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terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Posted: 17 Feb 2020 12:03 PM PST
Moradores do abrigo Jardim Floresta, em Boa Vista (RR), posam para foto durante atividades da oficina. Foto: ACNUR / Elidennys Arian Marques Rivera
Moradores do abrigo Jardim Floresta, em Boa Vista (RR). Foto: ACNUR / Elidennys Arian Marques Rivera
Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS) capacitará profissionais de saúde nesta semana para o acolhimento e cuidado em saúde mental na atenção primária e na rede de atenção psicossocial de Boa Vista (RR).
Trata-se do terceiro de uma série de treinamentos realizados pelo organismo internacional, com recursos doados pela Embaixada do Japão.
O treinamento anterior foi realizado em janeiro deste ano. Na ocasião, a OPAS/OMS realizou uma oficina com 54 participantes para implementar a formação de grupos de ajuda e suporte mútuos no campo da saúde mental comunitária — como um dispositivo a ser integrado à resposta humanitária e à rede pública de saúde do município.
A atividade foi feita com lideranças comunitárias (migrantes e usuários de serviços de saúde mental) e trabalhadores humanitários e da rede de saúde de Roraima.
A primeira oficina ocorreu em dezembro de 2019, tendo reunido 47 profissionais das redes municipal de Boa Vista e estadual de Roraima, além de docentes da Universidade Federal de Roraima (UFRR) e atores humanitários que trabalham diretamente na assistência a refugiados e migrantes.
Essas atividades fazem parte do projeto “Fortalecimento de Capacidades Locais em Saúde Mental e Apoio Psicossocial no Contexto do Fluxo Migratório em Boa Vista, Roraima”, que é financiado com recursos doados pela Embaixada do Japão e visa apoiar o governo brasileiro nas ações de resposta ao fluxo migratório no país.

Sobre o projeto

O projeto “Fortalecimento de Capacidades Locais em Saúde Mental e Apoio Psicossocial no Contexto do Fluxo Migratório em Boa Vista, Roraima” integra uma proposta interagencial de assistência humanitária, promovida pela OPAS/OMS e outros três organismos das Nações Unidas: Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), Organização Internacional para as Migrações (OIM) e Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).

Plano regional

A OPAS tem avançado na elaboração de um Plano Regional de Migração e Saúde para as Américas. O objetivo é apoiar a integração das necessidades de saúde dos migrantes nas políticas, estratégias e programas nacionais de saúde, não apenas para proteger a saúde dessa população, mas também a da população anfitriã.
 
