Boletim diário da ONU Brasil: “Sanções dos EUA ao Irã são injustas e prejudicarão pessoas inocentes, diz especialista da ONU” e 12 outros.
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sex, 24 de ago 18:53 (Há 3 dias)
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Posted: 24 Aug 2018 02:52 PM PDT
Vista aérea de Teerã. Foto: Hansueli Krapf/Wikimedia Commons (CC)
As sanções contra determinado país devem ser justas e não levar ao sofrimento de pessoas inocentes, disse na quarta-feira (22) o relator especial das Nações Unidas para o impacto negativo de medidas coercitivas unilaterais para a garantia dos direitos humanos, Idriss Jazairy.
“A reimposição de sanções contra o Irã após a retirada unilateral dos Estados Unidos do acordo nuclear com o país, que havia sido unanimemente adotado pelo Conselho de Segurança com o apoio dos próprios EUA, mostra a ilegitimidade desta ação”, disse Jazairy.
“Esta ilegitimidade foi confirmada pela oposição de todos os outros membros permanentes do Conselho de Segurança e, de fato, de todos os parceiros internacionais. A Carta das Nações Unidas prevê que as sanções sejam aplicadas apenas pelo Conselho de Segurança da ONU, precisamente para garantir que tais ataques arbitrários contra nações sejam evitados.”
Segundo o relator especial, as sanções internacionais devem ter um propósito legal, devem ser proporcionais e não devem prejudicar os direitos humanos dos cidadãos comuns. Para o especialista, nenhum desses critérios é atendido neste caso.
“Essas sanções injustas e prejudiciais estão destruindo a economia e a moeda do Irã, levando milhões de pessoas à pobreza e tornando os produtos importados inacessíveis”, enfatizou Jazairy, questionando se os Estados Unidos fornecerão alimentos e remédios aos milhões de iranianos que não serão mais capazes de comprá-los.
“O sistema atual cria dúvidas e ambiguidades, o que torna quase impossível para o Irã importar esses bens humanitários urgentemente necessários. Essa ambiguidade causa um ‘efeito inibidor’, que provavelmente levará a mortes silenciosas em hospitais, enquanto os remédios acabam, enquanto a mídia internacional não percebe”, disse Jazairy.
“Eu apelo aos Estados Unidos para que demonstrem seu compromisso de permitir que commodities agrícolas, alimentos, remédios e dispositivos médicos entrem no Irã adotando medidas reais e passos concretos para garantir que bancos, instituições financeiras e empresas possam ser asseguradas de maneira rápida que importações relevantes e pagamentos sejam permitidos”, disse ele.
O especialista aplaudiu os esforços da comunidade internacional para rejeitar o bloqueio econômico. “Sou grato pelos esforços da União Europeia em combater essa injustiça, tanto por meio de esforços diplomáticos quanto por meio de legislação para proteger as empresas europeias das sanções norte-americanas. Espero sinceramente que a comunidade internacional possa se unir para que o mundo não se torne um campo de batalha para uma guerra econômica generalizada”, disse Jazairy.
O especialista destacou que a Declaração da ONU sobre os Princípios do Direito Internacional sobre Relações Amistosas e Cooperação entre os Estados, em conformidade com a Carta das Nações Unidas, insta os Estados a resolver suas diferenças por meio de diálogo e relações pacíficas e evitar o uso de medidas políticas, econômicas e outras para coagir outro país em relação ao exercício de seus direitos soberanos.
Essas sanções unilaterais, juntamente com outros desenvolvimentos recentes, levaram o especialista a advertir contra a generalização da guerra econômica em nível mundial.
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Posted: 24 Aug 2018 02:26 PM PDT
Exército nigeriano patrulha deserto do Saara em busca de grupos terroristas, incluindo ISIL e Boko Haram. Foto: UNICEF/Gilbertson V
Apesar dos sérios reveses militares, o Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIL / Da’esh) ainda tem cerca de 20 mil combatentes e continua sua perigosa transformação em uma rede global secreta, enquanto se concentra nas atividades de suas ramificações regionais, segundo informações recebidas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Essas foram as principais descobertas de um novo relatório apresentado ao Conselho de Segurança na quinta-feira (23) por altos funcionários das Nações Unidas contra o terrorismo.
O relatório detalhou como os Estados-membros e o Sistema ONU continuam a fortalecer, refinar e promover o uso efetivo de ferramentas e medidas para enfrentar a crescente ameaça transnacional representada pelo grupo terrorista e suas afiliadas.
Vladimir Voronkov, subsecretário-geral do Escritório de Contra-Terrorismo da ONU, disse que apesar de ter sido derrotado militarmente no Iraque e estar em retirada na Síria, o Estado Islâmico do Iraque e do Levante, também conhecido como ISIL, permanece sendo uma preocupação séria e significativa.
Voronkov foi acompanhado por Michèle Coninsx, diretora-executiva do Comitê de Contra-Terrorismo da ONU (CTED). Os dois altos funcionários dividiram o relatório em três principais áreas, assegurando aos membros do Conselho que “a luta global contra o ISIL e suas afiliadas continua”.
Em primeiro lugar, Voronkov disse que, apesar de uma grande perda de território, ainda existem cerca de 20 mil membros do ISIL no Iraque e na Síria, e se espera que um núcleo de combatentes permaneça graças ao conflito e à instabilidade em curso. Um número significativo de militantes afiliados ao ISIL também está presente no Afeganistão, no Sudeste Asiático, na África Ocidental e na Líbia, e em menor grau no Sinai, no Iêmen, na Somália e no Sahel.
O ISIL continua a exercer presença e influência em um amplo espectro de países e regiões: a Indonésia foi atingida por uma série de atentados suicidas em maio, enquanto na Europa há preocupação com mensagens criptografadas e radicalização nas prisões.
