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sábado, 18 de janeiro de 2020

Posted: 17 Jan 2020 11:50 AM PST
Criança corre em meio a escombros no centro de Benghazi, na Líbia. Foto: UNICEF/Giovanni Diffidenti
Criança corre em meio a escombros no centro de Benghazi, na Líbia. Foto: UNICEF/Giovanni Diffidenti
O mundo não deve aceitar a situação “terrível e insustentável” enfrentada pelas crianças na Líbia, disse a chefe do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) nesta sexta-feira (17).
“As crianças na Líbia, incluindo crianças refugiadas e migrantes, continuam sofrendo gravemente em meio à violência e ao caos desencadeado pela guerra civil de longa data do país”, disse a diretora-executiva Henrietta Fore, em comunicado.
Desde abril do ano passado, quando eclodiram hostilidades renovadas nos arredores da capital Trípoli e no oeste da Líbia, as condições de milhares de crianças e civis se deterioraram, com ataques indiscriminados em áreas povoadas que causaram centenas de mortes.
O UNICEF recebeu relatos de crianças mutiladas, mortas e também recrutadas para lutar, disse Fore.
Desde a queda do presidente Muammar Kadafi, em 2011, a Líbia está sofrendo instabilidade e colapso econômico, apesar de suas grandes reservas de petróleo.
Milhares foram mortos em combates entre facções do auto-denominado Exército Nacional da Líbia (LNA) comandado por Khalifa Haftar, com sede no leste, e o governo reconhecido pela ONU em Trípoli, localizado no oeste.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, participará no domingo (19) em Berlim de uma cúpula internacional com a presença do primeiro-ministro do governo líbio reconhecido pelas Nações Unidas e do comandante Haftar, na esperança de estabelecer um cessar-fogo permanente.
Enquanto isso, nos últimos oito meses, mais de 150 mil pessoas — incluindo 90 mil crianças — foram forçadas a deixar suas casas e agora estão deslocadas internamente.

Ampla destruição

Fore destacou que os ataques também tiveram como alvo a “infraestrutura essencial da qual as crianças dependem para seu bem-estar e sobrevivência”.
“Quase 30 unidades de saúde foram danificadas nos combates, forçando o fechamento de 13”, lamentou, acrescentando que ataques e a ameaça de violência levaram ao fechamento de escola, deixando quase 200 mil crianças sem aulas.
Além disso, os sistemas de água foram atacados e o sistema de gerenciamento de resíduos praticamente entrou em colapso, aumentando muito o risco de doenças transmitidas pela água, incluindo o cólera.
“As 60 mil crianças refugiadas e migrantes atualmente em áreas urbanas também estão terrivelmente vulneráveis, especialmente as 15 mil que não estão acompanhadas e são mantidas em centros de detenção”, continuou ela. “Essas crianças já tinham acesso limitado a proteção e serviços essenciais; portanto, o conflito intensificado apenas ampliou os riscos que elas enfrentam.”

Fornecimento de ajuda

O UNICEF e seus parceiros no terreno estão apoiando crianças e famílias, fornecendo acesso a cuidados de saúde e nutrição, proteção, educação, água e saneamento.
“Também estamos ajudando crianças refugiadas e migrantes, inclusive aquelas mantidas em centros de detenção”, declarou. “Infelizmente, ataques contra a população civil e a infraestrutura, bem como contra profissionais humanitários e de saúde, estão tentando minar os esforços humanitários.”
Fore exortou todas as partes envolvidas no conflito e aqueles que têm influência sobre elas a proteger as crianças, encerrar o recrutamento de crianças, interromper os ataques contra a infraestrutura civil e permitir “acesso humanitário seguro e desimpedido a crianças e pessoas necessitadas”.
“Apelamos também às autoridades líbias para que ponham fim à detenção de crianças refugiadas e migrantes e que busquem ativamente alternativas seguras e dignas à detenção”, disse a chefe do UNICEF.
Antes da cúpula em Berlim, Fore pediu às partes em conflito e às pessoas com influência sobre elas “que alcancem urgentemente um acordo de paz abrangente e durável em prol de todas as crianças na Líbia”.
 