Posted: 17 Feb 2020 11:15 AM PST
Rawda Yusuf fugiu do Sudão para o Chade em 2005. Ela retornou para seu país e vive em um campo para deslocados internos no Sudão, mas ainda deseja voltar para casa. Foto: ACNUR/Modesta Ndubi
Rawda Yusuf fugiu do Sudão para o Chade em 2005. Ela retornou para seu país e vive em um campo para deslocados internos no Sudão, mas ainda deseja voltar para casa. Foto: ACNUR/Modesta Ndubi
Há 15 anos, criminosos armados forçaram a família da sudanesa de Rawda Yusuf a fugir para o Chade. A família morava em uma aldeia no estado de Darfur do Norte, no Sudão. Desde então, seu país natal esteve sempre seus pensamentos, mas o retorno não está sendo fácil.
A provação começou em uma tarde durante a estação da colheita na aldeia de Kurgei West. “Saí para ver o que estava acontecendo e vi homens armados”, lembra a mulher de 42 anos. “Havia nuvens de fumaça e muita agitação”. Ela fugiu do ataque com seus dois filhos.
Mais de 600 mil refugiados escaparam do conflito na região de Darfur, no Sudão, que começou em 2003. Metade foi para o Chade e outros 1,9 milhão são deslocados internos no próprio Sudão.
A assinatura de um acordo tripartite em 2017 entre Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), Sudão e Chade trouxe esperança para Rawda e milhares de deslocados do país.
Hoje, Rawda tem quatro filhos e em novembro do ano passado escolheu voltar para casa. “Eu vi isso como um novo começo para mim e meus filhos”, diz Rawda, que esperava retomar sua vida como agricultora.
Mas, por enquanto, devido à falta de segurança e de serviços básicos, ela está vivendo em um campo no Sudão para deslocados internos.
“Quando chegamos ao Sudão, eu estava pronta para voltar para casa, mas fui informada pelos vizinhos de que haviam retornado à minha vila e que minha terra estava ocupada por outras pessoas”, diz.
Rawda está entre os cerca de 4.000 refugiados sudaneses que retornaram do Chade desde 2017. Mas a falta de serviços básicos, como hospitais, água e escolas, tornou mais difícil a tarefa de reconstruir suas vidas e os temores de novos ataques ainda persistem.
O país também abriga mais de 1,1 milhão de refugiados —  a maioria deles do Sudão do Sul. São necessários recursos para refugiados que vivem na República Centro-Africana, Chade, República Democrática do Congo, Eritreia, Etiópia, Somália, Sudão do Sul, Síria e Iêmen.
O Sudão também continua recebendo refugiados e retornados.
O número de refugiados da República Centro-Africana e de partes remotas dos estados centrais e do sul de Darfur cresceu de pouco mais de 5 mil para quase 17 mil no último trimestre de 2019.
O Sudão já enfrenta uma grave crise econômica que pressiona as comunidades anfitriãs, uma vez que os recursos locais são escassos.
O ACNUR lançou um apelo de financiamento de 477 milhões de dólares para a resposta aos refugiados. A agência das Nações Unidas, juntamente com mais de 30 parceiros, está pedindo mais suporte internacional para apoiar a construção da paz e ajudar milhões de deslocados e seus generosos anfitriões em todo o Sudão.
“O Sudão tem uma longa história de acolhimento de refugiados e solicitantes de refúgio, mas também luta com seu próprio deslocamento interno, enquanto enfrenta uma grave crise econômica. Nosso chamado acontece em um momento em que o país está passando por uma transição política histórica e exige solidariedade internacional para alcançar a paz e a estabilidade”, disse o porta-voz do ACNUR, Babar Baloch.
No ano passado, a operação do ACNUR no Sudão foi uma das menos financiadas do mundo e apenas 32% dos 269 milhões de dólares necessários foram arrecadados.
Faça uma doação agora e ajude famílias como a de Rawda a recomeçar suas vidas em segurança.
 
