Boletim diário da ONU Brasil: “Chefe da FAO pede mudanças profundas nos sistemas de alimentação para garantir dietas saudáveis” e 10 outros.
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Posted: 15 Jan 2019 11:48 AM PST
José Graziano da Silva, chefe da FAO, participa do Congresso Futuro, no Chile. Foto: FAO/Maximiliano Valencia
A fome, a obesidade e outras formas de má nutrição seguirão em aumento se não houver uma mudança profunda nos sistemas alimentares, afirmou nesta terça-feira (15) o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura ( FAO), o brasileiro José Graziano da Silva. Dirigente participou do Congresso Futuro, evento de divulgação científica realizado no Chile e visto como o mais importante da América Latina.
O chefe da agência da ONU afirmou que o problema da fome e do sobrepeso no mundo não é por falta de alimentos e sim pela falta de acesso a comida saudável e nutritiva para toda a população.
“O paradoxo é que hoje em dia temos quase o mesmo número de pessoas com fome e pessoas obesas e isto vai crescendo rapidamente”, afirmou Graziano para uma plateia de especialistas internacionais que se dedicam a promover uma alimentação saudável e ambientalmente sustentável.
Segundo o último relatório da FAO, a fome afetou 821 milhões de pessoas em 2017 em todo o mundo e a proporção da obesidade em adultos chegou a 13,3% em 2016 — o equivalente a 672 milhões de pessoas.
Graziano destacou que a razão dos dois problemas é o fato de que os sistemas alimentares não estão fornecendo dietas saudáveis. “Os sistemas alimentares que temos não funcionam, estão projetados para outra coisa, que não é para garantir uma boa alimentação. O desafio é redesenhá-los.”
O dirigente máximo da FAO lembrou que a obesidade deve ser tratada como um assunto público, com políticas públicas, e não como problema individual das pessoas. “O problema da obesidade é mais complexo que o da fome. A fome se limita a áreas específicas, sobretudo aquelas atormentadas por conflitos, secas e extrema pobreza, mas a obesidade está em todas as partes e segue crescendo em todo o mundo”, ressaltou Graziano.
O chefe do organismo internacional explicou que o sistema alimentar é a cadeia que inclui os solos, a produção, a distribuição e a armazenagem e chega até os restaurantes e casas, “mas não termina aí”. “Há uma parte que não é visível e que é a que tem mais poder, uma ‘superestrutura’ que condiciona as dietas saudáveis. Me refiro às instituições, às leis e aos marcos de regulamentação”, disse o especialista.
Graziano afirmou que, em nível mundial, as principais causas da fome são os conflitos armados e os impactos da mudança climática. “Hoje, 60% das pessoas que têm fome estão em países que têm conflitos e 40% estão em países que sofreram secas, um dos fenômenos mais devastadores para a produção.”
Perante todos esses desafios, o dirigente fez um chamado para a atuação com rapidez e de forma conjunta, com governos, setor privado, sociedade civil, o mundo acadêmico e da pesquisa. “Todos temos um papel a ser desempenhado para garantir a segurança alimentar”, completou Graziano.
Também participaram do evento Rosana Oliveira, que pesquisa a alimentação com base em plantas, Rabi Mohtar, doutor em Tecnologia Agrícola e Sistemas de Gestão, e Corinna Hawkes, diretora do Centro de Política Alimentar da Universidade de Londres.
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Posted: 15 Jan 2019 11:16 AM PST
Mulheres iemenitas fazem fila para receber assistência humanitária em Hodeida, em novembro de 2018. Foto: PMA/Marco Frattini
No oeste do Iêmen, em torno de 11 mil famílias receberam assistência pela primeira vez desde julho do ano passado, informou nesta terça-feira (15) o Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas ( PMA). Por meio de um cessar-fogo parcial no atual conflito iemenita, organizações humanitárias conseguiram chegar às comunidades de Tuhayat e Darayhimi, ao sul da cidade portuária de Hodeida.
A cessação de hostilidades entre forças do governo e milícias houthi da oposição é fruto de diálogos liderados pelas Nações Unidas.
“Pela primeira vez desde o aumento de confrontos em Hodeida, em junho de 2018, o PMA conseguiu auxiliar áreas de difícil acesso de Tuhayat e Darayhimi”, disse o porta-voz Hervé Verhoosel. “Isto pode ser graças a uma desescalada inconsistente ao longo dos dias recentes, após as conversas de paz de dezembro em Estocolmo, Suécia.”