O grupo terrorista está tentando expandir sua presença no Afeganistão. Voronkov revelou que durante sua missão em Cabul, a capital afegã, em 14 e 15 de agosto, o presidente Ashraf Ghani propôs uma conferência de alto nível na cidade no ano que vem, com apoio de parceiros, para desenvolver uma estratégia regional de combate ao terrorismo com foco no Afeganistão.
Em segundo lugar, enquanto o fluxo de combatentes estrangeiros do ISIL voltando para casa é mais lento do que o esperado, os perigos da experiência que eles tiveram com a fabricação de bombas em zonas de conflito (como a preparação de dispositivos explosivos improvisados e drones armados) são uma grande preocupação.
Ex-combatentes em seus países de origem têm o potencial de radicalizar outras pessoas, seja no sistema prisional ou na sociedade em geral, e os Estados-membros continuam a ter dificuldades em avaliar os riscos que eles representam e devem desenvolver estratégias personalizadas para seu retorno e realocação.
E terceiro, a evolução do ISIL (de uma estrutura de proto-Estado para uma rede secreta) levou as finanças do grupo para o subsolo, tornando-as muito mais difíceis de detectar: ainda têm a capacidade de canalizar fundos através das fronteiras, muitas vezes através de países intermediários, até seu destino final.
Citando o relatório, Voronkov observou que os Estados-membros e a comunidade internacional devem renovar seus esforços para combater a crescente ameaça global do ISIL.
Dentro da ONU, várias entidades estão trabalhando em conjunto para combater o grupo, abordando áreas críticas como o financiamento do terrorismo, cooperação judicial internacional, repressão, reabilitação e reintegração.
Coninsx acrescentou que a ONU está apoiando os Estados-membros com as tecnologias mais atualizadas para proteger suas fronteiras, fornecendo orientação para o uso efetivo dessas tecnologias em total conformidade com a lei internacional de direitos humanos.
“Também continuamos forjando novas e inovadoras parcerias com o setor privado, incluindo em particular na área de tecnologias de informação e comunicação”, disse ela, enfatizando que tal envolvimento é essencial, por exemplo, no que diz respeito à coleta de evidências digitais em casos de terrorismo.
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Posted: 24 Aug 2018 01:54 PM PDT
Agricultores familiares e comunidades rurais na América Central estão altamente vulneráveis à seca e outros eventos climáticos extremos. Foto: PMA/Francisco Fion
A seca recente levou à perda de cerca de 280 mil hectares de feijão e milho em Guatemala, El Salvador e Honduras, afetando potencialmente a situação alimentar e nutricional de mais de 2 milhões de pessoas, alertaram duas agências das Nações Unidas nesta sexta-feira (24).
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e o Programa Mundial de Alimentos (PMA) estão preocupados com o fato de que os meses de junho e julho registraram menos chuvas que o esperado e clima mais seco que a média, o que afetou a primeira e principal safra na América Central, conhecida como “primera”.
“Quando as comunidades rurais estavam se recuperando da seca de 2014 e do fenômeno El Niño de 2015 — o mais forte registrado na história recente — uma nova seca está afetando novamente os mais vulneráveis”, disse Miguel Barreto, diretor regional do PMA para a América e o Caribe.
O milho e o feijão, principais alimentos da região, têm sido as culturas mais afetadas pela seca, segundo os governos de Guatemala, El Salvador e Honduras, que registraram perdas de 281 mil hectares dessas lavouras, base para a alimentação e segurança nutricional de grande parte de suas populações.
Essas perdas aumentarão o custo desses alimentos para toda a população.
As agências da ONU advertem que isso pode ser agravado pela possível chegada do El Niño até o fim do ano, o que poderia piorar a já precária situação de segurança alimentar e nutricional das comunidades rurais vulneráveis na região.
“A perda total ou parcial das plantações significa que os agricultores e suas famílias não terão alimentos suficientes para comer ou vender nos próximos meses”, disse o comunicado conjunto.
O governo hondurenho declarou emergência neste mês, enquanto o governo de El Salvador fez um alerta vermelho em julho.
O segundo ciclo da safra — conhecido como “postrera” — que normalmente compensa as deficiências da primeira colheita, ocorre em novembro, mas as agências da ONU alertaram que “mesmo que o El Niño seja fraco, ele terá um impacto significativo no resultado da segunda safra”.
“Com o apoio da comunidade internacional, trabalhamos em conjunto com governos e comunidades rurais para ajudá-los a se tornar mais resilientes a variações climáticas extremas, mas precisamos redobrar nossos esforços e alcançar mais comunidades rurais”, explicou Miguel Barreto, do PMA.
Depois do que aconteceu em 2014 e 2015, as organizações humanitárias prestaram assistência alimentar a milhares de pessoas em comunidades vulneráveis na região, para melhorar a segurança alimentar e fortalecer a resiliência no nível familiar, comunitário e institucional. Essas atividades incluíam a conservação do solo e da água, melhores práticas agrícolas e treinamento para lidar com desastres naturais, bem como o fortalecimento dos sistemas de monitoramento da segurança alimentar e nutricional.
“É urgente melhorar a resiliência climática dos habitantes da América Central”, disse o representante regional da FAO, Julio Berdegué. “Estamos particularmente preocupados com o efeito dessa nova seca sobre a migração, em um contexto internacional que restringe o movimento de milhares de pessoas que, em suas localidades, terão grande dificuldade em garantir o sustento de suas famílias”, acrescentou.
Para mitigar os riscos este ano, a FAO e o PMA, em estreita colaboração com governos e parceiros, planejam monitorar de perto o impacto da seca sobre o preço dos alimentos básicos; desenvolver análises sobre a segurança alimentar e nutricional dos mais vulneráveis; trabalhar em acordos para permitir a migração temporária segura, regulada e ordenada de pessoas das comunidades rurais mais afetadas pela seca; e mobilizar recursos para dimensionar sistemas de coleta e armazenamento de águas pluviais e reduzir o impacto de secas futuras.
