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ter, 4 de set 18:59 (Há 6 dias)
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Posted: 04 Sep 2018 01:53 PM PDT
Michelle Bachelet, quando ainda era presidenta do Chile, em pronunciamento no 71ª debate geral da Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro de 2016. Foto: ONU/Cia Pak
A ex-presidenta do Chile, Michelle Bachelet, assumiu no sábado (1º) o cargo de alta-comissária da ONU para os Direitos Humanos. A dirigente governou o país sul-americano em dois mandatos (2006-2010 e 2014-2018), sendo a primeira mulher a ocupar a chefia do Estado chileno. Também atuou como ministra da Saúde (2002-2004) e foi a primeira ministra da Defesa (2000-2002) da história da América Latina.
Durante seus mandatos presidenciais promoveu os direitos de todos, em particular, dos mais vulneráveis. Entre suas muitas conquistas, destacam-se as reformas educacionais e tributárias, a criação do Instituto Nacional de Direitos Humanos e do Museu da Memória e dos Direitos Humanos, a criação do Ministério da Mulher e Equidade de Gênero, a implementação de cotas para aumentar a participação política das mulheres e a aprovação da Lei da União Civil, que concede direitos aos casais do mesmo sexo e, portanto, promovendo os direitos das pessoas LGBT.
Desde o início dos anos 90, Bachelet trabalha em estreita colaboração com inúmeras entidades internacionais. Em 2010, presidiu o Grupo Consultivo sobre o Nível Mínimo de Proteção Social, uma iniciativa conjunta da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da Organização Mundial da Saúde (OMS). O objetivo do organismo era promover políticas para o crescimento econômico e a coesão social.
Em 2011, a dirigente foi nomeada a primeira diretora da ONU Mulheres, uma instituição das Nações Unidas dedicada à luta internacional pela igualdade de gênero. O empoderamento econômico e a eliminação da violência contra as mulheres foram duas de suas prioridades durante o tempo em que esteve à frente da agência.
Depois de terminar seu segundo mandato presidencial, em março de 2018, Bachelet foi nomeada presidenta da Aliança para a Saúde da Mãe, o Recém-nascido e a Criança, uma associação que reúne mais de mil organizações das comunidades dedicadas à saúde sexual, reprodutiva, materna, neonatal, infantil e adolescente de 192 países.
Como copresidenta do Grupo Diretor de Alto Nível da Iniciativa Todas as Mulheres, Todas as Crianças, a chilena criou o movimento Todas as Mulheres, Todas as Crianças da América Latina e Caribe, a primeira plataforma para a implementação regional e adaptada da estratégia global homônima.
Michelle Bachelet se formou como médica-cirurgiã e se especializou em pediatria e saúde pública. Também estudou estratégia militar na Academia Nacional de Estudos Políticos e Estratégicos do Chile e no Colégio Inter-americano de Defesa, nos Estados Unidos.
A nova chefe de Direitos Humanos vai liderar o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para o tema, conhecido pela sigla ACNUDH. A instituição foi criada em 1993. Bachelet é a sétima pessoa a dirigir a entidade.
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Posted: 04 Sep 2018 01:08 PM PDT
Definição de terrorismo utilizada pelo Facebook foi considerada pouco precisa por especialista de direitos humanos da ONU. Foto: PEXELS
Em carta a Mark Zuckerberg, fundador e CEO do Facebook, a relatora especial Fionnuala Aoláin alertou que a rede social usa definições “excessivamente amplas e imprecisas” sobre terrorismo. Para a analista, a metodologia da empresa é “particularmente preocupante tendo em vista vários governos que buscam estigmatizar formas diversas de oposição, sejam violentas ou pacíficas”, taxando-as de terroristas.
Aplicado à regulação sobre quem pode ou não utilizar a plataforma online, o conceito do Facebook sobre terrorismo “pode levar a implementação discriminatória, censura excessiva e negação arbitrária do acesso e do uso dos serviços”, afirmou a especialista independente em documento enviado a Zuckerberg.
Atualmente, a gigante da tecnologia considera entidades terroristas “qualquer organização não governamental que se envolve em atos premeditados de violência contra pessoas ou propriedade, para intimidar uma população civil, governo ou organização internacional, a fim de alcançar um objetivo político, religioso ou ideológico”.
Para encontrar e remover conteúdos de organizações terroristas, o Facebook utiliza tecnologias de detecção e conta com um número cada vez maior de moderadores, auxiliados por uma equipe contra-terrorismo de 200 pessoas.
