Boletim diário da ONU Brasil: “OIT defende trabalho decente no lançamento do Dia Mundial do Algodão em Genebra” e 8 outros.
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Posted: 09 Oct 2019 02:08 PM PDT
Lançamento do Dia Mundial do Algodão aconteceu na sede da Organização Mundial do Comércio (OMC) em Genebra, na Suíça. Foto: OIT
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) participou na segunda-feira (7) na sede da Organização Internacional do Comércio (OMC), em Genebra, do lançamento do Dia Mundial do Algodão.
A criação da data atende a pedido feito às Nações Unidas pelo Cotton-4, grupo de países africanos produtores de algodão formado por Benin, Burkina Faso, Chade e Mali. O objetivo é promover uma reflexão sobre a importância do algodão para a economia global.
A comemoração também é apoiada por Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), Centro Internacional de Comércio (ITC) e Comitê Consultivo Internacional para o Algodão (ICAC).
Em seu discurso, o diretor-geral da OMC, o brasileiro Roberto Azevêdo, destacou que o algodão é produzido em 75 países e que a fibra é fundamental para a estabilidade econômica e a criação de empregos nessas nações.
“O algodão sustenta milhões de agricultores e comerciantes em todo o mundo. A criação do Dia Mundial do Algodão é um reflexo da importância dessa commodity, em vários níveis”, disse Azevêdo.
“Espero que o Dia Mundial do Algodão sirva de plataforma para reunir as comunidades do algodão, o comércio e o desenvolvimento e inspire novas iniciativas que beneficiem os produtores e o comércio em todo o mundo”, acrescentou ele.
A delegação do Brasil foi representada pela ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Tereza Cristina, por representantes da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores, e do corpo diplomático brasileiro.
Segundo a ministra, o Brasil desenvolve diversas iniciativas de cooperação na área do algodão. Ela citou o projeto Cotton-4 desenvolvido com os países da África, cujo objetivo é contribuir para o desenvolvimento do setor por meio do aumento da produtividade, da geração da diversidade genética algodoeira e do controle biológico de pragas.
“O PIB da cadeia produtiva do algodão do Brasil é cerca de 74,11 bilhões de dólares, considerando as vendas de produtos de confecção. A cadeia gera emprego e renda para 1,1 milhão de trabalhadores. Em 20 anos, a produção nacional de algodão cresceu 226% e, na safra 2017-18, o Brasil colheu 2,2 milhões de toneladas de pluma, ou 11% da produção mundial”, destacou a ministra, acrescentando que a participação brasileira no mercado internacional de algodão totaliza 10% das exportações mundiais.
Também participaram do evento representantes do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA) e da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (ABRAPA). Com um estande no evento, a ABC apresentou 52 iniciativas de cooperação técnica em cotonicultura. O diretor-adjunto da ABC, embaixador Demétrio Bueno Carvalho, apresentou os resultados dos projetos brasileiros de cooperação técnica em um dos eventos paralelos da conferência.
“Atualmente, o Brasil coopera com 15 países da África, por meio da cooperação técnica Sul-Sul bilateral e trilateral com organismos internacionais. Nossa atuação vai, contudo, além da África para incluir seis países da América Latina e um do Caribe. Hoje, podemos dizer, com orgulho que realizamos avanços concretos”, afirmou Carvalho.
A OIT desenvolve o “Projeto Algodão com Trabalho Decente – Cooperação Sul-Sul para a Promoção do Trabalho Decente nos Países Produtores de Algodão da África e da América Latina” com a ABC e o IBA. O objetivo do projeto é promover o trabalho decente na cadeia produtiva do algodão, com ênfase nos Direitos e Princípios Fundamentais do Trabalho e na melhoria das condições de trabalho em cinco países produtores da fibra: Paraguai, Peru, Mali, Moçambique e Tanzânia.
“A OIT acredita que o primeiro dia mundial do algodão foi uma oportunidade incrível para discutir a sustentabilidade da produção desta commodity que afeta a vida de milhares de famílias em todo o mundo e de como podemos, conjuntamente, países, empregadores, trabalhadores e todos os envolvidos no setor, promover o trabalho decente não só na produção do algodão, mas em toda a sua cadeia de valor”, disse Fernanda Barreto, coordenadora do Programa de Cooperação Sul-Sul do escritório da OIT no Brasil.
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Posted: 09 Oct 2019 01:46 PM PDT
Amina trabalha em sua máquina de costura no campo de refugiados de Domiz, no Iraque. Foto: ACNUR/Rasheed Hussein Rasheed
A síria Amina trabalha em uma oficina no meio de um grande campo de refugiados na região do Curdistão do Iraque. Ela usa pedaços de tecidos coloridos, que são pendurados nas paredes e prateleiras empilhadas, para fazer roupas sob medida para seus clientes.