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Posted: 24 Aug 2018 01:06 PM PDT
Meninas na África Subsaariana estão mais propensas a serem excluídas dos sistemas de ensino. Foto: ONU/Marco Dormino
A juventude africana é personagem fundamental no desenvolvimento sustentável do continente. Segundo o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o brasileiro José Graziano da Silva, a compreensão desse potencial pede a criação urgente de mais empregos para os jovens, em especial nos setores agrícolas, cada vez mais digitalizados.
“Precisamos tomar medidas para tornar a agricultura mais atraente para os jovens. Eles devem perceber a agricultura como um setor remunerado e lucrativo. A disseminação das tecnologias de informação e comunicação (TICs) nas áreas rurais desempenha um papel chave nesse sentido”, disse Graziano da Silva.
As declarações foram feitas durante a abertura da conferência internacional “Emprego de Jovens na Agricultura como Solução Sólida para Acabar com a Fome e a Pobreza na África”, em Kigali. O evento de dois dias, co-organizado pelo governo de Ruanda, pela União Africana e pela FAO, tem o foco voltado para a geração de empregos para a juventude, para as TICs e para o empreendedorismo.
Entre os principais oradores da conferência estavam a ministra da Agricultura e Recursos Animais de Ruanda, Geraldine Mukeshimana, a Comissária da União Africana para a Economia Rural e Agricultura, Josefa Leonel Correia Sacko e o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO), Li Yong.
À medida que a população da África cresce, aumenta a demanda por alimentos
Graziano da Silva alertou que a demanda por alimentos na África está projetada para crescer mais de 50% nos próximos anos, graças ao contínuo crescimento populacional, à rápida urbanização e às mudanças na dieta da população à medida que a renda das famílias aumenta. O Banco Mundial espera que o agronegócio africano crie um mercado de 1 trilhão de dólares até 2030.
Os setores agrícolas têm, assim, “um potencial inestimável e inexplorado para enfrentar o desafio do desemprego entre os jovens”. “Mas é sabido que a juventude que busca um sustento digno dentro da agricultura enfrenta numerosas restrições”, lamentou Graziano da Silva.
Os jovens geralmente são empregados em uma base informal ou sazonal na região, com acesso limitado a educação, treinamento técnico, financiamentos, informação e mercados, além do baixo envolvimento nos processos de tomada de decisão de seus países.
“Essas restrições tornam-se um gargalo que também os impede de iniciar seus próprios negócios na agricultura. Como resultado, os jovens rurais estão migrando”, disse ele.
Preparar jovens para o mercado de trabalho
“Nos próximos anos, mais e mais atividades agrícolas exigirão habilidades digitais”, disse o chefe da FAO. As cooperativas, ou outras formas de associação, representam “a melhor maneira de fornecer assistência técnica, capacitação e acesso a tecnologias modernas para os agricultores familiares e jovens profissionais”.
O diretor-geral da FAO também afirmou que há uma necessidade de “pensar além dos empregos no campo” e explorar oportunidades de trabalho em toda a cadeia agroalimentar. A crescente demanda por produtos de alto valor em áreas urbanas também oferece múltiplas oportunidades de emprego no processamento, distribuição, marketing e varejo de produtos alimentícios.
Isso requer “um novo tipo de transformação rural”, o que significa equipar as áreas rurais com serviços básicos como educação, saúde, eletricidade, acesso à Internet e assim por diante. “Esses serviços são, eles próprios, outra fonte importante de emprego, especialmente para mulheres e jovens”, apontou Graziano da Silva.
O papel da FAO
O diretor-geral da FAO disse aos participantes presentes na conferência que a agência da ONU continuará a fortalecer suas atividades para ajudar os países a alcançarem seus potenciais agrícolas e criarem sistemas alimentares que gerem mais oportunidades de emprego para os jovens.
Em particular, a FAO pode ajudar os países a desenvolver e implementar estruturas legais e regulatórias e serviços para inclusão de jovens, bem como treinamento em alfabetização financeira, desenvolvimento e gerenciamento de negócios, e em soluções inovadoras de finanças digitais.
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Posted: 24 Aug 2018 12:09 PM PDT
Foto: Agência Brasil / Wilson Dias
O Dia Internacional dos Povos Indígenas, celebrado anualmente em 9 de agosto, foi a ocasião para a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) lançar um site especial dedicado ao Ano Internacional das Línguas Indígenas, que será comemorado por membros e parceiros da agência da ONU durante 2019.
O site contribuirá para aumentar a conscientização a respeito do Ano Internacional das Línguas Indígenas e da necessidade urgente de preservar, revitalizar e promover línguas indígenas ao redor do mundo. Existem atualmente de 6 mil a 7 mil línguas no mundo. Cerca de 97% da população mundial fala apenas 4% dessas línguas, enquanto apenas 3% do mundo fala 96% das línguas restantes.
Grande parte dessas línguas, faladas por povos indígenas, continuarão a desaparecer em um ritmo alarmante. Sem medidas apropriadas para abordar esse problema, a contínua perda de línguas e de suas histórias, tradições e memórias reduzirão consideravelmente a riqueza da diversidade linguística no mundo.
No site iyil2019.org (site em inglês), os interessados podem encontrar informação sobre os planos para celebrar o IY2019, as ações e as medidas a serem tomadas pelas agências das Nações Unidas, governos, organizações de povos indígenas, sociedade civil, academia, setor público e privado e outras entidades interessadas.
Além disso, o site incluirá um calendário de eventos, espaços de colaboração para parceiros, acesso a recursos em vídeo, áudio, imagem e texto, e informação sobre diferentes modalidades de parceria e benefícios de patrocínio. Os usuários também terão informações sobre eventos em suas respectivas regiões e descobrirão como participar, contribuir e se beneficiar da rica variedade de atividades.