A ajuda humanitária foi distribuída de Hodeida – um reduto houthi – e de Áden, controlada pelo governo internacionalmente reconhecido do presidente Abd Rabbu Mansour Hadi.
“Até o momento, o PMA despachou mais de 3.334 toneladas de assistência alimentar para estas áreas, simultaneamente de Áden e Hodeida”, explicou o representante do programa. Verhoosel acrescentou que “8.125 residências em Tuhayat receberam assistência suficiente para dois meses e 2.662 famílias em Darayhimi, ao sul de Hodeida, receberam alimentos”.
“Estes foram os primeiros envios humanitários entregues desde julho de 2018, quando um caminhão contratado pelo PMA foi atingido na área”, completou o porta-voz.
No mês passado, o PMA aumentou a entrega de alimentos e vouchers para cerca de 9 milhões de pessoas no Iêmen. Em novembro, o número era de 7 a 8 milhões. O objetivo nas próximas semanas é alcançar 12 milhões de iemenitas, com o objetivo de evitar a fome no país. O Iêmen já era uma das nações mais pobres do mundo antes do agravamento do conflito, em março de 2015.
“Nós iremos nos adaptar diariamente à situação de segurança no terreno”, disse Verhoosel. “Nós encorajamos, claro, todas as partes a manterem as negociações sob (a coordenação do) enviado especial do secretário-geral.”
Equipe da ONU em Hodeida monitora cessar-fogo
A equipe de monitoramento das Nações Unidas que supervisiona a implementação do acordo de paz de Estocolmo, assinado pelo governo e por líderes da oposição houthi, continua suas atividades, mas as partes conflitantes se recusaram a realizar encontros presenciais nos últimos dias.
Segundo o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, o general holandês Patrick Cammaert, que comanda o Comitê de Coordenação para Remobilização, tem atuado para encontrar um consenso entre o governo iemenita e os houthis, a fim de redistribuir as tropas presentes em três portos e partes críticas de Hodeida. A cidade é ponto de entrada de mais de 70% de toda a ajuda humanitária e de bens comerciais que chegam ao Iêmen.
Diálogos futuros sobre um acordo de paz para o país dependem da manutenção do atual cessar-fogo, em linha com o acordo feito na Suécia.
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Posted: 15 Jan 2019 10:31 AM PST
Distribuição de contraceptivos e materiais de informação sobre HIV e Aids. Foto: UNFPA Brasil/Solange Souza
Em Boa Vista (RR), a Associação de Bem com a Vida, por meio de parceria com o Fundo de População das Nações Unidas ( UNFPA), reinaugura a Casa Viver para pessoas vivendo com HIV, brasileiras e venezuelanas. O espaço é voltado para indivíduos que necessitam de atendimento no Serviço de Assistência Especializada (SAE). A abertura do centro acontece na próxima quinta-feira, 17, às 16h, na sede da associação. O projeto é financiado pelo Fundo Central de Resposta de Emergência das Nações Unidas (CERF).
Destinada a pessoas refugiadas, migrantes e brasileiras, a iniciativa é um espaço seguro que abriga pessoas vivendo com HIV e que precisam realizar exames laboratoriais e receber acompanhamento médico, psicológico, nutricional, assistência social e medicamentos disponíveis em Boa Vista. O objetivo é facilitar o acesso à saúde e garantir que os indivíduos consigam realizar seu tratamento para retornar ao domicílio de origem.
A Casa de Passagem Viver contará com 12 camas e vai oferecer quatro refeições diárias, assistente social, espaço de lavanderia para uso dos beneficiários e grupo de apoio. Pessoas com necessidades de assistência médica e/ou de enfermagem serão encaminhadas diretamente à rede de saúde.
O projeto está sendo financiado pelo Fundo Central de Resposta de Emergência das Nações Unidas (CERF), que tem como objetivo principal salvar vidas no âmbito da assistência humanitária. Em Roraima, junto ao UNFPA, apoia atividades para promoção e defesa da saúde sexual e reprodutiva, além de proteção de mulheres, adolescentes e pessoas em situação de violência e de maior vulnerabilidade.