Posted: 17 Jan 2020 11:07 AM PST
O chefe da ONU visitou o memorial intitulado "A Breath" (um suspiro), que saiu de Porto Príncipe e agora fica na sede da ONU no centro de Manhattan. Foto: ONU
O chefe da ONU visitou o memorial intitulado “A Breath” (um suspiro), que saiu de Porto Príncipe e agora fica na sede da ONU no centro de Manhattan. Foto: ONU
Mais de 200 mil haitianos que morreram no devastador terremoto que atingiu a nação insular há dez anos foram homenageados nesta sexta-feira (17) em uma cerimônia solene na sede da ONU, em Nova Iorque. A homenagem incluiu os 102 funcionários das Nações Unidas vitimados pela tragédia.
Os haitianos estavam começando um novo ano com otimismo, lembrou o secretário-geral da ONU, António Guterres, durante a cerimônia, mas “em alguns segundos, suas esperanças se transformaram em pó”.
“Nunca esquecerei o choque e a tristeza em todo o mundo e nas Nações Unidas quando a escala da tragédia ficou clara”, acrescentou.
Embora o dia 12 de janeiro de 2010 tenha sido um dos mais sombrios de sua história, o Haiti “se baseou na coragem e determinação de seu povo e na assistência de seus muitos amigos. As estradas foram limpas, as casas foram reconstruídas, as escolas foram reabertas, as empresas voltaram ao trabalho”, observou Guterres.
O chefe da ONU teve um momento em seu discurso para refletir sobre vários aspectos dos esforços das Nações Unidas no Haiti que causaram mais danos do que benefícios, lembrando a epidemia de cólera que começou em 2010, que se acredita ter sido importada por forças de paz.
“Entre os muitos desafios, as Nações Unidas lamentam profundamente a perda de vidas e o sofrimento causados ​​pela epidemia de cólera. Dou boas-vindas ao progresso significativo que foi feito para eliminar a doença. Também estamos comprometidos com a resolução de casos pendentes de exploração e abuso sexual”, afirmou Guterres.
Ele também observou a falta de progresso em termos de desenvolvimento econômico, político e social do Haiti, com uma crise de liderança nos últimos meses lançando a nação em turbulências. “Hoje, a insegurança e o lento crescimento econômico estão contribuindo para o aumento das tensões sociais e a deterioração da situação humanitária.”
“Peço aos haitianos que resolvam suas diferenças através do diálogo e resistam a qualquer escalada que possa reverter os ganhos da década passada.”
Ele disse que o novo Escritório Integrado no Haiti (BINUH), que substituiu a operação de manutenção da paz e as 19 agências, fundos e programas presentes no país, “continuará trabalhando em parceria com o povo haitiano no caminho da recuperação e da prosperidade”.
A capital haitiana, Porto Príncipe, foi amplamente danificada pelo terremoto de janeiro de 2010. Foto: ONU
A capital haitiana, Porto Príncipe, foi amplamente danificada pelo terremoto de janeiro de 2010. Foto: ONU

Funcionários da ONU mortos

Antes da cerimônia, o chefe da ONU visitou o memorial intitulado “A Breath” (um suspiro), que saiu de Porto Príncipe e agora fica na sede da ONU no centro de Manhattan.
“Agradeço o escultor Davide Dormino e todos que ajudaram a transportá-lo. Fiquei particularmente impressionado com o uso de escombros do Hotel Christopher, onde muitos de nossos colegas morreram.”
Ele disse que os funcionários da ONU que morreram no Haiti estavam no país “para ajudar a construir a estabilidade e a prosperidade e consolidar a paz e a segurança com parceiros internacionais, nacionais e locais”. “Entre eles estavam conselheiros políticos, oficiais políticos, humanitários, especialistas em desenvolvimento, oficiais de segurança, soldados, advogados, motoristas e médicos.”
“Quando o terremoto ocorreu, muitos funcionários das Nações Unidas participaram de operações de busca e resgate e levaram pessoas feridas para o complexo das Nações Unidas. Alguns tiveram o difícil trabalho de acompanhar o corpo de um colega para a casa de seus entes queridos, para enterro ou cremação.”
A tragédia reuniu o Haiti e a ONU, disse Guterres, “e nunca esqueceremos”.
A melhor maneira de honrar a memória dos mortos seria “trabalhando ao lado do povo e do governo do Haiti e com os amigos e apoiadores do país em toda a comunidade internacional”.
“Juntos, protegeremos o futuro do Haiti e construiremos vidas de paz, prosperidade e dignidade para todos os haitianos”, concluiu.