Inscreva-se e torne-se parte dessa iniciativa global.
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Posted: 24 Aug 2018 11:52 AM PDT
Foto: EBC
Por Luis Paiva*
Nas últimas décadas, o modelo político brasileiro foi marcado por três características. A primeira delas é o alto custo das eleições. A eleição de um deputado federal envolve custos na casa de milhões. Em distritos eleitorais nunca pequenos – e, algumas vezes, muito grandes –, o dinheiro é o maior eleitor. A segunda é a fragmentação partidária. Em 1988, apenas quatro partidos tinham mais do que 5% das cadeiras da Câmara dos Deputados. Somados, eles tinham 90% das cadeiras.
Montar uma maioria sólida era difícil, mas nada comparável a hoje, quando oito partidos têm mais de 5% das cadeiras da Câmara e, juntos, possuem apenas 70% delas. A terceira é a dificuldade de processar de maneira adequada as grandes questões brasileiras. O exemplo mais claro disso é nossa incapacidade de fazer reformas que equacionem nossos problemas tributários e previdenciários.
As consequências dessas características são sabidas. Se uma grande quantidade de recursos é vital para as eleições, abre-se espaço para vultosas contribuições de alguns poucos. Essas contribuições têm um preço, que é o de ver interesses econômicos muito específicos atendidos. Proibir contribuições de empresas talvez seja pouco efetivo, se o uso de caixa 2 continuar sendo algo disseminado. Ao mesmo tempo, a montagem de maiorias parlamentares, dada nossa grande fragmentação partidária, implica dificuldades significativas.
Qualquer presidente que queira aprovar reformas constitucionais terá que ter mais de 60% de cadeiras na Câmara dos Deputados em sua base. O presidente não conseguirá essa maioria apenas com grandes partidos: terá que negociar com partidos pequenos e fatiar seu ministério. Perde-se unidade política e capacidade de estabelecer agenda.
Abre-se a porta para negociações pouco republicanas. Nas duas pontas (isso é, nas eleições caras e na grande dificuldade para se construir maioria legislativa) estão as raízes da corrupção sistêmica existente no país, contra a qual o combate no “varejo” (leia-se, em operações anticorrupção), algo necessário, parece muito pouco promissor.
A pior consequência de eleições caras e de um legislativo extremamente fragmentado, entretanto, talvez não seja a corrupção sistêmica, mas nossa incapacidade sistêmica de promover as reformas que todos julgamos necessárias. Há um virtual consenso a respeito da complexidade extrema do nosso sistema tributário e do seu caráter regressivo (isso é, do peso desproporcional com o qual ele recai sobre os mais pobres). Até hoje, praticamente nada foi feito para alterar substantivamente esse quadro.
Com a previdência, fomos um pouco menos malsucedidos. Tivemos duas reformas, aprovadas em 1998, no governo FHC, e em 2003, no governo Lula. Mas sabe-se que seu alcance foi limitado. Mesmo depois dessas duas reformas, nenhum país do mundo, no nosso estágio demográfico, tem despesas previdenciárias tão altas como as brasileiras. Como passaremos por um processo de envelhecimento duas vezes mais rápido do que os dos países desenvolvidos, as despesas crescerão fortemente nas próximas décadas.
As projeções indicam que teremos um aumento de 10% do PIB nas despesas previdenciárias nos próximos 45 anos. Esses recursos não surgirão magicamente no Tesouro Nacional. Virão de um grande aumento da carga tributária, que, além de potencialmente regressivo, não financiará investimentos em infraestrutura, melhor educação básica ou melhores serviços de saúde, mas benefícios pagos com base em regras que poucos países adotam.
Em resumo, nossas regras eleitorais e políticas produzem eleições caras, um Congresso fragmentado, um custoso processo para gerar maiorias parlamentares, um modelo político marcado pela corrupção sistêmica e incapaz de produzir bons resultados legislativos. Não deixa de ser espantoso, portanto, que as regras eleitorais e políticas, que tantos danos têm produzido na vida nacional, não sejam questionadas de forma permanente.
Ao contrário, ao longo das últimas duas décadas criou-se uma narrativa segundo a qual o Executivo manteve sua capacidade de pautar a agenda e controlar o resultado de votações legislativas, e os partidos exerceram ampla capacidade de coordenar o voto dos seus parlamentares. Com o impeachment de dois dos últimos quatro presidentes eleitos, tudo o que esperamos é que a síndrome de Poliana seja colocada de lado e que encaremos um fato duro: as condições políticas no Brasil pioraram de forma sistemática desde 1988 e o país está no limite da ingovernabilidade. A reforma política não é mais uma, entre tantas necessárias. Sem ela, dificilmente as outras serão realizadas.
Não pretendo aqui propor sequer as linhas gerais de uma reforma política. Provavelmente, no estágio atual, propostas de alteração de regras específicas minarão a possibilidade de que um consenso em torno da necessidade da reforma seja alcançado. Mas acredito que dois princípios, alinhados ao diagnóstico aqui traçado, podem ser explicitados: precisamos de eleições mais baratas e de um Congresso muito menos fragmentado. Reduz-se, com isso, a necessidade de recursos espúrios para campanhas eleitorais e para arregimentar maiorias legislativas.
Não há uma única opção para que esses princípios sejam alcançados. Mas também não há muitas. A adoção de uma cláusula de barreira seria uma alternativa relativamente óbvia para reduzir a fragmentação partidária – em relação à qual, infelizmente, o Supremo Tribunal Federal já se pronunciou contrariamente. A adoção de listas fechadas reduziria a competição dentro das próprias legendas ou coligações, um dos elementos do alto custo eleitoral, e fortaleceria o comando partidário.
Mas essa alternativa tem sido criticada por supostamente reforçar o poder das oligarquias partidárias que nos trouxeram até aqui. Finalmente, há alternativas que reduzem a proporcionalidade do nosso sistema eleitoral. A crítica é que isso reduziria a representatividade na política. Mas antes de aceitarmos essa crítica, deveríamos nos perguntar quem se sente realmente representado na política nacional.
