto visa testar inovações por meio de uma “abordagem de vizinhança” — que poderia ser ampliada e aplicada nos níveis municipal e nacional. Inovação, integração e replicação são as palavras-chave da iniciativa, através da qual uma comunidade consegue lidar com questões ambientais múltiplas. O projeto se pauta pelas percepções dos habitantes sobre esses problemas e, então, replica as soluções por meio do planejamento urbano. A participação dos moradores garante que os desafios possam ser identificados e resolvidos junto com especialistas técnicos dentro e fora dos governos locais.
Em Jardim Helian, o Programa Cidades Sustentáveis e a UNIFESP cocriaram com os moradores um quadro sofisticado de indicadores, que ajudou a comunidade a comunicar seus problemas às autoridades. Usando dados produzidos localmente, pesquisadores do projeto e moradores analisaram problemas de gestão hídrica, conservação da biodiversidade e vulnerabilidade das casas aos alagamentos.
“A ideia do projeto era, com base nos indicadores, fazer uma pesquisa, estabelecer prioridades e, a partir dessas prioridades, pensar em projetos que poderiam ajudar a melhorar a qualidade ambiental da região”, explica a coordenadora de indicadores do Programa Cidades Sustentáveis, Clara Meyer.
Ao final do projeto, os moradores conseguiram apresentar um plano físico e financeiro para o governo e potenciais doadores externos. A estratégia ressaltava as preocupações da comunidade e associava as inquietações com as prioridades do governo local, ao mesmo tempo em que mantinha as aspirações dos residentes dentro de um orçamento razoável. O marco cobria uma vasta gama de assuntos, olhando para a comunidade com uma perspectiva sistemática — da instalação de postos de coleta de água à coleta de lixo volumoso e resíduos de construção, uso de recursos florestais em centros urbanos para manter as áreas verdes e a instalação de pontos de ônibus, com a criação de horários adequados.
O projeto também considerava criar uma cooperativa de catadores de lixo para gerar renda a partir da reciclagem, além de sugerir o estabelecimento de um centro de educação sobre meio ambiente, a fim de promover estilos de vida mais sustentáveis. Como os próprios moradores elaboraram o plano, a estratégia é direcionada e adequada, em oposição a soluções que são impostas de fora.
“A possibilidade de transitar entre os moradores e escutá-los foi fundamental”, afirma o pesquisa Tiago Martins, do Instituto das Cidades. “Essa é uma das coisas mais importantes no resultado do projeto.”
O Programa Cidades Sustentáveis agora está apoiando a comunidade a discutir o plano com o governo local, bancos e outras instituições financeiras para mobilizar recursos. Se esse piloto for bem-sucedido, e até agora tudo indica que sim, o próximo passo é levar a abordagem para cidades que enfrentam problemas similares, no Brasil e em outros lugares.
Isso é essencial, devido às questões apresentadas pela pesquisa O Peso das Cidades: Exigências de Recursos da Urbanização Futura, lançada em 2018 pelo Painel Internacional sobre Recursos. A parcela da população que mora nas cidades deve crescer de 54% em 2015 para 66% em 2050, chegando a 2,4 bilhões no mundo todo. O grosso desse crescimento ocorrerá no Sul global, em países como China, Índia e Nigéria. Em torno de 90 trilhões serão investidos em infraestrutura urbana até 2050.
Acelerar a produtividade urbana exige, entre outras medidas, a restruturação dos bairros, o investimento em sistemas de trânsito que contemplem toda a cidade, a construção de redes de energia renovável e prédios que sejam eficientes do ponto de vista energético, a redução do lixo para um nível zero e o compartilhamento de recursos. Mas isso vai depender de modelos apropriados de governança urbana. Como mostra o caso do Jardim Helian, a abordagem de vizinhança pode ajudar a moldar e melhorar a gestão das cidades.
“O desafio que a humanidade enfrenta nesse século é tentar adaptar o crescimento urbano e resolver desafios socioambientais que ele (o crescimento) apresenta”, defende Zysman Neiman, coordenadora do Comitê Gestor do Instituto das Cidades. “É hora de resolver esses problemas.”
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Posted: 14 Mar 2019 06:12 AM PDT
Curitiba, capital do Paraná. Foto: Flickr (CC)/Francisco Anzola
Uma equipe do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime ( UNODC) foi ao Paraná verificar a implementação de um programa que busca controlar o uso da força pelas autoridades de segurança. O governo paranaense desenvolve atualmente estratégias de policiamento comunitário em 27 municípios, a fim de garantir que o emprego da força esteja em conformidade com exigências legais.
Os planos de patrulhamento e segurança pública nessas cidades fazem parte do Programa Paraná Seguro, executado pelo UNODC e cofinanciado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Os municípios participantes foram escolhidos para o projeto porque concentram cerca de 50% dos crimes violentos e dos casos de vítimas da atuação letal do Estado.
Realizada nos dias 26 a 27 de fevereiro, a visita do UNODC incluiu uma reunião do analista da agência da ONU, Eduardo Pazinato, com o diretor de Planejamento Estratégico da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SESP), coronel Enio da Silva, e o coordenador do Escritório de Projetos do Paraná Seguro, major Ivan Ricardo Fernandes. O encontro também teve a participação do chefe da Coordenadoria de Análise e Planejamento Estratégico (CAPE), major Rodrigo Perim, e do coordenador administrativo do programa, Roberto do Canto.