Posted: 17 Feb 2020 10:50 AM PST
Foto: Flickr
Foto: Flickr
Se cidades como Nova Déli, Lagos, São Paulo e Tóquio parecerem povoadas hoje, imagine como estarão em 2050. As Nações Unidas preveem que até lá, duas em cada três pessoas, ou 2,5 bilhões, estarão vivendo em centros urbanos.
As cidades são polos de desenvolvimento cultural, científico e econômico, mas também nos lembram dos desafios ambientais e socioeconômicos que enfrentamos.
Hoje, as cidades são responsáveis ​​por cerca de 70% das emissões de gases de efeito estufa e consomem 75% da energia e dos recursos do mundo.
À medida que a população humana continua crescendo e o planeta enfrenta graves ameaças por conta das mudanças climáticas, a necessidade de planejamento urbano sustentável torna-se evidente.
O décimo Fórum Urbano Mundial (WUF), o principal encontro internacional sobre urbanização sustentável estabelecido pelas Nações Unidas, destacou em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, a interseção entre cultura e inovação na resposta aos desafios urbanos emergentes.
“O meio ambiente é o fio condutor que conecta cultura e inovação; esse foi o tema do Fórum Urbano Mundial deste ano”, disse Martina Otto, chefe da Unidade de Cidades do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
“Da mesma forma que abordar as mudanças climáticas deve se tornar parte das estratégias de conservação de nossos edifícios históricos, também devemos encontrar inspiração nos modos tradicionais, sejam técnicas de construção tradicionais ou de formas urbanas, para construir as cidades do futuro. Por meio da inovação, podemos criar caminhos para tornar nossas cidades neutras em carbono, eficientes no uso de recurso e resilientes ao clima.”
Vários funcionários do PNUMA participaram do WUF mostrando trabalhos e projetos em andamento. Um exemplo foi o lançamento do maior banco de dados sobre a qualidade do ar do mundo em tempo real. Outro projeto apresentado foi o kit de ferramentas Direito e Mudanças Climáticas.
O PNUMA e o Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (ONU-HABITAT) têm uma cooperação de longa data na área de urbanização sustentável, implementada por meio de diferentes projetos, o mais recente deles é a Parceria Cidades Mais Verdes.
A missão conjunta reflete a visão do ONU-HABITAT de cidades compactas, integradas e conectadas, e o trabalho do PNUMA nas cidades tem como foco alcançar uma economia de descarbonização e desacoplamento ecológico.
Separadamente, o PNUMA apoia cidades em todo o mundo para tratar dos impactos climáticos e da integração do meio ambiente ao planejamento urbano de longo prazo em três áreas prioritárias: economia, adaptação baseada na natureza e ação pelo clima e pela poluição.
Dado que o recurso está vinculado ao desenvolvimento urbano, as cidades têm um papel primordial na transição de uma economia de tomar-usar-dispor para um modelo circular, onde materiais e produtos são mantidos em uso, preservando seu valor pelo maior tempo possível. Usando sua jurisdição, as cidades podem incorporar princípios de circularidade em suas decisões e políticas de planejamento.
Da mesma forma, o desenvolvimento urbano e a expansão, particularmente, são fatores determinantes para a perda de habitat, afetando os próprios ecossistemas dos quais dependem os moradores da cidade. Soluções baseadas na natureza, como manguezais, podem ser uma solução econômica para lidar com inundações e erosão costeira, além de melhorar a qualidade do ar.
Não é segredo que as cidades produzem muita poluição do ar e da água, afetando tanto sua habitabilidade quanto a saúde de seus cidadãos. Ao estabelecer licenças para atividades industriais e de construção, introduzir zonas de baixa emissão, mudar para produção de energia local e melhorar suas práticas de gerenciamento de água e esgoto, as cidades podem reduzir sua produção de poluição e, ao mesmo tempo, melhorar a qualidade de vida de seus moradores.
 
Posted: 17 Feb 2020 10:23 AM PST
Arte: EV.G
Arte: EV.G
O curso “Uma Introdução às Migrações Internacionais no Brasil”, realizado por Organização Internacional para as Migrações (OIM) e Defensoria Pública da União (DPU), já está disponível na plataforma Escola Virtual de Governo (EV.G) da Escola Nacional de Administração Pública (ENAP), nova parceira do projeto.
Desde início de fevereiro, os interessados podem se inscrever e participar da capacitação gratuita que reforça o compromisso das instituições com o fortalecimento da atuação qualificada junto ao público migrante.
O intuito do curso é aproximar o tema de atores-chave e promover uma reflexão inicial sobre os aspectos fundamentais das migrações internacionais no Brasil, debatendo e apresentando questões como as características que distinguem o migrante de outros segmentos populacionais, os órgãos públicos que atendem migrantes e as principais legislações relacionadas ao tema de migração, refúgio e tráfico de pessoas.
“A cooperação com a Enap faz parte da estratégia da OIM de construir parcerias e trabalhar com o governo brasileiro para fortalecer as capacidades locais de governança migratória”, destaca o chefe de missão da OIM no Brasil, Stéphane Rostiaux.
“O Brasil tem assumido um papel de liderança na acolhida humanitária dos venezuelanos e o curso objetiva consolidar conhecimentos e compartilhar informações essenciais para aqueles que começam a trabalhar com o tema migratório”, complementa Rostiaux.
Inicialmente ofertado na plataforma da Escola Nacional da DPU, com acesso restrito a organizações parceiras, o curso teve cinco edições entre 2018 e 2019, com mais de 1,5 mil participantes. Agora, com a oferta pela plataforma da Enap, as inscrições podem ser realizadas a qualquer momento e não há limitação do número de participantes.
Os inscritos terão 40 horas de conteúdos em português divididos em cinco módulos que poderão ser cursados ao longo de 50 dias. Haverá uma avaliação parcial ao término de cada módulo, além de avaliação final abordando todo o conteúdo da capacitação. O curso inclui conteúdos em texto, áudio e vídeo, além de materiais complementares para aprofundamento.
A formulação do conteúdo do curso foi financiada pelo IOM Development Fund, como parte do projeto “Fortalecendo a assistência jurídica aos migrantes no Brasil e promovendo sua inserção no mercado de trabalho”. As primeiras edições foram voltadas para colaboradores da DPU. Gradualmente o curso foi sendo aprimorado até chegar-se a atual versão, para o público em geral.
Esse é o primeiro curso da OIM oferecido pela plataforma E.VG da Enap. Novos treinamentos serão lançados ao longo do ano de 2020.