Mas segundo a especialista das Nações Unidas, falta clareza nos métodos que a companhia emprega para determinar se uma pessoa pertence a um grupo terrorista. Aoláin expressou preocupação com o fato de que uma organização ou indivíduo não teria oportunidade de contestar de forma significativa tal decisão da empresa.
A ausência de quaisquer processos independentes de revisão e monitoramento das ações do Facebook também é altamente preocupante, acrescentou a analista independente. Aoláin foi nomeada pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU para acompanhar a situação dos direitos humanos em contextos de enfrentamento do terrorismo.
“A definição (do Facebook) está ainda em desacordo com o direito internacional humanitário, uma vez que qualifica todos os grupos armados não estatais de um conflito armado não internacional como terroristas, mesmo que esses grupos cumpram com o direito humanitário internacional”, completou a relatora.
Aoláin pediu à rede social que adote as definições sobre terrorismo e sobre incitação a esse tipo de crime elaboradas por sua relatoria. A especialista cobrou ainda que a remoção de conteúdo vise apenas materiais de natureza genuinamente terrorista, além de informações de cunho restrito, tal como previsto pelo Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos.
A analista elogiou a abertura do Facebook ao diálogo, a fim de promover padrões internacionais de direitos humanos no combate ao terrorismo. Aoláin pediu ainda que outras companhias, responsáveis por hospedar conteúdo de terceiros, adotem as mesmas recomendações feitas à rede social.
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Posted: 04 Sep 2018 11:56 AM PDT
Foto: Flickr/Prefeitura de Bertioga/Dirceu Mathias.
Nos países da América do Sul, faltam informações para cerca de 60% dos indicadores que a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura ( FAO) utiliza no monitoramento de sete dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, os ODS. A estimativa foi divulgada na segunda-feira (3) pela agência da ONU, responsável por acompanhar as oscilações de 21 estatísticas sobre fome, flora e fauna terrestres e aquáticas, entre outros temas.
“Mas no momento, aproximadamente 15% dos indicadores monitorados pela FAO na América do Sul ainda são estimativas ou dados ajustados”, aponta a representante assistente da FAO para América Latina e Caribe, Eve Crowley. Com a lacuna na coleta de informações pelos países, os esforços do organismo internacional para avaliar as estatísticas ficam fragilizados.
“É urgente que eles (os Estados) melhorem sua capacidade de monitorar e relatar indicadores dos ODS, o que é essencial para governos terem um bom diagnóstico da atual situação e saberem como responder com políticas que possibilitem o progresso mais rápido rumo às metas de desenvolvimento sustentável”, completa Crowley.
Para enfrentar o problema, a FAO realiza nesta semana dois workshops em Montevidéu, no Uruguai, com a participação de representantes do poder público de outros nove países sul-americanos — Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Chile, Equador, Paraguai, Peru e Venezuela. O objetivo das formações é aprimorar as capacidades nacionais de coleta e produção de dados. Uma das capacitações terá como tema o monitoramento dos recursos naturais e sistemas agroalimentares.
Atualmente, a FAO é o organismo da ONU incumbido do acompanhamento de 21 indicadores associados aos objetivos globais. Entre essas estatísticas, estão mensurações sobre investimento público em agricultura, uso eficiente da água e estresse hídrico, volatilidade dos preços de alimentos, conservação dos recursos genéticos para a produção agrícola, produtividade e renda de agricultores familiares.
A entidade também acompanha variações de indicadores sobre uso sustentável de florestas e ecossistemas de montanhas, perdas globais de comida, fome, proporção de mulheres agricultoras que são proprietárias de terra e pesca.
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Posted: 04 Sep 2018 11:25 AM PDT
Venezuelanos chegam a Manaus em voo da FAB. Foto: ACNUR/Luiz Fernando Godinho
Manaus e Cuiabá receberam nesta terça-feira (4) venezuelanos que estavam vivendo em Boa Vista. Cento e oitenta migrantes e refugiados desembarcaram por volta das 15h na capital do Amazonas. Outros 24 foram transferidos mais cedo para a capital mato-grossense. A realocação dos venezuelanos marca a sétima etapa do programa de interiorização, uma iniciativa do governo federal com o apoio da ONU Brasil.