‘Mantenha viva a chama da solidariedade’

Falando em nome do governo haitiano, Patrick Saint-Hilaire, da Missão da ONU, disse que dez anos depois, os sinais do terremoto “ainda são evidentes em todos os lugares”.
Ele disse que o corajoso povo do Haiti ainda está “pagando profundamente” pela “adversidade que se abateu sobre o país” desde então.
Agradecendo à ONU e a todos os que se uniram ao Haiti em solidariedade após o desastre, ele declarou que agora “cabe a nós haitianos, antes de tudo, assumir a responsabilidade pelos desafios atuais e tomar a iniciativa necessária para melhorar o estado de saúde de nossa nação”. “Hoje, porém, mais do que nunca, nosso país precisa continuar a criar solidariedade, nacional e internacional, concreta e consistente com as aspirações do povo haitiano.”
Há “muito trabalho a ser feito”, disse ele, acrescentando que, como marca o 10º aniversário, “não é tarde demais para aceitar o desafio da reconstrução completa do Haiti”.
 
Posted: 17 Jan 2020 10:25 AM PST
Programas de alimentação escolar podem contribuir para combater a má nutrição no mundo. Foto: WFP
Programas de alimentação escolar podem contribuir para combater a má nutrição no mundo. Foto: WFP
Uma em cada três pessoas no mundo está malnutrida. E isso pode mudar em breve para uma em cada duas pessoas, se continuarmos com os negócios como de costume, com impactos negativos na saúde e no bem-estar das populações.
Dado o aumento acentuado da carga dupla da má nutrição entre crianças em idade escolar (a coexistência de sobrepeso e obesidade juntamente com a desnutrição), as escolas representam um importante ponto de entrada para uma melhor nutrição.
Os programas de alimentação escolar oferecem uma oportunidade de transformar os sistemas alimentares, ajudando a estabelecer hábitos saudáveis ​​entre as crianças e fomentando cadeias alimentares sustentáveis.
Historicamente, os programas de alimentação escolar foram encarados com ceticismo. No entanto, exemplos em lugares como Brasil, Senegal e Honduras provam, de fato, que são programas orientados para o futuro.
Os programas de alimentação escolar sensíveis à nutrição são um investimento para crianças, famílias, comunidades e nações. Além disso, as intervenções escolares ajudam a maximizar o potencial de outros investimentos em nutrição feitos durante os primeiros 1 mil dias de vida. Também são essenciais para promover o desenvolvimento do capital humano durante os primeiros 8 mil dias da vida de uma criança.
Essas descobertas foram apresentadas recentemente em evento ocorrido durante o 46º Comitê de Segurança Alimentar Mundial (CFS), realizado em Roma, na Itália, em outubro passado.
A sessão intitulada “Investindo nas escolas para obter um impacto nutricional sustentável” foi organizada pelo Centro de Excelência contra a Fome do Programa Mundial de Alimentos (WFP) das Nações Unidas, em parceria com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e a Agência Brasileira de Cooperação (ABC).
O foco do evento foi apresentar exemplos práticos de como diferentes países implementaram programas de alimentação escolar e quais inovações foram aplicadas para torná-los sensíveis à nutrição.
Os exemplos destacaram o potencial dos programas de alimentação escolar para promover dietas mais saudáveis ​​e uma melhor nutrição entre crianças em idade escolar e suas famílias.
Também mostram como tais programas transcenderam evidências anedóticas e passaram a ser considerados mecanismos de promoção do desenvolvimento infantil e da prosperidade das nações.