*Luis Henrique Paiva é pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e do Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG), vinculado ao Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)
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Posted: 24 Aug 2018 11:33 AM PDT
Há um ano, mais de 700 mil refugiados rohingya caminharam durante dias, enfrentando viagens perigosas até alcançar a segurança em Bangladesh.
A maioria são mulheres e crianças. Muitos falam de violência extrema. Alguns ainda possuem os itens que levaram consigo quando fugiram, guardando-os como lembretes de entes queridos ou de uma vida que deixaram para trás.
O projeto fotográfico “A coisa mais importante” traz respostas surpreendentes e cuidadosas. Nele, 11 refugiados rohingya falam sobre o que teve importância e significado para sua trajetória. Conheça um pouco sobre essas pessoas*:
Nuras encontrou este bebê enquanto fugia de um ataque na aldeia onde morava.
Nuras segura seu bebê no campo de refugiados em Bangladesh. Foto: ACNUR/Brian Sokol
Depois que seus vizinhos foram assassinados, Nuras, de 25 anos, e seus quatro filhos foram perseguidos. Enquanto corria, ela ouviu um bebê chorando. Ela o encontrou perto dos corpos de dois rohingya mortos, em um arrozal seco e distante, agitando os braços.
Com a criança nos braços, Nuras andou com seus filhos o dia todo e, finalmente, chegou à fronteira de Bangladesh, onde o marido, que havia ido na frente, os esperava. Ela procurou um familiar do bebê, mas não os encontrou.
“Se morrermos, morreremos juntos”
Noor e sua filha Roshida. Foto: ACNUR/Brian Sokol
No final de agosto de 2017, assim que as casas da vizinhança começaram a queimar, Noor correu para a escuridão com seus seis filhos. “Se morrermos, morreremos juntos”, disse ela.
Enquanto corriam, os vizinhos que fugiam ao lado deles foram baleados e mortos. De repente, houve uma forte explosão, e Noor se virou para encontrar Roshida, de 7 anos, deitada no chão. Demorou um mês, indo de aldeia em aldeia, antes que eles conseguissem chegar a Bangladesh.
“Foi tão difícil que não temos palavras para começar a explicar. A maior perda que sofremos foi a perna dela. E o presente mais importante que nos foi dado é a vida dela — é o som de sua voz.”
“Eu não sei porque Allah não me deixou morrer”
Kalima ainda luta com as memórias do passado. Foto: ACNUR/Brian Sokol
Kalima ainda luta com as memórias do massacre. Ela diz que nada é importante para ela depois das perdas indescritíveis que sofreu em Mianmar.
Ela havia se casado havia apenas três meses quando atiradores chegaram à sua aldeia, queimando casas e abrindo fogo contra as pessoas.
Cercada por homens armados, Kalima viu aterrorizada bebês serem jogados na água e grupos de crianças incendiadas. O marido e a irmãzinha de Kalima foram baleados. Ela foi brutalmente espancada e estuprada por vários homens, antes de ser deixada inconsciente.
Quando acordou, a casa estava em chamas. Fugiu, andando por três dias com seu tio e prima até Bangladesh. Kalima era costureira e diz que gostaria de costurar novamente. Quando perguntada sobre sua especialidade, ela se transforma em uma jovem confiante: “o que você precisar!”, diz, sorrindo.
“Se não tivesse minha bengala, eu teria me arrastado até Bangladesh”
Omar, de 102 anos e deficiente visual, sobreviveu seguindo as vozes dos outros refugiados. Foto: ACNUR/Brian Sokol
A coisa mais importante que Omar, de 102 anos e deficiente visual, trouxe consigo é sua bengala. Ele e seus vizinhos fugiram de suas casas após testemunharem um terrível ataque a uma aldeia próxima. Omar encontrou seu caminho seguindo as vozes dos outros refugiados e usando sua bengala.
“Em um ponto, depois de pular de um barco de pescador, eu fiquei perdido em uma floresta de mangue por sete horas, com água até o pescoço.”
Ele chora quando conta essa história angustiante. Omar diz que deixar sua aldeia foi a coisa mais difícil que já fez na vida. Mas, agora, seguro e reunido com sua família, diz estar feliz e em paz. “Se você rir, os outros vão rir com você. E se você parar de rir, você vai morrer”.
“Se eu estiver em crise, talvez ninguém venha me ajudar — mas Shikari sempre virá”
Jamir, de 15 anos, senta com seu cão Shikari. Foto: ACNUR/Brian Sokol
Jamir, de 15 anos, senta com seu cão Shikari, do lado de fora da pequena loja que sua família dirige em um campo de refugiados no sul de Bangladesh. O menino, cuja família fugiu de Mianmar há 28 anos, nasceu no assentamento e nunca pôs os pés em Mianmar.
“Eu o vi pela primeira vez no outono passado, logo depois de ele ter chegado de Mianmar com um refugiado rohingya”, disse sobre seu cachorro.
Quando o animal se aproximou e cheirou seu pé, Jamir jogou um pedaço de comida. Depois que o cachorro pulou no ar para pegá-lo, ele o nomeou Shikari, que significa “caçador”.
O jovem e seu cachorro são inseparáveis desde então. Shikari até dorme do lado de fora da loja da família, onde Jamir passa a noite.
“Só tive tempo de pegar um painel solar e chamar meus filhos”
Hafaja segura sua placa solar. Foto: ACNUR/Brian Sokol
Hafaja, de 60 anos, estava fora de sua casa quando os atiradores chegaram à sua aldeia, no estado de Rakhine, em Mianmar.
“Se eu tivesse um minuto para escolher outra coisa, eu teria trazido nosso dinheiro”, diz ela. “Tínhamos 500.000 kyat (cerca de 375 dólares), que era a poupança da nossa família, mas está perdido”.