Os solicitantes de refúgio e de residência embarcaram pela manhã num voo da Força Aérea Brasileira (FAB). A primeira parada, em Cuiabá, ocorreu por volta das 11h. No início da tarde, a aeronave seguiu para Manaus. De lá, o avião retorna a Boa Vista para transportar na quarta-feira (5) um novo grupo de venezuelanos — desta vez, para São Paulo, Distrito Federal e Rio Grande do Sul.
O objetivo das autoridades brasileiras é transferir cerca de 400 venezuelanos por semana até o fim de setembro. Desde abril, 1.099 foram realocados de Roraima para outros estados e para o Distrito Federal, sempre em voos da FAB.
A interiorização conta com apoio da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), da Organização Internacional para as Migrações (OIM), do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Com o voo desta terça-feira, sobe para 1.303 o total de migrantes e refugiados interiorizados.
O ACNUR identifica os venezuelanos interessados em participar do programa e cruza informações com as vagas disponíveis e o perfil dos abrigos. A agência assegura que os indivíduos estejam devidamente documentados, além de providenciar melhorias na infraestrutura dos locais de acolhida.
A OIM atua na orientação e divulgação de informações antes do embarque, garantindo que as pessoas possam tomar uma decisão consciente, sempre de forma voluntária, sobre participar ou não da interiorização. O organismo também acompanha os venezuelanos durante todo o transporte.
O UNFPA promove diálogos com mulheres e pessoas LGBTI para que se sintam mais fortalecidas neste processo, além de trabalhar diretamente com a rede de proteção de direitos nas cidades de destino, aprimorando sua capacidade institucional. Já o PNUD trabalha na conscientização do setor privado para a inclusão da mão de obra refugiada no mercado de trabalho brasileiro.
O governo e a ONU se reúnem com autoridades locais e com a coordenação dos abrigos para definir detalhes sobre atendimento de saúde, matrícula de crianças em escolas, ensino de Português e cursos profissionalizantes.
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Posted: 04 Sep 2018 08:52 AM PDT
Ensino integral é tema de premiação do Itaú Social em parceria com o UNICEF. Foto: Agência Brasil/Arquivo
O Prêmio Itaú-UNICEF divulgou os cem semifinalistas de sua 13ª edição. Iniciativa reconhece projetos da sociedade civil que trabalham com a educação integral de jovens em situação de vulnerabilidade social. Programas devem ter como público-alvo crianças ou adolescentes, com idade entre seis e 18 anos.
Em 2018, a premiação conta com duas categorias: Parceria em Ação, para cooperações entre organizações da sociedade civil (OSCs) e escolas públicas; e OSC em Ação, dedicada a projetos realizados exclusivamente pelas OSCs.
Os cem semifinalistas se dividem entre 60 iniciativas na categoria OSC em Ação e 40 na categoria Parceria em Ação. Cada organização receberá o valor de 20 mil reais. Já as cooperações serão beneficiadas com 40 mil, sendo 20 mil para a OSC envolvida e 20 mil para as instituições de ensino.
“A cada edição do Prêmio Itaú-Unicef, são revelados projetos inovadores que mostram como é possível trabalhar na perspectiva da garantia de direitos de crianças, adolescentes e jovens com diferentes temas e ações, mas com a mesma finalidade. O formato adotado este ano, com duas categorias, visa ampliar o alcance e beneficiar um número maior de organizações, escolas e localidades”, explica Camila Feldberg, gerente de Fomento do Itaú Social.
Há 23 anos, o Prêmio Itaú-Unicef celebra projetos de educação integral em todo o Brasil. Para esta edição, a premiação terá um aporte 47,5% maior que o de 2017, somando 5,9 milhões de reais. A iniciativa é do Itaú Social com a participação do Fundo das Nações Unidas para a Infância ( UNICEF) e coordenação técnica do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (CENPEC).
“Cada criança, cada adolescente precisa de muitos espaços para aprender e desenvolver suas habilidades. Ao longo de sua história, o prêmio vem mostrando que é possível construir, junto com as organizações da sociedade civil, uma escola não para as crianças, mas das crianças, das famílias, das comunidades”, explica a representante do UNICEF no Brasil, Florence Bauer.
Confira aqui a lista com os 100 semifinalistas.
Etapas de premiação
A partir deste conjunto de cem iniciativas, será feita a seleção dos 30 projetos finalistas, sendo 20 OSCs, que receberão mais 40 mil reais cada, e dez parcerias, que serão premiadas com mais 100 mil reais — 50 mil para a OSC e 50 mil para a escola. O anúncio dos finalistas será em outubro.