Experiência dos países

O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) é administrado pelo FNDE e provou ser uma fonte significativa de boas práticas na área. Em 2018, o FNDE lançou um kit de ferramentas com o objetivo de melhorar a transparência, a participação e o monitoramento da oferta de alimentação escolar no Brasil.
Entre essas ferramentas, uma das mais inovadoras é o e-PNAE — um aplicativo que permite que pais, alunos, professores, nutricionistas, orientadores de alimentação escolar e membros da comunidade acompanhem e avaliem a qualidade da merenda escolar oferecida em todas as escolas públicas do país.
Além desse aplicativo, o governo também desenvolveu uma ferramenta chamada “Monitorando o PNAE”, que visa padronizar o monitoramento do programa em todo o Brasil.
Outra experiência em gestão de alimentação escolar na América Latina se destaca. As Mancomunidades em Honduras são entidades associativas públicas, compostas por grupos de municípios. Desde 2016, eles implementam o Programa Nacional de Alimentação Escolar, em parceria com o WFP.
Além de aprimorar o gerenciamento e a implementação da alimentação escolar em Honduras, essa estrutura associativa promove o desenvolvimento comunitário integral, trabalhando com pequenos agricultores para atender a demanda por alimentos frescos nas escolas. O Mancomunidades recebeu o status de iniciativa modelo da FAO.
No Senegal, um aplicativo inovador chamado Nutrifami foi introduzido recentemente com o apoio do WFP. A plataforma tem como alvo diretores de escolas e cozinheiros, e inclui ilustrações e orientações sobre armazenamento, higiene e nutrição. Uma das características dessa ferramenta é o uso de gravações de áudio no Wolof (que a torna acessível para usuários analfabetos).
Ao explorar esses exemplos de boas práticas na melhoria dos padrões nutricionais por meio da alimentação escolar, esse evento paralelo promoveu trocas Sul-Sul, impulsionando o desenvolvimento de Diretrizes Voluntárias do Comitê de Segurança Alimentar Mundial (CFS) sobre sistemas alimentares e nutrição. Isso foi feito destacando políticas e ações coerentes nas quais as escolas têm sido um ponto de entrada para a transformação do sistema alimentar.

Condições de sucesso

Os participantes da sessão lembraram que os programas de alimentação escolar só podem alcançar impactos de longo prazo com desenho inteligente, de forma a lidar com questões nutricionais inter-relacionadas; financiamento seguro e contínuo, que garanta a manutenção e a ampliação do programa; bem como ações que promovam a propriedade da comunidade, adaptadas à cultura alimentar local.
Por fim, para que os resultados da alimentação escolar sejam mantidos, é imperativo que os formuladores de políticas adotem uma abordagem do ciclo de vida para o desenvolvimento infantil que olhe além dos primeiros 1 mil dias de vida.
Outros fatores a serem considerados na implementação bem-sucedida de programas de alimentação escolar são: promoção da coordenação multissetorial dentro dos governos e com parceiros externos; implementação da educação nutricional em todos os níveis escolares; treinamento e capacitação de governos; criação de fortes estruturas legais e políticas; construção de sistemas de monitoramento eficientes; e benchmarking com experiências internacionais por meio da Cooperação Sul-Sul.

Sobre o CFS

O Comitê de Segurança Alimentar Mundial (CFS) é uma plataforma intergovernamental para todas as partes interessadas trabalhar juntas para garantir a segurança alimentar e a nutrição para todos.
O Comitê se reporta à Assembleia Geral da ONU por meio do Conselho Econômico e Social (ECOSOC) e à Conferência da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
A cada ano, mais de 100 partes interessadas se reúnem na sede da FAO em Roma para uma semana inteira de aprendizado através de sessões plenárias e eventos paralelos.
O tema do ano passado foi “Acelerando o progresso do ODS 2 para alcançar todos os ODS”. O evento destacou a erradicação da fome como indispensável para a promoção do desenvolvimento sustentável em todo o mundo, com discussões focadas em questões relacionadas à dupla carga de má nutrição, desperdício de alimentos e inovações em programas alimentares.
 