Os negócios podem estar crescendo agora, mas quando Amina começou a trabalhar como costureira, era uma questão de sobrevivência. A mulher de 39 anos morava com o marido e seus sete filhos na capital síria, Damasco, quando sua vida foi virada de cabeça para baixo a partir do início do conflito, em 2011.
“Estávamos vivendo uma vida confortável e tudo era acessível”, lembrou. “Quando a guerra começou, bombardeios aleatórios começaram, havia medo e falta de segurança. O local de trabalho do meu marido foi bombardeado e ele morreu em Damasco.”
Viúva e sem meios de sustentar os filhos, Amina inicialmente se mudou com a família de seu marido para Qamishly, no nordeste da Síria, antes que a crescente insegurança a fizesse decidir se juntar a mãe e irmãos no Iraque.
Instalando-se na cidade de Duhok, na região do Curdistão, e com uma grande necessidade de obter uma renda, Amina recorreu a uma habilidade que adquiriu quando jovem.
Apesar de ter estudado ciências na escola, ela sempre teve uma paixão pela costura. “Depois que terminei o ensino médio, meu falecido pai me mandou para a casa de uma de nossas parentes, que era uma costureira muito boa. Ela me ensinou tudo o que há para saber sobre costura”, disse.
Trabalhar usando uma máquina de costura básica era tudo o que ela podia fazer inicialmente em Duhok. Amina gradualmente começou a se estabelecer, atendendo clientes entre os habitantes da cidade e os refugiados sírios.
Mas, apesar de o trabalho garantir uma renda, o custo de tentar criar seus filhos na cidade se mostrou muito alto. Amina tomou a decisão de se mudar com eles para o campo de refugiados de Domiz, a cerca de 10 quilômetros de Duhok, onde poderiam garantir abrigo gratuito e serviços como assistência médica e educação.
Atualmente, existem mais de 228 mil refugiados sírios vivendo no Iraque, quase inteiramente na região do Curdistão. Cerca de 40% deles vivem em campos como Domiz, que tem mais de 32 mil habitantes, e o restante em cidades, vilas e áreas rurais da região.
Com ajuda financeira de sua mãe e irmãos, Amina conseguiu arcar com o custo de alugar uma oficina modesta para seus negócios no campo. Além de encontrar novos clientes, os antigos também a seguiram, às vezes fazendo grandes esforços para contratar seus serviços.
“Tenho clientes fiéis de Dohuk. Eles ainda vêm à minha loja”, disse ela. “As roupas de que gostam são diferentes — elas adoram os vestidos tradicionais curdos. Os preços também são diferentes do acampamento.”
“Alguns clientes deixaram o país e foram para a Europa”, acrescentou. “Eles me ligam pela internet. Me enviam desenhos e eu faço as roupas. Quando vêm durante o verão para visitas, dou-lhes o trabalho terminado ou envio por meio de amigos.”
Agora em uma posição na qual pode fornecer o essencial aos filhos, Amina tenta fazer o que pode para ajudar outras pessoas no acampamento. Ela frequentemente cobra menos ou quase nada para fabricar ou consertar roupas para famílias que estão enfrentando dificuldades financeiras.
Sua contribuição mais significativa, no entanto, é ensinar suas habilidades a outros refugiados, proporcionando-lhes uma renda própria.
“Aqui no campo, temos muitas mulheres que precisam de emprego ou treinamento”, explicou. “Recebo pessoas e permito que elas treinem comigo de graça. Até agora, treinei 12 jovens e dois que começaram seus próprios negócios.”
Ela também oferece cursos em grupo em um centro comunitário no campo administrado pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR). Uma das estagiárias, Shahinaz, explicou como as aulas a inspiraram a tentar ganhar a vida como costureira.
“Ela nos ensinou a fazer roupas de criança, vestidos tradicionais curdos e vestidos longos”, disse Shahinaz. “Depois de treinar com Amina, me sinto confiante e vou abrir minha própria loja e trabalhar por conta própria.”
Promover o empreendedorismo e o acesso ao trabalho seguro e decente são essenciais para que os refugiados alcancem a autonomia. Isso lhes permite viver vidas mais dignas, reduzir sua dependência de ajuda e dar uma contribuição econômica positiva para as comunidades que os acolhem.
Essas questões estarão entre os assuntos discutidos no Fórum Global para Refugiados, que será realizado em dezembro, quando os participantes debaterão iniciativas e outras maneiras de compartilhar e fortalecer a resposta internacional à situação dos refugiados.
O Fórum é um elemento-chave na implementação do Pacto Global sobre Refugiados, que foi acordado pela Assembleia Geral da ONU em dezembro de 2018. O evento reunirá governos, organizações internacionais, autoridades locais, setor privado, membros da comunidade anfitriã e os próprios refugiados.
Enquanto Amina é grata pelo trabalho que a sustenta e permite que ela contribua com aqueles que a cercam, ela ainda sonha com um futuro melhor para sua própria família e outros refugiados sírios.
