Boletim diário da ONU Brasil: “Diretor do UNIC Rio defende maior participação de mulheres em operações de paz” e 11 outros.
ONU Brasil Cancelar inscrição
|
|
| |
|
|
| |
Posted: 21 Mar 2019 01:52 PM PDT
Clique para exibir o slide.O diretor do Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio), Maurizio Giuliano, fez no início de dezembro (5) uma palestra sobre operações de paz da ONU no Centro de Instrução Almirante Sylvio de Camargo (CIASC), localizado na capital fluminense. A palestra fez parte do Primeiro Estágio de Operações de Paz para Mulheres, iniciativa da Marinha do Brasil em parceria com o UNIC Rio.
O estágio visa estimular a participação das mulheres nestas missões, em concordância com os esforços das Nações Unidas de obter, até 2020, ao menos 15% do efetivo feminino nas operações de paz.
A palestra englobou as diferenças entre operações tradicionais de manutenção da paz entre dois países e operações robustas em contextos de conflitos entre mais Estados. Também abordou operações de peace enforcement (imposição da paz), atividades de peace building (construção da paz) e especificidades dos capítulos VI, VII e VIII da Carta das Nações Unidas, debatendo seus pontos positivos e negativos.
O público era formado por militares mulheres da Marinha e da Aeronáutica, além de policiais militares do Rio de Janeiro e estudantes da graduação e pós-graduação da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Questionado sobre o que as mulheres poderiam agregar às operações de paz da ONU, Giuliano respondeu que elas podem ter melhor receptividade no diálogo com as populações locais, especialmente líderes comunitárias.
Algumas das participantes disseram que já tinham comprovado isso na prática, nas experiências que tiveram em sua atuação em campo. Segundo elas, líderes comunitárias se mostraram mais dispostas a cooperar com oficiais mulheres, fornecendo informações importantes sobre localização de combatentes, tráfico de armamentos, entre outras.
As participantes também comentaram que esta cooperação é baseada na empatia, ajudando a conciliar os objetivos de segurança da missão e o cumprimento do caráter humanitário do mandato. Segundo elas, a operação é mais efetiva conforme se criam canais sólidos de cooperação entre capacetes-azuis da ONU e membros da comunidade anfitriã.
O diretor do UNIC Rio também comentou sua experiência de trabalho no Escritório das Nações Unidas de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA). Ele lembrou dificuldades enfrentadas na entrega de assistência humanitária e a necessidade de intensificar esforços para proteção de meninas e mulheres frente à violência e à exploração em ambientes de conflitos violentos como no Mali, onde atuou na chefia de proteção de civis.
Por fim, Giuliano cumprimentou a iniciativa, afirmando que o UNIC Rio está aberto às futuras capacetes-azuis, citando as conversas informais realizadas pelo Centro sobre como trabalhar na ONU e desejando excelente estágio para todas.
|
Posted: 21 Mar 2019 01:23 PM PDT
Durante visita a São Paulo, o diretor-geral da OMC disse que políticas de abertura comercial são vitais para impulsionar competitividade. Foto: OMC
O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, visitou São Paulo (SP) esta semana para participar de uma série de eventos que discutiram a importância das políticas de abertura comercial e de um sistema de comércio baseado em regras para promover a competitividade da economia brasileira.
Esses eventos incluíram o lançamento da iniciativa “O Brasil Quer Mais”, liderada pela Câmara de Comércio Internacional (ICC Brasil), que pretende mobilizar o setor empresarial e o governo brasileiro em torno da abertura comercial como caminho para o crescimento econômico.
“O comércio está no topo da agenda brasileira hoje e o país está adotando uma postura cada vez mais ambiciosa em sua política comercial. Isso é muito encorajador. Políticas de abertura comercial são vitais para aumentar a competitividade”, declarou Azevêdo.
“A história mostra que não há caso de sucesso econômico e de forte desenvolvimento sem comércio internacional. Não tenho dúvidas de que a economia brasileira continuará voltada para o exterior, pronta para competir e sintonizada com o que está acontecendo no cenário internacional.”
“A maior integração comercial pode trazer muitos benefícios ao Brasil. A OMC pode ter um papel muito importante aqui — tanto como uma plataforma para resolver disputas quanto para negociar novas regras que possam melhorar a integração do Brasil à economia mundial”, disse.
Segundo ele, para isso, a OMC está trabalhando para melhorar o funcionamento da Organização e para avançar nas negociações. “Todas as conversas estão em andamento, com um grande foco na reforma dos subsídios à pesca, bem como em outras questões fundamentais, como apoio doméstico na agricultura, segurança alimentar e regulamentação doméstica dos serviços, e muitos outros.”
Azevêdo declarou ainda que membros da OMC — incluindo o Brasil — estão abordando temas que, segundo ele, são de crescente importância econômica, como pequenas empresas, comércio eletrônico, facilitação de investimentos e empoderamento econômico das mulheres.
“Embora nem todos os membros estejam engajados nesse trabalho, ele está claramente evoluindo rapidamente. Por isso, acho que há um leque de oportunidades para o Brasil no horizonte. Trabalhando juntos, podemos continuar a alavancar a política comercial para promover o crescimento, a criação de empregos e o desenvolvimento no Brasil e em todo o mundo.”
