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quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Posted: 28 Jan 2020 11:08 AM PST
A taxa de desemprego latino-americana e caribenha deve ficar em 8,1% em 2019, segundo a OIT. Foto: Arisson Marinho/AGECOM
A taxa de desemprego latino-americana e caribenha deve ficar em 8,1% em 2019, segundo a OIT. Foto: Arisson Marinho/AGECOM
Os mercados de trabalho da América Latina e do Caribe atravessam um momento de incerteza que se reflete em um ligeiro aumento da taxa de desemprego regional e em sinais de precariedade do emprego que podem se agravar em 2020, disse a Organização Internacional do Trabalho (OIT) nesta terça-feira (28), ao apresentar a nova edição de seu relatório anual Panorama Laboral.
“A situação do mercado de trabalho é complexa”, disse o diretor regional a.i. da OIT, Juan Hunt, ao apresentar na capital peruana o “Panorama Laboral da América Latina e do Caribe 2019” (em espanhol).
A taxa de desemprego média regional estimada para 2019 é de 8,1%, praticamente estável frente aos 8% de 2018. Esse percentual corresponde a mais de 25 milhões de pessoas que estão procurando emprego ativamente e não conseguem encontrá-lo.
Essa tendência de aumento do desemprego deve continuar, atingindo 8,4% em 2020, se a região continuar enfrentando uma situação de crescimento econômico moderado. As últimas estimativas da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) colocaram o crescimento médio de 2019 em 0,1% e previam um nível baixo de crescimento para 2020, de 1,3%.
O aumento do desemprego foi predominante na América Latina, região que registrou aumento do indicador em nove de seus 14 países. No Caribe de língua inglesa, por outro lado, houve uma queda no desemprego de 0,7 ponto percentual.
Ao mesmo tempo, observa-se a relevância do Brasil e do México na média regional. O relatório Panorama Laboral destaca que, sem incluir esses dois países, a taxa média de desemprego registraria um aumento mais pronunciado de 0,5 ponto percentual, de acordo com os dados do terceiro trimestre de 2019.
O relatório acrescenta que, apesar do aumento contínuo da participação das mulheres no mercado de trabalho, que atingiu 50,9% no terceiro trimestre de 2019, essa taxa ainda está mais de 20 pontos percentuais abaixo da dos homens, que é de 74,3%
Além disso, o relatório destaca que os dados mais recentes disponíveis para 2019 indicam que o desemprego feminino aumentou 0,2 ponto percentual na média regional, passando para 10,2%, enquanto o dos homens permaneceu inalterado em 7,3%, o que indicaria que o peso do aumento do desemprego regional afetou desproporcionalmente as mulheres.
A OIT considera a situação dos jovens alarmante, já que, no terceiro trimestre, a taxa de desemprego regional era de 19,8% entre essa população, o que significa que um em cada cinco jovens na força de trabalho não consegue encontrar emprego. Trata-se do nível mais alto em dez anos.
“A falta de oportunidades de trabalho decente para as e os jovens causa grande preocupação, porque é uma fonte de desânimo e frustração. Isso se refletiu na linha de frente dos recentes protestos na região, pedindo mudanças para buscar um futuro melhor”, afirmou Juan Hunt.