“Quero desenvolver meu trabalho e minha vida. Quero compensar meus filhos pelos tempos difíceis que passaram”, disse ela. “Mesmo morando aqui em segurança, ainda somos refugiados. Espero que todos os refugiados possam voltar para casa, mesmo aqueles que moram no exterior e vivem bem. É bom voltar para casa.”
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Posted: 09 Oct 2019 01:15 PM PDT
Secretário-geral da ONU, António Guterres, discursa durante evento em sinagoga de Nova Iorque em outubro de 2018. Foto: ONU/Rick Bajornas
O assassinato de duas pessoas do lado de fora de uma sinagoga na Alemanha nesta quarta-feira (9) foi caracterizado pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, como “mais uma trágica demonstração de antissemitismo”.
O ataque na cidade de Halle, no leste da Alemanha, ocorreu no Yom Kipur, o dia mais sagrado do ano para o judaísmo.
O atirador, que se acredita ser um extremista de direita, usava roupas de estilo militar e levava uma câmera de vídeo, transmitindo o ataque ao vivo pela internet, de acordo com relatos da imprensa internacional.
O chefe da ONU condenou veementemente o ataque, segundo comunicado de seu porta-voz.
“Ele considera isso mais uma trágica demonstração de antissemitismo — perpetrada no dia sagrado do Yom Kipur — que precisa ser combatida com a máxima determinação”, afirmou.
No mês passado, o secretário-geral lançou o Plano de Ação das Nações Unidas para Salvaguardar Locais Religiosos, que visa proteger esses locais de ataques e garantir a segurança daqueles que desejam exercitar sua fé em paz.
A declaração pedia que governos apoiassem o plano, afirmando que “casas de culto no mundo todo devem ser refúgios seguros para reflexão e paz, não locais de derramamento de sangue e terror”.
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Posted: 09 Oct 2019 12:06 PM PDT
Mensagens homenageando “Meu Professor Inesquecível” podem ser enviadas até 10 de outubro de 2019. Foto: IPC-IG
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) no Brasil lançou uma campanha para homenagear professoras e professores de todo o Brasil.
Até 10 de outubro, os interessados podem enviar uma mensagem de texto de até 280 caracteres (com espaço), contando um pouco sobre um professor que tenha tido papel importante em sua trajetória profissional e pessoal. O Dia Nacional do Professor é comemorado em 15 de outubro.
A campanha “Meu Professor Inesquecível” tem caráter exclusivamente cultural e é inspirada na história da professora Ausonia que, durante a última campanha do Criança Esperança, foi lembrada com orgulho por alguns de seus alunos que hoje são médicos, advogados, engenheiros.
As cinco mensagens selecionadas ganharão um kit de publicações da UNESCO. O resultado será divulgado em 15 de outubro, no Instagram, no Twitter e no Facebook (@unescobrasil) da UNESCO no Brasil. O regulamento da campanha pode ser conferido aqui.
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Posted: 09 Oct 2019 11:27 AM PDT
Katharine é uma pesquisadora do clima, e acredita que a comunicação tem um papel crucial em transformar nossas atitudes em relação às mudanças climáticas. Foto: PNUMA.
A professora Katharine Hayhoe foi homenageada como uma das vencedoras do prêmio ‘Campeões da Terra’ em 2019, a principal premiação ambiental das Nações Unidas, por seu forte compromisso em quantificar os efeitos da mudança climática e por seus incansáveis esforços para transformar atitudes públicas.
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) reconheceu Hayhoe na categoria Ciência e Inovação.
Hayhoe é cientista climática, professora do Departamento de Ciência Política da Texas Tech University e diretora do Climate Center. Sua pesquisa trouxe informações sobre resiliência climática e enriqueceu a política climática em nível federal e local nos EUA e em outros lugares.
Ela também é uma das comunicadoras mais influentes sobre a realidade das mudanças climáticas no mundo e é muito respeitada por sua capacidade em ajudar as pessoas a conectarem os pontos entre o que lhes interessa e como serão afetadas pelas mudanças climáticas.
Transformando atitudes públicas
Hayhoe atuou como principal autora de muitos relatórios climáticos importantes, incluindo a Segunda, Terceira e Quarta Avaliações Climáticas Nacionais do Programa de Pesquisa de Mudanças Globais dos EUA.
Ela também liderou avaliações sobre impacto climático para uma vasta gama de cidades e regiões que permitem às partes interessadas construir resiliência aos impactos climáticos sobre os alimentos, água e infraestrutura, e quantificar os benefícios da mitigação do clima em escala local e regional.
“A professora Katharine Hayhoe trabalhou por toda vida em estudar os efeitos da mudança climática e comunicá-los da forma mais ampla possível, a fim de inspirar a ação tanto dos formuladores de políticas públicas quanto dos cidadãos”, disse Inger Andersen, Diretora Executiva do PNUMA.
