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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Posted: 19 Feb 2020 11:44 AM PST
Em 12 de fevereiro de 2020, famílias se abrigam em um assentamento informal recentemente estabelecido que continua a receber famílias recém-deslocadas do sul de Idlib e das províncias rurais de Alepo, no noroeste da Síria. Foto: UNICEF/Baker Kasem
Em 12 de fevereiro de 2020, famílias se abrigam em um assentamento informal recentemente estabelecido que continua a receber famílias recém-deslocadas do sul de Idlib e das províncias rurais de Alepo, no noroeste da Síria. Foto: UNICEF/Baker Kasem
Com o progresso interrompido nas frentes política e de paz na Síria, o enviado especial da ONU para o país, Geir Pedersen, instou nesta quarta-feira (19) os embaixadores do Conselho de Segurança a encontrar uma solução para acabar com quase nove anos de conflito.
Seu apelo foi feito diante de um cenário da rápida deterioração humanitária no noroeste da Síria, onde uma ofensiva militar em andamento deslocou quase 900 mil pessoas desde dezembro.
Com as famílias fugindo de bombardeios em meio a baixas temperaturas, o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu na terça-feira (18) um cessar-fogo imediato, o que foi repetido por Pedersen em suas instruções ao Conselho.
“Apelo mais uma vez ao pleno respeito ao Direito Internacional Humanitário e a um cessar-fogo imediato em Idlib, em última análise, em direção a um cessar-fogo nacional. Peço aos principais atores internacionais que continuem e intensifiquem seus contatos para restaurar a calma”, disse o enviado da ONU.
“Peço a todos os membros deste Conselho que deem seu peso firmemente à busca de um caminho político a seguir. Como o secretário-geral (da ONU) nos lembrou ontem, só assim podemos realmente servir aos interesses do povo sírio.”
A região de Idlib é a última fortaleza controlada pelos rebeldes na Síria, e o governo, apoiado por aliados, luta para recuperá-la.
“A Turquia e a Rússia, como patrocinadoras dos acordos de redução de tensões em Idlib, podem e devem desempenhar um papel fundamental para encontrar uma maneira de reduzir a escalada da situação agora”, disse Pedersen.
“As delegações russa e turca se reuniram intensamente nos últimos dias e houve contatos presidenciais também. Mas nenhum entendimento ainda surgiu. Pelo contrário, declarações públicas de diferentes setores, sírios e internacionais, sugerem um perigo iminente de uma nova escalada.”
O coordenador humanitário da ONU, Mark Lowcock, disse ao Conselho que pelo menos 100 civis foram mortos até agora este mês em ataques aéreos e terrestres no noroeste do país, 35 deles crianças.
Ele relatou que, embora as pessoas estejam tentando encontrar abrigo em áreas cada vez mais movimentadas, nenhum lugar é seguro. “Quase 50 mil pessoas estão vivendo sob árvores ou em outros espaços abertos”, disse ele.
“Recebo informações diárias de bebês e outras crianças morrendo no frio. Imagine a tristeza de um pai que escapou de uma zona de guerra com seu filho, apenas para ver esse filho morrer de frio.”
No início deste mês, os humanitários pediram 336 milhões de dólares adicionais para apoiar cerca de 800 mil pessoas através de operações transfronteiriças da Turquia. No entanto, Lowcock antecipou que eles solicitarão 500 milhões de dólares, já que o esforço de ajuda está agora “sobrecarregado” pelas necessidades crescentes.
“Estamos considerando todas as opções para aumentar o apoio no noroeste. Estamos trabalhando com o governo da Turquia para expandir a abertura da passagem da fronteira de Bab al-Hawa para sete dias por semana, a fim de aumentar o número de caminhões de ajuda que entram. Estamos pedindo ao governo da Síria permissão para uma missão de Damasco a áreas que eles assumiram recentemente, a fim de ver quem está lá e avaliar suas necessidades.”
Além da crise no noroeste, Pedersen citou “desenvolvimentos preocupantes” em outros lugares da Síria, incluindo hostilidades renovadas no norte rural de Alepo e “tensões não resolvidas” no nordeste.
“O ressurgimento do Estado Islâmico é muito preocupante, com ataques frequentes registrados no nordeste, na região desértica em torno de Homs e em outras áreas”, acrescentou.
“Na semana passada, uma declaração militar síria informou que as defesas aéreas do governo sírio responderam a ‘mísseis inimigos’ vindos do Golan sírio ocupado”.
Ele disse que esses desenvolvimentos são um lembrete de que a soberania, a integridade territorial e a independência da Síria continuam “seriamente comprometidas” pelo conflito.
O enviado sublinhou a posição da ONU de que o conflito sírio não pode ser resolvido por meios militares e que é necessário um processo político para avançar em direção a uma solução.
No entanto, ele informou que o progresso no Comitê Constitucional lançado no ano passado também permanece estagnado.
O Comitê é composto por igual número de representantes de governo, oposição e sociedade civil que elaborarão um novo roteiro político para a Síria no pós-guerra.
Os membros se reuniram em Genebra pela primeira vez em outubro, mas não puderam chegar a acordo sobre a agenda da segunda reunião, semanas depois.
Pedersen expressou esperança de que uma terceira sessão seja convocada em breve. Enquanto isso, ele continua a se envolver com as partes.
 