Demandas sociais e precarização

O diretor regional da OIT lembrou que as recentes manifestações de cidadãos pedindo melhores oportunidades e maior igualdade “evidenciam a persistência de déficits no trabalho decente” na região.
“As oportunidades de acesso a um emprego decente e produtivo, com salário justo, inclusão social, proteção social e direitos trabalhistas, são fundamentais para responder às demandas sociais, para garantir que os benefícios do crescimento cheguem a todos e para garantir a governança ”, disse Hunt ao apresentar o relatório.
Referindo-se aos dados sobre a qualidade do emprego incluídos no relatório, o economista regional da OIT, Hugo Ñopo, explicou que “a dinâmica da desaceleração econômica observada desde meados de 2018 afetou tanto a estrutura como a qualidade dos empregos”.
Ñopo enfatizou que, desde 2018, é verificado um crescimento menor do emprego assalariado em comparação com o trabalho por conta própria, especialmente o não profissional. Ele declarou que esses são sinais de que, neste momento, existe “uma relativa precariedade dos empregos que estão sendo criado na América Latina e no Caribe”.
O relatório também afirma que há uma tendência de aumento nos indicadores de subocupação por insuficiência de tempo de trabalho. O percentual de pessoas ocupadas que trabalham menos de 35 horas e desejam trabalhar mais aumentou em 10 dos 11 países com dados disponíveis.
Referindo-se à desaceleração econômica experimentada pela região no último ano, Ñopo alertou que “os impactos no mercado de trabalho ainda não estão totalmente refletidos”, devido à defasagem na demanda por emprego.
O especialista da OIT afirmou que o desafio para os países da região é claro: “integrar os mais de 25 milhões de desempregados e dar emprego decente a um número ainda maior e diversificado de pessoas que esperam que os benefícios alcancem suas economias familiares. ”
Clique aqui para acessar o relatório completo (em espanhol).
 
Posted: 28 Jan 2020 10:21 AM PST
Protagonistas do filme contaram suas trajetórias no evento de lançamento em São Luiz (MA). Foto: OIT
Protagonistas do filme contaram suas trajetórias no evento de lançamento em São Luiz (MA). Foto: OIT
Para marcar o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, celebrado em 28 de janeiro, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e o Ministério Público do Trabalho (MPT) lançam o documentário “Precisão”, sobre trabalhadores(as) resgatados(as) de condições análogas ao trabalho escravo, nesta terça-feira (28) nas cidades de Timbiras e Codó (MA).
“Precisão” é a palavra utilizada pelo maranhense para definir a extrema necessidade de lutar pela sua sobrevivência. Diante da vulnerabilidade socioeconômica, é por precisão que brasileiros e brasileiras acabam submetidos a condições degradantes de trabalho.
O filme retrata as histórias de vida de seis pessoas resgatadas de condições análogas às de trabalho escravo. Algumas delas começaram a trabalhar muito cedo, aos 8 anos, sendo também vítimas de trabalho infantil em sua infância e adolescência.
Alguns dos protagonistas do documentário estarão presentes no lançamento do filme e participarão de uma roda de conversa para contar suas experiências.
O conceito de trabalho análogo à escravidão está previsto na legislação brasileira no Artigo 149 do Código Penal: “reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto.”
Nos últimos 24 anos (1995-2019), as fiscalizações resgataram no Brasil mais de 54 mil trabalhadores e trabalhadoras em condições análogas à escravidão, segundo dados do Observatório da Erradicação do Trabalho Escravo e do Tráfico de Pessoas.
Desse total, cerca 31% eram analfabetas; 39% tinham estudado só até o quinto ano; 15% tinham chegado até o ensino fundamental II; e 54% se declararam negras ou pardas. Um total de 22% dos trabalhadores resgatados em condições análogas à escravidão no Brasil nasceu no Maranhão.
Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2015), existem cerca de 2,4 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos trabalhando no Brasil.
Há uma forte relação entre trabalho infantil e trabalho escravo contemporâneo. Muitas crianças e adolescentes submetidos ao trabalho infantil podem se tornar vítimas da exploração que caracteriza o trabalho escravo.
O documentário foi produzido pela OIT e pelo MPT, no escopo de um projeto de promoção dos princípios e direitos fundamentais do trabalho.
 
Posted: 28 Jan 2020 09:40 AM PST
Com o objetivo de dar luz a debates sobre a temática do refúgio e dos direitos humanos, o Museu da Imigração (MI) – instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo – e a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) lançam uma parceria para ações a serem realizadas no complexo da antiga Hospedaria de Imigrantes do Brás, zona central da capital paulista, em 2020.
Como parte das atividades gratuitas a serem promovidas, está o lançamento do relatório internacional “Tendências Globais”, que acontecerá em junho no auditório do museu. O documento trará os dados atualizados sobre os contextos globais da situação das pessoas refugiadas, deslocadas internas, retornadas, solicitantes de refúgio e apátridas.
“O Museu da Imigração sempre abordou as experiências enfrentadas nos deslocamentos humanos de ontem e de hoje. A condição de refúgio, consequentemente, esteve presente e se mantém como parte das ações museológicas. Nesse cenário, firmar parceria com o ACNUR é um passo importante para a instituição, pois aproximará os visitantes, por meio de diferentes linguagens, da realidade vivenciada por essas pessoas”, comenta a diretora-executiva do museu, Alessandra Almeida.
Além do lançamento do relatório “Tendências Globais”, os visitantes poderão prestigiar, ao longo dos próximos dois anos de vigência da parceria, exposições itinerantes do ACNUR, projeções de filmes e documentários com títulos ligados aos assuntos relacionados a ambas as instituições e seminários, encontros, rodas de conversas e celebrações sobre essas temáticas em questão. As programações serão divulgadas no site e nas mídias sociais do ACNUR e do MI.
“O ACNUR tem em seu mandato a proteção efetiva das pessoas que buscam proteção internacional. Ao conciliarmos esforços com o Museu da Imigração, este notório espaço de diálogo sobre os deslocamentos humanos, asseguramos a garantia de direitos das pessoas refugiadas em suas mais diversas formas de expressão. A diversidade cultural que integra uma programação acessível, como a agenda que teremos conjuntamente, fortalece a empatia e a solidariedade àqueles que buscam recomeçar as suas vidas com dignidade”, afirma o representante do ACNUR no Brasil, Jose Egas.

Histórico

Desde a sua criação, em 1993, o MI preserva a história e memória dos mais de 2,5 milhões de migrantes internacionais e nacionais, incluindo refugiados, que passaram pela Hospedaria, fomentando, a partir da sua reinauguração em 2014, o diálogo e reflexão sobre o fenômeno dos deslocamentos humanos e questões relacionadas à violação dos direitos humanos.
A Agência da ONU para Refugiados, cujas atividades iniciaram em janeiro de 1951, visa proteger e assegurar os direitos de pessoas em situação de refúgio e deslocamento forçado, trabalhando para garantir que qualquer pessoa possa exercer plenamente o direito de buscar e receber refúgio em outro país e, caso deseje, regressar ao seu local de origem de forma segura.

Museu da Imigração

Rua Visconde de Parnaíba, 1.316 – Mooca – São Paulo/SP
Tel.: (11) 2692-1866
Funcionamento: de terça a sábado, das 9h às 17h; e aos domingos, das 10h às 17h
R$10 e meia-entrada para estudantes e pessoas acima de 60 anos | Grátis aos sábados
Acessibilidade no local – Bicicletário na calçada da instituição
www.museudaimigracao.org.br
 
Posted: 28 Jan 2020 08:42 AM PST
Clique para exibir o slide.Quando os nazistas invadiram a Polônia, Theodor Meron, de 9 anos, tornou-se um refugiado — ficou sem escola, sem infância e enfrentou perigos constantes. Mais tarde, ele se tornaria juiz do Tribunal Penal Internacional (TPI). Meron relatou sua história durante cerimônia para o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, ocorrida na sede da ONU, em Nova Iorque, na segunda-feira (27).
Meron observou que, apesar de os eventos do Holocausto parecerem muito distantes, separados por “décadas de progresso”, para aqueles que os viveram, “como eu vivi, na Polônia ocupada, eles são muito reais”.
“O que se seguiu foram os guetos, campos de trabalho e a maioria da minha família vítima do Holocausto”, disse ele.
O principal orador da cerimônia da ONU em Nova Iorque lembrou que enquanto um terço do povo judeu foi assassinado no Holocausto, “muitas vezes se esquece como milhões de russos e poloneses também foram vítimas da máquina de matar nazista”.
Hoje, disse ele, lembramos aqueles que perdemos há muitos anos, mas também “honramos aqueles que tomaram medidas inestimáveis ​​para evitar perdas ainda maiores”.
Mesmo ao descrever “aqueles tempos apocalípticos”, Meron falou eloquentemente dos muitos que arriscaram suas vidas para proteger os judeus, e prestou homenagem aos “que foram salvos e aos que tomaram ações corajosas para salvar seus vizinhos da morte certa”.
“Parar para refletir sobre o Holocausto e lembrar aqueles que morreram é de vital importância”, disse ele. “É imperativo que aprendamos com tudo o que aconteceu, e é ainda mais vital que aproveitemos todas as oportunidades para aprender com aqueles que sobreviveram, com aqueles que viveram o caos e calamidades daqueles anos.”
Muitos morreram, “e logo nós também iremos embora”, continuou ele, “deixando vocês que estão reunidos aqui para levar nossas histórias adiante no futuro, (especialmente) a lição mais essencial: nunca mais”.

Uma vitória sobre Hitler

“Hoje estou na sua frente para lhe dizer que Hitler não venceu”, disse a sobrevivente do Holocausto Irene Shashar aos presentes. “Eu me lembro.”
Shashar nasceu na Polônia em 1937 e pouco mais de 1 ano quando os nazistas invadiram o país. Ao completar 2 anos, ela estava passando fome no gueto de Varsóvia.
Quando sua família foi transferida à força para o gueto, Shashar contou que “as sementes do genocídio haviam sido plantadas” e “a sobrevivência era a única coisa que importava”.
Embora ela esperasse que “alguém dissesse: ‘foi um grande erro'”, é claro, isso não aconteceu. “A mudança para o gueto foi apenas o começo do nosso sofrimento.”
“Minha mãe puxou meu braço e partimos na direção dos alojamentos apertados que passamos a conhecer como ‘casa'”, disse ela.
A família subiu as escadas correndo até a porta aberta, onde “deitado na cozinha, estava meu pai, sangrando de um corte ao lado da garganta”.
“Minha mãe se jogou em cima dele. Soltou um lamento que poderia ter sido ouvido do outro lado do planeta”, continuou ela. “Foi a última vez que vi meu pai.”
Um dia, enquanto procuravam restos de comida, ela caiu em um esgoto. “Estava molhado, sujo. Estávamos atravessando o esgoto por toda a área do gueto”, lembrou ela. “Todos esses anos, ainda sinto o cheiro daquela caminhada aparentemente interminável (quando) os ratos passaram por mim.”
Foi assim que a família escapou para o chamado lado ariano de Varsóvia.

Uma criança escondida

Durante o restante da guerra, Shashar permaneceu escondida. A mãe dela dizia: “se você não chorar e for uma boa menina, isso terminará em breve”, lembrou.
Ambas sobreviveram ao Holocausto, mas sua mãe morreu em 1948, deixando-a órfã aos 10 anos sob os cuidados de uma família no Peru. Lá, ela foi capaz de começar uma nova vida.
Shashar citou o “enorme sacrifício de sua mãe, um ato de coragem inestimável e altruísta”, que lhe deu a chance de sobreviver e prosperar na vida adulta.
“Graças a ela, fui abençoada com a oportunidade de ter filhos e netos”, disse ela. “Uma vez que eu semeei minha árvore genealógica, Hitler não venceu. Eu fiz exatamente o que ele tentou tanto evitar.”
“Eu fui vitoriosa sobre Hitler”, concluiu Shashar, com um apelo para que a ONU, que surgiu das cinzas da Segunda Guerra Mundial, levante sua voz, “porque o silêncio é a indiferença”.

Vivendo em medo constante

Shraga Milstein tinha apenas 6 anos quando a guerra eclodiu.
“A mudança de uma vida livre e confortável para uma sala fechada aos 6 anos de idade com o medo constante do que a próxima hora traria” foi a primeira lembrança de Milstein do Holocausto.
Ele contou que, no gueto, seus pais tentaram impedi-lo de ver sangue ou cadáveres nas ruas, “que eram comuns”.
Milstein contou como em um dia todos se reuniram em uma praça aberta para passar por um oficial da SS, que os dividiu em dois grupos. Um grupo foi instruído a andar sob guarda até a estação ferroviária e o outro a voltar para casa.
“Ainda não entendo por que e como meu pai, mãe, irmão e eu não fomos separados e mandados de volta para casa”, afirmou, acrescentando que outros membros da família “não tiveram tanta sorte”.
Aqueles que permaneceram no gueto foram enviados para campos de trabalho forçado. Aos 11 anos, ele trabalhava de oito a dez horas por dia como aprendiz de carpinteiro.
E em 1944, foi enviado de carro com seu pai e irmão para Buchenwald, enquanto sua mãe foi enviada para Ravensbrück. “Foi a última vez que a vi”, lamentou Milstein.
Quando chegaram, o pai de Milstein os abraçou para se despedir e lembrou aos meninos que eles tinham família na Palestina. Seu pai foi morto no dia seguinte, aos 43 anos.
Várias semanas depois, Milstein foi transferido com outras pessoas para o campo de concentração de Bergen-Belsen, onde “não houve execuções, mas as pessoas morreram ali de fome intensa” e frio, explicou.
De 1943 até a libertação, cerca de 140 mil homens, mulheres e crianças foram presos em Bergen-Belsen, onde cerca de 50 mil morreram após “sofrimento prolongado”, disse ele.
Ele descreveu uma imagem perturbadora da situação do campo quando os soldados chegaram para libertar os prisioneiros, chamando-o de “local do inferno (com) pilhas de cadáveres” espalhados por toda parte e, no quartel, “pessoas vivas ao lado de cadáveres mortos, sem higiene ou água”.
O campo foi libertado por soldados britânicos em 15 de abril de 1945. Os sobreviventes foram levados do campo de concentração para um alojamento com uma cama limpa em uma instalação militar.
Naquele dia, “meu mundo mudou da completa negligência e apatia para uma compaixão humana e um verdadeiro esforço para ajudar os assustados, famintos e doentes”, disse ele.
“O campo de Bergen-Belsen foi queimado e nele hoje existem valas comuns”, um memorial e um museu que mantém “a memória das atrocidades” e apresenta aos visitantes “um mundo de entendimento humano, tolerância, liberdade e democracia baseado em a igualdade de todo ser humano”.
“É nosso dever condenar e impedir qualquer intolerância contra pessoas com base em origem étnica ou religião”, concluiu.
 
Posted: 28 Jan 2020 07:43 AM PST
Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS). Foto: ONU/Evan Schneider
Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS). Foto: ONU/Evan Schneider
O chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS) está na China para discutir o novo surto de coronavírus com altos funcionários do governo do país.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, e seus colegas chegaram a Pequim na segunda-feira (27), em um esforço para entender os últimos desenvolvimentos e fortalecer parcerias, a fim de aumentar a resposta geral contra a nova doença respiratória.
Em uma mensagem postada no Twitter, ele disse que a agência da ONU também está trabalhando com países de todo o mundo para ativar seus sistemas de resposta.
Os coronavírus são uma grande família de vírus respiratórios que podem causar doenças que variam do resfriado comum à Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS) e à Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS).
O novo coronavírus foi identificado pela primeira vez no início deste mês em Wuhan, cidade localizada no centro da China. Até agora, ao menos 80 pessoas morreram, segundo o último relatório emitido pela OMS.
Existem 2.798 casos confirmados da doença em todo o mundo, dos quais 2.741 na China. Trinta e sete casos foram relatados em 11 outros países, 36 dos quais com histórico de viagens à China e 34 relacionados a viagens a Wuhan.
A OMS disse que seus objetivos estratégicos durante o surto incluem limitar a transmissão entre pessoas e identificar pacientes precocemente.
“Compreender o momento em que os pacientes infectados podem transmitir o vírus a outras pessoas é fundamental para os esforços de controle”, afirmou o relatório da agência.
As estimativas atuais para o período de incubação variam de 2 a 10 dias, mas essas informações serão refinadas à medida que mais dados estiverem disponíveis.
Como a transmissão do coronavírus parece semelhante à do MERS e da SARS, a OMS recomendou princípios básicos, como evitar contato próximo com pessoas que sofrem de infecções respiratórias agudas, lavagem frequente das mãos e práticas aprimoradas de prevenção de infecções em unidades de saúde.
 
Posted: 27 Jan 2020 01:16 PM PST
A venezuelana Zaida Martins participou do projeto do ACNUR em parceria com a ONG Compassiva para a revalidação de diplomas como importante mecanismo de integração local. Foto: ACNUR/Felipe Irnaldo
A venezuelana Zaida Martins participou do projeto do ACNUR em parceria com a ONG Compassiva para a revalidação de diplomas como importante mecanismo de integração local. Foto: ACNUR/Felipe Irnaldo
Zaida Maria Fermin, de 49 anos, chegou ao Brasil em setembro de 2018 com poucos pertences, mas muito conhecimento. Bióloga de formação e doutora em Ciências da Educação, Zaida tornou-se a primeira refugiada venezuelana a ter o seu diploma revalidado no Brasil.
“Agora vou poder retribuir tudo o que o Brasil fez por mim, ensinando tudo o que aprendi”, disse. A gratidão de Zaida também é esperança para centenas de refugiados e migrantes venezuelanos com ensino superior que moram no Amazonas.
A primeira revalidação de diploma de uma pessoa refugiada da Venezuela aconteceu por meio de uma parceria da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) com a Associação Compassiva, implementada pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA).
O processo de revalidação de diplomas de pessoas refugiadas é um mecanismo fundamental para facilitar a integração local de pessoas que, como Zaida, têm muito a contribuir para o desenvolvimento de onde passam a viver. Só em 2019, 60 processos de revalidação foram submetidos para análise no estado.
“É um grande sonho que estou realizando. Decidi deixar a Venezuela pra buscar uma nova oportunidade para os meus filhos, pois gostaria que todos estudassem e, no momento, isso não seria possível por lá”, contou Zaida, que viajou com marido e dois filhos de Puerto Ordaz para Manaus.
“Consegui tirar nossos documentos por aqui e, então, decidi dar entrada no processo de revalidação do diploma para que pudesse voltar à minha missão de ser professora. O próximo passo é conseguir um emprego na minha área.”
Parceiras desde 2016, ACNUR e Compassiva mapearam pelo Brasil as universidades, os procedimentos e os recursos financeiros necessários para a entrada e acompanhamento do processo de revalidação. A partir disso, foi realizado um levantamento das pessoas interessadas e elaborada uma força-tarefa para atender à crescente demanda das pessoas venezuelanas.
Além de facilitar o acesso à documentação necessária, a iniciativa tem por objetivo integrar mais rapidamente profissionais capacitados no mercado de trabalho brasileiro, promovendo assim uma relação de ganhos múltiplos entre as partes envolvidas.
“Parte do trabalho prioritário do ACNUR é garantir que as pessoas que buscam proteção internacional, incluindo mulheres e pessoas LGBTI, possam se tornar autônomas, com possibilidade de dar continuidade aos seus estudos e trabalhos”, explicou a chefe do escritório do ACNUR em Manaus, Catalina Sampaio.
“Por isso, implementamos iniciativas de soluções duradouras para a comunidade, por meio de ações de empregabilidade e acesso a serviços essenciais, como educação.”
Em Manaus, a UEA foi a primeira dialogar com o ACNUR e Compassiva para aceitar processos de revalidação de venezuelanos. A Universidade Federal do Amazonas (UFAM) também conta com uma solicitação de revalidação em tramitação.
Para obter a revalidação de diploma no Brasil, é preciso submeter uma série de documentos junto às universidades públicas do país, que fazem a análise da equivalência da titulação segundo os critérios educacionais locais.
“O processo de revalidação é oneroso e muito burocrático, o que torna muito difícil para quem está recomeçando sua vida no Brasil. Ao revalidar diploma, esta pessoa tem condições de trabalhar em sua área de formação e contribuir tanto para sua estabilidade financeira como no crescimento do próprio país que a acolhe”, afirmou o presidente-executivo da Compassiva, André Leitão.
“Outro fator importante é o resgate de sua identidade. A revalidação do diploma não é apenas o resultado de um longo processo burocrático, mas o resgate da história de vida de quem deixou tudo para recomeçar a vida com segurança para si e seus familiares.”
Assim como Zaida, muitas destas pessoas chegam ao Brasil com notória formação acadêmica, experiência profissional e capacidade técnica para contribuírem para o desenvolvimento de suas comunidades e do país como um todo.
O ACNUR trabalha com seus parceiros dos setores público, privado e acadêmico para garantir os direitos das pessoas refugiadas e assegurar que haja mecanismos para seu desenvolvimento pleno e irrestrito.
 

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