“À medida que redobramos os esforços para mitigar os efeitos das alterações climáticas, precisamos de tomadores de decisão apaixonados e informados para nos orientarem para um futuro mais sustentável. Com a sua experiência e energia incansável, a Professora Hayhoe já está nos mostrando o caminho”, apontou Andersen.
Homenagem na Conferência do Clima 2019
A necessidade de uma ação global urgente sobre alterações climáticas foi salientada na Cúpula de Ação Climática das Nações Unidas, realizada na seda da ONU em Nova Iorque, no dia 23 de setembro.
O Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, pediu aos líderes mundiais, as empresas e a sociedade civil para irem à cúpula com ideias concretas sobre como reduzir as emissões em até 45% na próxima década e zerar as emissões até 2050, indo de encontro com o Acordo Climático de Paris e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Os vencedores do prêmio da ONU Meio Ambiente receberam suas homenagens e troféus durante a Cerimônia dos Campeões da Terra, na sede da ONU em Nova York, no dia 26 de setembro, coincidindo com a reunião anual da Assembleia Geral das Nações Unidas e a Cúpula de Ação Climática 2019.
Reconhecimento como ativista climática
Hayhoe, que é casada com o pastor e escritor Andrew Farley, ganhou uma série de prêmios por seu trabalho, incluindo o oitavo Prêmio Stephen H. Schneider para Comunicação Excepcional em Ciência do Clima em 2018.
Ela também foi nomeada uma das 100 pessoas mais influentes pela revista TIME em 2014 e listada entre os 100 Pensadores Globais de Política Externa duas vezes, em 2014 e novamente em 2019.
“Estou verdadeiramente orgulhosa e honrada por receber este reconhecimento das Nações Unidas”, disse Hayhoe, que também foi nomeada uma das 50 maiores líderes da FORTUNE e recebeu o Prêmio Sierra Club’s Distinguished Service.
“O prêmio oferece encorajamento àqueles que trabalham todos os dias para espalhar a mensagem de que a mudança climática é real e que precisamos agir agora para lidar com ela. Pressionando juntos, podemos vencer porque temos a tecnologia e o conhecimento para fazer as mudanças necessárias, só nos falta vontade”, avaliou.
Conheça também a brasileira que venceu o prêmio na categoria Jovens/América Latina.
Sobre o Prêmio Campeões da Terra
O Prêmio Campeões da Terra é a maior homenagem ambiental da ONU para indivíduos de setores público, privado e sociedade civil cujas ações tiveram impacto positivo e transformador para o meio ambiente.
Desde seu lançamento, em 2005, o prêmio anual já reconheceu 88 vencedores, incluindo chefes de Estado e inovadores tecnológicos.
Os vencedores da edição 2019 receberam o prêmio durante a Cerimônia dos Campeões da Terra em Nova York, no dia 26 de setembro, coincidindo com a reunião anual da Assembleia Geral das Nações Unidas e a Cúpula de Ação Climática.
Sobre o PNUMA
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) é o principal porta-voz mundial em matéria ambiental.
Ele proporciona liderança e incentiva parcerias no cuidado com o meio ambiente, inspirando, informando e permitindo que nações e povos melhorem sua qualidade de vida sem comprometer as gerações futuras.
O PNUMA trabalha com governos, setor privado, sociedade civil, outras entidades da ONU e organizações internacionais em todo o mundo.
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Posted: 09 Oct 2019 11:19 AM PDT
A cafeicultora mineira Vânia Lúcia Pereira da Silva. Foto: FAO
Aos 47 anos, a mineira Vânia Lúcia Pereira da Silva resume em uma palavra o sentimento que tem ao olhar para sua trajetória como agricultora orgânica: gratidão. P rodutora de café orgânico, ela faz parte da Cooperativa dos Agricultores Familiares de Poço Fundo e Região (COOPFAM).
Inicialmente, seu envolvimento se deu por ser esposa de cooperado. Mas, posteriormente, Vânia acabou se tornando uma das líderes da organização, por meio de um grupo de mulheres que atuam na cooperativa.
Logo que começou a participar das assembleias, Vânia conheceu várias mulheres que iniciaram um processo de articulação e união. Nessa aproximação, elas elas ficaram sabendo que havia uma oportunidade de mercado para o café que produziam.
As produtoras passaram, então, a se articular e promover espaços de conversas e trocas de experiências da cultura cafeeira. Até o nome do grupo foi decidido coletivamente — Mulheres Organizadas Buscando Independência (MOBI).
Realizaram uma série de cursos, de produção de doces à gestão. Reuniram-se frequentemente para buscar mais espaços de participação na cooperativa, com a percepção de que o grupo faria diferença na organização.
Após uma ação coletiva, as mulheres passaram a ter direito a voto nas decisões da cooperativa. A conquista ocorreu após uma delas ter perdido o marido e assumido a propriedade sozinha.