Inscrições

O processo de inscrição é realizado diretamente na página online do curso http://bit.ly/2uyILPH
 
Posted: 17 Feb 2020 10:08 AM PST
Nakout joga frisbee para manter a forma e fazer amigos em sua nova casa na cidade de Vaasa, na Finlândia. Foto: ACNUR/Hereward Holland
Nakout joga frisbee para manter a forma e fazer amigos em sua nova casa na cidade de Vaasa, na Finlândia. Foto: ACNUR/Hereward Holland
Sentada na cozinha de uma residência na Finlândia, a ugandesa Nakout pensa sobre o que escrever em uma carta para a filha que não vê há mais de 15 anos. O celular ajuda na tarefa de checar possíveis erros ortográficos. Seus filhos estão em Uganda, a cerca de 7.000 km de distância.
“Oi filha”, ela escreve de caneta azul. “Seja forte, a mamãe te ama muito. Por favor, fale comigo.”
Nakout vivia com seu marido, Akollo, e seus três filhos pequenos nos arredores de Soroti, uma pequena e calma cidade no leste de Uganda.
Akollo construiu a casa onde a família vivia usando barro a madeira. Uma placa de ferro ondulado fazia o papel de teto. Eles costumavam conversar sobre futebol e outros temas ordinários. A vida era boa.
Quando sobrava algum dinheiro, Nakout vestia sua camisa do Arsenal e ia para o bar local assistir a uma partida na companhia de outros torcedores e de algumas cervejas.
Mas em algum momento sua vida mudou para sempre.
Em uma noite em outubro de 2003, por volta da meia-noite, a porta da frente de sua pequena casa foi subitamente chutada por homens armados de um dos grupos rebeldes mais brutais da África, o Exército de Resistência do Senhor (ERS).
Os soldados amarraram os braços de Akollo e então o executaram com um facão. Ruth, a filha bebê de Nakout, foi arrancada de seus braços. Seus filhos Baker e Joseph se esconderam debaixo da cama. Nakout foi levada escuridão afora.
Joseph Kony fundou o ERS em 1986 com o objetivo declarado de governar Uganda. O grupo era formado por criminosos particularmente cruéis que costumavam sequestrar dezenas de milhares de crianças.
Nakout passou os 12 anos seguintes como escrava sexual, percorrendo as remotas regiões fronteiriças da África Central.
Incapaz de contatar sua família, descobriu que a única maneira de sobreviver ao abuso sexual e às longas caminhadas era abandonar suas emoções, se tornar fria e deixar de lado o pensamento de voltar a ver seus filhos.
Em várias ocasiões, foi forçada a participar de cerimônias ocultas, uma parte central da horrível marca do misticismo criado por Kony.
Se tivesse recusado, teria sido assassinada. Violência, abuso sexual, agressão e morte tornaram-se parte do cotidiano.
Durante este período, ela testemunhou ataques brutais às vítimas do ERS e adoeceu.
Tornou-se uma das vítimas “favoritas” de Kony, o enigmático líder do grupo, com quem eventualmente teve um filho que também recebeu o nome de Joseph Kony, como as dezenas de outros meninos gerados por ele. Logo após seu nascimento, seu filho foi levado e ela nunca mais o viu.
“Fui levada quando você tinha apenas sete meses”, escreve Nakout à filha. “Sequestrada por 12 anos, consegui fugir para a Europa e agora estou segura, morando na Finlândia.”
