Boletim diário da ONU Brasil: “Projeto do Banco Mundial impulsionará agricultura sustentável no Brasil” e 14 outros.
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Posted: 15 Mar 2019 01:55 PM PDT
Projeto do Banco Mundial impulsionará agricultura sustentável no Brasil. Foto: Governo da Paraíba
O Banco Mundial e o governo da Paraíba assinaram na quarta-feira (13), em Brasília (DF), projeto para melhorar o acesso a água, reduzir a vulnerabilidade agroclimática e aumentar o acesso da população rural aos mercados. A meta é atender 150 mil pessoas.
O projeto investirá em sistema de abastecimento de água em comunidades rurais e em tecnologias agrícolas que protegem os cultivos dos efeitos das mudanças climáticas, além de um sistema de informações sobre riscos agroclimáticos.
A Paraíba tem mais de 70% de seu território localizado no “polígono da seca”, que é caracterizado por solos pobres e secas recorrentes. Acredita-se que as mudanças climáticas prejudicarão ainda mais a disponibilidade de água e a segurança hídrica.
E o impacto sobre os agricultores familiares do Sertão e da Borborema deve ser maior, pois eles têm menos condições de se proteger contra períodos adversos e dispõem de menos recursos para se adaptar.
Alianças
Para aumentar o acesso a mercados, o projeto também vai trabalhar com organizações de produtores para formação de alianças produtivas com compradores privados e governamentais.
Essas mesmas organizações poderão receber capacitações para fortalecer suas habilidades organizacionais e gerenciais. Com isso, poderão vender mais produtos, a um preço mais justo, nos mercados locais.
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Posted: 15 Mar 2019 01:19 PM PDT
A Enviada Especial do ACNUR, Angelina Jolie (à direita) conversa com refugiados sírios na fronteira da Jordânia em 18 de junho de 2013. Foto: ACNUR/O. Laban-Mattei
A violência e a destruição na Síria continuam a infligir sofrimento a milhões de pessoas, alertou nesta sexta-feira (15) a enviada especial da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), a atriz norte-americana Angelina Jolie, no aniversário de oito anos do conflito.
Desde o início da crise, em março de 2011, metade da população da Síria foi deslocada à força. Mais de 5,6 milhões de sírios vivem como refugiados em toda a região e milhões estão deslocados internamente.
“Ao chegarmos a mais um ano desse conflito devastador, meus pensamentos estão com o povo sírio. Penso, especialmente, nos milhões de sírios que sofrem com a condição de refugiado na região, nas famílias deslocadas no interior do país e em todos que sofrem com ferimentos, traumas, fome e a perda de familiares”, disse a enviada especial do ACNUR em comunicado.
Jolie lembrou que milhões de sírios não participaram da guerra, mas vivem suas consequências. “É impossível descrever a resiliência e a dignidade das famílias sírias que conheci. Todos os refugiados sírios com quem passei tempo nos últimos oito anos, jovens e idosos, falaram ansiar pela paz na Síria, para que possam voltar em segurança para casa”.
“Famílias deslocadas internamente e refugiados, em menor escala, já começaram a retornar ao país. É fundamental que os retornos sejam de iniciativa própria dos refugiados, baseada em suas decisões e não em pressões políticas. Ouvir os refugiados e suas perspectivas e preocupações é vital para o planejamento dos seus futuros retornos – é uma questão de direitos.”
Nos últimos anos, a lacuna entre o que os refugiados sírios e os deslocados internos precisam para sobreviver, e a assistência humanitária disponível para eles, cresce a cada dia, disse Jolie. Segundo ela, há sírios dentro do país que estão tentando reconstruir suas vidas rodeados por escombros, sem o apoio necessário.
“Milhões de famílias refugiadas estão vivendo abaixo da linha da pobreza, e acordam todos os dias sem saber se vão encontrar comida ou remédios para seus filhos. Elas também lutam diariamente com o acúmulo de dívidas contraídas durante os oitos anos de exílio.”
Jolie salientou que mulheres e meninas enfrentam desafios adicionais, incluindo as limitadas oportunidades de trabalho, e a violência sexual e de gênero, como o casamento forçado e prematuro, os abusos, a exploração sexual e a violência doméstica. “Os países vizinhos – Turquia, Líbano, Jordânia, Iraque e Egito – têm feito muito para ajudar os refugiados, mas seus recursos são limitados e precisam de financiamento para continuar a apoiar milhões de refugiados e ajudar suas populações locais a lidar com as pressões econômicas e sociais”.
“Enquanto o conflito continua e até que os sírios sejam capazes de retornar às suas casas, o mínimo que podemos fazer é tentar atender as mais urgentes necessidades humanitárias: minimizar o máximo possível o sofrimento humano e tentar mitigar alguns dos danos causados por esses oito anos perdidos neste conflito sem sentido”.
“Esse é o mínimo que podemos fazer para um povo que merece muito mais: o direito de viver em paz, com segurança e dignidade em seu país”, concluiu Jolie.
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Posted: 15 Mar 2019 12:45 PM PDT
Refugiada do Sudão, Mama Elizabeth é um dos voluntários que lutam contra violência sexual e de gênero no campo de refugiados em que vivem no Sudão do Sul. Foto: ACNUR
A sudanesa Mama Elizabeth, de 65 anos, murmura uma música enquanto arruma a louça em um canto de sua pequena cabana de palha, em uma parte remota do Sudão do Sul. Por fora, pode parecer como qualquer outra cabana, mas é muito mais do que isso.
Refugiada do Sudão, ela é um dos 48 voluntários, conhecidos como “anjos da guarda”, que lutam contra violência sexual e de gênero no campo de refugiados em que vivem. Sua casa é um abrigo seguro temporário para os sobreviventes de tal violência.
Desde 2016, líderes comunitários como ela abrem suas casas para hospedar mulheres, crianças e homens que precisam de apoio. A ação é parte de uma iniciativa apoiada pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) que dá suporte para mais de 140 mil refugiados no condado de Maban.
“A última vez que eu hospedei alguém foi há duas semanas”, diz Mama Elizabeth, se referindo a Sarah – mãe de nove crianças – que é apenas uma das muitas pessoas que Mama Elizabeth ajudou nos últimos anos no campo de refugiados de Doro.
Agredida por seu marido e por seu irmão, Sarah buscou abrigo com Mama Elizabeth para se proteger da violência. Assustada e temendo por sua segurança, ela explica que foi até Mama Elizabeth em busca de “paz de espírito e abrigo”.
Para Mama Elizabeth, a decisão de ajudar pessoas como Sarah foi fácil. “Quando a comunidade me pediu para assumir esse papel, aceitei porque eu estou sempre feliz em ajudar mulheres. Estou determinada a ajudar pessoas que precisam. Mas, às vezes, é difícil”.