A partir da compra de cotas pelas mulheres, o Grupo MOBI se desenvolveu. Vânia fez parte deste processo de construção coletiva.
Primeiro, ocupou um dos espaços de coordenação da Rede Orgânicos Sul de Minas com o projeto das rosas orgânicas. Dentro da COOPFAM, foi indicada em 2016 pelo grupo MOBI para compor a diretoria. Foi uma surpresa ter vencido a indicação.
Logo que foi indicada, as mulheres passaram a estar mais presentes nos espaços de decisão. Após pensar e conversar com a família, Vânia ganhou força para liderar a chapa. Desde então, passou a atuar na gestão participativa da COOPFAM.
Como reconhecimento por seu trabalho, Vânia foi indicada para ser candidata à presidência para a nova chapa da diretoria nas eleições de 2019.
Foi eleita junto aos demais membros para o conselho administrativo. Composta por sete conselheiros, ela e outra cafeicultura são as únicas mulheres do grupo.
Quando questionada sobre de onde tirou forças para a luta, ela responde: “da família, da confiança dos diretores com quem conviveu, e do Grupo MOBI”. Ainda assim, Vânia sofreu resistência por ser mulher e teve sua capacidade de autonomia questionada.
“Uma mulher assumir a presidência de uma cooperativa de café realmente é histórico. Eu participo de varias reuniões e busco saber se há mulheres presidentes de cooperativas de café e a resposta é que não existe. Eu acho que sou pioneira nessa questão aqui em Minas Gerais.”
Vânia afirma que se sente grata pela confiança, mas destaca que a missão não é fácil, devido à carga de preconceitos que as mulheres enfrentam.
“Em pleno século 21, ainda existe muito preconceito em relação à mulher. Na verdade, falta mesmo confiança das pessoas com relação ao trabalho da mulher, ainda mais em um reduto bem masculino que é o de cooperativas de café. Eu confesso que para mim foi um desafio grande”, comenta.
Vânia é reconhecida por impulsionar o diálogo dentro da cooperativa e por ter empatia, em especial, em relação à situação das mulheres produtoras.
“Eu avaliei muito, pensei muito e uma das coisas que me deu forças para aceitar, foi isso: nós mulheres temos que acreditar em nós mesmas, que somos capazes tanto quanto os homens.”
“Não é querer ser mais, estar à frente, mas podemos estar lado a lado deles, buscando sempre fazer o melhor pelo bem do coletivo.”
“Enquanto nós ficamos com medo, inseguras, e não arriscar, não ter a coragem, não entraremos nesse círculo onde a maioria são homens. Principalmente falando da questão da agricultura, do cultivo do café, em que existe muito tabu, muito preconceito com a mulher. Nós somos capazes, nós também podemos fazer um bom trabalho”, declara.
Apesar dos desafios que ainda enfrenta, Vânia destaca que qualquer mulher pode assumir um cargo de liderança.
“Eu sei que ainda existem preconceitos. Mas, não me preocupo muito com isso, não. Na verdade, o que me impulsiona é a vontade, a dedicação de estar fazendo um bom trabalho e de ser inspiração para outras mulheres estarem assumindo cargos de liderança em todas as áreas”, diz.
Campanha 2019 #MulheresRurais, Mulheres com Direitos
De 1º a 15 de outubro, a Campanha #Mulheres Rurais, Mulheres com Direitos promove 15 dias de mobilização para valorizar a contribuição das trabalhadoras do campo ao cumprimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável relacionados à igualdade de gênero e ao fim da pobreza rural. O tema norteador da quinzena ativista é “O futuro é junto com as mulheres rurais”, com a hashtag #JuntoComAsMulheresRurais.
O principal objetivo da campanha é destacar o trabalho promovido por pescadoras, agricultoras, extrativistas, indígenas e afrodescendentes.
A campanha no Brasil é coordenada pela Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a ONU Mulheres, a Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar do Mercosul (REAF) e a Direção-Geral do Desenvolvimento Rural do Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca do Uruguai.
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Posted: 09 Oct 2019 10:48 AM PDT
Ilustrações do artista Ivan Ciro Palomino impactam pela naturalidade com que expõem contradições da sociedade contemporânea. Foto: UNIC Rio | Naiara Azevedo.
Usar a arte como um caminho para promover reflexão sobre os desafios globais da atualidade. Esse é o objetivo da exposição Consciência, organizada em parceria pelo Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio), Centro Cultural Correios e Instituto Claro.
A exposição apresenta ao público carioca ilustrações criadas pelo artista peruano premiado pelas Nações Unidas, Ivan Ciro Palomino. São imagens que despertam a curiosidade pelo uso provocativo de elementos do cotidiano (uma cadeira, uma mala, ou uma piscina, por exemplo) colocados em contextos de crises climática, migratória e humanitária.