Serviço:Reinauguração da Casa ViverLocal: Rua dos Buritis, 605 – 13 de Setembro – Boa Vista (RR) Data: Quinta-feira, 17 de janeiro 2019 Horário: 16h
Atendimento à imprensa:Marcela Ulhoa – Coordenadora do Escritório de Projeto do UNFPA em Roraima bonvicini@unfpa.org/(95) 98405-5465
Thais Rodrigues – Assistente de Comunicação do UNFPA no Brasil trodrigues@unfpa.org
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Posted: 15 Jan 2019 10:03 AM PST
Depois de mais de dois anos como refém do Boko Haram no nordeste da Nigéria, uma das meninas de Chibok relata as terríveis condições que vivenciou. Foto: UNICEF Nigéria
Por Nika Saeedi, especialista de políticas em gênero, processos políticos e construção da paz do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), e Sanam Naraghi Anderlini, fundadora e diretora-executiva da Rede Internacional de Ação da Sociedade Civil (ICAN)*
Mortes resultantes de ataques terroristas e do extremismo violento caíram quase um terço em 2017. Mas para as mulheres e crianças com vínculos com grupos extremistas, o pesadelo de viver sob o jugo do ISIS ou do Boko Haram está longe do fim — com governos sobrecarregados e despreparados para reintegrá-las e reabilitá-las. Em nível local, são organizações comunitárias lideradas por mulheres que estão dando a volta por cima.
A escala do problema
Na Síria, autoridades curdas estariam mantendo em detenção cerca de 2 mil mulheres e crianças estrangeiras, que se acredita terem se associado ao ISIS. Na Nigéria, milhares de mulheres e meninas associadas ao Boko Haram — sequestradas ou forçadas a se alistar, recrutadas, agredidas ou subornadas — estão abrigadas agora em campos militares, vulneráveis a abuso e estigmatizadas por suas comunidades.
Do Líbano e da Tunísia ao Quênia, Indonésia e além, homens e mulheres ligados a grupos extremistas violentos buscam cruzar fronteiras internacionais e retornar para casa, frequentemente acompanhados de crianças.
Um novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento ( PNUD) e da Rede Internacional de Ação da Sociedade Civil (ICAN), Mulheres Invisíveis: Dimensões de Gênero do Retorno, Reintegração e Reabilitação, visa a documentar os desafios relatados para reintegrar mulheres e meninas associadas a movimentos extremistas violentos e estabelecer uma base preliminar de evidências das melhoras práticas para lidar com eles.
Em todos os contextos, o estudo aponta, dinâmicas de gênero desempenham um papel crítico. Mulheres e meninas que retornam e que foram vítimas de violência sexual enfrentam um estigma adicional e têm necessidades psicossociais e de saúde distintas. Elas sofrem consequências econômicas também: viúvas de homens que se uniram ao ISIL no Iraque ou na Síria agora têm de obter uma renda enquanto cuidam sozinhas das crianças.
No Iraque, viúvas estrangeiras de ex-combatentes podem enfrentar a pena de morte independentemente de seu papel nos movimentos. O status de muitas crianças e órfãos permanece desconhecido. Na Nigéria e em outros lugares, se as mulheres voltam para as suas comunidades e enfrentam falta de oportunidades, junto com o estigma de serem afiliadas a extremistas violentos, o risco de uma nova radicalização e um novo recrutamento aumenta.
Temidas e sem confiança
O medo, a raiva e a desconfiança das comunidades em relação às mulheres e crianças que retornam estão entranhados em todos os cenários, frequentemente com consequências mortais. O governo tem, ao mesmo tempo, que proteger e garantir justiça para seus cidadãos, enquanto assegura o devido processo legal, a dignidade e a adesão às leis de direitos humanos para esses retornados.
Em muitos casos, mães, esposas e irmãs podem estar em contato com seus parentes homens, ainda envolvidos em grupos extremistas — o que deixa turva a noção do que significa ser “associada” ou “afiliada” a extremistas e complica a tarefa dos processos de reintegração, benéficos e a cargo da comunidade mais ampla.
Organizações locais e credíveis de mulheres têm liderado esforços para identificar e enfrentar a terrível situação de mulheres e crianças que retornam ou são deixadas para trás, oferecendo aconselhamento sobre trauma, treinamento em meios de subsistência e acesso seguro à polícia local e às autoridades.
Elas também combatem as ideologias que fomentaram o extremismo, oferecendo narrativas alternativas que rejeitam a violência e a intolerância. No entanto, essas organizações permanecem amplamente excluídas dos planos nacionais para prevenir e se opor ao extremismo violento.
Entre as principais descobertas do relatório, estão:
- A maioria dos países não tem políticas consistentes ou leis referentes ao tratamento de retornados associados com grupos terroristas e extremistas violentos — especialmente no caso de mulheres e crianças.