Para muitos sobreviventes de violência sexual no condado de Maban, “anjos da guarda” como Mama Elizabeth oferecem nada menos que uma tábua de salvação em uma situação desesperadora.
“Havia uma sobrevivente que o filho queria matá-la”, diz Mama Elizabeth, lembrando uma de suas experiências mais difíceis, porém, mais gratificantes, como uma anjo da guarda.
“Ela queria apenas ir para a floresta e morrer. Eu estava voltando do ponto de água e ouvi algumas pessoas fazendo barulho. Quando cheguei, descobri que a mulher tinha se recusado totalmente a ouvir qualquer um. Quando falei com ela, foi capaz de me ouvir e ir comigo [para casa]”.
Duas vezes refugiada, Mama Elizabeth fugiu pela primeira vez do conflito de seu país, Sudão, em 1986, buscando refúgio na Etiópia. Retornou em 2006 depois que um acordo de paz foi assinado, mas foi forçada a fugir novamente em 2011, dessa vez do Sudão do Sul.
Ela é uma das mais de 59 mil pessoas vivendo atualmente no campo de refugiados de Doro, onde ACNUR e parceiros fornecem água, abrigo, educação, serviços de saúde e outros.
Além de se voluntariar como “anjo da guarda”, Mama Elizabeth também serviu como representante de mulheres refugiadas e recebeu treinamento sobre temas como casamento precoce.
“Antes de eu começar a participar dos treinamentos, não via nada de errado com o casamento precoce”, diz ela. “Isso era parte de nossa cultura. Mas, depois, comecei a realmente ver a parte ruim do casamento precoce. Quando uma menina é casada precocemente, não há oportunidades para ela continuar sua educação. Eu acredito que a educação é muito importante porque isso te coloca em uma posição melhor.”
Com a ajuda de doadores, o ACNUR e parceiros conseguem treinar líderes locais como Mama Elizabeth a reconhecer abusos e lutar contra esse flagelo. Isso é tão importante como armar barracas ou construir cabanas de barro nas quais os sobreviventes moram.
“’Anjos da guarda’ são líderes locais muitos respeitados pelos refugiados e pelas comunidades anfitriãs”, explica Grace Atim, oficial de proteção do ACNUR.
“Estes indivíduos têm a capacidade de enfrentar os perpetradores de violência sexual e baseada em gênero. Eles também servem como modelos nos campos de refugiados e nas comunidades anfitriãs”.
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Posted: 15 Mar 2019 11:50 AM PDT
Bandeira da Nova Zelândia vista na sede das Nações Unidas em Nova Iorque. Foto: ONU/Loey Felipe
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, instou a comunidade internacional a se posicionar contra o “ódio antimuçulmano”, após ataques a tiros em massa na sexta-feira (15) na Nova Zelândia. Os ataques miraram duas mesquitas e deixaram ao menos 49 mortos e diversos feridos, alguns em estado crítico.
“Estou entristecido e condeno veementemente os ataques a tiros contra pessoas inocentes, conforme rezavam pacificamente em mesquitas na Nova Zelândia”, tuitou o chefe da ONU, expressando suas “mais profundas condolências às famílias das vítimas”.
“Hoje, e todos os dias, devemos nos posicionar contra ódio antimuçulmano e todas as formas de intolerância e terror”, afirmou.
Um atirador, que a polícia descreveu como um homem de quase 30 anos, foi preso e acusado de assassinato. De acordo com a imprensa internacional, ele transmitiu ao vivo pela Internet imagens de uma câmera posicionada em sua cabeça. Ele disparou contra fiéis dentro da mesquita de Al Noor, em Christchurch, maior cidade da Ilha do Sul da Nova Zelândia. Um segundo ataque aconteceu na mesquita de Linwood, na mesma cidade.
De acordo a imprensa, a polícia pediu para o público não compartilhar as imagens “extremamente dolorosas” publicadas online pelo atirador. Segundo relatos, o Facebook derrubou as contas do atirador na rede social e no Instagram, que continham afirmações racistas e anti-imigrantes.
Dois outros homens e uma mulher também teriam sido detidos por conexões com os ataques terroristas, embora um deles tenha sido libertado subsequentemente.
Outras autoridades seniores das Nações Unidas usaram o Twitter nesta sexta-feira para expressar condolências e choque com os ataques na Nova Zelândia.
O diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações (OIM) destacou que possivelmente havia muitos refugiados entre mortos e feridos.
A diretora-executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Henrietta Fore, lamentou o “ataque sem sentido contra uma comunidade pacífica e contra o direito universal de liberdade de crença”.
“Sofremos com crianças enfrentando o choque profundo de que um pai nunca voltará para casa”, disse. “Nossos corações quebram com as notícias”.
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Posted: 15 Mar 2019 11:18 AM PDT
Refugiado sírio no Líbano, que tem a mesma idade do conflito em seu país – 8 anos. Foto: ACNUR/Andrew McConnell
Ministros das Relações Exteriores de mais de 50 países se reuniram na quinta-feira (14) em uma conferência conjunta de União Europeia e ONU em Bruxelas e prometeram fornecer um recorde de 6,97 bilhões de dólares para apoiar milhões de sírios necessitados tanto dentro do país como em comunidades de acolhida para além de suas fronteiras.
Em um apelo gravado em vídeo para aqueles que participaram da terceira grande conferência sobre a Síria na capital belga, o secretário-geral da ONU, António Guterres, exortou os países a renovarem seus “compromissos financeiros, humanitários e políticos com o povo sírio e aos países e comunidades que hospedam refugiados”.
Ele acrescentou: “apenas uma solução política baseada na Resolução 2254 do Conselho de Segurança pode trazer paz sustentável à Síria”.
O chefe do Escritório das Nações Unidas de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), Mark Lowcock, disse estar “satisfeito com este importante sinal de solidariedade por parte da comunidade internacional com o povo sírio e com os vizinhos da Síria que estão recebendo um grande número de refugiados e sentindo as tensões por sua generosidade”.
Em 2017, os doadores prometeram 6 bilhões de dólares em Bruxelas e, em 2018, 4,4 bilhões de dólares. A captação total de recursos para 2018 alcançou pouco mais de 6 bilhões de dólares até o final do ano. A meta de quinta-feira era chegar a 8,8 bilhões de dólares para o Plano de Resposta Humanitária da Síria e o Plano Regional de Refugiados e Resiliência. A arrecadação de fundos vai continuar ao longo do ano, disse o OCHA.
“Ter uma posição esclarecida sobre os níveis de financiamento tão cedo no ano nos dá confiança de que seremos capazes de sustentar um nível muito alto de programação ao longo do ano”, disse Lowcock.
Alerta sobre Idlib
Em seu principal apelo a doadores, Lowcock expressou crescente preocupação com a deterioração da situação em Idlib, no noroeste da Síria, onde mais de 90 pessoas foram mortas por bombardeios e ataques aéreos no mês passado, quase metade delas, crianças.