O diretor-geral da OMC também participou na terça-feira (19) da SEB Nordic CEO Conference 2019 e na quarta-feira (20) do 19º Seminário de Comércio Exterior organizado pelo Instituto Brasileiro de Estudos de Concorrência, Consumo e Comércio Internacional (IBRAC). Durante a visita, Azevêdo reuniu-se com o governador de São Paulo, João Dória, e com representantes empresariais.
|
Posted: 21 Mar 2019 12:44 PM PDT
O seminário será inaugurado na segunda-feira (25) por Alicia Bárcena, secretária-executiva da CEPAL. Foto: Agência Brasil
O Seminário Regional de Política Fiscal, principal referência para a discussão de temas relacionados às finanças públicas dos países da América Latina e do Caribe, realizará sua 31ª edição em 25 e 26 de março na sede da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) em Santiago, no Chile.
O evento, organizado pela CEPAL com apoio de Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional (FMI) e sob auspícios da Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID), reunirá ministros e vice-ministros da Fazenda de dez países da região e especialistas de organismos internacionais, academia, organizações da sociedade civil e ONGs.
Os participantes abordarão tendências e desafios da política fiscal na região diante das atuais conjunturas nacionais, regionais e globais, assim como perspectivas dos organismos internacionais frente aos desafios fiscais.
Serão analisados temas como a tributação da economia digital, os impostos verdes e saudáveis, o gasto público diante da transição demográfica-epidemiológica e a situação fiscal dos governos subnacionais.
O seminário será inaugurado na segunda-feira (25), às 9h, por Alicia Bárcena, secretária-executiva da CEPAL; Francisco Moreno Guzmán, subsecretário de Fazenda do Chile; e Enrique Ojeda Vila, embaixador da Espanha no Chile.
Também na segunda-feira, Bárcena apresentará o “Panorama Fiscal da América Latina e do Caribe 2019”, principal publicação anual da CEPAL que analisa e apresenta os principais resultados da dinâmica fiscal dos países da região durante o último ano.
A publicação também inclui um exame de alguns elementos da política tributária que ajudariam a impulsionar a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, assim como a mobilização de recursos locais.
Na sessão da tarde, haverá uma reunião de organizações internacionais incluindo CEPAL, Banco Mundial, OCDE e BID. Além disso, será apresentado o relatório “Estatísticas Tributárias na América Latina e no Caribe (edição 2019)”, feito em conjunto por CEPAL, OCDE, Centro Interamericano de Administrações Tributárias (CIAT) e BID.
Os meios de comunicação estão convidados a assistir ao seminário. Jornalistas devem levar a credencial do veículo de comunicação ou carteira de identidade para ter acesso ao edifício da CEPAL.
Mais informações, incluindo o programa do evento, estão disponíveis neste link.
A reunião será transmitida na íntegra pelo YouTube.
Serviço
31º Seminário Regional de Política Fiscal. De 25 a 26 de março de 2019. Sede da CEPAL: Av. Dag Hammarskjöld 3477, Vitacura, Santiago, Chile (Sala Raúl Prebisch).
|
Posted: 21 Mar 2019 12:28 PM PDT
Radovan Karadžić em audiência que analisou recurso sobre sua sentença em 20 de março de 2019. Foto: ONU/Leslie
Uma corte de apelações das Nações Unidas aumentou na quarta-feira (20) para prisão perpétua a sentença de 40 anos imposta inicialmente para o ex-líder sérvio-bósnio Radovan Karadžić por sua responsabilidade nos crimes cometidos na Guerra da Bósnia (1992-1995).
Em 2016, o Tribunal Penal Internacional para a Antiga Iugoslávia (TPII) concluiu que Karadžić era culpado de genocídio e crimes de guerra, incluindo o planejamento do massacre de Srebrenica, em 1995, no qual cerca de 8 mil bósnios muçulmanos foram assassinados.
Posteriormente ao massacre, um juiz da corte de Haia descreveu o que ocorreu na cidade como “verdadeiras cenas do inferno”. Karadžić também foi considerado responsável pelo cerco de três anos de Sarajevo, que levou à morte de uma estimativa de 10 mil civis.
Na quarta-feira, a Câmara de Apelações do sucessor do TPII, a ramificação de Haia do Mecanismo para Tribunais Penais Internacionais, manteve em grande parte o veredicto de 2016, mas sentenciou Karadžić à prisão perpétua por seus crimes.
O recurso foi a terceira e última tentativa de Karadžić, que contestou as acusações, reverter a sentença. A Câmara de Apelações, no entanto, concluiu que a sentença inicial, na verdade, tinha sido muito leniente. Em comunicado, o órgão afirmou que houve “um erro perceptível e abuso de autoridade ao impor uma sentença de apenas 40 anos de prisão”.
Respondendo à decisão sobre o recurso, o assessor especial das Nações Unidas para a Prevenção de Genocídio, Adama Dieng, disse que o julgamento confirmou a responsabilização, em vez da impunidade. No entanto, ele alertou que decisões judiciais não podem levar reconciliação genuína a comunidades divididas.
“Mudanças reais na sociedade só podem surgir a partir de autorreflexão, aceitação, esforço coletivo e consciente para seguir em frente. É preciso trabalho duro e perseverança. Também é preciso compromisso contínuo para reconciliação, construção de confiança e diálogo construtivo e significativo por parte de líderes políticos e sociais e cidadãos”.
Em visita a Srebrenica em 2018, Dieng expressou sua preocupação com tentativas atuais de glorificar crimes de guerra e minimizar sua gravidade, dando como exemplo um dormitório estudantil na Universidade de Sarajevo Oriental nomeado em homenagem a Karadžić.
