Boletim diário da ONU Brasil: “ONU lança plataforma para cooperação técnica entre países do Sul Global” e 9 outros.
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Posted: 20 Mar 2019 01:22 PM PDT
Jorge Chediek, enviado do secretário-geral da ONU para a Cooperação Sul-Sul (segundo, da esquerda para a direita), e o presidente do Uruguai, Tabaré Vásquez (centro), no lançamento de relatório sobre a cooperação entre países em desenvolvimento no mundo digital. Foto: ONU/Laura Quinones
Quando países do Sul Global fecharam um histórico acordo de cooperação técnica há 40 anos, a tecnologia digital era algo do futuro, mas nações em desenvolvimento avançaram um longo caminho desde então.
A China, por exemplo, conseguiu enviar um veículo de exploração para o lado escuro da Lua, enquanto a Índia tem um satélite orbitando Marte. Uma nova ferramenta digital lançada na terça-feira (19), pouco antes da Segunda Conferência de Alto Nível da ONU para Cooperação Sul-Sul, busca fortalecer o compartilhamento de tecnologias em benefício dos países em desenvolvimento.
A “South-South Galaxy” (Galáxia Sul-Sul) é uma plataforma global de compartilhamento de conhecimentos e parcerias, lançada oficialmente na cidade-sede da conferência “BAPA+40” – a capital argentina, Buenos Aires – pelo Escritório da ONU para Cooperação Sul-Sul (UNOSSC).
O projeto tem objetivo de dar apoio sistemático e eficaz a países do Sul Global para que consigam se conectar, aprender e colaborar com possíveis parceiros no mundo digital.
“O projeto Galaxy irá colocar em um único espaço digital todas as grandes experiências da Cooperação Sul-Sul”, disse Jorge Chediek, enviado especial do secretário-geral e diretor do UNOSSC, em entrevista ao UN News. “Estamos falando dos melhores casos, das melhores oportunidades para estabelecer contatos e parcerias”, acrescentou.
O projeto, lançado às vésperas da conferência, busca unir plataformas existentes desenvolvidas por agências da ONU e seus parceiros, permitindo que todos do campo de Cooperação Sul-Sul acessem e naveguem uma ampla variedade de iniciativas para conhecimento, soluções, pesquisas e desenvolvimento.
“Estou ansioso para transformar (a plataforma) em um banco de dados vivo. A chave é ter um forte compromisso institucional de muitos parceiros e desenvolvê-la de uma maneira que se torne elemento útil, na qual usuários possam encontrar o que precisam para construir uma realidade melhor em seus países”, explicou Chediek.
Para o enviado especial, a tecnologia se tornou essencial para países em desenvolvimento. “Tradicionalmente, os países do Sul eram os destinatários das tecnologias. As tecnologias produtivas, as tecnologias de informação, eram geradas no Norte”, disse Chediek.
“Atualmente, estes países estão criando novas tecnologias e desenvolveram novos modelos de como usá-las em benefício de suas sociedades. Neste contexto, a Cooperação Sul-Sul se torna muito importante para outros países em desenvolvimento aprenderem e tirarem vantagem destas novas ferramentas”.
O enviado destacou durante o evento o fato de que 1978, quando o Plano de Ação de Buenos Aires foi adotado para promover a cooperação técnica entre países em desenvolvimento, não havia noção de qual tecnologia iria realmente representar o século 21.
“Quem diria que após 40 anos iríamos nos encontrar em Buenos Aires e que a China conseguiria enviar um veículo de exploração para o lado escuro da Lua e a Índia teria um satélite orbitando Marte”, disse Chediek.
O UNOSSC também lançou na terça-feira o novo relatório “Cooperação Sul-Sul em um Mundo Digital”, que explora e analisa perspectivas e tendências de desenvolvimento que afetam indústrias digitais no Sul Global.
Uruguai elogia oportunidades digitais
O presidente do Uruguai, Tabaré Vásquez, ecoou as palavras do enviado especial dizendo que o mundo está passando por uma série de mudanças tecnológicas, mudando o paradigma de desenvolvimento.
“A economia como concebemos até agora tem uma nova disciplina: a economia digital, que está avançando em saltos. Se olharmos de perto o mercado de big data de 2011 a 2017, ele multiplicou em cinco vezes, e é estimado que nos próximos anos irá triplicar”, disse.
“A imensa quantidade de dados disponíveis, a habilidade de processá-los e transmiti-los, abre uma ampla gama de oportunidades de desenvolvimento. No entanto, o desafio é para que estas mudanças beneficiem o maior número de habitantes do nosso planeta e alcancem toda a população”, acrescentou Vásquez.
Bandeiras hasteadas na BAPA+40
Na terça-feira, a bandeira das Nações Unidas foi hasteada ao lado da bandeira da Argentina no centro de convenções de Buenos Aires, marcando o início formal da BAPA+40. O chefe do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Achim Steiner, esteve ao lado de Jorge Chediek e do ministro das Relações Exteriores da Argentina, Jorge Faurie, na cerimônia.
“A Cooperação Sul-Sul permite que países alcancem seus objetivos de desenvolvimento e reduzam a pobreza através de assistência mútua e solidariedade. A Conferência irá adotar um mapa crucial para acelerar a implementação de soluções concretas para alcançar a agenda de desenvolvimento sustentável”, disse o chefe do PNUD.
“Não estamos falando de realidades abstratas. Estamos falando de práticas e trocas que são orientadas para melhorar a qualidade de vida”.
Mais de 1 mil participantes e delegações de alto nível de dezenas de países irão debater a importância da Cooperação Sul-Sul como ferramenta para alcançar a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
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Posted: 20 Mar 2019 12:26 PM PDT
Clique para exibir o slide.O Clube Rise está ajudando meninas adolescentes e mulheres jovens a iniciar conversas sobre HIV e saúde, direitos sexuais e reprodutivos em cidades da África do Sul.