- A proporção de mulheres para homens que retornam aos seus países de origem varia sginificativamente por país — e em muitos casos, as mulheres não estão retornando porque elas não conseguem obter o status de cidadania e a custódia de crianças nascidas durante seu tempo na Síria, Iraque ou em outros lugares.
- Mulheres e meninas que de fato retornam enfrentam raiva, medo e estigma enormes de suas comunidades. Isso as isola e inibe as suas habilidades de se reintegrar. Também eleva a vulnerabilidade delas a um novo recrutamento para grupos extremistas, que os cooptam com ofertas de apoio e pertencimento.
- As atuais políticas e programas tendem ou a ignorar essas mulheres e meninas ou a enquadrá-las como vítimas ou autoras da violência, ao passo que, na maioria dos casos, seus vínculos com grupos extremistas e parentes são complexos.
- Apesar de sua misoginia, muitos grupos extremistas violentos cooptaram a mensagem do empoderamento feminino e dão até mesmo melhores condições socioeconômicas. Eles exploram ideologias e identidades para dar um senso de propósito, significado e pertencimento do qual mulheres e meninas vulneráveis sentem falta em suas vidas. Governos também têm de lidar com a misoginia, injustiça e déficits de dignidade que as mulheres experimentam em suas próprias sociedades. Do contrário, existe um risco continuado de mulheres serem atraídas pelas mensagens dos grupos extremistas violentos.
- Muitas das mulheres são viúvas e têm de enfrentar estigma mesmo quando se tornam chefes de família pela primeira vez. Programas têm de ajudá-las a conquistar meios de subsistência, que podem impedi-las de serem pressionadas a se juntar ou voltar para grupos extremistas.
- Organizações locais são frequentemente as primeiras alertadas sobre essas questões e estão nas linhas de frente da resposta aos complexos desafios enfrentados por mulheres e meninas retornadas. Elas têm sido pioneiras em programas de resposta efetivos e holísticos que combatem necessidades psicossociais, econômicas e ideológicas — mas permanecem excluídas de programas nacionais e locais e vulneráveis a riscos de segurança.
*Publicado originalmente no site global do PNUD, em 9 de janeiro de 2019.
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Posted: 15 Jan 2019 08:45 AM PST
Preservativos disponibilizados numa clínica móvel apoiada pelo UNFPA em Mianmar. Foto: UNFPA/Yenny Gamming
“Se eu soubesse sobre sexo seguro na minha adolescência, minha vida nunca teria sido assim”, diz o jovem Sithu*, de 21 anos, em entrevista ao Fundo de População das Nações Unidas ( UNFPA) em Mianmar. Ele se infectou com HIV há dois anos.
Sithu sempre sonhou em trabalhar no exterior para ajudar seus pais. Ele se matriculou na universidade e tudo parecia promissor — até ele saber que era HIV-positivo.
“A primeira coisa que me veio à cabeça foi tirar a minha própria vida”, lembra. “Eu não conseguia acreditar que isso estava acontecendo comigo. Por que eu?”
‘Minha alma ainda dói’
Ela só havia tido relações sexuais íntimas duas vezes em sua vida, mas em ambos os momentos, o sexo foi sem proteção. Sithu não conhecia os riscos. Ele nunca tinha recebido educação sobre sexualidade, nem na escola nem em nenhum outro lugar.
Quando notou que estava com verrugas nos órgãos genitais, uma infecção sexualmente transmissível (IST) comum, ele foi até uma clínica local em busca de ajuda. Lá, fez um teste de HIV e seu mundo desabou.
Sithu contou sobre o resultado do exame para o garoto com quem tinha tido relações sexuais. Seu relacionamento acabou. Sithu foi abandonado, sentindo-se traído e sozinho.
“Minha alma ainda dói a cada vez que penso sobre o que aconteceu comigo dois anos atrás. Meu último raio de esperança se fora e fiquei desesperado por um longo tempo”, recorda o rapaz.
No escuro
O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) estima que cerca de 36 mil jovens, de dez a 24 anos, estejam vivendo com HIV em Mianmar. E alguns jovens enfrentam um risco acentuado de infecção — incluindo profissionais do sexo, jovens que injetam drogas, indivíduos trans e homens jovens que fazem sexo com homens.