“Karadžić não é um herói, é um criminoso. Heróis de verdade são os sobreviventes e as testemunhas dos crimes cometidos por ele. Eles mostraram imensa coragem ao se dirigir a tribunais para depor e nunca abandonaram a esperança de ver justiça”, concluiu.
|
Posted: 21 Mar 2019 11:54 AM PDT
Refugiados e migrantes venezuelanos cruzam a ponte Simon Bolívar, um dos sete pontos de entrada legal ao longo da fronteira entre Venezuela e Colômbia. Foto: ACNUR/Siegfried Modola
Expressando profunda preocupação com a “magnitude e a gravidade do impacto em direitos humanos” da atual crise na Venezuela, a chefe do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) afirmou na quarta-feira (20) que o país se tornou um “preocupante fator desestabilizador na região”.
Em meio a uma crise prolongada decorrente de uma economia em colapso, instabilidade política e violentas manifestações contra o governo, uma equipe técnica de cinco funcionários do ACNUDH está atualmente viajando pelo país, o que a chefe de direitos humanos da ONU, Michelle Bachelet, chamou de um “primeiro passo positivo”.
Ela destacou a deterioração de direitos econômicos e sociais no país, exacerbada pelo recente apagão elétrico, e manifestou preocupação com a “contínua criminalização de protestos pacíficos e da dissidência”.
A alta-comissária citou relatos de diversos abusos e violações cometidos por forças da segurança e grupos armados pró-governo, incluindo uso excessivo da força, assassinatos, detenções arbitrárias, torturas, ameaças e intimidações.
Ela afirmou que o ACNUDH continua investigando relatos de “possíveis execuções extrajudiciais por parte de forças da segurança”, citando a Força de Ação Especial (FAES) como supostamente responsável pelo assassinato de “ao menos 205 pessoas”. Segundo Bachelet, mais de 37 pessoas teriam sido assassinadas em janeiro de 2019 em Caracas.
“Parece que alguns destes assassinatos seguiram um padrão similar. Eles aconteceram durante operações ilegais de buscas em casas, realizadas pela FAES, que subsequentemente relatou as mortes como resultados de confrontos armados – embora testemunhas tenham relatado que as vítimas estavam desarmadas”, afirmou Bachelet.
“Também estou preocupada com as crescentes restrições envolvendo liberdade de expressão e de imprensa na Venezuela”, disse. “E com as acusações de que autoridades usaram arbitrariamente a lei contra ódio, adotada em novembro de 2017, para perseguir jornalistas, líderes da oposição e quaisquer pessoas expressando opiniões dissidentes”.
A repressão em andamento resultou, segundo relatos, em um aumento acentuado em detenções e assassinatos arbitrários, operações de busca em residências e torturas. Entre 21 e 29 de janeiro, mais de mil pessoas, incluindo menores, foram detidos arbitrariamente por ligações com protestos, segundo relatos recebidos por especialistas independentes das Nações Unidas. Muitos dos presos não puderam se comunicar por dias, sem acesso a familiares ou representação legal.
As divisões estão aumentando em uma situação já crítica, disse a alta-comissária da ONU, argumentando que há “necessidade para acordo comum sobre uma solução política, feito por todas as partes, com ações para melhorar uma série de urgentes questões de direitos humanos”. Bachelet instou autoridades a darem passos para demonstrar compromisso real e para responder questões desafiadoras relatadas em todo o país.
Especialistas condenam violações durante protestos
Em tom similar, especialistas em direitos humanos das Nações Unidas disseram nesta quinta-feira (21) que as violações relatadas durante manifestações no país são “sistemáticas e difusas”.
“Estamos profundamente preocupados com a rápida deterioração da situação econômica, social e política na Venezuela”, afirmaram. “Liberdade de expressão e de assembleia é essencial para que preocupações legítimas de cidadãos possam ser ouvidas e suas necessidades, incluindo seus direitos humanos, garantidos”.
“Recebemos relatos consistentes de um desrespeito sistemático e difuso de direitos humanos demonstrado por autoridades venezuelanas durante sua repressão a manifestantes, jornalistas e defensores dos direitos humanos. Instamos o governo a respeitar e proteger o direito de liberdade de assembleia pacífica e a responder às causas das manifestações”.
Manifestantes protestam por falta de acesso a serviços básicos, como serviços de saúde, remédios, alimentos e água. Também há manifestações por mudança democrática.
“Estamos particularmente preocupados com relatos que indicam que 26 pessoas teriam sido mortas por forças da segurança e grupos paramilitares pró-governo enquanto participavam de manifestações entre 22 e 25 de janeiro”, disseram os especialistas.
Forças da segurança teriam usado munição letal e balas de borracha contra manifestantes. Hospitais do país não possuem recursos médicos para tratar os feridos, segundo relatos.
Jornalistas e veículos da mídia também afirmaram serem alvos. Relatos indicam que serviços de Internet têm sido frequentemente desconectados, parcialmente ou totalmente. Apenas em 23 de janeiro, 17 jornalistas relataram ataques, detenções ou confisco de equipamentos. No mesmo dia, acesso a redes sociais foi obstruído e três veículos da mídia teriam sido alvo de operações de busca por autoridades civis e militares, resultando em destruição ou confisco de equipamentos.
Em 29 e 30 de janeiro, 11 jornalistas foram supostamente detidos de forma arbitrária. Quatro deles foram deportados posteriormente e, entre o início de fevereiro e a primeira semana de março, ao menos outros 20 disseram ter sido presos arbitrariamente.
O grupo de especialistas é formado por David Kaye, relator especial para a promoção e proteção do direito à liberdade de opinião e expressão; Agnes Callamard, relatora especial sobre execuções extrajudiciais, sumárias ou arbitrárias; Clément Nyaletsossi, relatora especial sobre os direitos de assembleia e associação pacíficas; Michel Forst, relator especial sobre a situação de defensores dos direitos humanos.