Posted: 19 Feb 2020 11:01 AM PST
O secretário-geral da ONU, António Guterres, segue a tradição de lavar as mãos e os pés no santuário de Gurdwara Kartapur Sahib, na província de Punjab, no Paquistão. Foto: ONU/Mark Garten
O secretário-geral da ONU, António Guterres, segue a tradição de lavar as mãos e os pés no santuário de Gurdwara Kartapur Sahib, na província de Punjab, no Paquistão. Foto: ONU/Mark Garten
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse na terça-feira (18) ter ficado emocionado com a demonstração de unidade religiosa que testemunhou no Paquistão depois de visitar uma mesquita, um templo sikh e o Corredor de Kartarpur, a passagem livre que permite aos sikhs viajar entre locais sagrados de cada lado da fronteira Índia-Paquistão.
“Este é um momento muito emocionante. É maravilhoso ver o diálogo inter-religioso”, disse o secretário-geral da ONU, na última etapa de sua visita de três dias ao Paquistão, onde desde domingo (16) pede ações climáticas e elogia a iniciativa do país de receber refugiados afegãos, assim como suas contribuições para as forças de paz da ONU.
Falando à imprensa na cidade de Katarpur, sua parada no corredor, o chefe da ONU disse: “é maravilhoso ver hoje, no mesmo santuário, sikhs, muçulmanos, cristãos, talvez hindus — todos adorando em harmonia e em paz.”
Kartarpur é uma cidade localizada na província de Punjab (Paquistão), na margem direita do rio Ravi. Diz-se que foi fundada pelo primeiro guru do sikhismo, Guru Nanak, em 1.504 dC, onde ele estabeleceu a primeira comunidade. O nome significa “lugar de Deus”.
Para facilitar o acesso sem visto aos peregrinos sikh indianos, o Corredor de Kartarpur foi estabelecido em setembro de 2018.
O chamado “Corredor da Paz” foi inaugurado em 9 de novembro de 2019 na véspera do 550º aniversário de nascimento de Guru Nanak. O corredor liga Gurdwara Kartarpur Saheb a Gurdwra Dera Baba Nanak, do outro lado da fronteira na Índia.
Ecoando esse sentimento de unidade e tolerância religiosa, Guterres chamou o Corredor de Kartarpur de “corredor de esperança”. Ele também visitou um gurdwara, ou Templo Sikh, e a Mesquita Badshahi em Lahore, e acrescentou: “quando vemos tantas partes do mundo lutando em nome da religião, é necessário dizer que as religiões nos unem pela paz, e o melhor símbolo é este santuário”.

‘Diversidade é uma bênção, não uma ameaça’

O secretário-geral da ONU há muito defende a importância do diálogo inter-religioso e da harmonia inter-religiosa para alcançar sociedades pacíficas.
“Este é o melhor símbolo que podemos dar para um mundo em paz e para um mundo em que haja respeito mútuo e aceitação entre diferentes”, disse Guterres a jornalistas na terça-feira, enfatizando que “a diversidade é uma bênção, uma riqueza, não uma ameaça”.
O secretário-geral da ONU aproveitou a oportunidade para prestar homenagem à contribuição da comunidade sikh em todo o mundo: “sou cristão, mas me sinto muito em casa quando estou em um santuário sikh, onde posso orar a Deus aqui junto com a comunidade sikh.”

ONU comprometida em ajudar Paquistão a erradicar a pólio

No início do dia, o secretário-geral da ONU visitou o jardim de infância em Lahore, onde participou da primeira campanha nacional de poliomielite do ano, destacando a importância de erradicar a doença do país.
Na escola, conheceu Yasmin Raashiv, ministro da Saúde da província de Punjab, junto a vários profissionais de saúde. Enquanto estava lá, o chefe da ONU apelou a todos os líderes, incluindo líderes religiosos e comunitários, para apoiar totalmente o governo do Paquistão e outros governos ao redor do mundo, de forma a garantir que a poliomielite possa um dia ser totalmente erradicada.
Ele também administrou vacinas contra a poliomielite em três estudantes.
O Paquistão, com a ajuda de agências e doadores internacionais, avançou na erradicação da poliomielite. No entanto, 110 casos relatados desde janeiro de 2019 causaram preocupações.
Mais tarde, Guterres twittou: “ganhos importantes foram feitos, mas precisamos de um esforço conjunto para erradicar esta terrível doença”.