Khayelitsha é um dos maiores municípios do país, situado em Cape Flats, Cidade do Cabo. Como em muitas outras comunidades sul-africanas, mulheres e meninas nos assentamentos semi-informais lidam diariamente com a desigualdade de gênero, o que as coloca em maior risco de infecção pelo HIV.
A desigualdade de gênero é uma barreira para que adolescentes e jovens tenham acesso a serviços de HIV e de saúde sexual e reprodutiva, além de educação sexual abrangente. Também coloca as meninas em maior risco de violência baseada em gênero.
“Acontecem muitos crimes. A comunidade não está do lado das meninas. A comunidade acredita que as mulheres devem se submeter aos homens. Às vezes, é difícil falarmos”, disse uma jovem que faz parte do clube Rise em Khayelitsha.
“Nós nos diminuímos para nos encaixar na caixa em que a comunidade nos coloca. Meninas são estupradas, sequestradas… há muita violência. ‘Você pode fazer isso, você não pode fazer aquilo, te dizem o que fazer”, contou.
Para a maioria das meninas, é difícil conversar com pais, professores ou membros da família sobre sexo, sexualidade, saúde e direitos sexuais e reprodutivos. Por serem sexualmente ativas, mulheres e meninas enfrentam o estigma e discriminação de enfermeiras em ambientes de assistência à saúde, quando buscam por serviços.
Ainda que muitos países da África Oriental e Austral tenham assinado o Compromisso Ministerial sobre educação sexual abrangente e serviços de saúde sexual e reprodutiva para adolescentes e jovens na região, e tenham algum tipo de política sobre educação sexual abrangente, a implementação ainda é desigual.
Mulheres jovens estão em maior risco de infecção pelo HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis do que seus pares do sexo masculino ou mulheres mais velhas.
Na África Oriental e Austral, um quarto das 800 mil novas infecções pelo HIV em 2017 ocorreu em meninas e mulheres entre 15 e 24 anos. Dos 2,17 milhões de adolescentes e jovens entre os 15 e os 24 anos na África Oriental e Austral que vivem com HIV, 1,5 milhão são meninas e mulheres.
Das 277 mil novas infecções por HIV na África do Sul em 2017, 77 mil estavam entre meninas e mulheres com idades entre 15 e 24 anos, mais que o dobro do que seus pares do sexo masculino (32 mil).
O conhecimento sobre prevenção do HIV varia de 64,5% em Ruanda a 20,37% em Comores, com a média de 45,8% na África do Sul.
Em alguns países da região, meninas e mulheres podem se casar, por lei, ainda muito novas. Os casamentos precoces estão associados à falta de autonomia corporal, carência de estudo devido ao abandono escolar, falta de independência econômica e violência baseada em gênero.
O sexo transacional também contribui para a disparidade de gênero na infecção pelo HIV entre jovens da África subsaariana.
Evidências mostram que meninas adolescentes e mulheres jovens que praticam o sexo transacional estão associadas a uma série de fatores que podem aumentar o risco de transmissão do HIV, incluindo abuso e violência, uso de álcool, múltiplos parceiros, falta de uso do preservativo e sexo com pessoas mais velhas.
Clube Rise
O Rise é um clube para meninas adolescentes e mulheres jovens que busca construir coesão social, autoeficácia e resiliência ao permitir que meninas e mulheres (com idades entre 15 e 24 anos) tenham um espaço para apoiar umas às outras e realizar projetos na comunidade que ajudem a prevenir o HIV, além de reduzir o seu impacto e possibilitar escolhas mais seguras.
Iniciado em 2014 pelo Instituto para a Justiça Social Soul City, é direcionado a jovens de 15 distritos africanos com altos índices.
O clube ajuda a atender as necessidades de meninas adolescentes e mulheres jovens em termos de construção da autoconfiança, as encoraja a se posicionar contra os males sociais, e as ajuda a tomar decisões sobre suas vidas.
Meninas adolescentes e mulheres jovens na África Oriental e Austral precisam de leis, políticas e programas que atendam suas necessidades. Estas incluem programas adaptados e focados em serviços de saúde sexual e reprodutiva, educação sexual abrangente, prevenção de gravidez indesejada, violência baseada em gênero e HIV.
Meninas e mulheres devem ser informadas pelos princípios de igualdade de gênero e direitos humanos e também devem abordar outras questões socioeconômicas, como pobreza e desemprego, de acordo com o UNAIDS.
Ter essas políticas e programas não só resultará em resultados positivos para a saúde, mas dará às meninas adolescentes e às mulheres jovens a oportunidade de viver suas vidas com liberdade e dignidade, concluiu.
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Posted: 20 Mar 2019 12:09 PM PDT
Distribuição de alimentos em Beira, Moçambique. Mais de 70 famílias receberam ajuda em escola transformada em abrigo. A maior parte dos moradores teve de deixar suas casas danificadas pelo ciclone. Foto: PMA/Deborah Nguyen
A escala completa da devastação causada pelo ciclone tropical Idai no sudoeste da África está se tornando mais clara, afirmaram as Nações Unidas na terça-feira (19), alertando que a emergência “ está crescendo a cada hora”.
Cinco dias após a tempestade chegar a Moçambique, causando amplos danos e enchentes, a estimativa é de que ao menos 1 mil pessoas tenham morrido no país.
Segundo relatos, pessoas afetadas estão presas em telhados e árvores enquanto aguardam resgate, disseram agências da ONU. Em Moçambique, no Malauí e no Zimbábue, dezenas de milhares de pessoas perderam suas casas. Estradas, pontes e plantações também foram destruídas.
“Estamos falando de um desastre gigantesco agora, no qual centenas de milhares – ou milhões de pessoas – foram possivelmente afetadas”, disse Jens Laerke, do Escritório das Nações Unidas para Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA). “Precisamos de todo o apoio logístico que pudermos conseguir”.
Embora as enchentes tenham diminuído no Zimbábue e no Malauí, permitindo que algumas pessoas retornassem para casa, o Programa Mundial de Alimentos (PMA) alertou que Moçambique enfrenta “uma grande emergência humanitária que está crescendo a cada hora”.