Posted: 17 Jan 2020 09:00 AM PST
Salem, refugiado sírio, colhe rosas com sua esposa e filhos em um campo atrás de sua casa, no Vale do Bekaa, no Líbano. Foto: ACNUR/ Houssam Hariri
Várias vezes por semana, quando as rosas estão em plena floração, o refugiado sírio Salem al-Azouq e sua família se levantam ao amanhecer para a colheita manual no Vale do Bekaa, no Líbano. As vívidas flores cor de rosa ficam mais perfumadas no ar fresco da manhã.
Juntos, eles percorrem o campo, que fica atrás do abrigo onde moram, e escolhem cuidadosamente as flores maiores. Elas são colocadas em baldes de plástico para reter a umidade e ficam prontas para serem transformadas em uma variedade de produtos com cheiro de rosas.
“Meus filhos adoram escolher as rosas. Eles competem para ver quem escolhe as mais bonitas. Depois, separam as que são boas para fazer geleia e as que são boas para fazer xarope”, explica Salem.
Além de garantir o sustento da família, as flores mantêm viva a conexão com sua terra natal. Durante a maior parte de sua vida, Salem trabalhou com o pai em sua fazenda em Damasco. Eles cultivavam as famosas “rosas de damasco”, que levam o nome da capital da Síria.
Em 2012, quando o conflito forçou Salem e sua família a deixar a Síria e se mudar para o Líbano como refugiados, ele levou consigo centenas de sementes. Apenas 35 mudas floresceram, mas graças à sua experiência, conseguiu transformá-las em milhares de arbustos cor de rosa que agora crescem atrás de sua casa.
“É um alívio para a alma e para a mente, porque continuo trabalhando no campo, apesar de morar em um país diferente”, diz.
Desde que começou a plantar no Vale do Bekaa, Salem conseguiu cultivar suas rosas sem fertilizantes ou pesticidas químicos, garantindo que seu produto final seja orgânico.
Salem e sua esposa Nahla usam as delicadas pétalas para fazer os próprios xaropes, geleias de rosas e água de rosas perfumada, as quais vendem localmente. Eles também fornecem flores secas a granel para fábricas locais que produzem chá de rosas.
“Colhemos duas ou três vezes por semana, dependendo do mês. A melhor época é entre abril e novembro”, explica. “O máximo que colhi em uma semana foi 150 kg e o mínimo 22 kg.”
No auge da estação, as rosas também são uma fonte de renda para outras famílias. Salem compartilha o trabalho com até 25 pessoas por vez. Refugiados sírios ajudam na colheita e libaneses que possuem pequenos caminhões transportam as flores secas e outros produtos à venda.
Fora da estação, Salem realiza oficinas para refugiados e cidadãos locais para ensiná-los sobre técnicas de agricultura orgânica e fabricação de fertilizantes a partir do lixo doméstico.
A agricultura é um dos poucos setores em que os refugiados sírios podem trabalhar legalmente no Líbano. De acordo com um estudo realizado pela ONU em 2018, a atividade foi a segunda maior fonte de emprego para refugiados sírios em 2019, ficando atrás apenas da construção civil.
O Vale do Bekaa é o coração agrícola do Líbano e abriga a maior parcela (cerca de 37,5%) dos 916.000 refugiados sírios registrados no país. A região proporciona uma oportunidade vital de emprego às famílias em dificuldade.
Apesar de poder sustentar sua família no Líbano, Salem ainda quer voltar para seu país natal, a Síria.
“O cheiro das rosas me fazem lembrar de casa”, disse. “De manhã, quando olho para as minhas rosas, sempre acho que elas teriam um futuro melhor lá.”
 