Nakout obteve autorização de residência em abril e se mudou recentemente para um apartamento próprio em Vaasa, uma pequena cidade na costa oeste da Finlândia. Seus primeiros móveis foram um sofá e uma cama.
Em Vaasa, ela não está sozinha. Depois de tanto tempo em movimento, finalmente está se estabelecendo e fazendo amigos. Vaasa é o lar de centenas de pessoas que fugiram de guerras, conflitos e perseguições na África nas últimas décadas.
A apenas um quilômetro e meio da estrada, há uma igreja luterana liderada pelo padre Stephanos, um refugiado das montanhas Nuba no Sudão. Todos os domingos, Nakout assiste, canta e dança com a congregação semelhante à que frequentava em Uganda. “Isso me lembra dos dias felizes de antes”, diz.
Em frente à igreja há um centro comunitário onde Nakout ensina inglês a um grupo de refugiadas e compartilha com elas sua força e assertividade recém encontradas.
“Pratique, não seja tímida. Não há ninguém perfeito aqui”, afirma afetuosamente suas alunas. Após as aulas, compartilham bolo e café, servidos entre risadas.
Na maior parte das manhãs, ela faz uma longa corrida pelos bosques e se une aos amigos para jogar frisbee ou disc golf, um jogo popular na Finlândia praticado durante as longas noites de verão.
“Eles sempre ganham porque ainda sou nova no jogo, mas não vou desistir. Prometo que na próxima partida vou vencer”, afirma, passeando por entre as árvores após uma partida. “Não desisto nunca, não importa o que aconteça.”
Depois de escapar do ERS, Nakout foi parar na Grécia, mas as condições difíceis que encontrou no país não ajudaram na melhora de sua saúde física e mental. Tudo isso mudou quando ela chegou à Finlândia. Sua vida finalmente estabilizou-se e sua saúde está melhorando. Mas a jornada está longe de terminar.
Pouco depois de chegar à Europa, Nakout conseguiu entrar em contato com seus filhos, os irmãos mais velhos de Ruth. Eles ficaram incrédulos e disseram não acreditar que era ela mesmo até que pudessem vê-la em carne e osso.
Após o choque inicial, Baker e Joseph começaram o processo de reconstruir laços familiares por telefone. Falar com eles uma vez por semana é ao mesmo tempo catártico e doloroso.
Se por um lado cada uma das conversas fortalece a confiança, por outro elas também expõem a angústia de Nakout ao sentir que falhou com os filhos. Ela sofre da culpa do sobrevivente, e compartilha com eles o sentimento de abandono.
“Eu sei que vocês passaram por muita coisa na vida e que não fui uma boa mãe para vocês”, ela escreve cuidadosamente no cartão rosa. “Eu não queria que fosse assim, mas prometo que nos encontraremos novamente.”
Nakout decidiu escrever uma carta porque sua filha ainda se recusa a atender o telefone. Para Ruth, sua mãe morreu há 15 anos. Essa mulher que emergiu das selvas da África Central é outra pessoa. De alguma forma, ela está certa. A velha Nakout se foi.
Mas Nakout espera que a carta explique onde ela esteve, que seja uma ferramenta que possa ajudar Ruth a entender a situação. Talvez assim ela perdoe a mãe e elas se reconciliem.
“Prometo que nos encontraremos novamente”, escreve. “Sua mãe ainda está viva.”
 