Durante a reunião, Pazinato apresentou um diagnóstico preliminar do Paraná Seguro, com análises dos mecanismos de controle social do policiamento comunitário nas localidades de abrangência do programa.
O coronel Enio da Silva disse estar de acordo com as sugestões propostas pelo UNODC para ações conjuntas, principalmente as que visam fortalecer a inteligência policial no combate ao crime organizado e a crimes violentos relacionados.
No segundo dia da viagem, a equipe do UNDOC conheceu a Corregedoria-Geral da Polícia Militar do Paraná (COGER), onde recebeu informações sobre a integração institucional do organismo com o Ministério Público e o Judiciário. Representando a agência da ONU, Pazinato também foi informado sobre os esforços de automação e informatização para projetos da polícia, com ênfase na capacitação dos oficiais de segurança. O encontro também discutiu os padrões de letalidade e agressão da Polícia Militar do Paraná.
Pazinato visitou ainda a sede da Polícia Civil paranaense, a fim de coletar dados e informações sobre o uso da força por seus oficiais.
Ao final da missão do UNODC, a administração da SESP se comprometeu a designar novos pontos focais na Polícia Militar e Civil para acompanhar e expandir a parceria com o escritório da ONU no monitoramento do uso da força. Segundo Pazinato, a agência das Nações Unidas também “reunirá esforços para ampliar e qualificar o assessoramento prestado com a contratação de um consultor local”.
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Posted: 14 Mar 2019 05:11 AM PDT
Cerca de 90 adolescentes e mulheres participaram da oficina de artes marciais promovida pelo UNFPA. Foto: UNFPA Brasil/Thais Rodrigues
“Todas com o braço direito na frente. Vamos dar três golpes mudando os braços”. Entre gritos, sorrisos e palmas, cerca de 90 adolescentes e mulheres venezuelanas participaram de uma oficina de artes marciais promovida pelo Fundo de População das Nações Unidas ( UNFPA) em Pacaraima (RR). Realizada num abrigo de passagem para refugiados e migrantes, a atividade aconteceu na última sexta-feira em comemoração ao Dia Internacional das Mulheres, 8 de março.
Com a ação, o organismo da ONU buscou promover o empoderamento e a resiliência de meninas adolescentes e mulheres, além de fortalecer a convivência e os vínculos entre as venezuelanas.
A professora de caratê J*, que coordenou a oficina, mora com o filho no abrigo de passagem, conhecido pela sigla BV8. Na Venezuela, a refugiada era lutadora profissional e educadora para crianças e adultos. A atleta chegou a representar o país internacionalmente.
Tanto em Boa Vista como em Pacaraima, o UNFPA trabalha na resposta à violência de gênero entre refugiadas e migrantes. A agência também promove o acesso à saúde sexual e reprodutiva, em especial para mulheres e meninas.
A venezuelana Yessica Silva, de 25 anos, é casada e mãe de cinco filhos. A estrangeira conta que, em razão do trabalho doméstico e da falta de condições financeiras, a oficina foi a primeira vez em que teve a oportunidade de participar de uma atividade como essa.
Para Yessica, que mora no alojamento de passagem desde dezembro, a aula de artes marciais proporcionou um momento de descanso e liberdade. “Me senti livre de um peso: das minhas preocupações. Foi um relaxamento para o meu corpo, mas principalmente para a minha mente.”
Em seu país, a venezuelana trabalhava cuidando dos próprios filhos, mas também em ocupações em casas de família e em minas de ouro na Venezuela. Veio para o Brasil com a esperança de oferecer uma vida melhor à família. “Quero mostrar aos meus filhos, e principalmente às meninas, que podem ter um futuro diferente. Quero dar para eles aquilo que eu não tive.”
*A identidade foi preservada por motivos de segurança
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Posted: 14 Mar 2019 04:24 AM PDT
Agentes de saúde fazem visita para prevenção e diagnóstico de hanseníase no Brasil. Foto: OPAS
No Rio de Janeiro (RJ), a Organização Pan-Americana da Saúde ( OPAS) — braço regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) — afirmou nesta semana (12) que o estigma associado à hanseníase tem dificultado os esforços para acabar com a transmissão da doença. Agência da ONU participa do I Encontro Latino-americano e Caribenho de Entidades de Pessoas atingidas pela Hanseníase, que se encerra nesta quinta-feira (14) na capital fluminense.
“Enfrentar as barreiras sociais para reduzir a transmissão e acabar com o estigma e a discriminação contra as pessoas afetadas pela hanseníase é responsabilidade de todos”, defendeu a assessora regional em Doenças Negligenciadas da OPAS, Isabelle Roger, que considerou como “histórica” a reunião no Rio.
Atualmente, mais de 200 mil novos casos de hanseníase são detectados no mundo a cada ano. Dessas ocorrências da doença, 80% são registradas em três países – Brasil, Índia e Indonésia. A patologia foi eliminada como problema de saúde pública em 23 países das Américas — isso significa que, nessas nações, há menos de um caso de hanseníase em cada 10 mil habitantes registrados para tratamento.
Em 2017, 29.101 novos episódios de hanseníase foram registrados no continente americano — mais de 93% deles no Brasil.
O evento no Rio de Janeiro reúne membros de diversas instituições nacionais e interna
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