Temas como educação, refúgio, acesso à água e a recursos naturais são abordados nas 21 obras expostas no Centro Cultural Correios do Rio de Janeiro, e podem ser conferidas até o dia três de novembro. A entrada é franca.
A abertura da exposição contou ainda com o apoio do Consulado Geral do Peru, que ofereceu ao coquetel com iguarias peruanas, como ceviches e bebidas típicas. Cerca de 80 pessoas, entre jovens, adultos, idosos e crianças, estiveram presentes na abertura, que contemplou falas dos representantes das instituições responsáveis pela mostra.
Um convite à reflexão e ao diálogo
Clique para exibir o slide.“É uma exposição primorosa que mostra como a arte pode penetrar em nossa subjetividade e acionar a nossa consciência para podermos estar mais atentos para as questões importantes que a ONU vem defendendo, como saúde, educação e proteção do meio ambiente”, comentou Claudia Reis, psicóloga, que participou do evento de abertura.
Claudia também destacou a importância da conscientização pública para o alcance do desenvolvimento sustentável. “São questões que se a gente não pensar agora ou não permanecer muito empenhado em defender, vamos sucumbir. Precisamos nos unir”, concluiu.
Apostando na simplicidade, as obras do Ivan Palomino impactam pela naturalidade com que expõem as contradições e os desafios da sociedade contemporânea.
O designer expográfico responsável pela montagem da mostra, Ale Teixeira, comentou: “É uma arte que se aproxima porque traz elementos do nosso cotidiano que não conseguimos relacionar diretamente com os temas dos ODS, mas um artista como ele consegue falar de um jeito simples”. E completou: “São obras fáceis de ler, de entender. As crianças e os adultos adoram”.
Imagens para despertar
Clique para exibir o slide.Nomeando as ilustrações como “Vozes que comem” ou “Girando pela Paz” (vencedora do concurso ‘Um Pôster pela Paz’, organizado pela ONU em 2016), o artista peruano instiga a curiosidade do público também a partir dos títulos.
Paco Licínio, de cinco anos, foi levado pela mãe, Luciana, e apontou a obra que mais gostou, chamada “Paz enganosa”. A ilustração aborda o tema da predação humana sobre os ecossistemas marítimos, a partir dos elementos baleia e bomba relacionados. Na dúvida se se tratava de um ou de outro, Paco arriscou: “É uma baleia bomba!”.
Carlos Bertão, curador da exposição, espera que os espectadores saiam transformados. “Cada um de nós precisa fazer a sua parte, não podemos ficar passivos, precisamos entender o problema e agir”, pontuou.
Segundo Ivan Ciro Palomino, a comunicação visual é uma ferramenta forte para transmitir mensagens importantes. “Como artista, trato de apoiar mudanças sociais necessárias, a partir das emoções das pessoas e do ganho de consciência delas”, comentou.
Serviço
A mostra fica em cartaz no Centro Cultural Correios do Rio de Janeiro entre 26 de setembro e 3 de novembro.
A visitação é gratuita, e pode ser feita de terça a domingo, das 12h às 19h.
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Posted: 09 Oct 2019 10:27 AM PDT
Cédulas de dinheiro. Foto: USP Imagens/Marcos Santos
*Por Rafael Muñoz
O Banco Mundial apresenta hoje um relatório sobre Gestão de Pessoas no Brasil baseado numa análise minuciosa das folhas de pagamento do governo federal e vários estados.
É um relatório oportuno pois em um contexto de crise fiscal se faz necessária uma análise detalhada sobre o gasto com os funcionários ativos, o segundo maior grupo de gastos do governo federal, atrás apenas dos gastos da previdência.
Os servidores públicos federais brasileiros são particularmente bem qualificados e remunerados, porém nosso estudo aponta que estão regidos por um sistema de gestão de pessoas engessado demais que carece de planejamento estratégico, não permite que os melhores funcionários se destaquem pelo desempenho, cria desigualdades entre as mais de 300 carreiras, e impacta negativamente a motivação dos servidores com desafios limitados.
Mudar o paradigma de gestão de pessoas para um modelo mais flexível e transparente, e que possibilite diferenciar e premiar os melhores desempenhos, pode trazer benefícios para o serviço público.
Mas então, o que que os dados dizem? O Brasil gasta aproximadamente 10% do PIB com pagamentos de salários e vencimentos de servidores públicos o que em termos comparativos representa um gasto alto para os padrões internacionais. Ainda que tenha aumentado 83% em 20 anos até chegar a 11,5 milhões de servidores, o número de pessoas empregadas pelo governo não é alto para a média internacional.
A relação entre o número de funcionários públicos e a população no Brasil (5,6%) é mais alta que a média latino-americana (4,4%), mas inferior a países da Europa e Ásia Central. Já em relação aos salários, há algumas nuances importantes.