Também fazem parte Nils Melzer, relator especial sobre tortura e outros tipos de tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes; Seong-Phil Hong, presidente-relator do Grupo de Trabalho sobre Detenção Arbitrária; Dainius Puras, relator especial sobre o direito à saúde; Victoria Tauli Corpuz, relatora especial sobre os direitos de povos indígenas; Joseph Cannataci, relator especial sobre o direito à privacidade.
|
Posted: 21 Mar 2019 11:23 AM PDT
Mulheres se manifestam em Brasília na Marcha das Mulheres Negras (2015) pelo fim do racismo e do machismo. Foto: Ministério da Cultura
A discriminação racial ainda não foi banida dos livros de história. Essa forma perversa de exclusão e intolerância continua a se manifestar nos esportes, na mídia, nas ruas, nos locais de trabalho e até mesmo nos bastidores do poder.
A afirmação é da diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Audrey Azoulay, em comunicado para a ocasião do Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial, lembrado nesta quinta-feira (21).
“Nos 50 anos desde que a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial entrou em vigor em 1969, muitas das leis raciais mais perniciosas que existiam no mundo foram eliminadas, bem como a escravidão e o apartheid foram abolidos”, lembrou.
“Infelizmente, mais uma vez, nós estamos vendo a face horrenda da discriminação sendo apresentada no discurso público. É por isso que, este ano, o tema do Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial é ‘Mitigar e combater o populismo nacional e a ideologia supremacista extremista’.”
Segundo a diretora-geral da UNESCO, o combate ao racismo é uma questão que diz respeito à dignidade humana e à construção de um mundo mais justo. Ela lembrou que sempre estiveram no centro do mandato da Organização ações para promover a diversidade, a inclusão, a não discriminação e uma cultura de paz e solidariedade.
“A Internet pode ser um solo fértil para a disseminação da discriminação racial, da xenofobia e de ideologias supremacistas, que com frequência têm como alvo migrantes e refugiados, assim como pessoas de ascendência africana”, disse.
“A UNESCO – como agência das Nações Unidas responsável pela área de comunicação e informação – desenvolve ferramentas de Alfabetização Midiática e Informacional (AMI) para combater tais atitudes online e enfrentar a propagação de ‘notícias falsas'”, completou.
Para a UNESCO, a garantia de um espaço online seguro faz parte da Educação para a Cidadania Global mais ampla, que tem como objetivo desenvolver competências para aperfeiçoar a compreensão mútua, o pensamento crítico e o diálogo intercultural.
“Os nossos projetos educacionais sobre o Holocausto e a Rota do Escravo – que eram fundamentados em uma falsa pseudociência de superioridade racial – contribuem para a nossa compreensão sobre esses terríveis capítulos de nossa história humana.”
“Diariamente, de forma silenciosa, a discriminação racial continua a privar as pessoas de seus direitos básicos ao emprego, à habitação e a uma vida social, materializando-se me leis injustas. Por meio da Coalizão Internacional da UNESCO de Cidades Inclusivas e Sustentáveis (ICCAR), nós apoiamos os Estados-membros no desenvolvimento de políticas urbanas para combater as formas modernas de exclusão.”
Além disso, este ano, como o Ano Internacional das Línguas Indígenas, a UNESCO está direcionando os holofotes para o racismo estrutural que priva certos grupos étnicos de seus direitos de usar suas línguas nativas de forma plena, seja nas salas de aula, na esfera cultural ou nos processos de tomada de decisões.
“A luta contra a discriminação é uma luta que todos nós devemos levar adiante. Neste Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial, vamos nos unir como Estados-membros, organizações da sociedade civil e cidadãos para acabar com a discriminação racial e também para construir sociedades mais sustentáveis”, concluiu.
|
Posted: 21 Mar 2019 10:37 AM PDT
A venezuelana Alida Rodríguez (à esquerda), ao lado da brasileira Helena Maria de Araújo. Foto: Arquivo Pessoal
Cuidar do outro é essencialmente um ato de amor. Por isso, através do trabalho de cuidadora de idosos, a refugiada venezuelana Alida Josefina Rodríguez diz ter reencontrado a alegria e a paz. Ela conseguiu emprego em dezembro do ano passado, por intermédio do Programa de Atendimento a Refugiados e Solicitantes de Refúgio (PARES) da organização Cáritas RJ. Não apenas sua vida mudou, como a de toda a família para a qual ela agora trabalha.
Alida, de 56 anos, chegou ao Brasil em março de 2018, com o irmão mais velho e o sobrinho. “A situação na Venezuela estava muito ruim, foi muito difícil para mim e para minha família”, relembrou.
Formada em Medicina, mas impedida de trabalhar como médica antes da revalidação do diploma, ela procurou o PARES em busca de uma especialização que tivesse relação com sua profissão original e que a ajudasse na inserção no mercado de trabalho brasileiro. Surgiu, então, a oportunidade de fazer um curso de cuidador de idosos, uma parceria entre a instituição e a empresa de energia Furnas. Foram três meses de treinamento, concluídos em julho.
Em dezembro do ano passado, ela encontrou o que tanto desejava: um emprego. A servidora federal Patrícia de Araújo buscou o PARES a fim de contratar um refugiado qualificado que tomasse conta de sua mãe, Helena Maria, uma senhora de 82 anos com dificuldades de caminhar, sequela de um acidente vascular cerebral (AVC) sofrido há sete anos.