Hafaja observou a casa queimando de uma floresta próxima, em um campo cheio de corpos de vizinhos que não conseguiram fugir a tempo . Ela andou por três dias com o painel em uma mão e uma bengala na outra.
“O painel solar é importante porque quando anoitece, a luz me permite rezar e cozinhar. Me sinto mais segura quando a luz está acesa. Eu perdi minha terra, meu dinheiro e minha casa, mas isso não importa. Ainda tenho meu marido e meus filhos. Outros não tiveram tanta sorte.”
“Em Mianmar, eu tinha uma casa grande, água limpa e um bom trabalho”
Mohammed e seus certificados educacionais. Foto: ACNUR/Brian Sokol
A coisa mais importante que Mohammed, de 26 anos, trouxe consigo para Bangladesh são os seus certificados educacionais, necessários para qualquer emprego formal em seu país de origem.
Ele era a única pessoa de sua aldeia a estudar em uma universidade. O jovem quase conseguiu um bacharelado em inglês quando os rohingya foram proibidos de frequentar a Universidade Sittwe, em Mianmar.
Quando voltou para sua aldeia, encontrou trabalho em uma organização filantrópica. Quando um vilarejo vizinho foi atacado e Mohammed não conseguiu salvar um menino de 10 anos — que havia sido encharcado com gasolina e queimado — ele decidiu pegar seus certificados, seu computador, uma muda de roupa e fugir.
Logo depois, sua aldeia foi incendiada, as mulheres foram violentadas e homens foram mortos. “Aqui, eu não me sinto bem. Em Mianmar, eu tinha uma casa grande, água limpa e um bom trabalho. Eu quero voltar — mas não irei a menos que nos seja dada cidadania”.
“Quando vejo essa roupa, sinto falta do meu país, da minha casa e da minha vida”
Noor mostra a roupa que usava no dia em que fugiu. Foto: ACNUR/Brian Sokol
A única coisa com que Noor conseguiu levar na fuga foram as roupas que usava naquele dia — uma saia de tecido conhecida como lunghi.
Em Mianmar, o governo não deixa que os rohingya estudem para se tornarem médicos. Mas Noor ganhou habilidades no exterior e estava determinado a tratar as doenças que atormentavam sua comunidade, como febre e diarreia.
“As pessoas me viam todos os dias para o tratamento porque eu sou honesto e as tratava com amor”, lembra ele.
Quando os ataques em sua aldeia começaram, ele tratou incontáveis sobreviventes de estupros e espancamentos. Foi preso repetidamente e, muitas vezes, multado. Em agosto de 2017, quando queimaram casas em uma aldeia próxima, fugiu com sua esposa e oito filhos.
Demorou 15 dias para chegar ao assentamento de refugiados em Bangladesh. A única coisa que levou foi a saia que usava naquele dia. “Quando vejo isso, sinto falta do meu país, da minha casa e da minha vida anterior”, diz. “É o lunghi que vou usar quando voltar para Mianmar”.
“Vamos voltar, reconstruir e produzir novamente”
Mohammed trouxe consigo seus documentos de uso da terra em Mianmar. Foto: ACNUR/Brian Sokol
A coisa mais importante que Mohammed trouxe consigo são os documentos de uso da terra de Mianmar. Antes de ser forçado a fugir de casa, ele era presidente de sua aldeia e possuía uma próspera fazenda de 132 acres que incluía uma grande casa familiar, dois lagos, um arrozal, legumes e várias vacas, galinhas e cabras.
Hoje, o homem de 44 anos vive em um assentamento de refugiados no sul de Bangladesh, sem comida suficiente para alimentar sua família. “Vamos voltar, reconstruir e produzir novamente”, diz ele.
Mohammed afirma que só retornará quando os rohingya forem considerados um dos grupos étnicos oficiais de Mianmar e receberem cidadania.
Yacoub só tem a corrente no pescoço para lembrá-lo de seu pai
Yacoub usa uma corrente no pescoço, último presente do pai. Foto: ACNUR/Brian Sokol
A última vez que eles se falaram, era manhã e seu pai estava saindo para recolher lenha. Nesse mesmo dia, houve um ataque brutal na aldeia de Yacoub, de 15 anos.
Quando viu sua casa queimando, Yacoub, que perdeu a mãe no parto quando tinha 8 anos, pegou as duas irmãs menores pela mão e correu descalço pela selva.
Ficaram escondidos por 15 dias, vivendo de biscoitos e chá trazidos da loja de seu tio e depois de maçãs que colhiam pelo caminho.
Yacoub havia comprado esse colar com o dinheiro que seu pai lhe dera como presente. O menino agora mora sozinho em uma barraca, com apenas seu novo filhote de cachorro Sitara, um tapete de dormir e um cobertor. Sua tia, tio e irmãs moram na casa ao lado. Ninguém sabe o que aconteceu com seu pai.
Shahina levaria consigo uma bolsa azul e produtos de beleza
Shahina e sua bolsa azul. Foto: ACNUR/Brian Sokol
A garotinha diz que esses itens a fazem se sentir bonita e que ela adora ver as garotas rohingya mais velhas fazendo caretas. Quando a mãe de Shahina, Nosina, viu o último fluxo de pessoas rohingya fugindo de Mianmar, ela estava aliviada por seus filhos já estarem seguros em Bangladesh. Ela fugiu de sua aldeia em Mianmar, sete anos atrás, com seus dois filhos pequenos.
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A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) trabalha para oferecer proteção, acesso à educação e assistência médica aos refugiados rohingya, para que eles possam ter um futuro digno e seguro.
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* Todos os nomes foram alterados por questão de proteção.