Posted: 17 Jan 2020 08:09 AM PST
A abordagem racial do Justiça Presente busca incidir em todo o ciclo penal, desde o momento do encarceramento até a saída do sistema. Foto: Agência CNJ/Gláucio Dettmar
A abordagem racial do Justiça Presente busca incidir em todo o ciclo penal, desde o momento do encarceramento até a saída do sistema. Foto: Agência CNJ/Gláucio Dettmar
Consultores alocados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) nas 27 unidades da federação para fortalecer as audiências de custódia em todo o país participam nesta semana, em Brasília (DF), de atividades de treinamento, debates e avaliação das atividades realizadas em campo.
A ação faz parte do programa Justiça Presente, parceria entre o CNJ e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), com apoio do Ministério da Justiça e Segurança Pública, para superar problemas estruturais no sistema prisional e socioeducativo. As ações em audiência de custódia são coordenadas em conjunto com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).
Na abertura do encontro, o coordenador do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário (DMF/CNJ), Luís Geraldo Lanfredi, exaltou o trabalho realizado nos seis meses iniciais do projeto.
“O CNJ trabalha para dar mais suporte à atuação dos consultores e permitir que todos possam fazer a diferença e contribuir para o aperfeiçoamento das realidades locais, garantindo uma Justiça mais próxima e efetiva para o cidadão”, declarou.
Segundo a representante-residente assistente do PNUD no Brasil, Maristela Baioni, o Justiça Presente é um projeto inovador dentro de um contexto complexo e com prazo de execução exíguo, motivando importante compromisso para as entregas e realizações deste ano.
“O PNUD Brasil agradece a parceria com o UNODC na estratégia para as audiências de custódia, racionalizando a porta de entrada do sistema carcerário brasileiro”, disse.
A nova diretora do UNODC no Brasil, Elena Abbati, destacou o trabalho conjunto entre a instituição e os outros parceiros do Justiça Presente. “No país que conta com a terceira maior população carcerária do mundo, temos nessa conquista uma oportunidade de racionalizar a porta de entrada de um sistema oneroso”, afirmou.
“O UNODC reitera o compromisso de parceria com o governo brasileiro e agências da ONU no marco da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável, que reconhece a importância do Estado de Direito e de um sistema penal efetivo e eficiente. Que os aprendizados resultem em ações eficazes e concretas, consolidando o avanço para garantia de direitos e efetiva execução das audiências de custódia.”

Programação

Coordenador da Unidade de Estado de Direito do UNODC, Nívio Nascimento apresentou a programação da semana, que envolve as ações principais da iniciativa das audiências de custódia.
Nestes cinco dias de atividades, a equipe nacional e os consultores trarão reflexões sobre os aprendizados da primeira fase do projeto e identificarão novas necessidades, além de construir o planejamento da implementação das estratégias locais.
Os consultores terão atividades voltadas para temas como questões raciais nas audiências de custódia e parametrização jurídica do instituto. Proteção social e prevenção e combate à tortura também serão abordados, assim como arquitetura judicial para a realização das audiências.
Todos são temas de consultorias especializadas que estão sendo desenvolvidas no âmbito do Justiça Presente. Juntamente aos aspectos técnicos, serão apresentadas experiências locais e que podem ser replicadas em outros Estados.

Histórico

As audiências de custódia foram instituídas como política nacional pelo CNJ, com implantação nas 27 unidades da federação entre fevereiro e outubro de 2015 e posterior publicação de regras para seu funcionamento (Resolução CNJ nº 213/2015).
Elas consistem na apresentação do preso em flagrante a um juiz no prazo de 24 horas. Após a audiência, o magistrado decide se o custodiado deve responder ao processo preso ou em liberdade, podendo ainda decidir pela anulação da prisão em caso de ilegalidade.
Por colocar o magistrado em contato com o custodiado no momento da prisão, essas audiências facilitam a comprovação de casos de tortura e maus tratos, geralmente pouco notificados.
O Justiça Presente trabalha para dar cumprimento à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) na ADPF 347/2015 e para fortalecer o modelo difundido pelo CNJ, sensibilizando atores do sistema de Justiça e de segurança pública, como juízes, promotores, defensores públicos e policiais para substituírem a prisão preventiva por outras ações mais adequadas sempre que possível, como medidas cautelares e monitoração eletrônica.
Além de reduzir a superlotação — mais de um terço da população carcerária do país é de presos provisórios —, a medida busca evitar a exposição de pessoas não violentas que sequer foram condenadas a presos condenados por crimes mais graves, incluindo integrantes de facções criminosas.
 