A ONU estima que 1,7 milhão de pessoas estivessem no caminho no ciclone em Moçambique, disse o porta-voz do PMA, Hervé Verhoosel, a jornalistas em Genebra. Além disso, outras 920 mil teriam sido afetadas no Malauí e outras milhares no Zimbábue.
Enchentes parecem “oceanos na terra”
O acesso das equipes de ajuda é o maior desafio, disse o porta-voz do PMA. A agência relatou que funcionários que sobrevoaram a área inundada desde o fim de semana, quando dois rios transbordaram, citaram “oceanos na terra se estendendo por milhas e milhas”.
Em Moçambique, o PMA busca apoiar 600 mil pessoas afetadas pelo ciclone, que chegou ao país com ventos de mais de 150 quilômetros por hora. No Malauí, a agência da ONU planeja alcançar 650 mil pessoas com assistência alimentar.
Dificultando ainda mais resposta humanitária, as fortes chuvas continuam. De acordo com Clare Nullis, porta-voz da Organização Meteorológica Mundial (OMM), não há previsão de que elas cessem nos próximos dias.
“O presidente moçambicano disse, segundo relatos, que há temores de mais de 1 mil mortes”, disse Nullis. “Se estes relatos, estes temores, forem verdadeiros, então podemos dizer que é um dos piores desastres relacionados às condições meteorológicas – desastres relacionados a um ciclone tropical – no Hemisfério Sul”.
Milhares tentam se salvar em telhados e árvores
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) confirmou a escala da emergência, destacando que 260 mil crianças podem ter sido afetadas em Moçambique.
“Muitas pessoas estão em situações desesperadoras, diversas milhares estão lutando por suas vidas no momento, sentando em telhados, em árvores e em outras áreas elevadas”, disse o porta-voz Christophe Boulierac. “Isso inclui famílias e, obviamente, muitas crianças”.
O porta-voz da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (IFRC), Matthew Cochrane, destacou a situação perigosa. Segundo ele, muitos colegas “falaram sobre enchentes de até seis metros de profundidade, cobrindo telhados, palmeiras, postes telefônicos”.
PMA elogia pilotos que entregam assistência alimentar
Até o momento, o PMA coordenou entregas aéreas de biscoitos energéticos, água e cobertores para pessoas presas em telhados e áreas elevadas fora da cidade portuária de Beira. A cidade teve 90% de seus prédios danificados, incluindo o depósito da agência e máquinas de descarregamento de portos.
“É muito difícil pousar um avião assim”, disse Verhoosel. “Você consegue imaginar um aeroporto danificado pela água, escuro, sem luz ou comunicação via rádio com a torre de controle. Nada. Eu digo, estes pilotos são incríveis”.
Quatro toneladas de biscoitos foram entregues na terça-feira (19), além de 1,2 tonelada entregue na segunda-feira (18). As entregas faziam parte de uma remessa de 20 toneladas trazidas de Dubai.
Negociações também estão em estágio avançado para levar dois aviões de carga para Beira, incluindo um Hercules C-130, afirmou a agência.
Para responder às necessidades de saúde da população, Christian Lindmeier, da Organização Mundial da Saúde (OMS), explicou que a prioridade é ajudar pessoas com ferimentos por esmagamento ou trauma.
“Para as necessidades imediatas, a OMS está posicionado kits de saúde, kits de emergência, kits de trauma e também kits para cólera, para poder conseguir ajudar pessoas em solo”.
Necessidades de longo prazo incluem ter que lidar com um possível aumento em doenças transmitidas pela água e a reconstrução de muitos centros de saúde destruídos, acrescentou o porta-voz da OMS.
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Posted: 20 Mar 2019 11:41 AM PDT
Clique para exibir o slide.Empresários e técnicos do setor de refrigeração comercial se reuniram em São Paulo (SP) na quinta-feira (14) para debater a utilização do propano R-290 como fluido frigorífico em equipamentos de refrigeração .
O evento foi organizado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e pela Organização das Nações Unidas para Desenvolvimento Industrial (UNIDO) no âmbito do Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs (PBH).
Este foi o primeiro de um ciclo de três eventos que estão sendo organizados para apresentar as alternativas de substituição do gás HCFC-22 no setor de refrigeração comercial. Novos eventos serão realizados para debater a utilização do CO2 e dos HFOs e suas misturas.
O encontro teve palestras de três engenheiros mecânicos, especialistas em refrigeração e ar condicionados, que abordaram os diferentes aspectos técnicos relacionados ao tema, e de um representante do Corpo de Bombeiros de São Paulo, Major Crespo, que finalizou o dia com a apresentação do panorama regulatório de segurança contra incêndio aplicado no estado.
O professor da Universidade de Uberlândia Enio Bandarra ressaltou a necessidade de se promover o desenvolvimento tecnológico nacional relacionado à novas tecnologias de refrigeração.
“É extremamente importante o que está sendo feito (…), a oportunidade para gerar tecnologia nacional, para que isso seja aplicado aqui. Essa é uma oportunidade muito boa para as empresas se dedicarem a melhorar a parte tecnológica e para estarem sempre atualizadas nesse tema”, ressaltou o professor durante o workshop.
Uso do R-290 como fluido frigorífico
Bandarra ressaltou que a partir de 2010, uma nova corrida de desenvolvimento tecnológico foi lançada, principalmente para tentar alternativas a esses Hidrofluorcarbonos (HFCs).
“Então, as indústrias químicas (…) desenvolveram os chamados HFOs (…) e voltamos a estudar os chamados fluidos naturais: CO2, amônia e hidrocarbonetos, que são fluidos que não agridem a camada de ozônio”, explicou.
Antes da escolha do fluido natural alternativo para sistemas de refrigeração, há a necessidade de se compreender as peculiaridades de cada um dos fluidos para que sejam utilizados com segurança.