Seus comentários seguem os ataques aéreos relatados na província de Idlib, controlada pela oposição, que abriga cerca de 3 milhões de pessoas e numerosos grupos armados que se estabeleceram lá após terem sido expulsos de outros redutos rebeldes.
Descrevendo o conflito como “uma das grandes crises do nosso tempo”, Lowcock acrescentou que um ataque militar em larga escala contra Idlib “criaria a pior catástrofe humanitária que o mundo já viu no século 21”.
Outros lugares na Síria “estão mais tranquilos do que há um ano”, acrescentou o funcionário da ONU, antes de alertar que os “últimos bolsões controlados pelo Estado Islâmico” no nordeste estão experimentando “violência contínua e até crescente”.
Além da constante ameaça de violência, as famílias sírias enfrentam cada vez mais dificuldades, explicou Lowcock, com oito em cada dez pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza e com custos de alimentação seis vezes maiores do que antes da guerra.
A prestação de serviços de saúde é “irremediavelmente inadequada”, continuou o funcionário da ONU, de serviços maternais a serviços reprodutivos, apoio nutricional e tratamento de doenças, enquanto a maioria das 6,2 milhões de pessoas deslocadas dentro da Síria precisam de ajuda com abrigo.
Necessidades estão aumentando, diz chefe do ACNUR
O alto-comissário das Nações Unidas para os refugiados, Filippo Grandi, advertiu que “as necessidades estão se tornando mais, não menos, severas” para os refugiados sírios e comunidades anfitriãs nos países vizinhos e para os “muitos” sírios que voltam para casa.
Apesar desses retornos, Grandi sugeriu que levaria algum tempo até que um número maior de pessoas deixasse os países vizinhos, devido ao enorme nível de destruição da infraestrutura básica dentro da Síria, juntamente com a insegurança contínua e a falta de elementos básicos.
O alto-comissário pediu “investimentos mais previsíveis” dos doadores para aliviar a pressão sobre as comunidades anfitriãs em Líbano, Turquia, Jordânia, Egito e Iraque, onde os governos estão encontrando cada vez mais dificuldades para explicar às populações locais que os países precisam continuar acolhendo um grande número de sírios.
Conflito não terminou, diz oficial da UE
A co-apresentadora da conferência, Federica Mogherini, principal autoridade de Relações Exteriores da UE, sublinhou a necessidade de mostrar solidariedade ao povo da Síria e demonstrar apoio a uma solução política liderada pela ONU. O conflito de mais de oito anos “ainda não acabou”, disse ela.
“Queremos que o povo da Síria não seja esquecido em um momento em que a comunidade internacional parece se importar um pouco menos”, acrescentou Mogherini. “Uma situação militar pode estar se desenvolvendo em um sentido ou outro, mas o que está claro para qualquer um é que atingir a paz exigirá um processo político de propriedade da Síria liderado pelas Nações Unidas em Genebra.”
Atualmente, 12 milhões de sírios estão refugiados ou deslocados dentro da Síria, cerca de metade da população pré-guerra.
Sob o apelo da ONU, 3,3 bilhões de dólares são necessários para ajudar os deslocados dentro da Síria e 5,5 bilhões de dólares são necessários para refugiados e comunidades de acolhimento em países vizinhos.
Sem o financiamento contínuo, as atividades humanitárias “seriam interrompidas, cortando as entregas de alimentos que salvam vidas, água, saúde, abrigo e proteção”, alertou Lowcock.
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Posted: 15 Mar 2019 10:40 AM PDT
Julia Katharine lembra sua trajetória como mulher trans no filme ‘Lembro Mais dos Corvos’. Foto: Universo Produção/Leo Lara
Ao longo de uma noite de insônia, a atriz brasileira Julia Katharine conta histórias sobre sua vida no filme Lembro Mais dos Corvos. A premissa, à primeira vista simples, ganha mais e mais camadas quando Julia expõe as dificuldades de ser uma mulher transexual.
Gravado durante uma noite no apartamento da artista, o longa é uma mistura de documentário, ficção e improviso. O roteiro é da própria atriz, que escreveu o texto junto com o diretor da obra, Gustavo Vinagre.
“O processo de construção do roteiro foi muito simples, o Gustavo fez uma escaleta com os assuntos sobre a minha vida que ele gostaria que eu desenvolvesse”, disse Julia em entrevista ao Centro de Informação da ONU no Brasil (UNIC Rio). “Fizemos algumas alterações ficcionais para eu não me expor tanto, porque eu não queria causar nenhum dano às pessoas envolvidas nas histórias que eu conto.”
Uma das histórias contadas por Julia é a do abuso cometido por um tio-avô em sua infância. Apenas adulta, como descreve no filme, se deu conta de que tinha sido abusada por um pedófilo. Além disso, a atriz expõe as dificuldades de se adaptar em escolas e empregos por causa da sua identidade de gênero.
A carga emocional da atriz e o roteiro renderam a Julia o troféu Helena Ignez da 21ª Mostra de Cinema de Tiradentes no ano passado. O prêmio é dado a profissionais mulheres de qualquer área de um dos filmes exibidos. O longa também venceu o prêmio Jori Ivens e o prêmio do júri jovem de melhor filme na edição de 2018 do festival internacional de documentários Cinéma du Reel, em Paris. O longa participou de muitos outros festivais brasileiros e no exterior.
As conquistas de Julia ainda são exceção em um país em que transexuais são amplamente marginalizados e assassinados.
De acordo com a ONG Transgender Europe, o Brasil é o país com o maior número absoluto de homicídios de pessoas trans. Entre 1º de janeiro de 2008 e 31 de dezembro de 2016, 938 assassinatos foram relatados no país — o número representa 40% do total de 2.343 assassinatos notificados nas 69 nações monitoradas pela organização.
“Tenho 41 anos e a expectativa de vida de uma mulher trans ou travesti é de 35 anos. Me sinto uma sobrevivente, mas sei que vivo no país que mais mata travestis e transexuais no mundo”, disse Julia.
As sessões de Lembro Mais dos Corvos também exibem na sequência o curta Tea for Two, dirigido pela atriz. Os filmes estão em cartaz no Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro (RJ) e em outras cidades brasileiras.
Para o futuro, Julia planeja lançar no circuito comercial, no ano que vem, o seu primeiro filme como diretora e roteirista.
“Estamos trabalhando para mudanças e, o melhor, estamos lutando para contarmos nós mesmas, pessoas trans, as nossas histórias”, afirmou.
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Posted: 15 Mar 2019 09:10 AM PDT
A refugiada rohingya Sabika, de dez anos, posa para uma fotografia no centro de aprendizagem do campo de Kutupalong, em Bangladesh. Foto: ACNUR/ David Azia
Agachadas e descalças na areia, duas meninas brincam com bolinhas de gude coloridas, gritando de alegria sempre que conseguem acertar em uma das esferas de vidro.