Diálogo ONU75 em Lahore

Entre suas demais atividades no dia, houve uma animada discussão com os alunos da Universidade de Ciências da Administração de Lahore (LUMS).
Lá, ele destacou a importância dos diálogos da ONU75 que ocorrerão este ano, observando que, para o 75º aniversário da Organização, ele gostaria de falar e ouvir os jovens.
Desde janeiro de 2020, a campanha ONU75 iniciou os diálogos em todos os ambientes — de salas de aula a salas de diretoria, parlamentos e prefeituras. O objetivo é atingir o maior número de pessoas possível: ouvir suas esperanças e medos; e aprender com suas ideias e experiências. Qualquer pessoa pode participar da conversa global — fisicamente ou online, individualmente ou em grupo, em todas as regiões do mundo.
Guterres enfatizou que, no próximo ano, a ONU quer fazer com que as vozes dos jovens “sejam contadas na maneira como as decisões são tomadas, em que estratégias são estabelecidas, políticas são definidas e ações são implementadas”.
Ele também afirmou que o objetivo não é apenas um diálogo durante o aniversário da Organização, mas “estabelecer mecanismos na ONU de diálogo institucional e participação institucional que permitam aos jovens influenciar a maneira como as Nações Unidas moldam suas intervenções, decisões e estratégias”.
“E por que é tão importante que os jovens participem efetivamente da maneira como moldamos as decisões hoje? A principal razão para mim é que minha geração falhou em muitos aspectos, mas falhou essencialmente em três questões básicas que determinarão o futuro”, disse Guterres, citando falhas na mudança climática, em fazer a globalização funcionar para todos e garantir que as novas tecnologias sejam uma força para o bem.
Finalmente, ele disse: “eu acredito que os jovens devem ter uma voz fundamental, mas não apenas uma voz fundamental, um papel fundamental na formação do nosso futuro comum. E quero fazer do aniversário da ONU75 o momento em que tentarei falar o mínimo possível e ouvir o máximo possível.”
 
Posted: 19 Feb 2020 10:03 AM PST
O objetivo da oficina realizada pela OIM foi sensibilizar o setor privado para a inserção laboral de pessoas migrantes e refugiadas. Foto: OIM
O objetivo da oficina realizada pela OIM foi sensibilizar o setor privado para a inserção laboral de pessoas migrantes e refugiadas. Foto: OIM
Organização Internacional para as Migrações (OIM) realizou na terça-feira (18) a segunda capacitação do ano voltada à implementação de políticas para migrantes em situação de vulnerabilidade no mercado de trabalho. Desta vez, a atividade aberta ao público aconteceu em Rio Branco (AC).
O objetivo do evento foi sensibilizar o setor privado para a inserção laboral de pessoas migrantes e refugiadas. Na capital do Acre, também foram dados esclarecimentos sobre a estratégia de interiorização dos venezuelanos e venezuelanas, que os leva voluntariamente de Roraima a outros estados do Brasil visando uma melhor integração socioeconômica na sociedade brasileira.
O evento também contou com sessões de tira-dúvidas sobre direitos laborais por fiscais do trabalho e depoimentos de empresas e empregados sobre experiências de sucesso.
“Buscamos com essa abordagem combinada entre o apoio direto, o fortalecimento das habilidades dos migrantes e a sensibilização do setor privado e dos parceiros da sociedade civil contribuir para a integração econômica dos migrantes na sociedade brasileira ao longo prazo”, explicou o chefe de missão da OIM no Brasil, Stephane Rostiaux.
O Acre possui atualmente cerca de 2.600 migrantes internacionais, segundo dados da Polícia Federal e tem sido, ao longo dos últimos anos, uma rota importante para milhares de migrantes.
“Dentre as políticas que são de responsabilidade da Secretaria de Estado de Assistência Social, dos Direitos Humanos e de Políticas para as Mulheres (SEASDHM) do Acre está a política de apoio e promoção de direitos de migrantes e refugiados, e diante da crise mundial que assistimos, temos o dever humano e legal de acolher e integrar essas pessoas”, disse a diretora de políticas de direitos humanos da SEASDHM, Francisca Britto.
“A ideia de buscar a importante parceria com a OIM é exatamente essa, abrir caminhos para que essas pessoas possam ter autonomia financeira e um pouco da sua dignidade restaurada.”