Posted: 17 Jan 2020 07:35 AM PST
Clique para exibir o slide.Dois mil e vinte é um ano decisivo para os tomadores de decisão que lidam com as emergências climáticas e seus efeitos sobre a biodiversidade, assim como para a humanidade como um todo, que precisa prestar atenção nos impactos do aquecimento global sobre os sistemas planetários.
O ano terá dois grandes eventos, conhecidos como “conferências das partes”, sobre a biodiversidade e o clima. Na conferência sobre biodiversidade, as partes chegarão a um acordo e apresentarão um novo conjunto de metas de proteção da natureza para a próxima década.
Uma série de documentos científicos recentes, e principalmente o relatório da Plataforma Intergovernamental Político-Científica de Biodiversidade e Ecossistemas de 2019, afirmou que espécies de plantas e animais estão morrendo a taxas nunca antes vistas e que, apesar de todos os esforços, as temperaturas globais estão subindo.
No início de 2020, grandes incêndios florestais, como os da Austrália, foram noticiados. “Embora os incêndios florestais possam fazer parte de alguns ecossistemas, as mudanças climáticas induzidas pelos seres humanos os tornam mais frequentes, maiores e mais generalizados”, diz Pascal Peduzzi, diretor do Banco de Dados de Informações Globais do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
“O aumento dos incêndios florestais tem um duplo impacto na biodiversidade e no clima”, afirmou Peduzzi, que também é gerente de programa da Sala de Situação Mundial do Meio Ambiente do PNUMA.
Nos incêndios florestais no sudoeste da Austrália, em um verão de temperaturas recordes, secas e ventos fortes, mais de 1 bilhão de animais foram mortos, muitos ficaram feridos e enfrentaram falta de água e alimentos.
Um relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas de 2018 apontou que clima da região está mudando. “A região continua demonstrando tendências de longo prazo em direção a temperaturas mais altas do ar e da superfície do mar, mais calor extremo e menos de frio extremo e mudanças nos padrões de precipitação.”
“Nos últimos 50 anos, o aumento das concentrações de gases de efeito estufa contribuiu para o aumento da temperatura média na Austrália e na Nova Zelândia, e para a diminuição das chuvas no sudoeste da Austrália.”
A crise climática já chegou e está piorando. O Relatório sobre a Lacuna de Emissões de 2019 do PNUMA alertou que, a menos que as emissões globais de gases de efeito estufa caiam 7,6% ao ano entre 2020 e 2030, o mundo perderá a oportunidade de seguir o caminho da meta de temperatura de 1,5°C do Acordo de Paris.
A Austrália não é o único país a registrar incêndios graves recentemente. Incêndios florestais generalizados ocorreram nos últimos anos em florestas na Indonésia, em Portugal, na Califórnia e até no Ártico.
“Prevê-se que os incêndios aumentem em muitas regiões do mundo sob um clima em mudança. Reduzir as emissões de gases de efeito estufa relacionados à floresta é essencial para mitigar as mudanças climática”, diz Johan Kieft, especialista em ecossistemas e incêndios florestais do PNUMA.
“O setor florestal oferece um potencial significativo para mitigação das emissões de gases de efeito estufa”, acrescenta ele.
Para aproveitar esse potencial, as partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima desenvolveram a abordagem Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD+), fornecendo incentivos para os países reduzirem as emissões do desmatamento e degradação, gerenciar florestas de forma sustentável, conservar e melhorar a estocagem de carbono florestal.
“Os impactos das mudanças climáticas nos incêndios florestais foram amplamente negligenciados nas negociações para o REDD+”, diz Kieft. “Eles são o elo que falta nos planos dos países para conter o aquecimento global”.
O que precisamos fazer, diz Kieft, é levar em conta nesses programas o gerenciamento integrado de incêndios, incluindo as contribuições nacionalmente determinadas, estabelecidas na Convenção.
A biodiversidade terrestre do mundo está concentrada nas florestas: elas abrigam mais de 80% de todas as espécies terrestres de animais, plantas e insetos. Assim, quando as florestas queimam, a biodiversidade, da qual os seres humanos dependem para sua sobrevivência a longo prazo, também desaparece.
De incêndios e secas severas, como as que estão ocorrendo no Zimbábue, às ondas de calor marinhas que estão causando a destruição em massa de corais, com mais de um milhão de espécies atualmente em extinção, os eventos climáticos extremos tornaram-se um motivo de preocupação crescente para a sobrevivência das espécies.
Eventos de branqueamento de recifes de coral tornaram-se cinco vezes mais comuns em todo o mundo nos últimos 40 anos, segundo uma nova pesquisa, e as mudanças climáticas desempenham um papel significativo nesse aumento.
“Estima-se que 50% dos corais do mundo tenham morrido nos últimos 30 anos, e isso deve subir para 90% com o aquecimento de 1,5°C e até 99% com o aquecimento de 2°C” diz Gabriel Grimsditch, especialista em corais do PNUMA.
“O aquecimento induzido pela atividade humana está desempenhando um papel nos incêndios florestais australianos. Como tal, são necessários cortes mais profundos nas emissões de gases de efeito estufa se quisermos conter ou evitar futuros incêndios florestais extremos”, afirma Max Gomera, especialista em biodiversidade do PNUMA.
“A Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, realizada em novembro de 2020 em Glasgow, é literalmente uma oportunidade única na vida dos líderes mundiais para se posicionar sobre a crise climática e natural”, acrescentou.
A Década das Nações Unidas sobre Restauração de Ecossistemas 2021-2030, liderada por Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e parceiros abrange os ecossistemas terrestres, costeiros e marinhos.
 