Posted: 17 Feb 2020 09:38 AM PST
Enfermeiras de pronto-socorro usam máscaras no Hospital Second People de Shenzhen, na China. Foto: Man Yi
Enfermeiras de pronto-socorro usam máscaras no Hospital Second People de Shenzhen, na China. Foto: Man Yi
O chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou no sábado (15) contra o pânico sobre COVID-19, mas também pediu aos governos que intensifiquem seus esforços para se preparar para o vírus, dizendo que “é impossível prever qual direção essa epidemia irá tomar”.
Com o número de casos do novo coronavírus ultrapassando os 60 mil, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse a especialistas em política externa e segurança reunidos na Conferência de Segurança de Munique que a agência da ONU está satisfeita com o fato de não ter ocorrido uma transmissão generalizada do vírus, agora denominada COVID-19, fora da China.
A OMS também disse estar encorajada pelo fato de “a comunidade global de pesquisa ter se reunido para identificar e acelerar as necessidades de pesquisa mais urgentes em diagnósticos, tratamentos e vacinas” e que uma equipe de especialistas internacionais está agora na China, trabalhando em estreita colaboração com colegas chineses para entender o surto e informar os próximos passos na resposta global.
O vírus surgiu no centro da China no final de dezembro e os números mais recentes mostram que este infectou mais de 63 mil pessoas e matou cerca de 1,3 mil, principalmente na China. A OMS classificou o COVID-19 como uma ameaça global à saúde.
“As medidas tomadas pela China para conter o surto em sua fonte parecem ter feito o mundo ganhar tempo”, disse Tedros.

Mas “não sabemos quanto tempo”

O chefe da OMS disse que o otimismo da agência foi atenuado por várias preocupações importantes, incluindo o crescente número de casos na China, particularmente o número de profissionais de saúde que foram infectados; a falta de urgência no financiamento da resposta da comunidade internacional; os altos níveis de boatos e desinformação que dificultam a resposta; e o caos potencial que o vírus pode causar em países com sistemas de saúde mais fracos.
“Os surtos de Ebola e COVID-19 ressaltam mais uma vez a importância vital de todos os países investirem em preparação e não entrarem em pânico”, disse Tedros, lembrando que há dois anos a OMS e o Banco Mundial fundaram o Conselho Global de Monitoramento da Preparação, um órgão independente para avaliar o estado de prontidão do mundo para uma pandemia.
Ele disse que no ano passado o Conselho publicou seu primeiro relatório, que concluiu que o mundo continua mal preparado.
“Por muito tempo, o mundo operou em um ciclo de pânico e negligência. Jogamos dinheiro em um surto e, quando este acaba, esquecemos e não fazemos nada para impedir o próximo. Isso é francamente difícil de entender e perigosamente míope”, alertou Tedros.

Próximas etapas: aumentar a resposta, combater a desinformação

Tedros descreveu os principais pedidos da comunidade internacional para o caminho a seguir:
Use a janela de oportunidade oferecida pela ação rápida da China para intensificar a preparação, inclusive para a chegada de novos casos, tratando pacientes com dignidade e protegendo os profissionais de saúde;
Afaste-se da desinformação, pois as notícias falsas se espalham mais rapidamente e com mais facilidade que esse vírus e são igualmente perigosas. Ele pediu aos governos, empresas e organizações de notícias que trabalhem com a OMS para soar o nível apropriado de alarme, sem acender as chamas da histeria;
A abordagem governamental deve ser coerente e coordenada, guiada por evidências e prioridades de saúde pública, pois combater a disseminação do vírus “não é tarefa apenas dos ministros da Saúde”.
“Nós temos uma escolha. Podemos nos unir para enfrentar um inimigo comum e perigoso? Ou permitiremos que o medo, a suspeita e a irracionalidade nos distraiam e nos dividam?”, questionou o chefe da OMS.
Ele disse que em nosso mundo dividido e fragmentado, a saúde era uma das poucas áreas em que a cooperação internacional oferecia a oportunidade para os países trabalharem juntos por uma causa comum.
“É hora de fatos, não de medo. Este é um momento de racionalidade, não de rumores. É um momento de solidariedade, não de estigma”, concluiu Tedros.
 