Oficinas para a inserção laboral de migrantes

Inaugurada na capital paulista em dezembro de 2018, a formação realizada pela OIM passou em 2019 por Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Roraima, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Pernambuco. Mais de 500 pessoas já participaram da capacitação gratuita.
“No decorrer de 2019, a OIM realizou 14 oficinas em todas as regiões do país. Neste ano, começamos com Minas Gerais, com o objetivo de sensibilizar setor privado para promover o acesso dos migrantes ao mercado de trabalho com uma capacitação direcionada aos empregadores”, afirmou a assistente de projetos da OIM, Carla Lorenzi.
“Ao longo do ano, vamos intensificar nossas atividades de apoio ao governo brasileiro na integração econômica de imigrantes em situação de vulnerabilidade no Brasil”, declarou.
Em Rio Branco, a capacitação é realizada em parceria com a Secretaria de Estado de Assistência Social, dos Direitos Humanos e de Políticas para as Mulheres do Governo do Acre. O apoio financeiro é da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID).
 
Posted: 19 Feb 2020 09:50 AM PST
Clique para exibir o slide.Em um esforço coordenado entre Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), Polícia Federal e Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos do Pará, 106 indígenas venezuelanos da etnia Warao foram cadastrados nos últimos dois meses junto ao sistema SISCONARE como solicitantes de refúgio, sendo que 70 já tiveram seus protocolos emitidos.
O SISCONARE é a plataforma online por meio da qual se solicita o reconhecimento da condição de refugiado no Brasil. Também é o único meio pelo qual solicitantes podem se recadastrar junto ao Comitê Nacional para Refugiados (CONARE) e, consequentemente, renovar seu protocolo — documento de identificação de solicitantes de reconhecimento da condição de refugiado no Brasil, que tem a validade de um ano.
Os primeiros indígenas Warao vindos da Venezuela chegaram a Belém em 2017. A cidade atualmente acolhe um grupo de aproximadamente 500 indivíduos dessa etnia.
O constante deslocamento dessa população pela região Norte e as complexidades logísticas de Belém, associados aos desafios linguísticos dos Warao, tornam desafiador para a rede local de proteção atender suas necessidades de documentação.
Num contexto de resposta humanitária emergencial, o acesso a documentos é importante porque permite aos solicitantes ter um documento de identidade formalmente reconhecido no país de acolhida, facilitando a garantia de direitos, proteção internacional, serviços e oportunidades.
Como pontapé inicial dessa força-tarefa, que contou com vários atores locais, o ACNUR realizou treinamentos para 16 alunos do Centro Universitário do Estado do Pará (CESUPA) e dois técnicos de proteção da SEJUDH sobre acesso ao instrumento do refúgio via SISCONARE.
Após o registro, realizado no Núcleo de Práticas Jurídicas do CESUPA, foi possível realizar um mutirão de duas semanas junto à PF para documentar os Warao.
“O mutirão foi resultado de um trabalho interinstitucional e mostra a importância da atuação em rede para garantir a proteção efetiva a pessoas em situação de refúgio, em especial populações indígenas deslocadas que normalmente se encontram em situação de extrema vulnerabilidade”, explica Janaína Galvão, responsável pelas atividades do ACNUR no estado do Pará.
Para viabilizar a atividade, a Delegacia de Polícia de Imigração da Polícia Federal (DELEMIG) trouxe um agente cedido de outro estado para contribuir com o atendimento em maior escala.
Além disso, foi disponibilizada pela PF máquina digital para tirar as fotos 3×4 dos solicitantes, de forma que eles não precisassem arcar com os custos. Por fim, o transporte dos indígenas foi garantido pelos parceiros do governo.
Participaram também do mutirão a Fundação Papa João XXIII (FUNPAPA) e a Secretaria de Estado de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda do Pará (SEASTER).
“A partir de 2019, passamos a realizar o cadastramento no SISCONARE, mas não conseguimos atingir a totalidade de usuários. Ações como o mutirão de cadastramento são imprescindíveis para que possamos alcançar o maior número de pessoas”, diz Carlyle Martins, coordenador do núcleo de atendimento a migrantes e refugiados da FUNPAPA, que realiza atendimento socioassistencial a refugiados e migrantes desde 2017.
“O escritório do ACNUR em Belém foi aberto em 2019 para que fosse possível monitorar de perto o deslocamento dos Warao para o estado do Pará e prestar auxílio ao poder público na proteção e acolhimento dessa população. O mutirão promovido é um marco de sucesso do trabalho do ACNUR na região”, conclui Galvão.
 
