Crianças desacompanhadas estão entre os migrantes da América Central que caminham em direção aos Estados Unidos. Na foto, são retratados nas ruas de Tapachula, Chiapas, México, em 21 de outubro de 2018. Foto: UNICEF México
Mais de 12 mil pessoas, entre elas, 3 mil meninas, meninos e adolescentes, cruzaram a fronteira de Tecun Umán, na Guatemala, para
Tapachula, no México, desde 17 de janeiro, de acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). A agência da ONU alertou para a necessidade de garantir proteção especial para as crianças, particularmente para aquelas que viajam sozinhas.
“As milhares de crianças e famílias que cruzam a fronteira todos os dias são em sua maioria bem recebidas pelo governo e o povo do México”, disse Paloma Escudero, diretora de comunicação do UNICEF ao fim de uma visita de dois dias a Tapachula e Tcun Umán.
“Se essas crianças ficarem no México ou se dirigirem para o norte, é essencial que permaneçam com suas famílias, que sejam mantidas fora dos centros de detenção e que seu interesse seja protegido durante todo a viagem”, declarou.
De acordo com estatísticas oficiais do governo mexicano, mais de 30 mil meninas, meninos e adolescentes de Honduras, Guatemala e El Salvador passaram por centros de detenção em 2018.
Apesar de o México estar implementando cada vez mais e melhores medidas para proteger os direitos das crianças durante o trânsito ou a busca de refúgio no país, os desafios permanecem.
Na estação migratória de Tapachula, na qual se encontram cerca de 1 mil homens, mulheres e crianças, Escudero falou com as mães e as mulheres jovens que permanecem na estação, enquanto são processados seus pedidos de refúgio ou suas ordens de deportação.
“Apesar de as pessoas que ficam no centro terem acesso a alimentos, saúde e serviços recreativos, as condições são inadequadas”, disse Escudero. “Vi mães e crianças pequenas dormindo no chão, nos corredores. Muitos me disseram que não estavam certos do que aconteceria com eles ou quando teriam autorização para ir embora”.
O novo governo mexicano se comprometeu oficialmente a colocar fim à detenção de todas as crianças migrantes, e atualmente está trabalhando para cumprir com essa nova política. O UNICEF e outras organizações estão apoiando de perto esses esforços, ajudando a desenvolver e implementar alternativas à detenção.
“Muitas dessas crianças e jovens estão trocando o trauma da violência e da pobreza em seus lares pelo trauma do deslocamento e da incerteza de seu trajeto migratório”, disse Escudero. “A esperança de ter um futuro melhor e mais seguro os mantém caminhando, o que está cada vez mais fora de nosso controle”.
No México e na Guatemala, o UNICEF continua trabalhando com o governo e seus aliados para garantir que as crianças migrantes recebam o apoio e os serviços de que necessitam e que seus direitos sejam garantidos.
Através de suas equipes em Tapachula, o UNICEF dá apoio direto às crianças, fornecendo informação sobre suas opções migratórias (ou seja, cartão de visitante, solicitação de refúgio ou retorno voluntário), assistência técnica direta à Secretaria de Bem-Estar e às Autoridades de Proteção à Infância para garantir que meninas, meninos e adolescentes não acompanhados tenham seus pedidos processados devidamente e recebam a atenção adequada.
Na Guatemala, o UNICEF continua fornecendo serviços de higiene, apoio psicossocial para crianças de todas as idades, assim como espaços amigos para proteção. A agência da ONU também está advogando para a construção de programas de sucesso para a atenção a crianças migrantes, mantendo o interesse superior da infância acima de todas as demais considerações.
“O UNICEF está trabalhando com o governo para identificar e implementar soluções alternativas que incluam vistos humanitários, albergues de portas abertas e centros de dia (estadia diurna) que possam manter as famílias e as crianças seguras e protegidas, enquanto suas solicitações (de refúgio) são processadas”, disse Escudero.
“Esperamos ver mais desses programas ao longo do caminho migratório no México. A migração não é um delito e não deve ser tratada como tal”, concluiu.
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