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Posted: 24 Aug 2018 11:09 AM PDT
Clique para exibir o slide.O Consulado Geral do México no Rio de Janeiro, com apoio do Centro de Informação das Nações Unidas no Brasil (UNIC Rio), promoveu na terça-feira (14), no Centro Cultural Correios, o debate “Os desafios da mulher na participação de uma vida política e educativa plena”.
O evento teve como palestrantes Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres no Brasil; Telma Marques Taurepang, integrante da União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira (UMIAB); e Linda Marina Munive, consulesa-geral do México.
Nadine Gasman falou sobre as conferências mundiais da ONU e a iniciativa da ONU Mulheres “Por um planeta 50-50 em 2030”, cujo objetivo é o fim das desigualdades de gênero. Além disso, Nadine falou sobre como os obstáculos da luta pelo empoderamento feminino se intensificam em razão de fatores como raça, idade, idioma, etnia, cultura, religião, deficiência física ou a identidade indígena.
“É importante elevar a discussão de gênero para discutir o que significa ser uma mulher e o que significa ser uma mulher negra, lésbica, trans, da periferia”, disse a representante da ONU Mulheres, explicando a importância de políticas públicas específicas para cada um desses tipos de mulheres.
“Todos os dados das mulheres negras são piores em relação aos das mulheres brancas, mas isso porque não se fala sobre os dados das mulheres indígenas, que são ainda piores”, observou ela.
Em segundo, Telma Taurepang discursou sobre o machismo, a invisibilidade da mulher indígena e a batalha das mulheres pelos direitos humanos e liberdades fundamentais. “As mulheres indígenas sempre foram exploradas, mas hoje nós conseguimos chegar a uma universidade. Hoje, nós temos advogadas, médicas”, contou.
Antes de abrir para a sessão de perguntas, Linda Munive apresentou as mulheres mexicanas que já fizeram e fazem parte da política no país, incluindo as duas únicas governadoras eleitas em 2018: Claudia Sheinbaum e Martha Puebla. A consulesa-geral também mostrou dados comparativos sobre homens e mulheres no sistema educacional mexicano.
O diretor do UNIC Rio, Maurizio Giuliano, enfatizou a importância do apoio da ONU para o avanço na igualdade de gênero e ratificou os progressos feitos pelo México. “O fato de só existirem duas mulheres governadoras no México é preocupante, mas o fato de que as diferenças de frequência entre homens e mulheres na universidade é de apenas 1% é um sucesso, mesmo que ainda não seja o ideal. Embora o caminho seja longo – em alguns países mais que em outros – é evidente que a igualdade de gênero é algo possível e que vamos alcançá-la”, afirmou.
O debate aconteceu na galeria da exposição “70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos”, com obras de Otávio Roth. Realizada pela primeira vez no Rio de Janeiro, a mostra apresenta 30 xilogravuras que traduzem os ideais de paz e igualdade defendidos nos artigos do documento. A exposição segue no local até 9 de setembro.
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Posted: 24 Aug 2018 10:58 AM PDT
Clique para exibir o slide.A representação diplomática da Argélia no Rio de Janeiro, com apoio do Centro de Informação das Nações Unidas no Brasil (UNIC Rio), realizou no início de agosto (10), no Centro Cultural Correios, a palestra-exposição “Emir Abdelkader: precursor do direito humanitário e chanter do diálogo inter-religioso”. O evento foi conduzido por Elhacene El Bey, ministro-conselheiro e chefe da representação diplomática argelina no Rio.
El Bey apresentou a contribuição da Argélia no cenário do direito internacional humanitário através das realizações do emir Abdelkader ibn Muhieddine, líder religioso e militar argelino, conhecido como o fundador do Estado moderno da Argélia e reconhecido por seu respeito contínuo pelo que hoje é chamado de “direitos humanos”.
De acordo com o chefe da representação diplomática, o emir foi quem, pela primeira vez, formulou um regulamento militar estrito proibindo a matança ou os maus-tratos dos inimigos detidos. “Estipulando regras como ‘proibição absoluta de matar um prisioneiro desarmado’, Abdelkader deu o exemplo para um tratamento mais humano dos presos”, disse, acrescentando que “foi no princípio do Islã que ele encontrou a inspiração que o ajudou a estabelecer as fundações do direito humanitário.”
A palestra aconteceu na galeria da exposição “70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos”, com obras de Otávio Roth. Realizada pela primeira vez no Rio de Janeiro, a mostra apresenta 30 xilogravuras que traduzem os ideais de paz e igualdade defendidos nos artigos do documento. A exposição segue no local até 9 de setembro.
Ao final da exposição, Elhacene El Bey e Ednor Medeiros, diretor do Centro Cultural Correios, agradeceram Maurizio Giuliano, diretor do UNIC Rio, pela oportunidade do evento.
“Em nossa cultura, pouco falamos sobre a história dos países da África. Portanto, o UNIC Rio nos deu a chance de verificar o quanto de direitos humanos os nossos povos têm em comum”, observou Ednor.
Para Maurizio Giuliano, é realmente significativo que a Argélia tenha sido um dos países precursores do direito internacional humanitário, que não fazia parte do direito internacional até as Convenções de Genebra.
“Foi justamente na Argélia, nos anos 60, que tiveram lugar alguns dos abusos mais graves do direito internacional humanitário por mãos de estrangeiros”, pontuou o diretor do UNIC Rio. “O trabalho do emir Abdelkader nos lembra que os direitos humanos e o direito internacional humanitário não pertencem a nenhuma cultura ou civilização específica – pertencem à humanidade e tem as suas raízes no direito natural”, concluiu.
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Posted: 24 Aug 2018 10:41 AM PDT
No campo de refugiados de Kutupalong, em Bangladesh, Hamida, de 22 anos e seu filho Mohammed, de 1 ano, esperam para receber ajuda alimentar junto com centenas de outros refugiados rohingya. Foto: ACNUR/Andrew McConnell
A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) convocou nesta sexta-feira (24) a comunidade internacional a aumentar seu apoio a cerca de 900 mil refugiados rohingya apátridas em Bangladesh, e a mostrar solidariedade aos países que os acolhem e que têm agido de forma generosa.