Posted: 19 Feb 2020 09:27 AM PST
Foto: upslon/Flickr
Foto: upslon/Flickr
Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), no âmbito de seus programas Embaixadores da Juventude e Educação para a Justiça (E4J), participou da segunda edição da Conferência Internacional HeForShe UNL, promovida pela Universidade NOVA de Lisboa, de 15 a 16 de fevereiro.
Estiveram presentes no evento o assistente sênior de programas, Rodrigo Araujo, representando a iniciativa E4J, e Ronan Firmino, formado pela quarta edição do Programa Embaixadores da Juventude, em Belém do Pará (2019). Rodrigo e Ronan foram os únicos representantes brasileiros presentes na Conferência, que contou com a presença de mais de 100 participantes, entre estudantes e pesquisadores.
Em Lisboa, a rede de Embaixadores da Juventude foi convidada para compartilhar a perspectiva brasileira de prevenção à violência orientada por questões de gênero a partir de uma perspectiva da juventude masculina.
O jovem embaixador Ronan Firmino, selecionado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) e pelo Instituto Caixa Seguradora, destacou a importância de debater com diferentes setores da sociedade para fortalecer o combate à violência contra mulheres.
“Um erro que cometemos é quando nos limitamos aos nossos círculos, onde as pessoas pensam de forma similar e acabamos por não realizar a mudança necessária”, destacou o jovem paraense.
Firmino também ressaltou o papel de projetos sociais que promovam a autonomia feminina como estratégia de redução de desigualdades sociais, uma das causas primárias de situações de violência, sejam elas física ou psicológica.
No Brasil, dados de 2014 a 2018 mostram que, a cada quatro minutos, uma mulher é agredida por homens no país. Em 2017, a taxa de homicídios contra mulheres por parte de seus parceiros íntimos ou parentes foi de 4,26 mortes a cada 100 mil, frente a uma taxa mundial de 2,32 mortes, de acordo com o último Estudo Global sobre Homicídios publicado pelo UNODC.
Rodrigo Araujo destacou a necessidade de investimento em processos coordenados, integrados e multidisciplinares de prevenção à violência para promover uma mudança de comportamento duradoura.
A iniciativa Educação para a Justiça tem estimulado o desenvolvimento de valores e habilidades para a vida necessários para a redução de fatores de risco da violência e do comportamento violento, por meio da disponibilização de 200 materiais educativos formais e informais.
Para o UNODC, investir no segmento jovem, responsável pela tomada de decisão nas próximas gerações, é primordial para reduzir taxas de violência. Além disso, é necessária uma reforma holística em estruturas judiciais, processos penais, polícias e órgãos de persecução para se garantir o Estado de direito e a promoção de sociedades mais justas, inclusivas e sustentáveis.

Sobre a campanha HeForShe (“Eles por Elas”)

A campanha HeForShe (“Eles por Elas”, como conhecida no Brasil) é promovida pelas Nações Unidas com o intuito de fortalecer o compromisso e engajamento dos homens na promoção de sociedades mais justas e igualitárias para as mulheres.
Por meio de diálogos, campanhas de conscientização, advocacy e envolvimento em esferas políticas, a “Eles por Elas” tenta desconstruir a perspectiva de que homens não deveriam fazer parte de discussões sobre questões de gênero.
A iniciativa HeForShe também destaca a importância dos recortes de gênero a partir da Agenda 2030 das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável.
Onze dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), e aproximadamente ¼ de todos seus indicadores fazem referência direta a questões de gênero.
O ODS 16, relacionado à construção de sociedades justas e pacíficas, possui seis indicadores com tal recorte, uma vez que reconhece o papel central das mulheres na construção e promoção da paz, além da interconexão entre violência de gênero e outras práticas nocivas, como tráfico de pessoas, exploração sexual e até mesmo corrupção.
Também participaram do painel de discussão Marco Teixeira (oficial sênior do Programa Global do UNODC para a Implementação da Declaração de Doha (no qual a iniciativa E4J faz parte), o secretário de Estado de Portugal para a Educação, João Costa, o pró-reitor da Universidade NOVA de Lisboa, Luis Mergulhão e a representante da iniciativa HeForShe em Lisboa, Dussu Djabula.
 