De repente, um rosto familiar passa – sua professora – e as meninas se levantam, correndo e apostando uma contra a outra até o portão do colégio. Sabika chega primeiro. Essa manhã, ela tem aula de inglês, a sua matéria favorita, e ela não quer se atrasar.
“Na escola, eu aprendo matemática, inglês e birmanês. Gosto da escola porque posso aprender um monte de coisas, como poemas e o alfabeto, e lá eu posso brincar”, explica a menina de dez anos, que vive com os pais e quatro irmãos no campo de refugiados de Kutupalong, em Bangladesh. Sabika é a segunda mais velha.
No assentamento, ela adora brincar de esconde-esconde e de bolinhas de gude com seus amigos. Aqui é seguro e ela pode caminhar livremente para visitar seus amigos – algo que ela valoriza bastante.
A família de Sabika fugiu da violência em Mianmar no fim de 2017, buscando refúgio no país vizinho, Bangladesh. Alguns de seus amigos de Mianmar moram por perto, mas, de outros, a jovem acabou perdendo o contato quando foi forçada a fugir.
Agora em segurança em Bangladesh, Sabika pode ir a uma escola apoiada pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR). A instituição de ensino fica perto da sua casa.
“Sabika é talentosa, ela vem todo dia e tem um ótimo desempenho. Ela adora desenhar pessoas porque ela ama seus colegas de sala”, conta Taslima Akthar, uma professora local que sentiu vontade de ajudar crianças como Sabika depois de ouvir sobre a crise de refugiados rohingya na TV.
Sua dedicação em apoiar os alunos e levá-los a alcançar seus sonhos é evidente. E o sonho de Sabika não é nenhum segredo.
“Um dia, eu quero ser uma médica porque quero ajudar as pessoas”, diz a menina, com brilho nos olhos, antes de voltar para a sua carteira na sala de aula.
Para ajudar o ACNUR a levar educação para crianças refugiadas como Sabika, faça uma doação — clique aqui.
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Posted: 15 Mar 2019 09:01 AM PDT
Vista aérea de Xangai, na China. Foto: ONU Meio Ambiente
Nesta sexta-feira (15), o vice-ministro de Ecologia e Meio Ambiente da China, Zhao Yingmin, e Joyce Msuya, diretora-executiva interina da ONU Meio Ambiente, anunciaram que o país sediará as comemorações do Dia Mundial do Meio Ambiente, em 5 de junho de 2019, com o tema “poluição do ar”.
Aproximadamente 7 milhões de pessoas morrem prematuramente a cada ano devido à poluição do ar, sendo 4 milhões das mortes somente na região da Ásia e do Pacífico. O Dia Mundial do Meio Ambiente deste ano incitará governos, indústria, comunidades e indivíduos a se unirem para explorar a energia renovável e as tecnologias verdes, bem como melhorar a qualidade do ar em cidades e regiões de todo o mundo.
A cidade sede do evento será Hangzhou, na província de Zhejiang. Porém, o governo chinês também se comprometeu a organizar as celebrações em várias partes do país.
O anúncio foi feito enquanto ministros do Meio Ambiente de todo o mundo participam do fórum ambiental global de mais alto nível, a Quarta Assembleia da ONU para o Meio Ambiente (UNEA), em Nairóbi, e após a publicação de um relatório de revisão sobre o controle da poluição do ar em Pequim nos últimos 20 anos.
“A China será uma grande anfitriã global das comemorações do Dia Mundial do Meio Ambiente em 2019. O país demonstrou liderança no combate à poluição do ar internamente e, agora, pode ajudar a estimular outras partes do mundo a agirem. A poluição do ar é um desafio global e urgente que afeta a todos. A China irá, agora, liderar o impulso e estimular a ação global para salvar milhões de vidas”, declarou Joyce Msuya.
O país asiático, com seu crescente setor de energias verdes, emergiu como um líder climático. Metade dos veículos elétricos e 99% dos ônibus elétricos do mundo circulam dentro de suas fronteiras. Ao sediar o Dia Mundial do Meio Ambiente em 2019, o governo chinês poderá mostrar sua inovação e avançar rumo a um ambiente mais limpo.
Segundo um novo relatório da ONU sobre poluição atmosférica na Ásia e no Pacífico, a implementação de 25 políticas voltadas para tecnologias poderia resultar na redução de 20% das emissões globais de dióxido de carbono (CO2) e de 45% das emissões globais de metano, o que poderia impedir a elevação da temperatura global em até um terço de grau Celsius.
O Dia Mundial do Meio Ambiente é um evento mundial liderado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente que acontece todos os anos, no dia 5 de junho, e é comemorado por milhares de comunidades em todo o mundo. Desde que foi instaurado, em 1972, se tornou a maior celebração do nosso meio ambiente.
Segundo a ONU Meio Ambiente, 92% das pessoas em todo o mundo não respiram ar limpo; a poluição do ar custa à economia global 5 trilhões de dólares por ano; a poluição do solo pelo ozônio deverá reduzir os rendimentos de cultivos básicos em 26% até 2030.
Sobre a ONU Meio Ambiente
A ONU Meio Ambiente é a principal voz global em temas ambientais. Ela promove liderança e encoraja parcerias para cuidar do meio ambiente, inspirando, informando e capacitando nações e pessoas a melhorarem a sua qualidade de vida sem comprometer a das futuras gerações.
A ONU Meio Ambiente trabalha com governos, com o setor privado, com a sociedade civil e com outras instituições das Nações Unidas e organizações internacionais pelo mundo.
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Posted: 15 Mar 2019 08:43 AM PDT
O algodão é produzido por mais de 150 países e é um dos 20 produtos mais exportados. Foto: Secom-MT/Mayke Toscano
O Centro de Excelência contra a Fome da ONU, com sede no Brasil, realizou uma visita de campo a Moçambique, onde pôde avaliar modelos de produção do algodão que são combinados ao cultivo de alimentos. Viagem fez parte do Além do Algodão, projeto do organismo internacional para combater a pobreza e a fome nas zonas rurais de quatro países africanos.
Em Nampula, cidade do nordeste moçambicano, a consultora do centro, Marisete Araújo, conheceu o método de cultivo consorciado de algodão e milho, desenvolvido pelos próprios agricultores familiares da região. A especialista também coletou informações sobre outras boas práticas agrícolas, como um sistema de limpeza de água e de irrigação, também elaborado pelos camponeses. As atividades no município são realizadas em cooperação com Iniciativa de Comércio Sustentável (IDH, na sigla em inglês).
A iniciativa Além do Algodão busca apoiar agricultores familiares e instituições públicas em Benim, Moçambique, Quênia e Tanzânia, a fim de estimular a geração de renda e melhorar a segurança alimentar e nutricional em áreas rurais. Lançado em 2018, o projeto busca conectar os subprodutos do algodão – como o óleo da semente e a torta – e cultivos associados – como milho, sorgo e feijão – a mercados estáveis, inclusive a programas de alimentação escolar.