Em uma comparação de prêmios salariais do setor público em 53 países, onde se comparam pessoas no mesmo setor econômico, localização geográfica, educação, e outras características individuais, um servidor público brasileiro recebe, de maneira geral, 19% mais do que trabalhadores do setor privado formal.
Essa porcentagem está em linha com o resto dos países da amostra, mas principalmente porque os servidores municipais não têm prêmio salarial vis-à-vis o setor privado. Porém, o prêmio salarial dos servidores estaduais é de 36% (aumentou em 6 pontos percentuais desde 2012) e o dos servidores federais, de 96%. Esses dados não incorporam outros benefícios adicionais como segurança no emprego.
O governo federal emprega cerca de 12% dos servidores no Brasil, mas representa 25% do total de salários e vencimentos pagos de todas as esferas de governo. Durante o período entre 2008 e 2018, o gasto com pessoal ativo do poder executivo federal teve um crescimento real de 2,5% ao ano.
A partir de 2011, o crescimento da folha caiu para 0,6% ao ano, com aumento no número de servidores (1,4% ao ano) e queda no salário médio (0,8% ao ano). Em 2019, 44% dos servidores federais recebem mais de 10 mil reais por mês, 22% recebem mais de 15 mil reais e 11% recebem mais que 20 mil reais.
Existem no serviço público federal carreiras com funções semelhantes, mas orientadas especificamente a um órgão ou entidade, favorecendo a fragmentação e a desigualdade de tratamento entre setores. As condições de trabalho e remuneração podem variar bastante, mesmo para atribuições muito similares, dependendo do setor ao qual a carreira está vinculada.
A análise mostra que existem desigualdades importantes que podem criar incentivos negativos nos servidores públicos federais. Por exemplo, algumas carreiras mostram uma ampla dispersão salarial que não está necessariamente ligada ao desempenho.
Assim, servidores públicos com o mesmo tempo de serviço e teoricamente com as mesmas funções recebem salários muito diferentes, e essa diferença não se explica pelo desempenho, mas pelas diferentes gratificações —existem 179 rubricas de gratificação no governo federal.
De fato, de modo geral, quando há pagamento por desempenho quase todos recebem. Em 2017, em 87% das carreiras com pagamento por desempenho, pelo menos 90% dos servidores receberam. Em alguns casos, todos recebem o mesmo valor.
Dado que o salário base corresponde em média a apenas 58% da remuneração total dos servidores e a diversidade de gratificações não está ligada ao desempenho, e difícil manter uma política remuneratória transparente e com parâmetros padronizados.
Existe uma importante janela de oportunidade para reformas que reestruturem o sistema de carreiras para os novos servidores públicos já que muitos servidores estarão em condições de se aposentar nos próximos anos. Uma simulação do Banco Mundial prevê que até 2022 cerca de 26% dos servidores terão se aposentado. Até 2030, prevê-se que cerca de 40% dos servidores terão se aposentado.
Reformas que aproveitem essa janela de oportunidade poderiam trazer também importantes ganhos fiscais, já que muitas carreiras têm altos salários inicias e os servidores chegam ao topo da carreira em poucos anos e de forma irrestrita.
Reduzindo todos os salários iniciais dos novos servidores em 10% e aumentando o tempo necessário para se chegar ao fim da carreira, obtém-se uma economia acumulada de R$ 26,35 bilhões até 2030. Reduções nas taxas de contratação de novos servidores à medida que outros se aposentam também têm grande impacto no longo prazo.
Estima-se que a queda da taxa atual de reposição de servidores (1,29) à taxa de um novo contratado para cada aposentado, deixaria o governo federal com aproximadamente 740.000 vínculos, e geraria uma economia de 52,56 bilhões de reais.
Finalmente, a restrição de aumentos salariais não relacionados a progressões por três anos, seguido da concessão de reajustes com base na inflação, associado a uma reposição de 9 contratações por cada 10 aposentados, pode trazer uma economia de mais de 200 bilhões de reais até 2030, mais de seis vezes o orçamento do Bolsa Família.
O relatório aponta que para promover justiça entre as diversas carreiras públicas e utilizar melhor o potencial de cada servidor será preciso fazer uma revisão do modelo de carreiras, aprimorar o planejamento estratégico, e repensar o modelo de gratificações, incluindo aquele pago por desempenho. Tal projeto de transformação do estado, poderia ainda trazer ganhos fiscais alterando as regras apenas para novos servidores.
Os ganhos de eficiência podem trazer impactos positivos a todos os cidadãos.
*Coordenador da área econômica do Banco Mundial para o Brasil, já trabalhou para a instituição na Ásia e na África. Esta coluna foi escrita em colaboração com Daniel Ortega Nieto, especialista sênior para o setor público do Banco Mundial.