Posted: 19 Feb 2020 08:53 AM PST
Foto: Rede Brasil do Pacto Global
Foto: Rede Brasil do Pacto Global
Já começou a procura pelos SDG Pioneers de 2020. A iniciativa do Pacto Global reconhece anualmente profissionais e lideranças empresariais que estão fazendo um trabalho de referência na promoção dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) por meio de sua própria empresa ou da mobilização do seu setor.
Neste ano, as redes do Pacto Global, incluindo a Rede Brasil, irão escolher um SDG Pioneer local, que irá concorrer à rodada global. Os ganhadores da etapa global serão reconhecidos na Assembleia Geral da ONU em setembro de 2020.
Para se inscrever, é preciso ser funcionário de uma empresa integrante da Rede Brasil do Pacto Global desde, pelo menos, setembro de 2019. Além disso, a empresa deve ter submetido ao menos uma Comunicação de Progresso (COP).
Além do Brasil, as redes locais participantes incluem Bangladesh, Gana, Marrocos, Tunísia, Índia, Holanda, Turquia, Canadá, Itália, Nigéria, Estados Árabes Unidos, China, Quênia, México, Reino Unido, Croácia, Líbano, África do Sul, Estados Unidos, Georgia, Malásia e Tailândia.
As inscrições da rodada local estão abertas até o dia 8 de abril. Mais informações na página dedicada ao programa.

Reconhecimento nacional

O Brasil já teve quatro profissionais reconhecidos na etapa global do SDG Pioneers: Sonia Favaretto, pioneira em 2016 pelo seu trabalho por um mercado de ações mais sustentável na B3; Ulisses Sabará, no mesmo ano, pela atuação na proteção da biodiversidade através da Beraca; Tania Consentino, em 2017, pelos projetos de sustentabilidade na Schneider; e Danielli Pieroni, reconhecida em 2018 pelo empoderamento econômico de refugiadas por meio da Foxtime.
Ano passado, a funcionária da Nestlé Juliana Oliveira foi escolhida pioneira na etapa local do SDG Pioneers por conscientizar seus colegas sobre a substituição de copos plásticos no ambiente de trabalho. Confira depoimentos de alguns pioneiros.
 
Posted: 19 Feb 2020 08:38 AM PST
Crianças transportam livros durante as inundações em Bangladesh em 2019. Foto: UNICEF
Crianças transportam livros durante as inundações em Bangladesh em 2019. Foto: UNICEF
Nenhum país está protegendo adequadamente a saúde das crianças, seu ambiente e seu futuro, constatou relatório divulgado nesta quarta-feira (19) por uma comissão de mais de 40 especialistas em saúde de crianças e adolescentes de todo o mundo. A comissão foi convocada por Organização Mundial da Saúde (OMS), Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e pela revista científica The Lancet.
O relatório “Um futuro para as crianças do mundo?” conclui que a saúde e o futuro de cada criança e adolescente em todo o mundo estão sob ameaça imediata por causa da degradação ecológica, das mudanças climáticas e de práticas de marketing que estimulam o consumo de alimentos ultraprocessados, bebidas açucaradas, álcool e tabaco.
“Apesar das melhorias na saúde da criança e do adolescente nos últimos 20 anos, o progresso parou e deve dar marcha à ré”, disse Helen Clark, ex-primeira ministra da Nova Zelândia e co-presidente da Comissão.
“Estima-se que cerca de 250 milhões de crianças menores de 5 anos em países de baixa e média renda correm o risco de não atingir seu potencial de desenvolvimento, com base em medidas proxy de baixa estatura e pobreza. Mas com uma preocupação ainda maior, cada criança no mundo todo agora enfrenta ameaças existenciais decorrentes das mudanças climáticas e das pressões comerciais”.
“Os países precisam revisar sua abordagem à saúde da criança e do adolescente, para garantir que não apenas cuidemos de nossas crianças hoje, mas também protejamos o mundo que eles herdarão no futuro”, acrescentou Clark.