Uma das etapas do programa é a elaboração de projetos nacionais, com ações específicas para cada país participante. Para conceber esses planejamentos, o centro realiza viagens como a feita recentemente a Nampula. O Além do Algodão está sendo implementado pelo organismo da ONU, com a coordenação da Agência Brasileira de Cooperação e apoio do Instituto Brasileiro do Algodão.
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Posted: 15 Mar 2019 08:29 AM PDT
Jovens do mundo todo estão convidados a se inscrever até 15 de junho do Concurso Internacional de Redação 2019 organizado pela Fundação Goi Peace. O concurso também está sendo divulgado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura ( UNESCO).
O tema deste ano é “Criando uma sociedade cheia de bondade”. Os candidatos são incentivados a responder as seguintes perguntas em suas redações: “O que bondade significa para você?”, “Na sua opinião, como poderemos criar uma sociedade com mais bondade?”.
Para marcar o aniversário de 20 anos do concurso, a fundação também pede que os participantes realizem dez atos de bondade, e então usem essa experiência como inspiração para escrever a redação. Para a avaliação final, no entanto, somente a redação será considerada no processo de seleção.
Podem participar jovens de até 25 anos (completados até 15 de junho de 2019) em uma das seguintes categorias: Criança (com idade até 14 anos) e Jovens (com idade de 15 a 25 anos).
As redações precisam ter até 700 palavras e devem ser escritas em inglês, francês, espanhol ou alemão, ou ter até 1,6 mil caracteres se escritas em japonês, excluindo título e capa. As redações podem ser enviadas por correio ou online ( clique aqui para mais informações).
Os vencedores receberão prêmio em dinheiro. Nas categorias de Crianças e Jovens, o prêmio será de 900 dólares para o primeiro colocado e de 450 dólares para o segundo. Os primeiros colocados também serão convidados a participar de uma cerimônia de premiação a ser realizada em Tóquio, no Japão, em 23 de novembro.
Os resultados serão anunciados em 31 de outubro, no site do concurso https://www.goipeace.or.jp/en/work/essay-contest.
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Posted: 15 Mar 2019 08:23 AM PDT
Clique para exibir o slide.Num bairro pobre no oeste de Beirute, capital do Líbano, um ônibus de cores vivas encosta na lateral de uma rua. Um grupo de crianças vende chicletes e lenços de papel para os motoristas em um cruzamento movimentado. Mas ao ver o ônibus, os meninos e meninas guardam rapidamente as suas mercadorias e se reúnem ao redor do veículo, ansiosos para embarcar.
“Eles nos chamam aqui e falam para a gente brincar”, conta Abed, um refugiado sírio de 12 anos. “Nós adoramos vir aqui.”
Por algumas horas, Abed e seus amigos têm a chance de ser crianças normais novamente, brincando e aprendendo longe dos perigos das ruas.
A iniciativa Fun Bus (Ônibus da Diversão, em tradução livre) é da Agência da ONU para Refugiados ( ACNUR) e União Europeia. A execução do projeto fica a cargo da Fundação Makhzoumi, uma ONG libanesa. O ônibus oferece apoio e recreação para crianças em situação de rua no Líbano, reduzindo assim a quantidade de tempo que elas passam na busca por sobrevivência.
“Nós perambulamos por Beirute, em todos os bairros. Fazemos atividades de apoio psicossocial, alfabetização básica, aulas de matemática e artesanato”, explica Nadine Moussa, da Fundação Makhzoumi.
Lançado em 2018, o projeto já beneficiou centenas de crianças que trabalham em Beirute. A maioria faz parte do contingente de quase 950 mil sírios que vivem atualmente no país. Os mais novos são forçados a trabalhar para ajudar a sustentar suas famílias pobres. Isso priva os jovens da chance de ter uma infância normal e de ter acesso à educação.
“Eu não gosto de ficar na rua”, diz Alaa, um garoto de 14 anos que veio de Alepo, na Síria. “Eu sou agredido, não me sinto seguro. Mas aqui, brinco, desenho e aprendo.”
No Fun Bus, Alaa está aprendendo o alfabeto, o que é uma mudança bem-vinda em sua rotina como vendedor de garrafas d’água. Ele consegue em média uns dez dólares por dia.
“As crianças têm um lugar seguro para se expressarem”, diz Nadine. “Aqui, eles são respeitados e apreciados. Eles conseguem viver sua infância, mesmo que por apenas algumas horas.”
As crianças, que são regularmente expostas a violência nas ruas, podem ser agressivas às vezes. Com frequência, os voluntários do Fun Bus passam algum tempo fazendo a mediação entre crianças que brigam, mas acabam deixando as disputas de lado para aprender ou participar de um jogo divertido.
A iniciativa também oferece sessões de conscientização para os pequenos sobre os perigos que eles enfrentam nas ruas. Abed, por exemplo, ficou ferido depois de um carro passar por cima de seu pé. Como resultado, ele está atualmente fora das ruas e aguarda ansiosamente para passar seu tempo no ônibus.
A iniciativa Fun Bus é parte de um programa mais amplo do ACNUR e de seus parceiros que tem como objetivo “impedir, eventualmente, que as crianças trabalhem nas ruas”, explica Sirine Comati, da agência da ONU.
O programa busca engajar os familiares das crianças para incentivá-los a tirar seus filhos das ruas. Os pais recebem treinamento vocacional para que consigam encontrar oportunidades de emprego — o que garante que eles não dependam mais do dinheiro que seus filhos trazem. Quando possível, as crianças são matriculadas em escolas. Muitos nunca frequentaram uma aula ou perderam anos de suas educações.
“Estamos aumentando a conscientização sobre os perigos e capacitando os pais a acreditarem na ideia de que, se eles realmente tirarem seus filhos da rua, ele estão lhes dando vida”, acrescenta Sirine.
Com essa iniciativa, o programa global do ACNUR já tirou, com sucesso, 150 crianças das ruas nos últimos dois anos, mas muitos desafios permanecem. Mais de dois terços dos refugiados sírios vivem abaixo da linha da pobreza, com acesso limitado a empregos. Isso os deixa, muitas vezes, sem outra opção senão mandar seus filhos trabalhar para arcar com as despesas.
Alaa tinha acabado de completar a quarta série quando seu pai faleceu, no ano passado. Ele largou a escola e foi se juntar às outras crianças que trabalham na beira da estrada. “Eu tive que trabalhar para sustentar minha família e irmãos. Eu gostaria de poder voltar para a escola, mas agora não tenho escolha”, diz o menino.
Depois de terminar sua lição do dia, o garoto pega as suas garrafas d’água e volta ao cruzamento, dizendo: “Eu mal posso esperar para voltar ao ônibus na próxima semana”.