Nesse sentido, o engenheiro David Marcucci, doutorando da Universidade Federal de Uberlândia, relatou as normas e princípios nacionais e internacionais de segurança para a utilização do R-290 e para o desenvolvimento seguro de equipamentos.
O especialista em refrigeração da UNIDO, Edgard Soares, apresentou as especificações de segurança para os locais de armazenamento, fabricação e transporte de equipamentos que fazem uso do propano, entre outros aspectos.
Segundo ele, é muito importante realizar uma avaliação criteriosa do local onde o propano será armazenado e manuseado. O especialista destacou a importância da manutenção dos equipamentos, da adoção de medidas de segurança e o treinamento dos funcionários para o manuseio do propano.
Como um aspecto muito relevante do uso do R-290 como fluido frigorífico, foram apresentados resultados de testes de eficiência energética e procedimentos de otimização de sistemas de refrigeração com a utilização do gás.
Aplicação prática do R-290 como fluido refrigerante
Durante o evento, foi apresentado o primeiro protótipo de um resfriador de bebidas utilizando o R-290 no Brasil, com tecnologia desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal de Uberlândia, com apoio técnico da UNIDO.
Foi ressaltado não só a eficiência e a segurança do equipamento, mas também seu menor custo de produção, se comparado com as tecnologias atuais para o mesmo seguimento.
Este dia de evento foi entendido como uma oportunidade de conscientização dos participantes com relação ao uso do R-290 como fluido alternativo aos HCFCs e, em especial, sobre a necessidade de capacitação técnica e estrutural para a utilização segura e responsável desse fluido.
Segundo a gerente de projetos da UNIDO, Sérgia Oliveira, serão realizados mais dois eventos nos próximos meses que apresentarão separadamente os aspectos de uso do dióxido de carbono e dos HFOs como fluidos frigoríficos.
Todos esses eventos visam promover, em parceria com o setor privado, a utilização dos fluidos alternativos aos HCFCs de forma segura em ambientes comerciais e ainda agregar melhorias à qualidade ambiental com a proteção da camada de ozônio, conforme preconiza o Protocolo de Montreal.
De acordo com a UNIDO, o debate sobre o uso de fluidos frigoríficos alternativos, proporcionada pela necessidade de o país de atender a compromissos do Protocolo de Montreal, tem como efeito positivo a inserção da indústria de refrigeração comercial brasileira em discussões sobre o que se tem de mais atual em termos de tecnologia.
Um exemplo concreto é o resfriador de bebidas que utiliza o R-290 como fluido frigorífico, apresentado no workshop e completamente desenvolvido por especialistas nacionais, com a participação ativa dos técnicos da empresa que aceitou participar do desafio.
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Posted: 20 Mar 2019 11:12 AM PDT
Foto: UNAIDS
“Sem a nossa voz, você está agindo por você, não por nós”, disse esta semana Winny Obure, líder juvenil e defensora dos direitos das mulheres do Quênia, durante evento realizado na semana passada na sede das Nações Unidas em Nova Iorque.
Juntaram-se a Winny outras jovens que exigem o fim dos obstáculos aos direitos sexuais e reprodutivos e pedem empoderamento das adolescentes. Convocado por Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS), Rede ATHENA, governos de Austrália e Namíbia e ONU Mulheres – além de 25 parceiros das Nações Unidas e da sociedade civil – o evento “Step It Up!” foi um chamado à ação para meninas adolescentes que são deixadas para trás.
Meninas adolescentes e mulheres jovens ainda são afetadas desproporcionalmente pelo HIV. Um milhão de meninas adolescentes vivem com HIV em todo o mundo e, a cada semana, 7 mil meninas adolescentes e mulheres jovens são infectadas pelo vírus. A educação abrangente sobre sexualidade é tão limitada que os níveis de conhecimento sobre prevenção do HIV entre os jovens permaneceram inalterados nos últimos 20 anos.
“Não alcançaremos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável se as vozes e aspirações das meninas adolescentes forem oprimidas”, disse Gunilla Carlsson, diretora-executiva adjunta do UNAIDS. “Onde está a responsabilização pelos milhões de meninas adolescentes sendo deixadas para trás?”.
Com frequência, as adolescentes permanecem invisíveis para os tomadores de decisão, especialmente se pertencem a grupos discriminados, criminalizados ou estigmatizados. Como muitas das participantes apontaram, elas estão sujeitas a violações de direitos humanos, incluindo violência e práticas danosas, e a negação de sua saúde e direitos sexuais e reprodutivos.
“Precisamos nos afastar das salas de reunião e ir às comunidades para conversar com meninas adolescentes e mulheres jovens. Precisamos abordar a singularidade dos grupos específicos, de suas necessidades únicas. Temos as soluções, é apenas uma questão de nos incluir na discussão”, disse Maximina Jokonya, uma jovem do Zimbábue.
“As garotas adolescentes costumam ficar fora da vista e do pensamento e não estão onde está o poder, que ainda fica com os homens”, disse Sharman Stone, embaixadora para Mulheres e Meninas da Austrália.
Ela destacou as barreiras que as meninas enfrentam no Pacífico, onde têm os métodos contraceptivos negados e são submetidas a altos níveis de violência. Ela disse que uma das prioridades da Austrália durante as crises humanitárias é garantir o acesso a serviços de saúde sexual e reprodutiva.
A ministra para Igualdade de Gênero e Bem-Estar da Criança da Namíbia, Doreen Sioka, falou sobre defender os direitos de meninas adolescentes e mulheres jovens, educação sexual abrangente e serviços integrados de saúde sexual e reprodutiva e de HIV.
Ela descreveu as principais realizações no cumprimento das metas internacionais para o HIV. Uma nova lei na Namíbia garante o direito de todas as crianças a acessar serviços essenciais — agora, aos 14 anos, as crianças podem fazer o teste de HIV sem necessidade de permissão de seus pais ou responsáveis.
As jovens do evento destacaram suas realidades e oportunidades restritas, assim como o que funciona para melhorar suas vidas. Deneka Thomas, de Trinidade e Tobago, descreveu como usa a arte nas escolas para interagir com jovens lésbicas, gays, bissexuais e transexuais e meninas traumatizadas por bullying, estupro e outras formas de violência.