Intensificação das mudanças climáticas

O relatório adotou um novo índice global de 180 países, comparando o desempenho no desenvolvimento de crianças, incluindo medidas de sobrevivência e bem-estar infantil, como saúde, educação e nutrição; sustentabilidade, como emissões de gases de efeito estufa, além de dados sobre desigualdade de renda.
Segundo o relatório, enquanto os países mais pobres precisam fazer mais para apoiar a capacidade de suas crianças viverem vidas saudáveis, as emissões excessivas de carbono — desproporcionalmente maiores entre os países mais ricos — ameaçam o futuro de todas as crianças.
Se o aquecimento global exceder os 4°C até o ano 2100, de acordo com as projeções atuais, isso levaria a consequências devastadoras para a saúde das crianças, devido ao aumento dos níveis dos oceanos, ondas de calor, proliferação de doenças como malária e dengue e desnutrição.
O índice mostra que crianças de Noruega, Coreia do Sul e Holanda têm as melhores chances de sobrevivência e bem-estar, enquanto crianças de República Centro-Africana, Chade, Somália, Níger e Mali enfrentam as piores chances.
No entanto, quando os autores levaram em consideração as emissões de CO2 per capita, os principais países ficaram para trás: a Noruega ficou em 156º, a Coreia do Sul em 166º e a Holanda em 160º. Cada um dos três emite 210% a mais de CO2 per capita do que sua meta para 2030. Estados Unidos, Austrália e Arábia Saudita estão entre os dez piores emissores.
“Mais de 2 bilhões de pessoas vivem em países onde o desenvolvimento é dificultado por crises humanitárias, conflitos e desastres naturais, problemas cada vez mais associados às mudanças climáticas”, disse o ministro Awa Coll-Seck, do Senegal, co-presidente da Comissão.
“Enquanto alguns dos países mais pobres têm uma das menores emissões de CO2, muitos estão expostos aos impactos mais severos de um clima em rápida mudança. Hoje, promover melhores condições para que as crianças sobrevivam e prosperem nacionalmente não tem de ter o custo de corroer o futuro das crianças globalmente”.
Os únicos países a caminho de atingir as metas de emissões de CO2 per capita até 2030, além de apresentar um desempenho razoável (entre os 70 principais) em medidas de crescimento infantil, são: Albânia, Armênia, Granada, Jordânia, Moldávia, Sri Lanka, Tunísia, Uruguai e Vietnã.

Marketing comercial

O relatório também destacou a ameaça às crianças representada pelo marketing. As evidências sugerem que crianças em alguns países veem até 30 mil anúncios apenas na televisão em um único ano, enquanto a exposição dos jovens a anúncios de cigarros eletrônicos aumentou mais de 250% nos EUA em dois anos, atingindo mais de 24 milhões de jovens.
O acadêmico Anthony Costello, um dos membros da comissão, disse: “a autorregulação da indústria falhou”. “Estudos em Austrália, Canadá, México, Nova Zelândia e EUA — entre muitos outros — mostraram que a autorregulação não prejudicou a capacidade comercial de anunciar para crianças”.
“Por exemplo, apesar de a indústria ter se autorregulado na Austrália, as crianças e os adolescentes ainda estavam expostos a 51 milhões de anúncios de álcool durante apenas um ano de futebol, críquete e rúgbi televisionados. E a realidade pode ser muito pior ainda: temos poucos fatos e números sobre a enorme expansão da publicidade em mídias sociais e algoritmos voltados para nossas crianças.”
A exposição das crianças ao marketing comercial de junk food e bebidas açucaradas está associada à compra de alimentos não saudáveis, sobrepeso e obesidade, vinculando o marketing predatório ao aumento alarmante da obesidade infantil. O número de crianças e adolescentes obesos aumentou de 11 milhões em 1975 para 124 milhões em 2016 — um aumento de 11 vezes, com terríveis custos individuais e sociais.

Um manifesto pela ação

Para proteger as crianças, os autores independentes da comissão pedem um novo movimento global impulsionado por e para crianças. As recomendações específicas incluem:
Interromper com extrema urgência as emissões de CO2, para garantir que as crianças tenham um futuro neste planeta;
Colocar crianças e adolescentes no centro de nossos esforços para alcançar o desenvolvimento sustentável;
Novas políticas e investimentos em todos os setores para trabalhar em prol da saúde e dos direitos da criança;
Incorporar as vozes das crianças nas decisões políticas;
Endurecer a regulamentação nacional de marketing comercial prejudicial, apoiada por um novo protocolo facultativo da Convenção sobre os Direitos da Criança.
Richard Horton, editor-chefe da série de periódicos The Lancet, disse: “a oportunidade é ótima”. “A evidência está disponível. As ferramentas estão à mão. De chefes de Estado a governantes locais, de líderes da ONU às próprias crianças, esta comissão apela ao nascimento de uma nova era para a saúde da criança e do adolescente. É preciso coragem e compromisso para entregá-la. É o teste supremo da nossa geração.”
“Da crise climática à obesidade e ao marketing comercial prejudicial, as crianças em todo o mundo estão enfrentando ameaças que eram inimagináveis apenas algumas gerações atrás”, disse Henrietta Fore, diretora executiva do UNICEF. “É hora de repensar a saúde infantil, que coloca as crianças no topo da agenda de desenvolvimento de todos os governos e coloca seu bem-estar acima de todas as considerações”.
“Este relatório mostra que os tomadores de decisão do mundo estão, com demasiada frequência, falhando com as crianças e os jovens de hoje: deixando de proteger sua saúde, deixando de proteger seus direitos e deixando de proteger seu planeta”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.
“Isso deve ser um alerta para os países investirem em saúde e desenvolvimento infantil, garantir que as vozes das crianças sejam ouvidas, proteger seus direitos e construir um futuro adequado para meninas e meninos”.
 