Sensibilizada pela condição das pessoas em situação de refúgio, Helena viu uma oportunidade de ajudar e, ao mesmo tempo, resolver um problema doméstico, depois de experiências de maus tratos com cuidadores no passado.
“Contratei uma cuidadora que estava batendo na minha mãe. Minha mãe começou a ter um comportamento estranho, sem querer me falar. Mas depois se abriu, revelando os maus tratos. Eu pensei ‘chega disso, não quero mais viver essa situação’. Já com conhecimento do trabalho do PARES Cáritas pela imprensa, e interessada na boa educação sobretudo dos venezuelanos, concluí: a hora é essa”, explicou Patrícia.
Na entrevista, a conexão das duas foi imediata. “Eu fui de cara com ela, acho que ela foi de cara comigo também. Detalhe que eu não sabia que Alida era médica. Foi uma surpresa, fiquei muito desconcertada, porque não tinha como remunerá-la no nível que ela merecia”, preocupou-se Patrícia.
No entanto, depois de uma conversa franca, tudo ficou resolvido e a venezuelana foi contratada. Para Alida, a conversa também foi especial. “Patrícia é uma pessoa muito simples, de uma inteligência emocional grande, importante principalmente para nós refugiados”, elogiou.
A afinidade foi tão grande que, na primeira semana de serviço, a venezuelana teve uma surpresa. Era seu aniversário, mas, sem recursos, ela não havia planejado nenhuma comemoração. “Às seis da tarde, chegaram meu sobrinho, meu irmão e um amigo, com um bolo comprado pela filha da senhora. Isso ficou na memória do meu coração”, lembrou Alida.
“Foi um reencontro com a paz pra mim. A alegria voltou ao meu coração. Além da recompensa financeira, estou fazendo o que sempre fiz na Venezuela: cuidar de alguém.”
Patrícia destaca o profissionalismo da contratada. Alida não faz apenas o básico, como prover alimentação e garantir a higiene da senhora, com relatórios diários. A venezuelana vai além: lê para a idosa, reza e coloca músicas para tocar.
“Eu vou para o meu trabalho tranquila, sabendo que minha mãe está em boas mãos, com alguém em que posso confiar e que dá um tratamento diferenciado”, disse a servidora federal. Segundo ela, a vida da família mudou positivamente, principalmente pela enriquecedora troca de informações culturais, “um dos principais benefícios na contratação de um refugiado”.
À funcionária, os elogios são muitos: “poderia sintetizar a Alida em algumas palavras: amor, dedicação, respeito. Mas ela é muito mais do que isso”, disse a empregadora. A venezuelana pretende levar essas características para um patamar mais elevado. Quer fazer a revalidação do diploma de Medicina e aguarda o envio de alguns documentos da Venezuela. Mas sempre com a mesma filosofia: “se você faz as coisas com amor, terá satisfação”, concluiu.
|
Posted: 21 Mar 2019 10:25 AM PDT
O NAPEC conta com 129 voluntários que realizam atividades em ambulatórios e enfermarias. Foto: Arquivo Pessoal
É possível associar voluntariado a serviço público? Um exemplo de resposta a essa pergunta está no trabalho voluntário realizado no Núcleo de Apoio a Projetos Educacionais e Culturais (NAPEC), do Rio de Janeiro, vencedor da categoria Voluntariado no Setor Público do Prêmio Viva Voluntário de 2018.
Desde 2012, a instituição demonstra como o apoio da sociedade civil é fundamental para fortalecer iniciativas do serviço público. O NAPEC faz parte do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), vinculado ao Ministério da Saúde, e oferece anualmente cerca de 100 mil procedimentos ambulatoriais, 4 mil internações e 1 mil atendimentos domiciliares gratuitos.
São atendidos usuários da rede pública e privada de saúde, além de serviços filantrópicos, incluindo de outros municípios. A população-alvo são os pacientes de risco, com necessidades especiais, muitas vezes dependentes da tecnologia fundamentada e aprimorada continuamente por pesquisas.
O NAPEC conta com 129 voluntários que realizam atividades em ambulatórios e enfermarias. O perfil é diverso, incluindo pessoas de diferentes áreas, como Engenharia, Direito, Arquitetura, Medicina, Oftalmologia. Sua atuação tem início às 7h para dar oportunidade àqueles trabalham em horário comercial. No entanto, os aposentados compõem a maioria dos voluntários.
O recrutamento costuma ser feito no “boca a boca” e, mesmo assim, a procura tende a ser maior do que a demanda de trabalho.
Desde agosto de 2018, projetos como este podem usar a plataforma Viva Voluntário, criada mediante parceria entre o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a Casa Civil, para cadastrar vagas de voluntariado em qualquer lugar do Brasil e procurar interessados.
No NAPEC, os voluntários novatos passam por capacitação de três dias, durante a qual aprendem sobre a organização e as diversas atividades oferecidas. Na capacitação, os voluntários podem escolher onde querem atuar, de acordo com a disponibilidade de vagas e horários.
Após a parte teórica, vem a prática, que é o acompanhamento do voluntário novato por outro mais experiente. Essa etapa dura mais ou menos um mês, até o voluntário compreender melhor as regras e como realizar o trabalho junto aos pacientes. Por vezes, as crianças atendidas têm alta vulnerabilidade e buscam atendimento e tratamento para doenças crônicas e raras.
Para reforçar o bem-estar dessas crianças, a Fundação Abrinq, o Citibank e os ministérios da Educação e da Saúde iniciaram, em 2000, atividades lúdicas e educativas dentro do instituto. O projeto passou por modificações até dar corpo ao atual NAPEC, que, desde 2012, atua com a população atendida pelo instituto por meio de diversas atividades de cultura e educação.