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Posted: 15 Mar 2019 07:30 AM PDT
Centro comunitário na Tailândia oferece agulhas limpas para usuários de drogas injetáveis. Foto: Banco Mundial/Trinn Suwannapha
O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS ( UNAIDS) revelou nesta semana que a incidência do HIV dá sinais de avanço entre pessoas que usam drogas injetáveis, com um aumento de 1,2% em 2011 para 1,4% em 2017. A tendência está na contramão do declínio global em novas infecções do vírus na população em geral, que tiveram queda de 25% entre 2010 e 2017. Números são de novo relatório que aborda saúde e descriminalização do uso de drogas.
De acordo com a pesquisa, das 10,4 milhões de pessoas que usavam drogas injetáveis em 2016, mais da metade vivia com hepatite C e uma em cada oito vivia com HIV. A publicação ressalta a necessidade de oferecer serviços abrangentes de redução de danos — incluindo programas de substituição de agulhas e seringas, tratamento da dependência e testagem e tratamento de HIV. Essas estratégias poderiam reduzir novas infecções pelo vírus da AIDS entre essa população.
No entanto, alerta o levantamento, 99% dos indivíduos que usam drogas injetáveis vivem em países que não oferecem cobertura adequada de serviços de redução de danos. O relatório aponta que poucos Estados-membros da ONU cumpriram o acordado em 2016 no documento final da Sessão Especial da Assembléia Geral das Nações Unidas sobre o Problema Mundial das Drogas.
Criminalização e saúde
O relatório destaca que, embora a descriminalização do uso e posse de drogas para uso pessoal aumente o fornecimento de serviços de saúde, bem como o acesso e a vinculação das pessoas ao atendimento, a criminalização e as punições severas continuam sendo comuns.
Estima-se que uma em cada cinco pessoas presas em todo o mundo esteja privada de liberdade por delitos relacionados a drogas. Desse grupo, 80% estão na prisão por posse para uso pessoal. Além disso, o relatório lista 35 países que mantêm pena de morte por delitos relacionados a drogas.
“O UNAIDS está muito preocupado com a falta de progresso na abordagem com as pessoas que usam drogas injetáveis, o que acontece por conta da falha de muitos países em implementar abordagens baseadas em evidências e direitos humanos para o uso de drogas”, afirmou o diretor-executivo do UNAIDS, Michel Sidibé.
“Ao colocar as pessoas no centro e garantir que elas tenham acesso a serviços sociais e de saúde com dignidade e sem discriminação ou criminalização, podemos salvar vidas e reduzir as novas infecções por HIV drasticamente.”
O UNAIDS defende o engajamento total da sociedade civil como fonte essencial de informação e mobilização, defesa de direitos e serviços liderados pela comunidade, especialmente em lugares onde as políticas e práticas repressivas são a norma.
O programa da ONU também pede financiamento suficiente para programas de direitos humanos e serviços de saúde que incluam serviços de redução de danos e HIV, além de respostas lideradas pela comunidade e por facilitadores sociais. O organismo internacional solicita ainda mais recursos para iniciativas que trabalhem pelo fim do estigma e da discriminação relacionados a drogas e HIV.
Segundo o relatório, apesar da eficácia de uma abordagem de redução de danos, os investimentos em medidas do tipo estão muito aquém do que é necessário para uma resposta eficaz ao HIV. Em 31 países de baixa e média renda que reportaram dados ao UNAIDS, 71% dos gastos com serviços de HIV para pessoas que usam drogas foram financiados por doadores externos.
Embora alguns países tenham feito progressos implementando abordagens baseadas em evidências científicas e direitos humanos, a maioria ainda está muito atrasada, de acordo com o UNAIDS.
A instituição das Nações Unidas pediu que governos revisem e reorientem as suas abordagens sobre políticas de drogas, colocando as pessoas no centro e vinculando os direitos humanos à saúde pública. O apelo foi feito às vésperas da reunião ministerial da Comissão sobre Entorpecentes, que teve início na quinta-feira (14) em Viena, na Áustria.
O UNAIDS delineou um conjunto de recomendações para adoção dos países:
- Implementação completa de serviços abrangentes de redução de danos e HIV, incluindo programas de substituição de agulhas e seringas, terapia de substituição de opióides, gerenciamento de overdose com naloxona e salas de consumo seguro;
- Garantir que todas as pessoas que usam drogas tenham acesso a prevenção, testes e tratamento capazes de salvar vidas para o HIV, tuberculose, hepatite viral e infecções sexualmente transmissíveis;
- Descriminalizar o uso e porte de drogas para uso pessoal. Onde as drogas permanecerem ilegais, os países devem se adaptar e reformar as leis para garantir que as pessoas que usam drogas tenham acesso à justiça, incluindo serviços legais, e não enfrentem sanções punitivas ou coercitivas para uso pessoal;
- Tomar medidas para eliminar todas as formas de estigma e discriminação relacionadas a pessoas que usam drogas;
- Apoiar o pleno engajamento da sociedade civil como fonte de informação e promover serviços e advocacy liderados pela comunidade, especialmente em lugares onde as políticas e práticas repressivas são a norma;
- Investir em programas de direitos humanos e serviços de saúde, incluindo um pacote abrangente de redução de danos e serviços de HIV, respostas lideradas pela comunidade e facilitadores sociais.
Acesse o relatório Saúde, direitos e drogas: redução de danos, descriminalização e zero discriminação para pessoas que usam drogas clicando aqui.
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Posted: 15 Mar 2019 06:36 AM PDT
Foto: UNAIDS
Números divulgados nesta semana (13) pelo governo da Nigéria revelam que o país tem metade dos casos de HIV do que se pensava anteriormente. Autoridades estimam agora que a prevalência do vírus é de 1,4% entre nigerianos de 15 a 49 anos — antes, a estimativa era de 2,8%. A Agência Nacional para Controle da AIDS e o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) calculam que haja 1,9 milhão de pessoas vivendo com HIV no país africano.
“Pela primeira vez, o fim da AIDS como uma ameaça à saúde pública até 2030 está realmente no horizonte de nosso país”, disse na quarta-feira o presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, em evento na capital Abuja. Durante a cerimônia, o chefe de Estado lançou uma nova estratégia para o período 2019-2021, que vai orientar os esforços da nação na resposta à epidemia.
Os dados do Indicador Nacional e Pesquisa de Impacto sobre HIV/AIDS na Nigéria (NAIIS) baseiam-se numa metodologia revisada e melhorada. A pesquisa fornece uma compreensão mais clara da epidemia de HIV na Nigéria e lança luz sobre o progresso e os desafios remanescentes.
“Eu cumprimento o Governo da Nigéria e seus parceiros pela realização desta pesquisa ambiciosa, que nos fornece uma compreensão muito melhor da epidemia de HIV do país”, elogiou o chefe do UNAIDS, Michel Sidibé, também presente no evento em Abuja.