Posted: 19 Feb 2020 07:09 AM PST
Uma ilustração digital do coronavírus mostra sua aparência com formato de coroa. Foto: CDC
Uma ilustração digital do coronavírus mostra sua aparência com formato de coroa. Foto: Centro de Controle e Prevenção de Doenças
Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) anunciou um total de 23 casos confirmados da doença causada pelo novo coronavírus (COVID-19) na região das Américas. Até 18 de fevereiro, todos os casos foram notificados nos Estados Unidos (15) e no Canadá (8). O primeiro caso de COVID-19 importado para a região foi identificado no último dia 21 de janeiro nos Estados Unidos, no estado de Washington. Alguns dias depois, em 25 de janeiro, o Canadá confirmou seu primeiro caso, em Toronto.
Desde então, houve 23 casos confirmados do novo coronavírus na América do Norte. Não há registro de casos confirmados na América Latina e no Caribe.
De acordo com a mais recente atualização epidemiológica da OPAS sobre a nova doença, os 15 casos nos EUA foram notificados em seis estados: Arizona, Califórnia, Illinois, Massachusetts, Texas e Washington.
Do total de casos, 13 tinham histórico de viagem para a China e dois estavam entre os contatos próximos de casos confirmados anteriormente. Os dois últimos casos com histórico de viagens à China foram entre indivíduos em quarentena federal nos estados do Texas e da Califórnia.
No Canadá, os oito casos foram confirmados em duas províncias: Ontario (3) e Colúmbia Britânica (5).
Até 18 de fevereiro, 99% dos casos foram registrados na China (72.528 casos e 1.870 mortes) e o restante (804 casos e três mortes) em 25 outros países, incluindo dois nas Américas, de acordo com o último relatório de situação da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Preparação regional

As informações sobre casos suspeitos e confirmados na região são compartilhadas com a OPAS/OMS em conformidade com o Regulamento Sanitário Internacional (RSI). Os países têm desenvolvido e implementado planos nacionais de preparação e resposta para ativar medidas e ações intensificadas (bem como procedimentos operacionais padrão relacionados), em coordenação com a OPAS/OMS.
Nesse sentido, os países da região estão fortalecendo medidas para detectar precocemente e responder rapidamente a possíveis casos de COVID-19.
Entre essas medidas estão a ativação de mecanismos de coordenação multissetorial; vigilância ativa nos pontos de entrada; treinamento de profissionais de saúde sobre busca de contatos e definição de casos para casos suspeitos e confirmados; medidas de manejo de casos e de prevenção e controle de infecções em centros de saúde; treinamento de equipes de laboratório; distribuição de equipamentos de proteção individual para profissionais de saúde e outras pessoas que possam entrar em contato com casos suspeitos e confirmados; ativação/alerta de equipes de resposta rápida; e distribuição de materiais educacionais e de comunicação para aumentar a conscientização do público e neutralizar boatos (fake news) e desinformação.
Por meio de uma série de oficinas, a OPAS/OMS vem preparando laboratórios na região, a fim de que possam realizar o diagnóstico para detecção da doença. Espera-se que, até 21 de fevereiro, 29 laboratórios estejam prontos para detectar o COVID-19, com os CDC dos Estados Unidos, em Atlanta, sendo o laboratório de referência regional.
No caso de uma introdução do COVID-19 na região das Américas, espera-se que o impacto nos serviços de saúde seja alto, uma vez que os hospitais podem ficar sobrecarregados rapidamente com pacientes que precisam de isolamento e de cuidados em unidades de terapia intensiva.
Além disso, espera-se que suprimentos essenciais, como máscaras, respiradores, luvas e aventais cirúrgicos, sejam necessários em quantidades significativas –impactando nas reservas desses materiais e nos procedimentos da cadeia de suprimentos.
Com base no que se sabe atualmente sobre a doença, uma combinação de medidas de saúde pública, como identificação rápida, diagnóstico e manejo de casos; identificação e busca de contatos; prevenção e controle de infecção em centros de saúde; medidas de saúde para viajantes e a sensibilidade da população podem reduzir ou possivelmente interromper a cadeia de transmissão após a importação de um ou mais casos.
 

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