Os seis projetos vencedores serão anunciados em novembro num evento em São Paulo. A categoria OSC em Ação terá quatro premiados por ordem de colocação — 1º lugar: 150 mil reais, 2º lugar: 140 mil, 3º lugar: 130 mil; e 4º lugar: 120 mil. Na categoria Parceria em Ação, serão dois ganhadores. O 1º lugar recebe mais 400 mil reais e o 2º lugar, 360 mil, valores divididos igualmente entre a OSC e a instituição de ensino.
Em 2017, foram concedidos 4 milhões de reais para 96 parcerias, beneficiando 19 mil crianças e adolescentes de todo o Brasil. Desde a primeira edição da premiação, foram registradas mais de 17 mil inscrições e 1.750 cidades tiveram ações contempladas. Os projetos vencedores no ano passado foram: Circulando a Cultura na Escola (Major Sales/RN); Aluno repórter – a imprensa na escola (Bragança/PA); Projeto Olho Vivo (Niterói/RJ); Cultura, Esporte e Cidadania (Criciúma/SC).
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Posted: 04 Sep 2018 08:09 AM PDT
Debate de comitê da UNESCO também visa identificar formas de reaproximação entre o homem e a natureza. Foto: PEXELS
Acontece hoje (4), em São Paulo, o 124º Fórum do Comitê da Cultura de Paz, evento organizado em parceria com a UNESCO para discutir as consequências de atitudes individuais e modos de vida modernos para a preservação do meio ambiente. Encontro visa alertar para o esgotamento dos recursos naturais, além de debater como a destruição dos ecossistemas afeta a vida das populações mais pobres e vulneráveis.
Com o tema “Natureza e cultura: um pacto inadiável”, o fórum tem início às 19h, no Teatro do Sesc Vila Mariana (Rua Pelotas, 141 – Vila Mariana, São Paulo – SP). Para participar, é necessário retirar um ingresso, que será distribuído a partir das 14h desta terça-feira nas unidades do SESC de São Paulo (exceto Itaquera, Interlagos e Parque Dom Pedro II).
A proposta da atividade é analisar o impacto de práticas cotidianas e tendências de comportamento, como o consumismo e o desperdício, sobre o meio ambiente. Outro objetivo do debate é identificar formas de reaproximação entre o homem e a natureza, a fim de encontrar meios de convivência mais harmoniosos.
O evento é realizado pelo Comitê da Cultura de Paz. Desde 1999, o organismo desenvolve iniciativas permanentes para a construção de um mundo justo, sustentável e igualitário. Projeto é inspirado nos Seis Princípios do Manifesto 2000 por uma Cultura de Paz e Não-violência, documento elaborado por ganhadores do Prêmio Nobel da Paz em 1998, por ocasião dos 50 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. O comitê é coordenado pela Associação Palas Athena com a UNESCO.
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Posted: 04 Sep 2018 07:33 AM PDT
Agricultores familiares no Rio de Janeiro. Foto: GERJ/Paulo Filgueiras
Por Luis Henrique Paiva, pesquisador associado do Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG), do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Matheus Stivali, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e Leonardo Alves Rangel, também do IPEA*
É justificável que os trabalhadores rurais se aposentem mais cedo? Eles têm uma rotina cansativa de trabalho, além de começarem a trabalhar mais jovens, serem mais pobres e terem menos acesso à saúde que os urbanos. Esses são alguns dos principais argumentos utilizados pelos defensores da aposentadoria antecipada para esse grupo, mas se mostram como mais um mito, bastante difundido durante as discussões da reforma da previdência. No trabalho “Devemos unificar as idades de elegibilidade das previdências urbana e rural?”, que publicaremos em breve pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), analisamos uma série de dados e concluímos que a idade diferenciada para urbanos e rurais não se justifica.
Em países em desenvolvimento, a previdência é uma forma de proteção social que tem limites claros. Uma considerável parte da nossa força de trabalho está na informalidade e, portanto, não contribui e não conta com a proteção da previdência. A proteção social de algumas categorias específicas, como o trabalhador rural ou o agricultor familiar, é um desafio.