Posted: 17 Feb 2020 08:00 AM PST
Foto: ONU Mulheres/Ryan Brown
Foto: ONU Mulheres/Ryan Brown
Marta Vieira da Silva é uma inspiração global. Considerada a melhor jogadora de futebol de todos os tempos, foi eleita seis vezes melhor jogadora do mundo pela FIFA e conquistou a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de 2004 e 2008. Também se tornou maior artilheira da história das Copas do Mundo no ano passado.
A jogadora brasileira é defensora dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e embaixadora da ONU Mulheres para mulheres e meninas no esporte, sendo reconhecida por seu compromisso ao longo da vida de desafiar estereótipos, superar barreiras e inspirar outras mulheres e meninas a fazer o mesmo.
Em 2020, sua história de empoderamento será homenageada no samba-enredo da escola Inocentes de Belford Roxo. No sábado (22) de Carnaval, a escola desfila no Sambódromo para um público de cerca de 50 mil pessoas.
Mulheres, homens, meninas e meninos de várias partes do Brasil e do mundo celebrarão na ocasião a força de mulheres e meninas para derrotar preconceitos e ocupar seu espaço. Na Década de Ação para o alcance dos objetivos globais até 2030, é crucial que os ODS sejam divulgados de várias maneiras para alcançar todas as pessoas no mundo.
Marta desfilará em um carro alegórico no formato de uma chuteira dourada, com um emblema gigante da ONU simbolizando o reconhecimento de sua jornada. Ela costuma dizer que deseja continuar contando sua história como uma forma de inspirar outras meninas a persistirem e alcançarem seus sonhos. “Eu não quero ser uma exceção”, diz Marta.
Seu sonho já se tornou realidade por meio das meninas que participam do programa “Uma vitória leva à outra”, uma iniciativa de ONU Mulheres e Comitê Olímpico Internacional (COI). O projeto dá a adolescentes e jovens mulheres a oportunidade de praticar esportes e obter habilidades educacionais para a vida. Até o fim de 2020, cerca de 1,7 mil meninas participarão do programa, que teve início em 2016 como um legado dos Jogos Olímpicos do Rio.
Dezesseis delas participarão do desfile, representando a esperança de um futuro igualitário, uma nova “Geração Igualdade”, em referência ao movimento da ONU Mulheres em comemoração ao 25º aniversário da Plataforma de Ação de Pequim — a agenda mais visionária para os direitos humanos de mulheres e meninas. Kathely, de 19 anos, Rebeca, de 14, e Hingride, de 20, estão contando os minutos para o grande dia.
“Marta nasceu em uma família muito pobre e teve que enfrentar muitos desafios, assim como nós. É muito poderoso ver o que ela alcançou”, diz Kathely. Para Rebeca, a jogadora é um exemplo de por que devemos continuar pressionando por salários iguais. “Ela é a melhor jogadora e, ainda assim, ganha muito menos do que muitos jogadores do sexo masculino. Isso não deveria ser normal. Mesmo emprego, mesmo salário.”
Hingride afirma que ver a história de Marta contada no Carnaval significa muito para as mulheres, “porque sentimos na pele as desigualdades de gênero”. No entanto, ela diz querer mais: “não quero que as pessoas, principalmente os homens, apenas falem sobre isso. Eu quero ação e quero mudança”.
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