“Embora seja uma notícia fantástica, a de que há menos pessoas vivendo com HIV na Nigéria do que se pensava anteriormente, não devemos baixar a guarda. Vamos usar os resultados desta pesquisa para orientar melhor a nossa prestação de serviços de prevenção, tratamento e assistência ao HIV para as pessoas com maior necessidade e garantir que a Nigéria esteja no caminho certo para acabar com a epidemia de AIDS até 2030.”
As novas estatísticas apontam que as mulheres entre 15 e 49 anos têm duas vezes mais chances de viver com HIV do que homens (1,9% contra 0,9%). As diferenças de gênero na prevalência são ainda maiores entre os jovens adultos, pois as mulheres entre 20 e 24 anos têm três vezes mais chances de estar vivendo com HIV do que os homens da mesma mesma faixa etária.
Entre meninos e meninas de até 14 anos, a prevalência do HIV é de 0,2%. Segundo o UNAIDS, nos últimos anos, foram feitos esforços significativos para impedir novas infecções por HIV entre crianças.
Em nível nacional, o governo estima em 42,3% o índice de supressão da carga viral entre pessoas soropositivas de 15 a 49 anos. Entre as mulheres, o número sobe para 45,3%. Entre os homens, cai para 34,5%. Quando as pessoas que vivem com HIV alcançam a carga viral suprimida, elas permanecem saudáveis e a transmissão do vírus é evitada.
O UNAIDS aponta que compreender melhor a epidemia de HIV no país permitirá investimentos mais eficientes e um planejamento mais eficaz dos serviços de prevenção, atendimento e tratamento, incluindo com um foco em grupos-chave, como profissionais do sexo. Com as estatísticas, será possível adotar uma abordagem de localização da população, para fornecer serviços às pessoas e áreas onde eles são mais necessários.
Os novos dados diferenciam a prevalência do HIV por estado, indicando uma epidemia que tem um impacto maior em certas regiões do país. A zona Sul-Sul tem a maior prevalência de HIV, de 3,1% entre pessoas de 15 a 49 anos. A incidência do vírus também é alta na área Norte-Central (2%) e Sudeste (1,9%). A taxa é menor no Sudoeste (1,1%), Nordeste (1,1%) e Noroeste (0,6%).
“O NAIIS também mostrou que somos capazes de fornecer tratamento antirretroviral de forma efetiva”, explicou o ministro da Saúde nigeriano, Isaac Adewole.
“Todas as pessoas vivendo com HIV precisam de tratamento para alcançar a supressão viral, especialmente mulheres grávidas. Devemos garantir que essas mulheres tenham acesso aos serviços de pré-natal e sejam testadas durante toda a gravidez. Sabemos que podemos apoiar mães vivendo com HIV, garantindo assim que a próxima geração esteja livre do vírus.”
A Nigéria tem demonstrado progresso constante na ampliação do acesso ao tratamento para pessoas que vivem com HIV, com a adoção em 2016 de uma política de testagem e tratamento. Essa medida acelerou ainda mais o encaminhamento de indivíduos soropositivos para a terapia. Entre 2010 e 2017, o número de pessoas com HIV e com acesso à terapia antirretroviral no país quase triplicou — de 360 mil pessoas em 2010 para mais de 1 milhão em 2018.
O número de locais que oferecem tratamento mais do que triplicou e a quantidade de estabelecimentos que oferecem serviços para prevenir a transmissão do HIV de mãe para filho aumentou oito vezes. O conjunto de instalações para aconselhamento e testagem do HIV também aumentou, quatro vezes. Um total de 11,3 milhões de adultos foram aconselhados e testados para o HIV em 2016, quatro vezes mais do que em 2012.
No entanto, as estimativas divulgadas nesta semana indicam que mais da metade das pessoas que vivem com HIV ainda não têm a carga viral suprimida.
O NAIIS foi liderado pelo Governo da Nigéria por meio do Ministério da Saúde e da Agência Nacional para Controle da AIDS. O UNAIDS, o Plano de Emergência do Presidente dos Estados Unidos para o Alívio da AIDS e o Fundo Global de Combate à AIDS, Tuberculose e Malária deram apoio à pesquisa, supervisionada pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos e implementada pela Universidade de Maryland, com um escopo que incluía todos os 36 estados e o Território da Capital Federal da Nigéria.
A pesquisa alcançou cerca de 220 mil pessoas em aproximadamente 100 mil residências. O trabalho de campo foi realizado entre julho e dezembro de 2018.
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Posted: 15 Mar 2019 05:38 AM PDT
Projeto em Samambaia, no Distrito Federal, estimula brincadeiras ao ar livre e ocupação dos espaços públicos pela comunidade. Foto: Curumim Cultural
A iniciativa Curumim Cultural começou quando Bruno Lopes, morador de Samambaia, no Distrito Federal, percebeu que as crianças de seu bairro não tinham o costume de brincar ao ar livre. Na quadra em que vive, há muitos jovens que raramente eram vistos na rua, por diversos motivos, desde o fácil acesso aos equipamentos eletrônicos à sensação de insegurança que existe no ambiente externo.
A nova geração da vizinhança estava habituada a ficar em casa e, portanto, era mais propensa ao sedentarismo, à dificuldade de fazer amizades e de conhecer sua comunidade. Levado por um sentimento de nostalgia ao lembrar de seu próprio tempo de menino – em que brincava de queimada, biloca (bolinha de gude), pião e carrinho de rolimã com seus amigos e irmãos –, Bruno teve a ideia de desenvolver um trabalho com os pequenos da região.
O projeto Curumim Cultural foi um dos vencedores do prêmio Viva Voluntário em 2018, na categoria líder voluntário. A premiação é uma parceria entre a Casa Civil da Presidência da República e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento ( PNUD). A iniciativa visa fortalecer o voluntariado e as organizações da sociedade civil no Brasil.
Além do reconhecimento, o programa criado por Bruno recebeu financiamento de 50 mil reais da Fundação Banco do Brasil para ampliar a sua atuação. Com o prêmio, o idealizador do Curumim Cultural pôde investir em um veículo para levar as atividades para toda a região de Samambaia. Em janeiro e fevereiro de 2019, foi realizada a primeira caravana do projeto.
A primeira ação do Curumim Cultural ocorreu em 12 de outubro de 2015, não por acaso, no Dia das Crianças. Foi uma atividade simples, em que Bruno e amigos voluntários incentivaram as brincadeiras de rua. Eles desenharam amarelinha no chão, organizaram corrida de saco e fabricaram brinquedos de lata, como carrinhos e pé-de-lata. O evento, batizado de Dia dos Curumins, fez sucesso com a criançada. Os jogos antigos, para os meninos e meninas acostumadas com videogame e celular, viraram novidade.
O grupo passou a realizar pequenas atividades mensais com os pequenos das redondezas e, aos poucos, conseguiram incluir novos itens no arsenal de diversões, como bolinhas de gude, ioiô, bete e carrinho de rolimã.