O trabalho voluntário organizado pelo NAPEC se dá de diferentes maneiras. A narração de histórias, por exemplo, tranquiliza tanto as crianças quanto as mães acompanhantes. Um parquinho funciona diariamente dentro do hospital. Ele foi reformado e, há quatro anos, oferece um ambiente mais lúdico assim que a criança chega ao hospital.
O voluntariado de acompanhantes também faz parte das atividades da instituição. Maria Magdalena, responsável pelo voluntariado do NAPEC, citou a importância da atuação desses voluntários. “Crianças internadas, quando ficam sozinhas, se sentem inseguras e com medo. Assim, quando a mãe precisa sair para tomar um banho ou realizar alguma atividade, o voluntário pode ajudar trazendo tranquilidade tanto para a mãe como para a criança”.
Um dos principais projetos dentro do NAPEC é a Biblioteca Viva, que procura estimular o hábito da leitura, bem como o desenvolvimento afetivo e social, a criatividade e a organização do pensamento. Todas essas atividades procuram criar um tratamento mais humanizado e um ambiente mais agradável para os pacientes e seus acompanhantes.
A rede social Facebook é um instrumento importante no trabalho do NAPEC. A página Amigos do NAPEC é canal de comunicação, principalmente para os familiares, que muitas vezes moram longe. Por meio da página, esses familiares podem se sentir mais seguros ao saber que as crianças estão sendo bem tratadas em um ambiente acolhedor.
Magdalena ressaltou que as diversas atividades trazem “como contribuição principal, para as crianças, adolescentes e mulheres, a semente da cultura e da educação por meio dos livros e das atividades educacionais e lúdicas, e para as famílias que não têm condições de irem para casa sem ajuda [especial], a possibilidade do filho/a ter a vivência na família, não ficar restrito/a ao hospital”.
Ela destacou ainda que, com a oportunidade de as crianças irem para casa, para tratamento domiciliar, ou adaptação da casa, o hospital pode abrir portas para atender mais pacientes, dando oportunidades a outras crianças.
|
Posted: 21 Mar 2019 08:54 AM PDT
Criança que recebe medicamento contra tuberculose no Sudão do Sul. Foto: PNUD Sudão do Sul/Brian Sokol
A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou novas orientações para melhorar o tratamento da tuberculose multirresistente (MDR-TB), recomendando a mudança para regimes totalmente orais. Medicamentos injetáveis não são mais considerados prioridade no desenho de regimes de tratamento contra esse tipo de tuberculose.
Segundo a OMS, a nova abordagem é mais eficaz e tem menor probabilidade de provocar efeitos colaterais adversos. O organismo internacional recomenda o acompanhamento dos cuidados, monitorando ativamente a segurança dos medicamentos e garantindo apoio e aconselhamento para ajudar os pacientes a concluírem o tratamento.
As recomendações, divulgadas às vésperas do Dia Mundial da Tuberculose (24 de março), fazem parte de um pacote mais abrangente de ações destinadas a ajudar os países a acelerar o ritmo de progresso para pôr fim à tuberculose.
Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, revelou o tema da campanha deste ano: “É hora de pôr fim à tuberculose”. “Estamos ressaltando a necessidade urgente de traduzir os compromissos assumidos na Reunião de Alto Nível das Nações Unidas sobre TB, em 2018, em ações que permitam que todas as pessoas que precisam de cuidados possam obtê-los”, disse.
Desde 2000, 54 milhões de vidas foram salvas e o número de mortes pela doença caiu em um terço. Contudo, 10 milhões de pessoas ainda adoecem com tuberculose a cada ano e muitas delas não recebe os cuidados necessários.
O pacote da OMS foi elaborado para apoiar os países a suprir lacunas no atendimento, garantindo que ninguém seja deixado para trás.
Entre os principais elementos, estão uma estrutura de prestação de contas para coordenar ações entre setores e monitorar e revisar progressos; um painel para ajudar os países a conhecer mais sobre suas próprias epidemias por meio do monitoramento em tempo real – adotando sistemas eletrônicos de vigilância da tuberculose.
Outros elementos incluem um guia para a priorização efetiva do planejamento e da implementação de intervenções de impacto, com base em análises das vias do paciente no acesso aos cuidados; novas diretrizes da OMS sobre controle de infecção e tratamento preventivo para pessoas com infecção latente; uma força-tarefa da sociedade civil para garantir seu engajamento efetivo e significativo.
“Este é um conjunto de ações pragmáticas que os países podem utilizar para acelerar o progresso e atuar nos compromissos de alto nível feitos em setembro passado”, disse Tereza Kasaeva, diretora do Programa Mundial de TB da OMS.
No dia 22 de março, os principais parceiros se reunirão em um simpósio para celebrar o Dia Mundial da Tuberculose na OMS, em Genebra, e desenvolver uma plataforma colaborativa multissetorial e com diversas partes interessadas para acelerar ações que possam pôr fim à doença. A Organização apresentará o novo pacote na ocasião.
A tuberculose está entre as doenças infecciosas que mais mata no mundo, com 500 vidas perdidas por dia. A maior carga é suportada pelas comunidades que enfrentam desafios socioeconômicos e pessoas que trabalham e vivem em locais de alto risco, mais pobres e marginalizados.
|
Posted: 21 Mar 2019 08:34 AM PDT
Manifestante protesta contra o racismo nos Estados Unidos. Foto: Flickr (CC)/Johnny Silvercloud
Países precisam tomar ações urgentes e coordenadas para alcançar a igualdade racial e devem parar de usar retóricas populistas e nacionalistas para alimentar a discriminação, afirmou um grupo de especialistas de direitos humanos da ONU nesta quinta-feira (21), Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial.