Raouf Kamel, da AIDS Argélia, falou sobre a iniciativa inédita no Oriente Médio e no Norte da África de ouvir as vozes e as experiências de grupos de mulheres especialmente marginalizadas.
Todos as mulheres ouvidas já passaram por situações de violência, apontando para a adolescência como um ponto crucial, quando os riscos para saúde e segurança e infecção por HIV são especialmente marcantes.
As participantes concluíram que muito mais precisa ser feito para atender às necessidades e direitos das adolescentes. Investir em educação inclusiva e de qualidade, em serviços de HIV e saúde sexual e reprodutiva e em saúde mental é fundamental.
Outras ações importantes incluem prevenção e resposta à violência baseada em gênero, promoção dos direitos das mulheres, engajamento de meninos, investimento em organizações juvenis e em iniciativas baseadas na comunidade lideradas por mulheres jovens.
O evento foi realizado em 13 de março, em paralelo à 63ª Sessão da Comissão sobre a Situação das Mulheres.
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Posted: 20 Mar 2019 11:02 AM PDT
Participantes do Programa de Bolsas para Jornalistas Memorial Reham Al-Farra em 2018. Foto: ONU
O Departamento de Comunicação Global das Nações Unidas (DCG) abriu vagas para o Programa de Bolsas para Jornalistas Memorial Reham Al-Farra, que leva repórteres para cobrir o debate anual da Assembleia Geral em Nova Iorque.
Esse ano, o Programa acontecerá de 15 de setembro a 5 de outubro de 2019. O prazo para inscrições se encerra em 15 de abril de 2019.
Os candidatos (as) devem ser jornalistas com idade entre 22 e 35 anos; possuir fluência em inglês oral e escrito; ter um passaporte válido por pelos menos seis meses contados a partir do início do programa; e ser de países em desenvolvimento ou de economias em transição, conforme definido pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas (DESA) – o que inclui o Brasil.
A ONU pagará as passagens de ida e volta para Nova Iorque e fornecerá diárias para cobrir as despesas com alimentação e acomodação.
O Programa de Bolsas para Jornalistas Memorial Reham Al-Farra (RAF) é uma oportunidade para jovens jornalistas observarem de perto a ONU em ação, entrevistarem funcionários do alto escalão e compartilharem experiências com pessoas do mundo todo. Nos anos anteriores, os bolsistas se reuniram com o secretário-geral António Guterres, com a presidente da Assembleia Geral e com representantes permanentes nas Nações Unidas.
Os jornalistas aprovados também terão a oportunidade de visitar empresas de comunicação como o New York Times, a Democracy Now! e a rádio WYYC. Desde a sua fundação em 1981, a bolsa já foi concedida a 596 jornalistas de 168 países, incluindo o Brasil.
As inscrições devem ser feitas online pelo link https://outreach.un.org/raf.
Você deve tirar eventuais dúvidas diretamente com os promotores desse programa, por meio do link https://outreach.un.org/raf/contact/RAF-Contact-Us.
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Posted: 20 Mar 2019 08:43 AM PDT
UNAIDS delineou um conjunto de recomendações que os países podem adotar para uma resposta ao uso de drogas com uma abordagem voltada à saúde pública e direitos humanos. Foto: IRIN/Sean Kimmons
Enquanto a incidência de infecção pelo HIV em todo o mundo para todas as idades diminuiu 22% entre 2011 e 2017, as infecções por HIV entre pessoas que usam drogas injetáveis parecem estar aumentando, de acordo com o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS).
A incidência do HIV — o número de novas infecções entre uma população mais suscetível durante um certo tempo — entre pessoas que usam drogas injetáveis subiu de uma estimativa de 1,2% em 2011 para 1,4% em 2017.
Há evidências convincentes e abrangentes de que a redução de danos — incluindo terapia de substituição de opiáceos e programas de agulhas e seringas — previne infecções por HIV entre pessoas que usam drogas injetáveis. No entanto, leis discriminatórias, o estigma generalizado, a discriminação e violência, dificultam o acesso a serviços de saúde e redução de danos.
Em seu novo relatório, denominado “Saúde, direitos e drogas: redução de danos, descriminalização e zero discriminação para pessoas que usam drogas”, o UNAIDS delineou um conjunto de recomendações que os países podem adotar para uma resposta ao uso de drogas com uma abordagem voltada à saúde pública e aos direitos humanos.
Clique aqui para acessar o relatório (em inglês).
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Posted: 20 Mar 2019 08:35 AM PDT
Abordagens que violam os direitos humanos e fracassam em diminuir o tráfico ilícito de drogas deixam um rastro de sofrimento humano, disse diretor do Grupo de HIV, Saúde e Desenvolvimento do PNUD. Foto: Agência Brasil
Uma coalizão de Estados-membros das Nações Unidas, organismos da ONU e especialistas em direitos humanos reuniu-se esta semana na Comissão sobre Narcóticos em Viena, na Áustria, e lançou um conjunto de padrões legais internacionais para transformar e reformular as respostas ao problema mundial das drogas.
As Diretrizes Internacionais sobre Direitos Humanos e Políticas de Drogas introduzem um catálogo abrangente de padrões de direitos humanos. Fundamentadas em décadas de evidências, as diretrizes são um guia para os governos desenvolverem políticas públicas de drogas em conformidade com os direitos humanos, desde o cultivo até o consumo. Com base na natureza universal dos direitos humanos, o documento cobre uma variedade de áreas políticas, desde desenvolvimento até justiça criminal e saúde pública.
As diretrizes surgem em um momento em que representantes governamentais de alto nível estão reunidos na Comissão sobre Narcóticos para formular uma nova estratégia global sobre drogas. Sob o crescente peso de evidências que mostram falhas sistêmicas no paradigma punitivo dominante, incluindo violações generalizadas dos direitos humanos, os governos enfrentam crescentes apelos para mudar de rumo.