Como o objetivo do projeto era resgatar as raízes do brincar, os integrantes buscaram trazer essa mensagem também para o nome e o símbolo da iniciativa. Assim, escolheram o curumim, que significa criança em Tupi Guarani, para representá-los.
Hoje o público que frequenta as ações do Curumim Cultural vai além dos primeiros participantes e compreende todas as classes econômicas e faixas etárias. A programação é gratuita e aberta. Embora o direcionamento seja para o público infanto-juvenil, crianças e adolescentes vêm acompanhados de seus pais e responsáveis, que também se envolvem nas atividades. A metodologia do brincar criada pelo Curumim Cultural, que começou em Samambaia Norte, está sendo replicada em outras regiões administrativas do Distrito Federal, como Samambaia Sul e Ceilândia.
Participação de todos
Apesar de ter conquistado as crianças, o projeto Curumim Cultural enfrentou dificuldades no início. Muitos moradores da região passaram a reclamar do barulho gerado pela correria e agitação dos meninos e meninas. Alguns pais também se incomodaram com a suposta falta de segurança para que seus filhos ficassem do lado de fora. O grupo passou então a trabalhar não apenas com o estímulo à brincadeira ao ar livre, mas também com a sensibilização dos moradores sobre a importância da utilização dos ambientes comunitários.
A equipe do Curumim acredita que utilizar o espaço público torna esses lugares mais seguros. Para permitir que seus filhos frequentem a rua, os responsáveis também saem de suas casas acompanhando as crianças, o que acaba promovendo encontros, conversas e o resgate da vida em comunidade. Dessa maneira, estimula-se a criação de vínculos entre vizinhos, gerando um ciclo de confiança.
Bruno explica que “muitas vezes uma mãe pede para outra que dê uma olhada em seu filho enquanto ela cuida de suas tarefas, o que promove uma rede de proteção mútua”.
O grupo incentiva a participação de todos nas atividades e no cuidado com o espaço público. Na quadra em que o Curumim Cultural iniciou suas atividades, existem 12 conjuntos de edifícios e todos são convidados a participar das ações. A partir do momento em que a comunidade se apropria de um local compartilhado, os moradores passam a mantê-lo.
Para estimular ainda mais o envolvimento e a colaboração da comunidade, o projeto solicita doação de materiais para a fabricação de brinquedos. Bruno conta que, com o crescimento do projeto, o Curumim virou assunto na mídia, o que ajudou a criar uma relação mais forte dos moradores com o lugar onde vivem.
“Quando a mídia vai ao local, tira fotos, o pessoal olha e fica lisonjeado (com o fato de) que aquilo acontece na sua comunidade, assim passa a se orgulhar de onde mora e das pessoas com quem convive”, explica o idealizador. Esse sentimento de pertencimento fortalece a rede social da vizinhança, num movimento que vem de dentro da comunidade.
Edital e expansão
Em 2016, o Curumim Cultural conseguiu acesso a uma verba pública do Fundo de Apoio à Cultura da Secretaria de Cultura do Governo do Distrito Federal. Esse auxílio viabilizou a divulgação e expansão do programa, bem como a aquisição de novos equipamentos, como jogos de tabuleiros, bolas, tacos, raquetes, cordas, entre outros materiais que dão suporte às brincadeiras tradicionais.
Como parte do edital, o projeto realizou atividades mensalmente entre setembro e novembro daquele ano, sempre no último fim de semana do mês. Além disso, conseguiram convidar em torno de 12 grupos para realizar atividades ligadas à cultura, como teatro de bonecos.
Bruno prometeu à comunidade que não deixaria a ação acabar ao fim do patrocínio. Desde então, todo último fim de semana do mês, o Curumim Cultural sai às ruas de Samambaia para realizar suas atividades. A profissão de Bruno, de coordenador de projetos sociais, o ajudou a montar o programa de maneira sustentável, de modo que não são necessários investimentos altos para manter seu funcionamento. O grupo promove atividades também em feiras, festas e festivais.
Os benefícios da diversão
Bruno acredita que o entretenimento é essencial para a formação da criança. Seu interesse profissional é na área da educação e seu sonho é desenvolver um método que promova o aprendizado a partir da diversão. “Analisando a base curricular nacional e a do Distrito Federal, percebemos que cerca de 80% dos conteúdos e objetivos que a escola visa atingir podem ser feitos utilizando brinquedos e brincadeiras variadas”, explica o idealizador. Ele conta que incluíram noções de geografia no jogo do Pique Bandeira, por exemplo, ensinando os jovens a identificar as bandeiras de estados brasileiros e abordando a divisão geográfica do país.
Bruno explica que o trabalho com brincadeiras é muito completo e, além de muito positivo para a educação e formação infantil, é benéfico também para a saúde, considerando o conceito da Organização Mundial da Saúde (OMS) — que inclui saúde física, mental e social. As atividades desenvolvidas pelo Curumim Cultural buscam desenvolver o lado emocional, a psicomotricidade, as relações sociais e a saúde física dos meninos e meninas.
“Os jogos trabalham a euforia de ganhar, a empatia de torcer por um colega, o apoio aos companheiros que perdem e as relações em geral. As crianças não se conheciam antes das atividades começarem, agora eles se conhecem, saem para brincar juntos”, conta Bruno.
As atividades do Curumim consideram também o empoderamento infantil e da comunidade para que meninos, meninas e seus pais se tornem multiplicadores do projeto. O grupo tem como objetivo conscientizar sobre a ideia do “brincar livremente”, sem o acompanhamento de um regente, a fim de permitir que as atividades sejam disseminadas e não dependam da ação direta deles.
Resultados
Bruno conta que há diferenças nítidas na comunidade após a intervenção do Curumim Cultural. Em primeiro lugar, o relacionamento entre vizinhos, que antes nem sequer se conheciam e agora aproveitam juntos o seu tempo livre. Além disso, a comunidade passou a se mobilizar e construiu o Parque da Biloca e a Roda da Cultura em regime de mutirão.
O grupo incentivou também o plantio de árvores na região. Inicialmente, montaram o Pomar do Cerrado, com 12 espécies nativas desse bioma. Cada um dos 12 blocos da quadra 604 é encarregado de uma árvore, o que encoraja a participação contínua dos moradores no cuidado da vizinhança. Desde o começo dessa divisão de tarefas, foram plantadas mais 26 árvores. Também foi registrada uma redução significativa no descarte de lixo e de entulho nas proximidades de onde são realizadas as atividades do Curumim.
O projeto trouxe ainda consequências para a economia local. Devido a um aumento na demanda por brinquedos clássicos, como piões, bilocas e pipas, pessoas da comunidade começaram a comercializá-los. Os voluntários do Curumim Cultural passaram a atuar como oficineiros, brinquedistas, monitores e animadores em festas e festivais, criando mais fontes de geração de renda.
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