A despeito das dificuldades, o Brasil tem feito um bom trabalho na proteção social dos idosos ao criar uma sólida rede que vai além dos benefícios estritamente contributivos. Um dos elementos dessa rede é a previdência rural. Ela cobre trabalhadores rurais e agricultores familiares. Uma de suas características é permitir aposentadorias cinco anos mais cedo que para os trabalhadores urbanos, portanto, aos 60 anos (homens) e 55 anos (mulheres). Além disso, há o Benefício de Prestação Continuada, que cobre idosos (a partir dos 65 anos, para ambos os sexos) e deficientes pobres com um benefício assistencial.
De cada dez pessoas com 60 anos ou mais, oito recebem um benefício previdenciário ou assistencial. Essa rede de benefícios fez dos idosos o grupo etário mais protegido da pobreza no país. A taxa de extrema pobreza entre as pessoas de 65 anos ou mais é mais de quatro vezes menor que a média brasileira e mais de sete vezes menor que a taxa observada para crianças e adolescentes. É uma conquista para a sociedade brasileira, da qual não podemos abrir mão.
Essa conquista, entretanto, tem sido utilizada para defender traços do nosso modelo previdenciário que são pouco ou nada justificáveis. Alegando defender essas “conquistas sociais”, por exemplo, servidores públicos com altíssimos salários se posicionaram contra a reforma da Previdência (que, na verdade, limitava seus privilégios, como a aposentadoria pelo último salário). Também alegando defender conquistas sociais, estão aqueles que atacam a introdução da idade mínima para a aposentadoria — mal disfarçando o fato de aposentadorias aos 52 ou 55 anos (para mulheres e homens, respectivamente), idades médias de aposentadoria por tempo de contribuição no Brasil, serem inaceitáveis em um país como o nosso.
Defender a unificação de regras para os setores público e privado ou a introdução da idade mínima, entretanto, tem sido razoavelmente consensual entre aqueles que percebem o tamanho do desafio previdenciário que temos à frente. Menor é o consenso em torno da necessidade de estabelecermos uma idade mínima de aposentadoria igual para homens e mulheres ou para trabalhadores urbanos e rurais. Trataremos, aqui, desse segundo ponto, deixando a diferença entre homens e mulheres para outra oportunidade.
Os argumentos contra unificar as idades de aposentadoria para trabalhadores urbanos e rurais parecem fazer sentido, até que se examine detidamente os dados disponíveis, o que fizemos no trabalho mencionado acima. Nele, examinamos os registros administrativos da Previdência Social para avaliar se aposentados rurais e urbanos tinham diferentes expectativas de vida. Também examinamos outras bases de dados, como a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios e a Pesquisa Nacional de Saúde, ambas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), para ver se os trabalhadores rurais eram um grupo proeminente entre os mais vulneráveis.
Os resultados que obtivemos não justificam que trabalhadores rurais se aposentem cinco anos antes dos trabalhadores urbanos. Com base nos registros administrativos da previdência social, estimamos funções de sobrevivência a partir dos 60 e dos 65 anos para aposentados das clientelas urbana e rural. Também ajustamos modelos de riscos proporcionais, para avaliar se os aposentados rurais estariam mais sujeitos ao risco de morrer que os aposentados urbanos. Acreditamos ter demonstrado, de maneira robusta, que o padrão de cessação dos benefícios por morte não é influenciado pela clientela (urbana ou rural).
Por outro lado, examinamos diversos indicadores sociais, como início precoce na vida laboral, extrema pobreza, baixo rendimento (abaixo do salário-mínimo) e não contribuição previdenciária. Também avaliamos diversos indicadores de saúde e acesso a serviços de saúde. Em nenhum deles — repetimos, em nenhum deles — a população rural compunha a maioria dos que estavam em situação vulnerável. Não nos pareceu, portanto, haver justificativa para defender idades de aposentadoria reduzidas para trabalhadores rurais com base no argumento de proteção contra vulnerabilidades sociais, já que a maioria dos afetados por essas mesmas vulnerabilidades vive em áreas urbanas.
Idade inferior para aposentadoria rural também é algo raro no resto do mundo, uma jabuticaba. Quando instituída no Brasil, na primeira metade da década de 1970, a previdência rural exigia cinco anos a mais para que os trabalhadores rurais pudessem se aposentar. Isso não fazia sentido. A Constituição de 1988 inverteu isso, sem que houvesse nenhuma evidência robusta para sustentar essa nova orientação. Caminhar na direção de uma idade única para a aposentadoria de trabalhadores urbanos e rurais é condizente com os dados disponíveis e com o princípio de equidade que deve nortear o desenho da previdência social no Brasil.