“As políticas de controle de drogas se cruzam com grande parte da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e a promessa dos Estados-membros de não deixar ninguém para trás. Abordagens que violam os direitos humanos e fracassam em diminuir o tráfico ilícito de drogas deixam um rastro de sofrimento humano”, disse Mandeep Dhaliwal, diretor do Grupo de HIV, Saúde e Desenvolvimento do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
“Países que estão prontos para colocar a dignidade humana e o desenvolvimento sustentável no centro das suas políticas de controle de drogas têm agora a orientação valiosa destas diretrizes para promover uma política de controle de drogas mais efetiva e humana.”
Buscando promover o Estado de Direito, as diretrizes apresentam recomendações sobre a administração da justiça — abordando temas como práticas discriminatórias de policiamento, prisão e detenção arbitrária e descriminalização de drogas para uso pessoal — e articulam o estado global da legislação sobre direitos humanos em relação à política de drogas, que inclui acabar com a pena de morte por delitos relacionados a drogas.
Pelo menos 25 governos — da Argentina à África do Sul — já revogaram penalidades criminais por posse de drogas para uso pessoal não médico, seja na lei ou na prática, dando um exemplo a ser seguido por outros. O Sistema das Nações Unidas convocou conjuntamente a descriminalização como uma alternativa à condenação e punição em casos apropriados.
“Punição e exclusão têm sido fundamentais para a guerra às drogas”, disse Judy Chang, diretora-executiva da Rede Internacional de Pessoas que Usam Drogas. “Chegou a hora de privilegiar a dignidade humana, em vez do isolamento social, e defender os direitos humanos, colocando fim ao vergonhoso legado do encarceramento em massa.”
Além de se afastar de uma abordagem punitiva para as drogas, as diretrizes deixam claro que uma abordagem centrada nos direitos humanos é fundamental para melhorar o acesso ao direito à saúde das pessoas, para que vivam livres de tortura e em um padrão de vida adequado. De acordo com o seu direito às obrigações de saúde, os países devem garantir a disponibilidade e acessibilidade dos serviços de redução de danos, que devem ser propriamente financiados, adequados às necessidades dos grupos vulneráveis e respeitando a dignidade humana.
“Noventa e nove por cento das pessoas que usam drogas injetáveis não têm acesso adequado aos serviços de redução de danos e são deixadas para trás no progresso contra o HIV”, disse Michel Sidibé, diretor-executivo do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS). “Mais de 12% das pessoas que usam drogas injetáveis vivem com HIV e mais da metade tem hepatite C. A única maneira de avançar é colocar as pessoas no centro, não as drogas”.
“Os direitos humanos não devem apenas informar os críticos da resposta às drogas em todo o mundo, eles devem também ser os principais propulsores de sua reforma, interrompendo os ciclos de abuso”, disse Julie Hannah, diretora do Centro Internacional de Direitos Humanos e Política de Drogas da Universidade de Essex. “Combater a desigualdade e a injustiça é uma forma mais eficaz de abordar o problema global das drogas do que com prisões”, acrescentou.
As diretrizes apoiarão os Estados-membros das Nações Unidas, organizações multilaterais e sociedade civil para integrar a Carta das Nações Unidas e a Declaração Universal dos Direitos Humanos na formulação de políticas nacionais e globais.
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Posted: 19 Mar 2019 03:01 PM PDT
Refugiados venezuelanos posam para foto em seu novo abrigo em Igarassu, Pernambuco. Foto: ACNUR/Allana Ferreira
Eram quatro horas da manhã e muitas pessoas dormiam no abrigo Rondon 2, um alojamento do governo para venezuelanos em Boa Vista (RR). Mas cerca de 200 moradores da residência já estavam de pé e mal conseguiam controlar a ansiedade e a animação: dali a poucas horas, os refugiados e migrantes se mudariam para outros estados brasileiros. O grupo participou da mais recente etapa do programa de interiorização, realizada na última quarta-feira (13).
Com mais essa realocação de venezuelanos de Roraima para outras partes do Brasil, a estratégia do governo federal ultrapassou nesse mês a marca de 5 mil beneficiários. O objetivo do projeto é reduzir o impacto da chegada de estrangeiros ao estado no Norte do país e dar novas oportunidades de integração aos venezuelanos.
O programa de interiorização tem o apoio da Organização Internacional para as Migrações (OIM), Agência da ONU para Refugiados ( ACNUR), Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Parceiros da sociedade civil também dão suporte à iniciativa.
“A interiorização é a nossa esperança por melhores oportunidades. Não queremos depender de assistencialismo. Queremos encontrar um trabalho e sustentar nossa família”, diz Alfredo Colón, que estava entre os passageiros do voo da semana passada e foi transferido com a família para Igarassu, em Pernambuco.
Os venezuelanos foram acolhidos num abrigo da ONG Aldeias Infantis, que recebeu recursos do ACNUR e dos doadores da agência da ONU.
Alfredo Colón, Rosana Matute e família aguardam para embarcar no avião da Força Aérea Brasileira. Foto: ACNUR/Allana Ferreira
Em meio às ondas de deslocamento provocadas pela crise na Venezuela, Alfredo reencontrou Rosana Matute, hoje sua mulher. Os dois se conheceram em seu país de origem há cerca de dez anos. Mas foi na região da rodoviária de Boa Vista, onde ela viveu por três meses logo após chegar ao Brasil, que se reencontraram para reatar o relacionamento e encarar os desafios como uma família.
“Nunca imaginei que encontraria Alfredo novamente, muito menos que me casaria com ele”, conta Rosana.
A venezuelana cruzou a fronteira com dois filhos e, após o casamento, foram acolhidos em um dos abrigos administrados pelo ACNUR e seus parceiros em Boa Vista. Com a chegada de um terceiro filho – este, brasileiro –, Rosana e sua família tiveram a oportunidade de participar da estratégia de interiorização.