A responsabilidade internacional coletiva de proteger e encontrar soluções para esses refugiados deve continuar sendo uma prioridade para todos os países da região e além.
Desde agosto do ano passado, mais de 720 mil refugiados rohingya apátridas fugindo da violência e da discriminação sistêmica no estado de Rakhine, em Mianmar, encontraram abrigo e segurança no distrito de Cox’s Bazar, em Bangladesh. Lá, eles se juntaram a cerca de 200 mil refugiados rohingya de ondas anteriores de deslocamento.
No início da emergência, o ACNUR enviou imediatamente mais funcionários para Bangladesh e transportou por via aérea mais de 1.500 toneladas de itens de ajuda humanitária. Mais ajuda foi e continua a ser enviada via terrestre.
No último ano, equipes da agência da ONU têm trabalhado 24 horas por dia em apoio às autoridades de Bangladesh para garantir que os refugiados sejam protegidos. O trabalho inclui aconselhamento psicossocial, prevenção à violência sexual e de gênero, contagem de famílias, identificação e assistência a menores separados e desacompanhados e outros refugiados vulneráveis.
O assentamento de Kutupalong, no distriro de Cox’s Bazar, abriga hoje mais de 600 mil refugiados, e é o maior e mais densamente povoado assentamento de refugiados do mundo. Isso traz desafios diários em relação ao fornecimento de abrigo, água, saneamento e acesso a serviços básicos, bem como desafios de proteção, como a segurança de mulheres e meninas.
Em uma corrida dramática contra o tempo, preparativos intensos aconteceram nos últimos meses para que os assentamentos de refugiados enfrentassem as fortes chuvas do período de monções.
Trabalhos de engenharia foram implementados para ajudar a reduzir o risco de deslizamentos de terra e inundações. Centenas de voluntários refugiados foram mobilizados e treinados para atuar como socorristas em caso de desastre natural. Esses esforços se mostraram inestimáveis durante as fortes chuvas em junho e julho, uma vez que os assentamentos de refugiados resistiram em grande medida ao clima adverso.
À medida que faz um balanço do que foi alcançado até agora, o ACNUR encoraja a renovação do compromisso internacional e apoio aos refugiados e comunidades anfitriãs em Bangladesh, a fim de expandir a resposta das operações diárias de salvamento para enfrentar também desafios como educação e autonomia para os refugiados rohingya.
Reparar o impacto ambiental causado pela acolhida de centenas de milhares de refugiados na área de Cox’s Bazar também requer ação urgente, inclusive por meio de reflorestamento e uso de combustíveis alternativos para preparo de alimentos e aquecimento.
Esta semana a ONU inicia a distribuição de gás liquefeito de petróleo (GLP) para as primeiras 7 mil famílias de refugiados. O ACNUR planeja entregar este novo combustível para 100 mil famílias (aproximadamente 500 mil refugiados) até o final do ano.
O Plano de Resposta Conjunta (JRP, em inglês), lançado em março de 2018, pediu 950,8 milhões de dólares para o período de março a dezembro de 2018. Em meados de agosto, pouco mais de 33% do valor havia sido arrecadado.
“Isso é profundamente preocupante na medida em que se aproxima o fim do ano. É vital que as agências humanitárias recebam financiamento antecipado e flexível para continuar prestando assistência que salva vidas e melhora as condições de vida dos refugiados e das comunidades anfitriãs em Bangladesh”, disse o ACNUR.
Neste contexto, é vital não perder de vista que as soluções para esta crise estão em Mianmar. O apoio internacional é necessário para ajudar o governo do país a abordar as raízes da crise, alinhado com as recomendações da Comissão Consultiva do Estado de Rakhine, liderada pelo falecido Kofi Annan, salientou a agência da ONU.
“Isso deve incluir a garantia da liberdade de movimento para todas as pessoas no estado de Rakhine, independentemente da etnia, religião ou status de cidadania, e um caminho claro e voluntário para a cidadania. A disposição das autoridades de Mianmar para assumir a liderança neste processo é fundamental.”
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Posted: 24 Aug 2018 08:51 AM PDT
Todas as experiências selecionadas, dentre as 251 inscritas na seleção, apresentam práticas com resultados mensuráveis e replicáveis em outros territórios. Foto: EBC
O Ministério da Saúde e a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) lançaram na quinta-feira (23) publicação que identifica e reconhece experiências inovadoras e exitosas em educação na saúde, com ênfase em educação permanente. O documento, que é interativo, faz parte da série técnica NavegadorSUS.
A publicação sistematiza 15 experiências mapeadas pelo Laboratório de Inovação em três eixos temáticos — “Integração Ensino-Serviço-Comunidade”, “Educação e Práticas Interprofissionais” e “Gestão da Política de Educação Permanente em Saúde”.
Todas as experiências selecionadas, dentre as 251 inscritas na seleção, apresentam práticas com resultados mensuráveis e replicáveis em outros territórios. Essas iniciativas investem em processos que podem causar mudanças positivas na organização dos processos de trabalho, qualificar profissionais de saúde em todo o Brasil que possam inspirar atividades semelhantes na Região das Américas.
Segundo a publicação, muitas dessas experiências nasceram a partir de iniciativas individuais que conquistaram o reconhecimento da instituição de origem, por contribuir de forma relevante para a melhoria do processo de trabalho, para a formação de estudantes e profissionais, para a melhoria da gestão e, sobretudo, voltadas para as necessidades da população e da qualificação da atenção à saúde no Sistema Único de Saúde (SUS).
Acesse aqui a publicação na íntegra.
Confira também outros documentos do Laboratório de Inovação, iniciativa da OPAS/OMS em cooperação técnica com o Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), Conselho Nacional de Saúde (CNS) e Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
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