Posted: 17 Jan 2020 07:06 AM PST
Um homem caminha no meio de edifícios destruídos no centro de Porto Príncipe no Haiti, que sucumbiu ao terremoto de 12 de janeiro de 2010. Foto: MINUSTAH/Marco Dormino
Um homem caminha no meio de edifícios destruídos no centro de Porto Príncipe no Haiti, que sucumbiu ao terremoto de 12 de janeiro de 2010. Foto: MINUSTAH/Marco Dormino
Funcionários das Nações Unidas reúnem-se nesta sexta-feira (17) na sede da ONU, em Nova Iorque, para prestar uma homenagem a todos que perderam a vida no terremoto do Haiti, há dez anos.
Em 12 de janeiro de 2010, um tremor de 7 graus de magnitude matou mais de 222 mil pessoas, incluindo 102 trabalhadores da ONU que serviam na Missão de Estabilização do Haiti, a MINUSTAH.
Após a cerimônia, o secretário-geral da ONU, António Guterres, deve participar da inauguração de um monumento em memória dos que perderam a vida no terremoto, localizado nos jardins da ONU.
Em mensagem para a ocasião, Guterres disse que a data serve para lembrar “as centenas de milhares de haitianos que perderam suas vidas e os milhões afetados gravemente”.
Entre os funcionários da ONU mortos no terremoto estava o vice-chefe da Missão, o brasileiro Luiz Carlos da Costa. Ao todo, 20 brasileiros perderam a vida no terremoto.

Resiliência

Segundo o secretário-geral da ONU, na última década, “o Haiti se valeu da resiliência do seu povo e do apoio de muitos amigos para vencer este desastre.”
Ele afirmou que o Haiti “está se esforçando para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, incluindo o reforço das instituições tão cruciais para o bem-estar e para a prosperidade do seu povo.”
O secretário-geral da ONU aproveitou a data para renovar “o compromisso das Nações Unidas em ajudar o Haiti e o seu povo na construção de um futuro melhor.” Ele expressou seus sentimentos a todos que perderam familiares, amigos e entes queridos no terremoto.

 

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