Em pronunciamento para lembrar a data, relatores disseram estar alarmados com o fato de que autoridades públicas continuam a estimular intolerância, seja por ações diretas ou omissão. Confira o comunicado na íntegra abaixo:
“Menos de uma semana atrás, um supremacista branco cometeu um ataque terrorista islamofóbico contra duas mesquitas em Christchurch, Nova Zelândia, matando 50 pessoas e deixando muitas outras feridas. Esse evento trágico nos lembra que o racismo, a xenofobia e o ódio de cunho religioso são mortais e que o resultado do populismo etno-nacionalista e de ideologias supremacistas é a violência racial, a exclusão e a discriminação.
Os Estados precisam agir imediatamente para conter a maré de ódio e discriminação, para proteger populações vulneráveis e para garantir a igualdade racial.
Embora queiramos permanecer esperançosos de que todos os Estados levarão a sério as suas obrigações para eliminar a discriminação racial, estamos alarmados com o papel que autoridades públicas continuam a desempenhar na promoção da discriminação racial e da intolerância, por ações ou omissões.
Observamos mais de 50 Dias Internacionais para a Eliminação da Discriminação Racial. A cada ano, a ONU chama Estados a agir imediatamente para acabar com o racismo, garantir igualdade e dignidade e implementar as provisões da Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial. No entanto, as políticas e a legislação dos Estados raramente refletem a urgência dessa obrigação.
Em vez disso, Estados e líderes utilizaram uma retórica política que demoniza grupos racializados e encoraja ideólogos supremacistas. Alguns Estados chegam a negar a existência da discriminação racial ou de minorias dentro de suas fronteiras.
Os Estados precisam decidir se estão dispostos a assumir seu papel com seriedade e precisam adotar as políticas necessárias para alcançar a igualdade racial, em linha com padrões internacionais de direitos humanos e inclusive por meio de quadros como a Década Internacional de Afrodescendentes. Colocado de maneira simples, políticas oportunistas de exclusão são incompatíveis com uma ordem doméstica justa e, em última instância, os Estados precisam eliminar a sua confiança em retóricas discriminatórias supremacistas.
Instamos o público a lembrar que o trabalho de combater a intolerância e a discriminação não cabe apenas aos Estados e autoridades públicas. Cada pessoa, especialmente as que vivem o privilégio racial diariamente, precisa fazer a sua parte para pôr fim ao racismo, à xenofobia e a intolerâncias relacionadas que prevalecem hoje em dia.”
O comunicado foi assinado pela relatora especial da ONU sobre formas contemporâneas de racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerância relacionada, E. Tendayi Achiume, e pelo presidente do Grupo de Trabalho sobre Especialistas em Pessoas Afrodescendentes, Michal Balcerzak.
Saiba mais sobre o trabalho da ONU para combater a discriminação racial — clique aqui.
|
Posted: 21 Mar 2019 08:32 AM PDT
Mulher indígena no 14º Acampamento Terra Livre, realizado em Brasília, em 2017. Foto: Mídia NINJA/Mobilização Nacional Indígena
Em mensagem para o Dia Mundial da Poesia, comemorado neste 21 de março, a UNESCO celebra a diversidade dos versos escritos por povos indígenas e originários de todas as partes do mundo. Para a diretora-geral da agência da ONU, Audrey Azoulay, a poesia indígena mostra “o seu papel poderoso no combate à marginalização e à injustiça”.
“A poesia é importante para a preservação de línguas frequentemente em perigo, bem como para a manutenção da diversidade linguística e cultural”, afirmou a dirigente em mensagem para a data.
Audrey lembrou que 2019 é o Ano Internacional das Línguas Indígenas, um marco liderado pela UNESCO com o intuito de mobilizar a comunidade internacional em prol da preservação das culturas, conhecimentos e direitos dos povos indígenas.
“Como parte de nossos esforços para preservar tradições vivas, a UNESCO incluiu um conjunto de formas poéticas na Lista Representativa do Patrimônio Intangível da Humanidade, como os cantos Hudhud das Filipinas, a tradição oral Mapoyo da Venezuela, as preces cantadas Eshuva e Harákmbut do Peru e a tradição oral Koogere de Uganda”, explicou a chefe da UNESCO.
“Cada forma de poesia é única, mas cada uma reflete o (que há de) universal na experiência humana, a aspiração à criatividade que atravessa todas as fronteiras do tempo e do espaço, na afirmação constante da humanidade como uma única família. Esse é o poder da poesia”, concluiu Audrey.
Em sua mensagem, a dirigente citou uma poesia de Wayne Keon, integrante da Primeira Nação de Nipissing, um povo indígena do Canadá. Confira um trecho da obra abaixo:
tome a lua e tome uma estrela quando você não sabe quem você é pinte a imagem na sua mão e vá para casa […] tome a lua e faça-a falar retire a sua alma faça-a andar pinte a imagem na sua mão e vá para casa
De “Uivando para a lua”, de Wayne Keon (tradução livre)
Na visão de Audrey, o texto “é um comentário sobre a apropriação indevida da cultura indígena por outras culturas dominantes”. “O poema fala da perda da identidade nativa devido à sua reinterpretação por forasteiros, mesmo que bem-intencionados, e da confusão do próprio autor sobre sua identidade, como resultado disso”, destacou a dirigente da agência da ONU.
|
Posted: 21 Mar 2019 06:12 AM PDT
Mata fechada na Amazônia peruana. Foto: Flickr (CC)/Joseph King
No Dia Internacional das Florestas, lembrado nesta quinta-feira (21), a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura ( FAO) defende a educação sobre esses ecossistemas como estratégia para preservar os recursos naturais do planeta. Cerca de 90% de todas as espécies terrestres de seres vivos são encontradas nas florestas, que oferecem não apenas um habitat para a biodiversidade, mas também uma série de serviços ecossistêmicos para os humanos.