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Posted: 09 Oct 2019 08:41 AM PDT
Estudante com deficiência visual em uma universidade em Al-Fashir, Darfur do Norte, no Sudão. Foto: Hamid Abdulsalam/UNAMID
Mais de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo estão vivendo com deficiência visual por não receberem os cuidados dos quais necessitam para condições como miopia, hipermetropia, glaucoma e catarata, de acordo com o primeiro relatório mundial sobre visão publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) na terça-feira (8).
O relatório, lançado às vésperas do Dia Mundial da Visão, celebrado em 10 de outubro, constatou que o envelhecimento da população, a mudança de estilo de vida e o acesso limitado à assistência oftalmológica, principalmente em países de baixa e média renda, estão entre os principais fatores do crescente número de pessoas que vivem com deficiência visual.
“As condições oculares e a deficiência visual são generalizadas e, muitas vezes, ainda não são tratadas”, afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. “As pessoas que precisam de cuidados com os olhos devem poder receber intervenções de qualidade sem sofrer dificuldades financeiras. A inclusão de atendimento oftalmológico nos planos nacionais de saúde e pacotes essenciais de atendimento é uma parte importante da jornada de todos os países em direção à cobertura universal de saúde.”
Tedros acrescentou que “é inaceitável que 65 milhões de pessoas sejam cegas ou tenham visão prejudicada quando sua visão poderia ter sido corrigida com uma operação de catarata, ou que mais de 800 milhões de pessoas lutem com suas atividades diárias porque não têm acesso a óculos”.
Globalmente, pelo menos 2,2 bilhões de pessoas têm uma deficiência visual ou cegueira, das quais pelo menos 1 bilhão delas tem uma deficiência visual que poderia ter sido evitada ou que ainda não foi tratada.
O relatório concluiu também que a carga das condições oculares e deficiências visuais não afeta as pessoas da mesma forma — geralmente, é muito maior entre pessoas que vivem em áreas rurais, com baixa renda, mulheres, idosos, pessoas com deficiência, minorias étnicas e populações indígenas.
Estima-se que a falta de atenção à miopia nas regiões de baixa e média renda seja quatro vezes maior do que nas regiões de alta renda. As regiões de baixa e média renda da África Subsaariana e do Sul da Ásia apresentam taxas de cegueira oito vezes maiores do que em todos os países de alta renda. As taxas de catarata e triquíase tracomatosa são mais altas entre as mulheres, principalmente nos países de baixa e média renda.
O documento afirmou ainda que são necessários 14,3 bilhões de dólares para atender às necessidades de 1 bilhão de pessoas que vivem com deficiência visual ou cegueira devido à miopia, hipermetropia e cataratas.
Principais causas da deficiência visual
As condições oculares que podem causar comprometimento da visão e cegueira – como catarata, tracoma e erro de refração – são o foco principal da prevenção nacional e de outras estratégias de tratamento oftalmológico.
Mas as condições oculares que normalmente não prejudicam a visão, incluindo xeroftalmia e conjuntivite, não devem ser negligenciadas, pois estão entre os principais motivos para as pessoas procurarem serviços de saúde ocular em todos os países, afirmou o relatório.
A combinação de uma população crescente e envelhecida aumentará significativamente o número total de pessoas com problemas oculares e deficiência visual, uma vez que a prevalência aumenta com a idade.
Outros fatores que contribuem para as condições oculares mais comuns são: miopia — o aumento do tempo gasto em ambientes fechados e de atividades que implicam uma “visão de perto” estão levando a mais pessoas que sofrem de miopia. O aumento do tempo ao ar livre pode reduzir esse risco.
O documento também citou a retinopatia diabética — um número crescente de pessoas está vivendo com diabetes, particularmente o tipo 2, que pode afetar a visão se não for detectada e tratada. Quase todas as pessoas com diabetes terão algum tipo de retinopatia durante a vida. Verificações oculares de rotina e um bom controle da diabetes podem proteger a visão das pessoas contra essa condição.
Também citou a detecção tardia — devido a serviços oftalmológicos frágeis ou integrados de forma inadequada, muitas pessoas não têm acesso a verificações de rotina que podem detectar condições e levar à prestação de cuidados ou tratamento preventivo apropriado.
Acesso aos serviços
É necessária uma integração mais forte dos cuidados com os olhos nos serviços nacionais de saúde, inclusive no nível de atenção primária à saúde, para garantir que as necessidades de cuidados com os olhos de mais pessoas sejam atendidas, inclusive por meio da prevenção, detecção precoce, tratamento e reabilitação, segundo afirma o relatório.
Alarcos Cieza, que chefia o trabalho da OMS em relação à cegueira e à deficiência visual, disse que “milhões de pessoas têm deficiência visual grave e não podem participar plenamente da sociedade porque não conseguem acessar os serviços de reabilitação”.
“Em um mundo construído com a capacidade de ver, os serviços de oftalmologia, incluindo os de reabilitação, devem ser fornecidos mais perto das comunidades para que as pessoas alcancem seu máximo potencial.”
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