O voo da semana passada realocou 225 refugiados de Boa Vista para 14 cidades brasileiras, incluindo capitais como Recife, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, João Pessoa, Cuiabá e Porto Alegre. Participar da interiorização é uma decisão voluntária de cada pessoa.
“Agora eu sonho com um futuro melhor para minha família. É isso que precisamos oferecer para nossos filhos”, completa Rosana, que começa sua adaptação à nova vida no abrigo Aldeias Infantis em Igarassu, a cerca de 30 quilômetros de Recife.
Flor Antionieta chega com sua família ao abrigo Missão Paz em São Paulo. Foto: ACNUR/Miguel Pachioni
A estratégia de interiorização faz parte da Operação Acolhida, criada pelo governo federal com apoio de agências da ONU e organizações da sociedade civil para responder ao fluxo de venezuelanos na fronteira em Roraima.
Para Jose Egas, representante do ACNUR no Brasil, “a iniciativa de interiorização garante proteção efetiva para refugiados e migrantes venezuelanos, uma vez que o estado de Roraima sozinho não tem condições de integrar todos os recém-chegados”. “Por isso a interiorização é parte dessa resposta e, por ser nacional, envolve outros estados brasileiros”, acrescenta o dirigente.
A venezuelana Flor Antonieta, depois de um ano no Brasil, foi interiorizada para São Paulo, no abrigo da organização Missão Paz. “Eu não podia mais sobreviver em meu país”, diz a estrangeira.
Após viver três meses em situação de rua, dormindo na Praça Simon Bolívar, no centro de Boa Vista, Flor foi acolhida em um dos abrigos administrado pelo ACNUR e outras instituições. Lá, ela conheceu seu parceiro, com quem viajou para São Paulo, rumo a uma nova vida.
Robin Jose e sua família chegam ao novo lar, em Igarassu, Pernambuco. Foto: ACNUR/Allana Ferreira
“Vamos ser felizes juntos. Temos uma história linda. De agora em diante, eu quero voltar a trabalhar em minha área de formação, como produtora audiovisual”, explica Flor.
Em outra rodada da Operação Acolhida, no próximo 23 de março, cerca de cem venezuelanos serão realocados para Dourados, no Mato Grosso do Sul, com vagas de trabalho já garantidas pela empresa alimentícia Seara. Os participantes dessa etapa da interiorização serão beneficiados com uma bolsa-auxílio do ACNUR durante o primeiro mês na nova cidade, para que possam cobrir despesas emergenciais, como o primeiro aluguel e a compra de itens básicos.
Até o final do mês, a interiorização chegará à marca de 5,2 mil venezuelanos transferidos.
“O que me mantém motivado é a luta por um futuro melhor para minhas crianças, que já não estudam há dois anos”, conta Robin Jose, outro venezuelano realocado para Pernambuco na quarta-feira. “Eu peguei este voo pelos meus filhos. Eu sei que, quando crescerem, eles serão bons cidadãos trabalhadores.”
ACNUR: expandindo as operações
Mais de 3,4 milhões de refugiados e migrantes venezuelanos encontram-se fora do seu país, de acordo com os dados mais recentes divulgados pela ONU. Os países da América Latina e Caribe acolhem cerca de 2,7 milhões de venezuelanos à procura de assistência e proteção.
A estratégia de interiorização teve início em abril de 2018 e atualmente envolve 50 cidades em 17 estados de todo o Brasil. De acordo com o governo federal, o Brasil recebeu mais de 200 mil venezuelanos desde 2017. Aproximadamente metade já deixou o país. Dos que ficaram, cerca de 85 mil solicitaram refúgio, enquanto outros 40 mil receberam vistos de residência temporária.
Em resposta a esse cenário, as operações do Sistema ONU foram ampliadas para atender às necessidades dos refugiados e migrantes venezuelanos que foram forçados a deixar seu país.
Por meio de parcerias com o governo federal e com organizações da sociedade civil, o ACNUR atua no monitoramento das fronteiras, no registro e documentação de quem chega ao território brasileiro e na gestão dos abrigos das cidades de Pacaraima e Boa Vista.
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Posted: 19 Mar 2019 02:31 PM PDT
Por meio da Cooperação Sul-Sul, treinamento e orientações técnicas sobre produção de arroz foram fornecidos a agricultores africanos. Agora, a Costa do Marfim comemora uma farta colheita do produto. Foto: FAO/Wang Jinbiao
Mais de 1 mil pessoas, incluindo delegações governamentais e representantes do setor privado e da sociedade civil, irão se reunir nesta semana (de 20 a 22) na capital da Argentina, Buenos Aires, para a Segunda Conferência de Alto Nível das Nações Unidas para a Cooperação Sul-Sul, ou BAPA+40.
A reunião marca os 40 anos da Conferência da ONU para Cooperação Técnica entre Países em Desenvolvimento, que também foi sediada em Buenos Aires.
O tema central das discussões será como a Cooperação Sul-Sul representa uma oportunidade de alcançar a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, o modelo globalmente aceito para paz e prosperidade às pessoas e ao planeta.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, que irá participar da cerimônia de abertura do evento, disse acreditar na importância da Cooperação Sul-Sul para gerar tanto novas ideias e projetos concretos quanto como um meio para permitir que vozes do Sul Global impulsionem a inovação e promovam o desenvolvimento.
A ONU criou um guia prático para responder algumas perguntas sobre este importante encontro:
1. O básico: o que é Cooperação Sul-Sul?
A Cooperação Sul-Sul se refere à cooperação técnica entre países em desenvolvimento no Sul Global. É uma ferramenta usada por Estados, organizações internacionais, acadêmicos, sociedade civil e setor privado para colaborar e compartilhar conhecimento, habilidades e iniciativas de sucesso em áreas específicas, como desenvolvimento agrícola, direitos humanos, urbanização, saúde, mudança climática etc.
2. O que aconteceu na Argentina 40 anos atrás?
Durante as décadas de 1960 e 1970, com o clima socioeconômico global emaranhado na Guerra Fria, países em desenvolvimento começaram a buscar maneiras de traçar o curso de seu próprio desenvolvimento; de maneira alternativa à ordem política e à econômica existente.