“As florestas ajudam a manter o ar, o solo, a água e as pessoas saudáveis. E elas desempenham um papel vital no combate a alguns dos maiores desafios que enfrentamos, tais como a luta contra as mudanças climáticas e a erradicação da fome”, afirmou em mensagem para a data o chefe da FAO, o brasileiro José Graziano da Silva.
Em 2019, a ONU comemora o dia internacional com o tema Florestas e educação. “A educação é um passo crítico para proteger os recursos naturais para as gerações futuras. É essencial que as crianças aprendam sobre as florestas desde cedo”, acrescentou Graziano.
Embora os benefícios trazidos pelas florestas sejam amplamente documentados, a integridade e a sustentabilidade dessas formações vegetais, alerta a FAO, estão ameaçadas pelos efeitos cumulativos do desmatamento, degradação da terra e competição por usos alternativos do solo.
De 1990 a 2015, a proporção da superfície do planeta coberta com florestas passou de 31,6% para 30,6%. Os dados são do último Panorama Ambiental Global, divulgado na semana passada pela ONU Meio ambiente.
O relatório alerta ainda que, conforme o desmatamento avança na Floresta Amazônica, o volume de chuvas tem diminuído — um sintoma da interação entre as florestas, o clima e as necessidades humanas. Estimativas recentes indicam que, caso o desflorestamento destrua de 20 a 25% da cobertura vegetal original da bacia amazônica, o bioma chegará a um “ponto sem retorno”, com prejuízos irreversíveis para o ciclo hidrológico. Nos últimos 50 anos, 17% da extensão original da Amazônia foi devastado, de acordo com dados da WWF citados no panorama da ONU.
Talvez o maior desafio dos esforços de conservação, aponta a FAO, seja a falta de entendimento sobre os modos como as florestas contribuem com a sociedade global. Parte das lacunas nessa compreensão se deve à crescente desconexão entre as pessoas e a natureza, em particular nas áreas urbanas. A FAO ressalta que esse problema precisa ser encarado e revertido — e que a educação pode ajudar a superar esse cenário.
O organismo internacional destaca, porém, que a educação sobre florestas é frequentemente inadequada e não é capaz de abordar desafios emergentes. Menos jovens estão estudando o uso dos recursos florestais nas universidades e um número ainda menor de escolas dos ensinos fundamental e médio inclui a educação sobre florestas em seus currículos. Quando o tema é inserido na formação de crianças e adolescentes, nem sempre o assunto é trabalhado de maneira a explicar o papel multifuncional das florestas.
A FAO tem trabalhado com parceiros para conscientizar os jovens e a população em geral sobre as ameaças às florestas. A agência empreende esforços na criação de programas educativos abrangentes e também no estabelecimento de escolas vocacionais rurais, que possam capacitar profissionais do setor de silvicultura.
Nesse dia internacional, o organismo liderado por Graziano anunciou a implementação de dois projetos de “alfabetização florestal” para crianças de nove a 12 anos, na Tanzânia e Filipinas. Financiados com mais de 1 milhão de dólares do governo da Alemanha, os programas terão duração de três anos e vão envolver a elaboração de módulos educativos que sejam práticos e interativos. A iniciativa prevê a divulgação posterior desse material por meio online, para todo o mundo.
Tanto nas Filipinas quanto na Tanzânia, as florestas são vitais, especialmente para a nutrição das populações rurais, para as necessidades de energia e para os meios de subsistência.
Quase metade da população tanzaniana e um terço da população filipina têm menos de 15 anos de idade. A FAO acredita que educar estudantes do fundamental I sobre o uso sustentável e conservação das florestas é uma porta de entrada para a saúde a longo prazo das florestas dos dois países.
Também com financiamento alemão, a FAO, a Organização Internacional de Madeira Tropical (ITTO) e a União Internacional da Organização de Pesquisa Florestal (IUFRO) estão cooperando para realizar, com outras instituições, um inventário da educação florestal. O levantamento deve catalogar e analisar o estado de práticas de aprendizado sobre o tema em todo o mundo, a fim de identificar lacunas e propor recomendações. O projeto prevê ainda o lançamento de uma plataforma virtual que deverá ser a principal referência global em educação florestal.
Florestas e biodiversidade
Em mensagem para a data, a secretária-executiva da Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica, Cristiana Pasca Palmer, afirmou que as florestas, com as suas complexas interações entre seres vivos, são “grandes professoras” para os humanos.
“Elas nos ensinam sobre as variadas formas pelas quais todos os organismos no planeta estão interconectados e, de muitas maneiras, dependem uns dos outros para sobreviver”, disse a dirigente.
“A educação florestal deve incluir tanto a pesquisa científica de ponta como também os conhecimentos tradicionais dos povos indígenas, que vivem lado a lado da biodiversidade das florestas por inúmeras gerações.”
Cristiana enfatizou ainda que os conhecimentos sobre os benefícios das florestas devem ser acessíveis para crianças, jovens e também para homens e mulheres, sem discriminação de gênero.
|
|
|
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário