Boletim diário da ONU Brasil: “Quatro ucranianos contam como é viver em guerra no inverno do Leste Europeu” e 11 outros.
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qua, 23 de jan 18:29 (Há 5 dias)
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Posted: 23 Jan 2019 11:26 AM PST
Olena e sua bebê de sete meses de idade. Foto: ACNUR/Anastasia Vlasova
Desde 2014, conflitos na Ucrânia forçaram 1,5 milhão de pessoas a deixar suas casas. Para os afetados pela violência, o inverno pode tornar a vida particularmente difícil, com temperaturas que podem cair até -20 °C. Depois de cinco anos de confrontos, muitos dos deslocados esgotaram seus recursos e frequentemente são forçados a escolher entre comprar comida e remédios ou pagar por aquecimento.
Em 2018, a Agência da ONU para Refugiados ( ACNUR) aumentou as suas distribuições de assistência, doando roupas, combustível e dinheiro para milhares de famílias no leste da Ucrânia. Em parceria com outras instituições, o organismo das Nações Unidas também está melhorando os abrigos já existentes e as tendas aquecidas que ficam nos postos de controle, ao longo da chamada linha de contato — o perímetro que divide as áreas controladas pelo governo e os grupos armados não estatais.
O ACNUR reuniu depoimentos de quatro ucranianos que tiveram de abandonar suas casas por causa da situação de guerra. Com o apoio da agência e ONGs, esses deslocados não terão de passar frio no rigoroso inverno do Leste Europeu.
Stefania, de 71 anos
Stefania e seu cachorro do lado de fora da casa do vizinho, onde reside, em Mykolayivka, Donetsk. Foto: ACNUR/Anastasia Vlasova
Eu vivo em Mykolayivka, Donetsk, há muitos anos. O inverno aqui é gelado e venta muito. A temperatura pode chegar a -10 °C.
O bombardeio dificulta as coisas nesta época do ano. Quando começa, a primeira coisa que você faz é correr até o porão, mas é muito frio lá. Quando minha casa foi bombardeada em 2015, eu trouxe todas as roupas quentes e cobertores que eu tinha. Mesmo assim, estava frio.
Depois fui checar minha casa. Estranhamente, muitas coisas não quebraram, incluindo a geladeira e a televisão. Mas o teto estava faltando. O cheiro era terrível. Muitas coisas estavam queimando e eu tive que morar com um vizinho.
Depois daquele inverno, desenvolvi problemas nos meus rins e coração.
Este ano, recebi materiais emergenciais de abrigo do ACNUR. Também recebi quatro toneladas de carvão.
Eu sonho em estar de volta à minha própria casa. E dormir na minha cama de camisola. Nós estamos dormindo com as mesmas roupas há tantos anos. Quando eles começam a bombardear, você imediatamente corre para o porão – não tem tempo para se vestir.
Espero que a luta pare e meus filhos voltem para casa. O meu neto tem apenas dois anos, mas ele tem muitos problemas de saúde causados por estresse e medo. Ele não pode olhar para fogos de artifício porque tem medo de que seja um bombardeio.
Eu espero muito que um dia eles voltem.
Vladyslav, de 64 anos
Uma assistência em dinheiro do ACNUR ajuda Vladyslav a pagar pela eletricidade e aquecer seu fogão. Foto: ACNUR/Anastasia Vlasova
Sou de Avdiivka, em Donetsk. Minha esposa morreu anos atrás e minhas duas filhas vivem na Crimeia com seus filhos. Muitas pessoas fugiram da nossa cidade.
Depois que minha casa foi bombardeada em 2015, eu me mudei para o porão porque o telhado e grande parte do interior foram destruídos. Os vizinhos ficaram comigo. À noite, você podia ouvir os bombardeios e tubos de gás explodindo. Lembro-me de cortar árvores no jardim para me aquecer.
Não havia pão, luz ou gás. Nós comíamos as batatas que plantamos no verão e, se alguém saísse, perguntávamos para onde estavam indo, para saber onde encontrá-las se fossem mortas.
Eu quero paz. Não quero que as pessoas morram de fome e congelem.
Agora não posso ficar sozinho. Estou com medo. Sou grato aos meus vizinhos. Durante as tardes, vou à casa deles e me aqueço. Os preços do carvão estão altos e eu quase não como no verão para poder comprar carvão para o inverno. Uma doação em dinheiro do ACNUR vai ajudar a pagar pela eletricidade. Eu não posso pagar com a minha pensão, que é apenas 1.900 UAH (cerca de 67 dólares ou 250 reais) por mês.
Sinto muita falta das minhas filhas. Infelizmente, há problemas com as linhas telefônicas na minha rua, então não consigo ligar para elas há cerca de um mês.
Eu quero paz. Não quero que as pessoas morram de fome e congelem. Não quero que as crianças ouçam explosões. Eu tenho esperanças de que a paz finalmente chegará.
Olena, de 23 anos
Olena em seu apartamento com a pequena Yelyzaveta, de sete meses de idade. Foto: ACNUR/Anastasia Vlasova
Eu moro na aldeia de Majorsk, em Donetsk, com minha filha Yelyzaveta, que tem sete meses de idade.
Me mudei para cá depois que minha mãe morreu em 2017. Eu estava muito deprimida. Não queria viver, então quando uma amiga minha me convidou para se juntar a ela, fiquei feliz em aceitar o convite.
Mas esse tem sido um inverno difícil. Tendo me mudado para perto da linha de contato, com uma criança pequena em meus braços, eu sinto o peso do que está acontecendo.
Não há aquecimento central no meu prédio por causa do conflito, então fiquei muito feliz quando o ACNUR e a Proliska, uma ONG parceira, me trouxeram um fogão. A coisa mais importante é o aquecimento. Outras organizações também ajudam. É difícil quando você tem um filho.
Espero que possamos nos mudar para outro lugar mais seguro do que o que estamos agora. Não há hospital ou farmácia por perto e eu sempre me preocupo com o quão rápido a ambulância chegaria se algo acontecesse.
Nadiya, de 59 anos
Nadiya com duas de suas filhas adotivas em sua casa, em Chasiv Yar. Foto: ACNUR/Anastasia Vlasova
Você não pode imaginar o que vivemos desde o começo do conflito.
Pelos primeiros dois anos, nós vivemos na aldeia Zhovanka, bem perto da linha de contato, e fomos bombardeados quase todos os dias. A casa foi danificada e nossos cães foram mortos. Nós não podíamos nem andar em nenhum lugar por causa das minas terrestres.
Era especialmente difícil no inverno. As janelas estavam quebradas e lutávamos para manter a nossa casa aquecida. Quando chovia, o nosso telhado vazava e não havia eletricidade na maior parte do tempo. Todos estávamos com medo, mas não tínhamos para onde ir.
Em 2016, graças à ONG Proliska, pudemos nos mudar para um lugar mais seguro em Chasiv Yar. Eles foram a primeira organização a nos apoiar e ficamos muito gratos. Eles traziam comida e roupas quentes, carvão e remédios.
Juntos, meu marido e eu criamos 15 filhos adotivos e nossa própria filha. A maioria das nossas crianças tem necessidades especiais. Alguns deles cresceram e começaram suas próprias famílias.
No último ano, o ACNUR nos deu casacos de inverno para todas as crianças, assim como cobertores quentes, roupa de cama, toalhas e um conjunto de utensílios de cozinha.
Recentemente, fui a um concerto. Enquanto o público aproveitava, comecei a chorar. A vida é tão injusta! Algumas pessoas têm a chance de viver felizes, enquanto outras são privadas de serviços básicos em suas aldeias ao longo da linha de contato.
Espero que o conflito termine em breve. Os soldados irão para casa e se reunirão com suas famílias e as pessoas aqui no leste voltarão à vida normal e pacífica.
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Posted: 23 Jan 2019 10:31 AM PST
Aterro sanitário em Danbury, Connecticut. Foto: ONU/Evan Schneider
Um relatório da Circle Economy, grupo apoiado pela ONU Meio Ambiente, aponta que apenas 9% da economia global é circular, o que significa que o planeta reutiliza menos de 10% das 92,8 bilhões de toneladas de minerais, combustíveis fósseis, metais e biomassa usados todos os anos em processos produtivos. Divulgado na terça-feira (22) no Fórum Econômico Mundial, em Davos, o documento destaca o potencial do reaproveitamento e da reciclagem para combater as mudanças climáticas e cumprir o Acordo de Paris.
Uma economia circular é um sistema regenerador, onde o consumo de recursos e os resíduos, as emissões e a perda de energia são minimizados pela desaceleração e pelo encurtamento de ciclos de produção. Esse modelo pode ser alcançado por práticas de manutenção, reparo, reutilização, remanufatura, reciclagem, design de longa duração e reformas.
A pesquisa ressalta as vastas oportunidades para reduzir as emissões de gases do efeito estufa por meio da aplicação de princípios circulares — sobretudo o reuso, a remanufatura e a reciclagem — em setores-chave, como o de construção. A análise, porém, aponta que a maioria dos governos pouco considera medidas de economia circular em suas políticas voltadas para o Acordo de Paris e a meta de conter o aquecimento global, o máximo possível, a 1,5 ºC.
As mudanças climáticas e o uso de materiais estão estreitamente ligados. A Circle Economy calcula que 62% das emissões de gases do efeito estufa (excluindo-se as emissões geradas pelo uso da terra e pela silvicultura) são liberadas na atmosfera durante a extração, processamento e fabricação de bens para atender às necessidades da sociedade. Apenas 38% das emissões são dispersas na entrega e no uso dos produtos e serviços.
A utilização global de materiais está crescendo. Ela mais do que triplicou desde 1970 e poderia dobrar novamente até 2050 sem ações para conter o fenômeno, de acordo com o Painel Internacional de Recursos da ONU.
“Um mundo (mais quente em) 1,5 ºC só pode ser um mundo circular. A reciclagem, uma maior eficiência de recursos e modelos de negócios circulares oferecem uma enorme janela para reduzir emissões. Uma abordagem sistemática para a aplicação dessas estratégias viraria a balança na batalha contra o aquecimento global”, afirma o CEO da Circle Economy, Harald Friedl.
“As estratégias para as mudanças climáticas dos governos focaram em energia renovável, em eficiência energética e em evitar o desmatamento, mas elas ignoraram o vasto potencial da economia circular. Eles deveriam reprojetar as cadeias de suprimentos lá atrás, nos poços, campos, minas e pedreiras, onde está a origem dos nossos recursos, de modo que nós consumamos menos matérias-primas. Isso não apenas reduzirá emissões, como também impulsionará o crescimento, tornando as economias mais eficientes.”
O relatório chama governos a agir para migrar de uma economia linear à base do paradigma “extrair-transformar- descartar” para uma economia circular que maximiza o uso dos recursos existentes. Esse sistema mais sustentável também reduz a dependência de novas matérias-primas e minimiza os resíduos. A publicação defende que a inovação para estender o tempo de vida dos recursos existentes é capaz de diminuir emissões e também de reduzir a desigualdade social e fomentar um crescimento de baixo carbono.
Acesse o relatório na íntegra clicando aqui.
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Posted: 23 Jan 2019 09:39 AM PST
Nickolay Mladenov (na tela), coordenador especial das Nações Unidas para o Processo de Paz no Oriente Médio, durante briefing ao Conselho de Segurança da ONU. Foto: ONU/Loey Felipe
A possibilidade de se estabelecer um “Estado palestino viável e contíguo” tem sido “sistematicamente corroída por fatos em solo”, disse o coordenador especial das Nações Unidas para o Processo de Paz no Oriente Médio, Nickolay Mladenov, ao Conselho de Segurança na terça-feira (22), antes do debate aberto trimestral sobre Israel e Palestina.
Mladenov deu início à avaliação pessimista ao detalhar a extensão e o crescimento de assentamentos israelenses na Cisjordânia ocupada; a posição de longa data da ONU sobre assentamentos, lembrou o coordenador ao Conselho, é de que estes são ilegais sob lei internacional e “um obstáculo à paz”.
Entre exemplos recentes estão os planos de construção de mais de 3 mil unidades habitacionais na Cisjordânia e planos do governo israelense de legalizar diversos assentamentos ilegais.
Ao mesmo tempo, disse Mladenov, estruturas detidas por palestinos foram demolidas e tomadas ao longo da Cisjordânia, incluindo em Jerusalém Oriental, com autoridades citando como justificativa a falta de permissões de construção emitidas por Israel, que são quase impossíveis de serem obtidas por palestinos.
As bases de um futuro Estado palestino também estão sendo ameaçadas por divisões internas, exacerbadas por décadas de ocupação, e esperanças de relações intra-palestinas genuínas estão “desaparecendo a cada dia”, à medida que a distância entre Gaza e Cisjordânia se amplia.
A prisão de dezenas de membros do Fatah pelo Hamas no começo de janeiro foi descrita por Mladenov como “particularmente alarmante” e um “golpe muito sério no processo de reconciliação”.
São palestinos comuns, disse o enviado especial, que estão arcando com o peso do sofrimento e a situação humanitária em Gaza permanece “desesperadora”. O crescimento econômico é insuficiente para manter a economia palestina funcionando, e a ONU trabalha com a Autoridade Palestina para responder às necessidades mais urgentes de Gaza, como manutenção de energia elétrica, entrega de remédios essenciais e implementação de programas de trabalho.
O briefing do enviado especial foi feito no mesmo dia que autoridades seniores da ONU e parceiros de organizações não governamentais pediram cessação de planos de remoção forçada de diversas famílias refugiadas palestinas do bairro de Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental, parte do território palestino ocupado.
Em comunicado, as autoridades disseram que a transferência forçada é “uma grave quebra da Quarta Convenção de Genebra”, e pediram para autoridades israelenses “cessarem a construção de assentamentos e cumprirem suas obrigações como potência ocupante sob a lei humanitária internacional e a lei internacional de direitos humanos”.
Mladenov encerrou seu briefing alertando que a Questão Palestina corre o risco de se tornar um conflito sem fim. Ele também alertou sobre o aumento acentuado de radicalização em todas as partes e que, dentro do cenário político atual, os que buscam estreitar as pontes entre israelenses e palestinos estão sendo prejudicados.
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Posted: 23 Jan 2019 08:57 AM PST
O tema do Dia Internacional das Mulheres em 2019 é “Pensemos em igualdade, construção com inteligência e inovação para a mudança”. Foto: ONU Mulheres/Sandra Hollinger
O Dia Internacional das Mulheres de 2019 terá como tema central “Pensemos em igualdade, construção com inteligência e inovação para a mudança”. A data irá focar nas formas inovadoras para a defesa da igualdade de gênero e empoderamento das mulheres, em especial aquelas relativas aos sistemas de proteção social, acesso aos serviços públicos e infraestrutura sustentável.
O alcance dos ambiciosos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) requer mudanças transformadoras, enfoques integrados e novas soluções sobretudo no que se refere à defesa da igualdade de gênero e o empoderamento de mulheres e meninas, lembrou a ONU Mulheres.
Se mantidas as tendências atuais, as intervenções existentes não serão suficientes para o alcance de um Planeta 50-50 no ano de 2030. É crucial contar com planejamentos inovadores que rompam com a situação habitual, a fim de eliminar as barreiras estruturais e garantir que nenhuma mulher e nenhuma menina fique para trás, salientou a agência da ONU.
“A inovação e a tecnologia trazem oportunidades sem precedentes, no entanto, as tendências atuais indicam que as lacunas digitais estão se ampliando e que as mulheres estão representadas de maneira insuficiente nos campos da ciência, tecnologia, engenharia, matemática e design”, disse a agência da ONU.
Segundo a ONU Mulheres, isso impede que elas influam no desenvolvimento de inovações sensíveis ao gênero, que permitem alcançar benefícios transformadores para a sociedade.
Desde o banco móvel até a inteligência artificial ou a Internet das coisas, é vital que as ideias e as experiências de mulheres influenciem por igual o desenho e a aplicação das inovações que conformarão as sociedades do futuro, salientou.
Em sintonia com o tema prioritário do 63º Período de Sessões da Comissão da ONU sobre a Situação das Mulheres, o Dia Internacional das Mulheres de 2019 abordará visões sobre as lideranças da indústria, as empresas emergentes que estão mudando o panorama no mundo dos negócios.
Também abordará as empreendedoras e os empreendedores sociais, as ativistas e os ativistas que trabalham em favor da igualdade de gênero e as mulheres inovadoras. O objetivo é examinar como a inovação pode eliminar barreiras e acelerar os avanços até a igualdade de gênero, fomentar o investimento em sistemas sociais sensíveis a gênero e construir serviços e infraestruturas que respondam às necessidades de mulheres e meninas.
A ONU Mulheres convida as pessoas a se unir em 8 de março para celebrar um futuro em que a inovação e a tecnologia criem oportunidades sem precedentes para as mulheres e meninas, de forma que elas possam desempenhar papéis ativos na criação de sistemas mais inclusivos, serviços eficientes e infraestruturas sustentáveis para fazer avançar o alcance dos ODS e da igualdade de gênero.
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Posted: 23 Jan 2019 08:54 AM PST
Em agosto de 2018, parentes das vítimas da Guerra Civil da Guatemala finalmente receberam os restos mortais dos falecidos e puderam organizar um enterro adequado. Foto: PNUD/Fernanda Zelada Rosal
A alta-comissária da ONU Michelle Bachelet afirmou na terça-feira (22) que uma proposta de legislação na Guatemala para anistiar os responsáveis por graves violações de direitos humanos durante a Guerra Civil (1960-1996) poderia representar um “retrocesso drástico”. Para a dirigente, a emenda à Lei de Reconciliação Nacional teria impacto em todo o sistema legal e na responsabilização por atos criminosos.
Caso adotada, a mudança no texto original levaria à libertação em menos de 24 horas de dezenas de pessoas, presas por desaparecimentos forçados, execuções sumárias, violência sexual e tortura. Antes de ser aceita, a emenda precisa ser aprovada pelo Congresso após três leituras separadas. Investigações em andamento sobre outros abusos de direitos também seriam suspensas com a medida.
“Isso, na verdade, significa a completa impunidade para todos os envolvidos em algumas violações verdadeiramente horrendas, incluindo crimes contra a humanidade”, afirmou Bachelet, alertando que a manobra ameaça abrir “antigas feridas” e poderia “destruir a confiança das vítimas no Estado e em suas instituições”.
A chefe de Direitos Humanos das Nações Unidas expressou “séria preocupação” com o fato de que o Congresso tomou providências para aprovar a proposta de alteração da lei, em vigor desde os acordos de paz de 1996. A legislação aprovada há mais de duas décadas foi crucial para acabar com os 36 anos de embates violentos entre o governo e insurgentes principalmente do meio rural.
Estima-se que cerca de 200 mil pessoas morreram durante a Guerra Civil, segundo o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos ( ACNUDH). Em novembro último, a instituição da ONU elogiou a condenação do ex-soldado guatemalteca Santos López Alonso, envolvido no massacre da cidade de Dos Erres, que levou à morte de indígenas Maya.
À época, o organismo internacional afirmou que a decisão contra o oficial era um “passo importante” para a justiça de transição na Guatemala, embora o militar tenha sido o único condenado de um grupo de seis, devido ao uso frequente de liminares para retardar os julgamentos de funcionários de alto nível.
“Também estou profundamente preocupada com o fato de que se essa emenda for aprovada, ela pode levar à retaliação contra a todas as corajosas vítimas, testemunhas, juízes, promotores públicos, advogados e organizações que têm promovido a justiça por crimes passados na Guatemala”, disse Bachelet.
A chefe de Direitos Humanos da ONU ressaltou que padrões internacionais estabelecem limites no que diz respeito à adoção de anistias para os crimes mais sérios e assinalou que elas são “incompatíveis com as obrigações dos Estados em processar graves violações dos direitos humanos”.
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Posted: 23 Jan 2019 07:47 AM PST
Clique para exibir o slide.Um novo mural decora as ruas de Tapachula, a cidade mais movimentada do lado mexicano da fronteira com a Guatemala. Em tons terrosos vívidos, o mural retrata uma mulher segurando um bebê nos braços, com os nomes das mais de 20 mulheres do norte da América Central que o pintaram, além de palavras que capturam suas aspirações: amor, confiança, liberdade e segurança.
“Esse mural representa nossa luta diária para continuar, ele conta nossas histórias”, diz a salvadorenha Manuela*, de 48 anos, apontando para a frase que decidiu pintar no mural: “vamos levantar nossa voz”.
Manuela escapou das gangues criminosas salvadorenhas há cinco anos. Quando não pôde pagar a taxa de extorsão exigida – 170 dólares por semana –, ela e sua mãe foram severamente espancadas. Em uma dessas visitas assustadoras, a mãe de Manuela teve um ataque cardíaco e morreu.
Sozinha e desesperada, Manuela se mudou para outra cidade. As gangues a encontraram seis meses depois e ameaçaram matá-la. Ela caiu então em um êxodo interminável dentro de El Salvador, passando não mais do que uma semana em cada local.
“Não há lugar seguro em El Salvador”, contou Manuela.
Apesar de se sentir apavorada, decidiu em outubro de 2018 juntar-se à uma “caravana” de mais de 7 mil pessoas de Honduras, El Salvador e Guatemala, indo em direção ao norte a pé, em busca de segurança.
Outra caravana partiu de Honduras em 14 de janeiro e mais de 1,1 mil refugiados e imigrantes atravessaram a fronteira da Guatemala com o México esta semana, incluindo 145 crianças.
Mais de 29 mil pessoas solicitaram refúgio no México em 2018 – um aumento de mais de dez vezes nos últimos cinco anos. Em sua maioria, fogem da violência e da perseguição em Honduras (46%), Venezuela (22%) e El Salvador (21%), países com altas taxa de homicídios. De todos os pedidos de refúgio recebidos por autoridades mexicanas, 56% foram processados no estado de Chiapas, no sul do país, onde fica Tapachula.
As mulheres que pintaram o mural de 14 metros de comprimento são principalmente de Honduras e El Salvador. Algumas fugiram sozinhas, outras com suas famílias ou se juntaram à “caravana”, como Manuela. Frequentemente, essas pessoas foram atacadas ou ameaçadas por gangues, estupradas, viram membros de suas famílias serem assassinados – suas vidas estão em risco e não podem retornar.
Durante duas semanas de dezembro, as mulheres se reuniram para conceituar, desenhar e pintar o mural em um projeto sobre violência baseada em gênero apoiado pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR).
“O ACNUR está trabalhando com diferentes grupos de pessoas refugiadas para permitir que eles tenham espaços onde possam encontrar segurança, expressar seus sentimentos e trabalhar seus traumas”, disse Kristin Riis Halvorsen, oficial do ACNUR em Tapachula.
“Muitas dessas iniciativas são voltadas para mulheres que são sobreviventes de violência sexual e de gênero, que é disseminada entre as meninas e mulheres que vêm do norte da América Central”, completou.
No contexto dos 16 Dias de Ativismo contra a Violência de Gênero, o ACNUR organizou uma série de atividades em Tapachula para sensibilizar e melhorar as redes de apoio para as mulheres falarem sobre as suas experiências.
Como as questões pelas quais passaram são complexas e difíceis de discutir, projetos artísticos foram criados para que elas pudessem ter um veículo diferente para expressar seus sentimentos e, por meio da criação coletiva, alcançar um novo nível de confiança e começar a deixar seus traumas para trás.
Na medida em que elas aprendem a usar os pincéis e brincar com as cores, começaram a confiar umas nas outras e perceber que não estavam sozinhas nos abusos sofridos. “Conseguimos relaxar, rimos juntas, esquecemos os problemas em nossos países”, declarou a salvadorenha Janeth*, de 45 anos.
Em conjunto com as aulas de arte são realizados exercícios de compartilhamento, nos quais as mulheres refletem sobre suas experiências traumáticas e se conscientizam sobre seus direitos.
Janeth aponta para um canto escondido do mural, perto do chão. Ela pintou uma pequena lápide com uma grande cruz cinza cercada por pássaros voando. Tem o nome de seu filho de 17 anos. “Eu queria capturar minha dor”, afirmou.
Em El Salvador, o filho de Janeth não pôde escapar da gangue criminosa que queria recrutá-lo. A recusa em entrar para o grupo custou sua vida. Quando Janeth ouviu os tiros perto de sua casa em uma noite de novembro de 2017, pouco antes de se deitar, soube o que ocorreu.
El Salvador é um dos países mais mortais para os jovens no mundo, especialmente meninos. Em 2015, morreram 207,5 jovens para cada 100 mil, principalmente por homicídios. Esse número está significativamente acima da média global de 149, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A matrícula no ensino médio é inferior a 38%, bem abaixo da média latino-americana de 74%.
Janeth ainda está sofrendo com a morte do filho, mas não pôde deixar a depressão dominá-la – ela precisava proteger sua filha Alma*, de 13 anos. A mesma gangue que matou seu filho quis recrutá-la à força para se tornar namorada de um membro de gangue, pela qual teria sido feita de escrava sexual.
A família fugiu para outra cidade, onde Alma teve que mudar de escola a cada dois meses para permanecer escondida. A gangue a encontrou seis meses depois, e ela não pôde sair de casa.
Chegaram a Tapachula menos de um mês atrás. Tudo o que a família queria era encontrar um lugar seguro e estável onde Alma pudesse continuar seus estudos e se tornar enfermeira. “Não quero ir para os Estados Unidos, quero estudar aqui”, declarou Alma.
Ao pensar sobre o projeto de arte urbana, as mulheres refletem sobre como ele as tem ajudado a seguir em frente.
“O mural nos faz sentir que somos seres humanos, que podemos sobreviver, independentemente do que vier”, diz Luisa. “Mas nós não poderíamos fazer isso sem o suporte das instituições”.
Quando Luisa vê homens tatuados na rua, seu corpo ainda treme, revelando o trauma pelo qual passou em Honduras, quando foi estuprada por dois homens encapuzados. Mas, em Tapachula, ela se sente segura. “Encontrei uma família que eu não conhecia antes”, contou.
Entusiasmadas e orgulhosas com os resultados do projeto, as mulheres esperam continuar aprendendo habilidades que podem ajudá-las a encontrar emprego em Tapachula, como realizar tratamentos de beleza, alfaiataria ou panificação.
Sorrindo, Luisa acrescenta: “depois disso, podemos até nos tornar artistas”.
*Nomes foram alterados por motivos de segurança.
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Posted: 23 Jan 2019 07:18 AM PST
Nigerianos recém-chegados da cidade de Baga, no estado de Borno, instalam-se no campo de Gubio, em Maiduguri, capital da província. Como o acampamento não tem abrigos suficientes, parte da população deslocada pela violência dorme debaixo das árvores. Foto: OCHA/Leni Kinzli
Desde novembro, mais de 80 mil nigerianos foram forçados a abandonar suas casas e comunidades devido à contínua violência no nordeste da Nigéria, afirmou na terça-feira (22) o Escritório das Nações Unidas de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA). O contingente se soma aos outros 2 milhões de indivíduos já deslocados pelos conflitos armados na região.
Os números incluem quem permaneceu dentro do país e quem teve de cruzar fronteiras para outras nações em busca de segurança.
Em 2018, organizações humanitárias estimavam que 7,7 milhões precisavam de assistência urgente no nordeste nigeriano, mas uma escalada recente de confrontos entre os militares do país e grupos armados não estatais está levando agências da ONU e seus parceiros a reavaliar a situação. Um plano de 90 dias está sendo implementado — principalmente no estado de Borno, o mais afetado pela crise — para atender às necessidades imediatas de 312 mil homens, mulheres e crianças.
A ONU e outras instituições humanitária parceiras também expressaram preocupação com as potenciais implicações da violência e da falta de segurança para as eleições presidenciais, previstas para 16 de fevereiro. Incidentes poderiam levar a novos deslocamentos e impedir operações de assistência em algumas localidades.
Desde 2009, o nordeste do país está sob um conflito civil desencadeado por grupos armados de oposição. Os confrontos atravessaram fronteiras e chegaram a toda a região do Lago Chade, provocando migrações generalizadas e violações do direito interacional humanitário e de direitos humanos, além de gerar riscos de proteção para um número crescente de civis, em meio a uma das piores crises do mundo.
Dentro da Nigéria, 1,8 milhão de pessoas estão em situação de deslocamento por causa da violência. Mas muitas famílias fugiram também para países vizinhos, como Chade, Camarões e Níger. Até o momento, cerca de 200 mil nigerianos são considerados refugiados ou solicitantes de refúgio nesses países.
A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) alertou também na terça-feira para a chegada recente de novos nigerianos ao Chade. Desde 26 de novembro, quando a cidade de Baga, no estado de Borno, foi atacada por um grupo armado não estatal, em torno de 6 mil pessoas foram forçadas a deixar tudo para trás. O município fica no lado nigeriano do Lago Chade, que se transformou em rota de fuga para a população. Muitos deslocados remaram por três horas para chegar à cidade de Ngouboua, em território chadiano, a 20 quilômetros da fronteira com a Nigéria.
O organismo internacional e as autoridades do país de acolhimento estão fazendo o registro e a triagem dos refugiados e solicitantes de refúgio, a fim de avaliar as suas necessidades. A maioria desses nigerianos deslocados são mulheres e crianças — em torno de 55% são menores de idade, segundo as primeiras informações sobre o grupo.
O ONU pede com urgência que todas as partes do conflito no nordeste da Nigéria protejam civis, bem como suas construções e infraestrutura. A Organização solicita ainda que os grupos em confronto garantam o direito internacional humanitário e de direitos humanos.
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Posted: 23 Jan 2019 06:27 AM PST
Movimento regional de mulheres receberá apoio e recursos da Fundação Banco do Brasil e ONU Mulheres. Foto: MMNEPA
A ONU Mulheres e a Fundação Banco do Brasil assinaram nesta quarta-feira (23), em Santa Maria do Pará (PA), uma parceria para injetar 750 mil reais no Movimento de Mulheres do Nordeste Paraense (MMNEPA). Com o objetivo de promover o protagonismo feminino e combater a violência de gênero, a iniciativa vai apoiar a produção agrícola de 43 grupos de mulheres espalhados por 14 cidades do estado. Setecentos participantes receberão atendimento direto por meio da cooperação.
Criada em 1993, em Capanema, a cem quilômetros de Belém, o MMNEPA tem a missão de fortalecer o papel da mulher para superar as desigualdades sociais e garantir o desenvolvimento humano, integrado e sustentável. A instituição atua em prol da justiça social, da emancipação feminina e da igualdade de gênero, por meio da articulação e formação das mulheres.
As beneficiárias do projeto da ONU Mulheres e Fundação Banco do Brasil trabalham nos municípios de Aurora do Pará, Capanema, Bragança, Irituia, Mãe do Rio, Capitão Poço, Ourém, Nova Timboteua, Santa Luzia do Pará, Santa Maria do Pará, São Domingo do Capim, São Miguel do Guamá, Salinópolis, Tracuateua.
“Essa parceria com o Movimento de Mulheres do Nordeste Paraense e a ONU Mulheres amplia a defesa de direitos, promove a inclusão produtiva, o empoderamento econômico e a participação das mulheres em diversos espaços da sociedade”, afirma o diretor de Desenvolvimento Social da Fundação Banco do Brasil, Rogério Biruel.
As participantes da associação são, em sua maioria, mulheres agricultoras, quilombolas e extrativistas. O apoio financeiro da Fundação BB, em colaboração com a ONU Mulheres, permitirá a reforma de dez espaços para o beneficiamento do mel, além da compra de quatro tendas para a comercialização de produtos e a aquisição de um veículo utilitário.
Com o investimento, também serão realizadas capacitações para a difusão de novas práticas de produção e manejo do mel, farinha de milho, produtos agroecológicos e artesanato. As instituições envolvidas no projeto esperam agregar valor aos negócios das mulheres paraenses e aumentar a renda das integrantes do MMNEPA.
Empoderamento
A parceria entre a Fundação Banco do Brasil e a ONU Mulheres faz parte do compromisso da instituição com os Princípios de Empoderamento das Mulheres — o Banco do Brasil é signatário dessas diretrizes. A iniciativa visa mostrar como as fundações empresariais podem contribuir para o cumprimento do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) nº 5 — alcançar a igualdade de gênero e o empoderamento de todas as mulheres e meninas.
A ONU Mulheres avalia que as brasileiras ainda enfrentam muitos desafios, são sobrecarregadas pelas tarefas de cuidado não remuneradas e ainda trabalham muitas vezes na informalidade.
“O empoderamento econômico das mulheres é decisivo para a transformação de suas vidas, de suas comunidades e da economia como um todo. Investir na capacidade produtiva das mulheres, nos seus locais de vida e promover o fortalecimento de grupos de mulheres são iniciativas concretas para alterar a economia com o foco em direitos e sustentabilidade, além de influenciar novas práticas em toda a cadeia produtiva em favor das mulheres”, afirma Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres no Brasil.
A dirigente lembra a relação do ODS 5 com todos os objetivos globais, entre eles, o ODS 8, sobre trabalho decente e crescimento econômico, e o ODS 2, sobre agricultura sustentável e o fim da fome. “Esse investimento social e produtivo demonstra como os objetivos globais fazem parte da vida real das brasileiras e como enfrentar as desigualdades de gênero, raça e etnia implica ações em diferentes áreas”, completa Gasman.
Autonomia econômica e fim da violência de gênero
Um diagnóstico realizado em 2010 com as participantes da associação comprovou que mulheres que possuem autonomia financeira sofrem muito menos com a violência. Segundo a ONU Mulheres, o Brasil é o quinto país com a maior taxa de feminicídio (assassinato de mulheres por razões de gênero): 4,8 vítimas para cada 100 mil mulheres. Um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), com dados de 2016, aponta que o Pará tem uma taxa de 7,2 vítimas para cada 100 mil mulheres — o que faz do estado o segundo mais letal para as mulheres.
Rita Teixeira, uma das coordenadoras do MMNEPA, defende que a autonomia financeira é um dos meios para pôr fim a agressões e crimes motivados por questões de gênero. “Costumamos dizer que quando eu pago a conta, eu determino quem senta na minha mesa e isto é o propósito do MMNEPA, acabar com a violência pelo empoderamento social e econômico, para nós, mulheres, vivermos dias melhores”, afirma.
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Posted: 23 Jan 2019 05:51 AM PST
Recomendações para acabar com violência contra crianças e jovens em escolas do mundo todo serão apresentadas a líderes mundiais que se reúnem esta semana no Fórum Mundial de Educação, em Londres. Foto: UNICEF
Jovens de todo o mundo vão pedir aos governos o fim da violência nas escolas e arredores, durante o Fórum Mundial de Educação, que ocorre nesta semana no Reino Unido.
Representando crianças e jovens de diferentes países, Khuthadzo Silima e Jonathan Franca, jovens ativistas de 18 anos da África do Sul e dos Estados Unidos, apresentarão um manifesto a ministros de Estado no evento em Londres, detalhando o que crianças e jovens precisam para se sentir seguros dentro e nos arredores da escola.
“O manifesto representa as vozes de milhões de crianças e jovens que enfrentam a violência na escola todos os dias”, disse Silima antes do evento. “A mensagem que queremos transmitir é clara: os adultos devem nos ouvir e levar a questão da violência escolar a sério”.
O Manifesto Jovem #ENDviolence foi redigido no fim de 2018 por mais de 100 crianças e jovens de todo o mundo, incluindo Silima, Franca e a brasileira Lays dos Santos, que viajou à África do Sul, a convite do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), para representar meninas e meninos brasileiros.
Clique aqui para saber mais sobre a trajetória de Lays.
O manifesto também se baseou em uma recente pesquisa do UNICEF sobre jovens, que recebeu mais de 1 milhão de respostas de mais de 160 países, e sugestões de uma série de palestras lideradas por estudantes sobre o fim da violência, realizadas em todo o mundo.
A iniciativa pede que pais, responsáveis, escolas, formuladores de políticas e comunidades levem os estudantes a sério; estabeleçam regras claras; façam leis restringindo armas; garantam segurança na escola; forneçam instalações escolares seguras; capacitem professores e conselheiros; e ensinem sobre consentimento e resposta à violência sexual.
O documento pede a proteção da diversidade e da tolerância nas escolas, independentemente de cultura, gênero, identidade, deficiência, orientação sexual, nacionalidade, raça, etnia, status de migração e religião; e proteção de todos os alunos – aqueles que experimentam violência e aqueles que se envolvem em comportamento violento.
O Manifesto Jovem #ENDviolence faz parte de um esforço coletivo para acabar com a violência dentro e nos arredores das escolas, chamado “Safe to Learn”, liderado por organizações como UNICEF, Departamento para o Desenvolvimento Internacional do Reino Unido (DFID), Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), a Parceria Global para Acabar com a Violência contra Crianças e a Iniciativa de Educação de Meninas das Nações Unidas (UNGEI).
O UNICEF está incentivando jovens de todo o mundo a levantar suas vozes e dizer como estão trabalhando juntos e quais soluções estão usando para acabar com a violência dentro e nos arredores das escolas de uma vez por todas. Saiba mais em https://uni.cf/end-violence.
Com o manifesto, os jovens falaram sobre os perigos que enfrentam na escola todos os dias, incluindo brigas, pressão para participar de gangues, intimidação tanto presencial quanto online, disciplina violenta, assédio sexual e violência armada.
Clique aqui para saber mais sobre a campanha global do UNICEF #ENDViolence.
Sobre Safe to Learn
#SafetoLearn (Seguro para aprender) é uma nova campanha dedicada a acabar com a violência nas escolas para que meninas e meninos sejam livres para aprender, prosperar e perseguir seus sonhos.
Foi inicialmente concebida por membros da Parceria Global para Acabar com a Violência contra Crianças — UNESCO, UNICEF, DFID, e UNGEI. O objetivo é trabalhar com governos, organizações da sociedade civil, comunidades, professores e os próprios adolescentes e crianças para acabar com toda a violência em todas as escolas até 2024.
Para mais informações sobre #SafetoLearn, visite: www.end-violence.org/safetolearn
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Posted: 23 Jan 2019 05:15 AM PST
Locais de trabalho mais saudáveis e seguros podem prevenir ao menos 1,2 milhão de mortes todos os anos, de acordo com estudo da OMS realizado em 2018. Foto: Agência Brasil/Marcelo Camargo
A Comissão Global da Organização Internacional de Saúde (OIT) sobre o Futuro do Trabalho pediu mudanças fundamentais nas formas de se trabalhar em meio a uma nova onda de globalização, rápido desenvolvimento tecnológico, transição demográfica e mudança climática, segundo relatório publicado na terça-feira (22).
O documento pondera maneiras de garantir um futuro melhor para todas as pessoas em um momento de transformação sem precedentes e desafios excepcionais no mundo do trabalho.
Segundo a comissão, essas mudanças exigem que a saúde seja mais valorizada nos ambientes de trabalho. Todas e todos têm direito à saúde, que é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um estado de completo bem-estar físico e mental e não apenas a mera ausência de doenças. Os trabalhadores também têm o direito aos cuidados de saúde o mais próximo possível dos locais onde vivem e trabalham.
Locais de trabalho mais saudáveis e seguros podem prevenir ao menos 1,2 milhão de mortes todos os anos, de acordo com estudo da OMS realizado em 2018. “Mais mortes e incapacidades podem ser evitadas ao se enfrentar grandes ameaças à saúde no local de trabalho, como estresse, longas horas de trabalho, sedentarismo e doenças sensíveis ao clima e à poluição do ar no local de trabalho”, disse Maria Neira, diretora de Saúde Pública, Determinantes Ambientais e Sociais da Saúde da OMS.
“O local de trabalho é um cenário-chave para a ação em muitas iniciativas da Organização sobre meio ambiente e mudança climática, doenças crônicas não transmissíveis, saúde mental, tuberculose, HIV e outras doenças transmissíveis.”
“Compartilhamos o interesse da Comissão Global sobre os possíveis efeitos para a saúde mental causados pelas novas tecnologias e organização do trabalho na economia digital e estamos ansiosos para colaborar com a OIT no desenvolvimento de recomendações para melhorar esse cenário”, disse Dévora Kestel, diretora da OMS para Saúde Mental e Abuso de Substâncias.
A OMS acolhe a recomendação da Comissão Global de estabelecer uma Garantia Universal do Trabalho que inclua um conjunto de condições básicas, como salário digno adequado, limites de horas e locais seguros e saudáveis. Emprego justo e condições de trabalho decentes são poderosos determinantes da saúde, lembrou a agência.
O organismo internacional trabalha com os países para estender a cobertura universal de saúde para mais 1 bilhão de pessoas, bem como intervenções e serviços básicos para locais de trabalho mais seguros e saudáveis para todas as formas de emprego, inclusive na economia informal, para trabalhadores migrantes e de plataformas digitais.
É no local de trabalho que a cobertura universal de saúde e a Garantia Universal do Trabalho podem fazer uma diferença visível na vida diária dos profissionais e dos locais onde atuam, lembrou a OMS. A agência da ONU afirmou estar comprometida em trabalhar com a OIT para que isso aconteça.
Em 2018, a OMS e a OIT estabeleceram uma coalizão global sobre segurança e saúde ocupacional como iniciativa de múltiplos parceiros de agências internacionais e nacionais. O objetivo é criar soluções comuns para os desafios da saúde e segurança no trabalho e estimular ações conjuntas dos setores de saúde e trabalho nos países.
Além disso, a OMS saúda a atenção dada pela Comissão Global sobre a economia da saúde e os cuidados de saúde e trabalha junto à OIT e à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para implementar um plano de ação global de cinco anos para criar novas e dignas oportunidades de trabalho nos serviços de saúde, garantindo assim a força necessária para a cobertura universal de saúde e estimulando o crescimento econômico.
“Um trabalho decente no setor de saúde exige locais saudáveis e seguros em todos os estabelecimentos, para todos os profissionais, desde hospitais aos cuidados primários, em cidades, aldeias e locais em situação de vulnerabilidade, a qualquer momento, no trabalho diário e em emergências de saúde pública”, afirmou Jim Campbell, diretor do Departamento de Trabalho em Saúde da OMS.
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Posted: 22 Jan 2019 12:53 PM PST
Michael Møller, diretor-geral do Escritório das Nações Unidas em Genebra. Foto: ONU/Violaine Martin
O chefe da ONU em Genebra, Michael Møller, alertou na segunda-feira (21) que desafios relacionados à segurança cibernética e a existência de novos sistemas de armas e tecnologias não estão recebendo uma resposta suficiente dos países nem estão contemplados pelos atuais regimes de controle de armamentos. Em pronunciamento para as delegações presentes na Conferência sobre Desarmamento, o dirigente alertou para a ameaça elevada das armas nucleares.
Møller falou na abertura do primeiro encontro de 2019 da conferência, sediada na cidade suíça. Embora a assembleia seja o único fórum multilateral para negociações de desarmamento, o organismo está num impasse há mais de 20 anos: o último acordo de controle de armas negociado com sucesso pela conferência foi o Tratado de Proibição Total de Testes Nucleares, de 1996.
O chefe da ONU em Genebra afirmou que as realidades de hoje criam um cenário convincente para um senso de urgência renovado na busca pelo desarmamento. Møller alertou que a ameaça nuclear permanece alta — programas nucleares continuam sendo promovidos e arsenais nucleares continuam sendo melhorados, ao mesmo tempo em que gastos militares e com segurança alcançaram níveis recordes.
O dirigente afirmou que o multilateralismo está “sob fogo no momento em que mais precisamos dele”. Na avaliação de Møller, que é secretário-geral da conferência, permanece distante o objetivo de um “diálogo significativo sobre a abordagem correta para uma série de questões envolvendo desarmamento”.
O ano de 2019 marca os 40 anos da Conferência sobre Desarmamento e foi descrito por Møller como uma ocasião para “relembrar porque estes mecanismos, com suas regulações e regras de procedimentos e códigos de conduta, foram estabelecidos”. Eles são importantes, disse o especialista, porque criam um lugar neutro para diálogos, onde posições diferentes podem ser reconhecidas.
Møller ressaltou o progresso feito em 2018 – quando, pela primeira vez em muitos anos, quatro relatórios foram adotados por consenso, abrindo espaço para novas atividades, incluindo discussões técnicas. O dirigente também disse esperar que o impulso gerado por estes desdobramentos continue nesta e nas próximas sessões da conferência.
Sobre a conferência
A Conferência sobre Desarmamento — estabelecida como o único fórum multilateral que negocia acordos de desarmamento na comunidade internacional — não é formalmente um órgão das Nações Unidas, mas se reporta anualmente ou o mais frequentemente possível à Assembleia Geral da ONU.
Atualmente, o organismo foca principalmente nas seguintes questões: suspensão da corrida por armas nucleares e desarmamento nuclear; prevenção de uma guerra nuclear e questões relacionadas; prevenção da corrida bélica no espaço; arranjos internacionais eficazes para garantir que Estados sem armas nucleares sejam contra o uso ou ameaça desses armamentos; novos tipos de armas de destruição em massa e os novos sistemas desses dispositivos, como as armas radiológicas; um programa abrangente de desarmamento e transparência em armamentos.
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Posted: 22 Jan 2019 12:43 PM PST
Trabalhadores em indústria eletrônica de Bekasi, na Indonésia. Foto: OIT/A. Mirza
Inovações sem precedentes no mundo do trabalho oferecem “inúmeras oportunidades”, mas os países devem agir para que elas não criem mais desigualdades e incertezas, segundo um novo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgado nesta terça-feira (22).
“Inúmeras oportunidades estão à frente para melhorar a qualidade de vida profissional, ampliar as escolhas, reduzir as desigualdades de gênero e reverter os danos causados pela desigualdade global”, disse o relatório da Comissão Global sobre o Futuro do Trabalho. “No entanto, nada disso acontecerá por si só. Sem ação decisiva, estaremos agindo como sonâmbulos em um mundo que amplia as desigualdades e as incertezas existentes”, completou.
Segundo o relatório, forjar esse novo caminho requer ação comprometida por parte de governos, bem como organizações de empregadores e trabalhadores. “Eles precisam revigorar o contrato social que dá aos trabalhadores uma participação justa no progresso econômico, respeito aos seus direitos e proteção contra risco em troca de sua contribuição contínua para a economia”.
O documento sugere que os países garantam direito universal à aprendizagem ao longo da vida; intensifiquem os investimentos em instituições, políticas e estratégias que irão apoiar as pessoas ao longo de transições de trabalho futuras; implementem uma agenda transformadora e mensurável para a igualdade de gênero; forneçam proteção social universal do nascimento até a velhice.
Delineando os desafios colocados pelas novas tecnologias, demografia e mudança climática, a Comissão Global pede uma resposta coletiva e mundial para aproveitar tais mudanças para o bem.
O relatório esclarece que, embora a inteligência artificial, a automação e a robótica possam reduzir empregos, esses mesmos avanços tecnológicos, juntamente a uma economia mais verde, têm o potencial de criar vagas para milhões de pessoas.
“As questões destacadas neste relatório são importantes para as pessoas em todos os lugares e para o planeta”, declarou o diretor-geral da OIT, Guy Ryder. “Elas podem ser desafiadoras, mas ignorá-las é por nossa conta e risco”.
Co-presidido pelo presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, e pelo primeiro-ministro da Suécia, Stefan Löfven, a Comissão Global apresentou uma agenda centrada no ser humano, baseada no investimento em pessoas, instituições de trabalho e emprego decente e sustentável.
Ramaphosa chamou o relatório de “uma contribuição vital” para entender a natureza global das mudanças em andamento, juntamente com aquelas que ainda estão por vir.
“O relatório deve estimular o engajamento e as parcerias dentro e entre as jurisdições nacionais e regionais para garantir que a economia e a sociedade globais se tornem mais equitativas, justas e inclusivas”, disse ele.
O relatório é a culminação de uma análise de 15 meses feita pela Comissão de 27 membros, composta por figuras importantes, inclusive de empresas, grupos de especialistas, organizações governamentais e não governamentais.
Löfven ressaltou, por sua vez, que essas mudanças radicais criam “muitas oportunidades para mais e melhores empregos”, acrescentando que governos, sindicatos e empregadores devem trabalhar juntos para tornar as economias e os mercados de trabalho mais inclusivos.
“Esse diálogo social pode ajudar a globalização a funcionar para todos”, afirmou o co-presidente.
O relatório também destacou o “papel único” da OIT no desenvolvimento e fornecimento de um sistema internacional com uma “agenda econômica centrada no ser humano”, e pediu à agência da ONU que dê atenção urgente à implementação das recomendações do relatório.
“O mandato da OIT, reunindo governos, empregadores e trabalhadores de todas as partes do mundo, significa que a organização está bem preparada para agir como uma bússola e um guia para ajudar a abrir novos horizontes no trabalho para as próximas gerações”, concluiu Ryder.
Criada em 1919, no rescaldo da Primeira Guerra Mundial, a OIT comemora 100 anos de defesa do trabalho decente e da globalização justa.
Clique aqui para acessar o relatório completo (em inglês).
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