A cooperação técnica entre Estados do Sul começou como um pioneiro esforço associativo para fortalecer poder diplomático e de negociação internacional através de diálogos políticos.
O que é conhecida como Cooperação Sul-Sul deriva da adoção do Plano de Ação de Buenos Aires para Promoção e Implementação de Cooperação Técnica entre Países em Desenvolvimento (BAPA). O plano foi adotado por 138 Estados-membros da ONU na Argentina, em 18 de setembro de 1978.
O plano estabeleceu um esquema de colaboração entre países menos desenvolvidos, localizados principalmente no sul do planeta. O BAPA também estabeleceu pela primeira vez uma estrutura para este tipo de cooperação e incorporou em sua prática os princípios básicos de relações entre Estados soberanos: respeito pela soberania, não interferência em assuntos internos e igualdade de direitos, entre outros.
O BAPA definiu também uma série de novas recomendações concretas com objetivo de criar estruturas legais e mecanismos de financiamento em níveis nacionais, regionais, inter-regionais e globais.
A cooperação técnica foi definida em Buenos Aires como “um instrumento capaz de promover a troca de experiências bem sucedidas entre países que compartilham realidades históricas similares e desafios similares”.
3. E a Cooperação Norte-Sul e a Cooperação Triangular?
A divisão de “Norte” e “Sul” é usada para se referir às diferenças sociais, econômicas e políticas que existem entre países desenvolvidos (Norte) e países em desenvolvimento (Sul).
Embora a maioria dos países de alta renda esteja de fato localizada no Hemisfério Norte, deve ser destacado que a divisão não é totalmente fiel à divisão geográfica. Um país não é definido como Norte ou Sul por localização, mas por certos fatos econômicos e pela qualidade de vida de sua população.
A Cooperação Norte-Sul, tipo mais tradicional de cooperação, acontece quando um país desenvolvido apoia economicamente, ou com outro tipo de recursos, um Estado menos favorecido. Um exemplo é ajuda financeira durante um desastre natural ou uma crise humanitária.
A cooperação triangular, como nome indica, envolve três atores, dois do Sul e um do Norte. O ator do Norte, que também pode ser uma organização internacional, fornece os recursos financeiros para que países do Sul possam trocar assistência técnica em um tópico específico.
A Agência Internacional de Cooperação do Japão (JICA, na sigla em inglês), por exemplo, no que é considerada uma experiência de sucesso, possibilitou financeiramente que especialistas do Camboja em retirada de minas terrestres viajassem à Colômbia e compartilhassem conhecimentos e experiências no assunto. Tanto o Camboja quando a Colômbia tiveram problemas com minas terrestres em diferentes momentos de sua história.
4. Qual é a importância da Cooperação Sul-Sul?
“Formas inovadoras de troca de conhecimentos, transferência de tecnologias, respostas a emergências e recuperação de meios de subsistência lideradas pelo Sul estão transformando vidas”, disse o secretário-geral da ONU em novembro de 2018, durante inauguração da 10ª Expo Desenvolvimento Sul-Sul, na sede da Organização, em Nova Iorque.
“Os fatos falam por si só”, disse Guterres. Os países do Sul contribuíram para mais da metade do crescimento mundial nos anos recentes; o comércio entre o Sul está mais alto do que nunca, representando mais de um quarto de todo o comércio mundial; os fluxos de investimento estrangeiro direto do Sul representam um terço dos fluxos globais; e remessas de trabalhadores migrantes de países de baixa e média renda chegaram a 466 bilhões de dólares no ano passado, o que ajudou a tirar milhões de famílias da pobreza.
O chefe da ONU acredita que a ambiciosa Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável não pode ser alcançada sem as ideias, a energia e a inovação dos países do Sul Global.
5. O que a Cooperação Sul-Sul pode alcançar?
Junto aos diálogos políticos e à cooperação financeira, a Cooperação Sul-Sul promoveu um grande número de trocas de conhecimento e experiência através de programas, projetos e iniciativas que ajudaram a solucionar problemas específicos os países do Sul Global.
Em novembro de 2018, o escritório da ONU para Cooperação Sul-Sul publicou um documento reunindo mais de 100 experiências de sucesso que contribuíram com o desenvolvimento de países do mundo todo.
O documento traz exemplos de todas as regiões, demonstrando o sucesso em potencial da Cooperação Sul-Sul, como o apoio cubano na luta contra o ebola no oeste da África; a experiência do México em diversificar produtos do milho para melhorar saúde e nutrição no Quênia; o conhecimento de estratégias para reduzir fome compartilhado pela Colômbia com países da América Central; e as lições do Chile para países caribenhos sobre rotulagem de produtos como meio de diminuir índices de obesidade.
6. O que irá acontecer nesta semana na Argentina?
Os Estados-membros irão se encontrar novamente em Buenos Aires para a Segunda Conferência de Alto Nível para Cooperação Sul-Sul com o objetivo de revisar quatro décadas de tendências e lançar uma nova estratégia para implementar a Agenda 2030.
O Plano de Ação de Buenos Aires (BAPA) fornece uma oportunidade única para revisar as lições aprendidas desde 1978, identificar novas áreas e mecanismos onde a Cooperação Sul-Sul e Triangular podem acrescentar valor e ter maior impacto.
Por três dias, líderes mundiais irão se encontrar para discutir uma declaração política que deve pedir aumento da Cooperação Sul-Sul, assim como fortalecimento institucional de sistemas para este tipo de parceria.
O evento também terá painéis de discussões e um pavilhão para diferentes países compartilharem experiências de sucesso, demonstrando a eficácia deste tipo de cooperação e o potencial das ideias dos países do Sul Global.
7. Como posso participar?
O evento terá cobertura ao vivo no site da UN Web TV http://webtv.un.org/.
Clique aqui para acessar os vídeos relacionados ao BAPA+40.
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