*Artigo publicado originalmente no Nexo Jornal, em 1º de setembro de 2018
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Posted: 04 Sep 2018 07:04 AM PDT
Governo brasileiro prorrogou campanha de vacinação contra a pólio e o sarampo. Foto: Agência Brasil/Tomaz Silva
O Brasil prorrogou até o dia 14 de setembro a campanha nacional de vacinação contra pólio e sarampo. Segundo dados do Ministério da Saúde, até segunda-feira (3), 88% das crianças brasileiras com menos de cinco anos haviam sido imunizadas. A Organização Pan-Americana da Saúde ( OPAS), agência regional da ONU, elogiou a decisão do governo por considerar que o ideal é alcançar um índice de mais de 95% de cobertura vacinal.
O Brasil recebeu o certificado de eliminação do sarampo em 2016 e o da pólio em 1994. No entanto, até que ambas as doenças sejam erradicadas em todo o mundo, como ocorreu com a varíola, existe o risco de um país ou continente ter casos “importados” das enfermidades e de o vírus voltar a circular em seu território.
Por isso, lembra a OPAS, é importante manter taxas altas de imunização e fazer vigilância para identificar fluxos migratórios vindos do exterior e também deslocamentos internos.
Em publicação divulgada na segunda-feira, a agência da ONU “considera acertada” a medida das autoridades brasileiras de adiar o fim da atual campanha de vacinação, que tem como público-alvo crianças de um a quatro anos de idade.
Atualmente, a transmissão endêmica da pólio — quando ocorre de forma contínua e constante dentro de uma determinada área — é identificada em três países: Afeganistão, Nigéria e Paquistão. Até agosto de 2018, foram notificados 15 casos da doença em todo o planeta.
Já a propagação endêmica do sarampo ocorre em várias nações. Até junho deste ano, mais de 81 mil casos da patologia foram relatados – metade deles na Europa.
Pólio
A poliomielite é uma doença altamente infecciosa causada por um vírus que invade o sistema nervoso e pode causar paralisia total em questão de horas. O vírus é transmitido de pessoa para pessoa por via fecal-oral ou, menos frequentemente, por um meio comum, como água ou alimentos contaminados. O agente patogênico consegue se multiplicar no intestino.
Os sintomas iniciais são febre, fadiga, dor de cabeça, vômitos, rigidez do pescoço e dor nos membros. Uma em cada 200 infecções causa paralisia irreversível, geralmente nas pernas. Entre os pacientes, de 5 a 10% morrem quando há paralisia dos músculos respiratórios.
A poliomielite afeta principalmente crianças com menos de cinco anos de idade. Não há cura para a doença, apenas prevenção. A vacinação adequada contra a pólio pode proteger a pessoa por toda a vida.
Sarampo
O sarampo é uma doença altamente contagiosa causada por um vírus que é espalhado por tosse e espirros, contato pessoal próximo ou contato direto com secreções nasais ou da garganta. O primeiro sinal da doença geralmente é a febre alta, que começa entre dez e 12 dias após a exposição ao vírus e dura de quatro a sete dias.
Na fase inicial da patologia, o paciente pode apresentar secreções no nariz (“nariz escorrendo”), tosse, olhos vermelhos e aquosos. Pequenas manchas brancas dentro das bochechas também podem se desenvolver nesse estágio. Após vários dias, surge a erupção cutânea (vermelhidão na pele), geralmente no rosto e na parte superior do pescoço. Durante aproximadamente três dias, esse sintoma se espalha, atingindo eventualmente as mãos e os pés. A vermelhidão na pele dura de cinco a seis dias, desaparecendo em seguida. O intervalo entre a exposição ao vírus e a aparição das erupções cutâneas oscila entre sete e 21 dias.
A maioria das mortes por sarampo ocorre por complicações associadas à doença. Entre as mais graves, estão cegueira, encefalite — quando a infecção é acompanhada de edema cerebral —, diarreia grave, podendo provocar desidratação, infecções no ouvido ou infecções respiratórias graves, como pneumonia.
Não existe tratamento antiviral específico contra o vírus do sarampo. A vacinação de rotina em crianças, combinada com campanhas de imunização em massa em países com altas taxas de casos e mortes, são estratégias-chave de saúde pública para reduzir as mortes pela doença em todo o mundo.
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