Uma educação abrangente sobre sexualidade capacita os jovens a se proteger do HIV e de outras infecções. Ela oferece informação apropriada à idade sobre como o corpo funciona e sobre como prevenir ISTs e gestações não planejadas, além de abordar como se posicionar contra a violência sexual. Mas a educação abrangente sobre sexualidade não é uma parte obrigatória do currículo escolar em Mianmar.
Ao mesmo tempo, estigmas em torno do HIV e do sexo podem deixar os jovens no escuro sobre seus corpos, sua saúde e seus direitos. Eles podem enfrentar discriminação ao buscar, por exemplo, informação ou serviços de saúde sexual.
Jovem em Mianmar. O estigma em torno do HIV e do sexo pode impedir a juventude de aprender a se proteger. Foto: UNFPA/Nowai Linn
Sithu também já sofreu discriminação por causa de seu status para o HIV, tanto pessoal quanto profissionalmente.
“Foi realmente muito difícil abandonar os meus sonhos. Eu perdi minha confiança”, lembra o birmanês. “Ficou pior quando eu soube da rejeição (em uma oferta) de trabalho num banco local devido ao meu status médico. Eu continuo pensando que a minha vida não teria sido assim se eu soubesse como me proteger.”
Um novo propósito
Trabalhando com instituições parceiras, o UNFPA está ajudando a ampliar o acesso dos jovens em Mianmar a informações e serviços de saúde sexual e reprodutiva, incluindo informações relacionadas ao HIV e assistência legal.
A organização Myanmar Youth Stars (MYS), apoiada pelo UNFPA, está oferecendo educação sobre saúde sexual por meio de redes de pares, ou seja, que se baseiam na comunicação de jovem para jovem, e por meio de treinamentos dentro das próprias comunidades. Profissionais de saúde capacitados pelo fundo da ONU também aprendem a oferecer serviços que sejam livres de estigma e acolhedores para a juventude.
Sithu agora está recebendo tratamento antirretroviral. Ele também começou a receber informação sobre saúde e apoio de organizações locais, incluindo a MYS.
“Eu sou mais uma vez capaz de encontrar o meu propósito”, afirma o jovem. “Existe uma nova luz na minha vida.”
Hoje, ele tem um novo sonho.
“Eu decidi me tornar um professor de escola. O que eu passei não pode ser revertido, mas eu quero compartilhar a minha história para salvar outros jovens. Eu quero dar conscientização e educação sobre sexo para o máximo de adolescentes e jovens possível.”
*O nome foi alterado para preservar a privacidade do entrevistado
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Posted: 15 Jan 2019 08:00 AM PST
A pobreza na América Latina manteve-se estável em 2017, mas a extrema pobreza aumentou, atingindo seu nível mais alto desde 2008, segundo a CEPAL. Foto: Wikimedia Commons / chensiyuan (CC)
A taxa geral da pobreza medida pela renda manteve-se estável na América Latina em 2017, após aumentos registrados em 2015 e 2016. Entretanto, a proporção de pessoas em situação de extrema pobreza continuou crescendo, seguindo a tendência observada desde 2015, informou nesta terça-feira (15) a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL).
Em 2017, o número de pessoas vivendo na pobreza chegou a 184 milhões (30,2% da população), dos quais 62 milhões estavam na extrema pobreza (10,2% da população, percentual mais alto desde 2008). Os números estão no relatório “Panorama Social da América Latina 2018”, apresentado pela secretária-executiva da CEPAL, Alicia Bárcena, em uma coletiva de imprensa em Santiago, no Chile.
Segundo as projeções da Comissão, em 2018 a pobreza baixaria para 29,6% da população, o que equivale a 182 milhões de pessoas (2 milhões a menos do que em 2017), embora a taxa de extrema pobreza se manteria em 10,2%, ou seja, 63 milhões de pessoas (1 milhão a mais do que em 2017).
“Ainda que a região tenha atingido importantes avanços entre a década passada e meados da presente, desde 2015 foram registrados retrocessos, particularmente em matéria de extrema pobreza”, alertou a secretária-executiva da CEPAL, Alicia Bárcena. Segundo ela, diante desses desafios, os países precisam impulsionar políticas públicas complementares de proteção social e inclusão no mercado de trabalho, assim como políticas redistributivas.
Ao analisar os países que mais reduziram a pobreza entre 2012 e 2017, a CEPAL observou que Chile, El Salvador e República Dominicana ampliaram a renda do trabalho nos domicílios mais pobres, o que contribuiu para essa diminuição. Já em Costa Rica, Panamá e Uruguai, os principais fatores foram as pensões e as transferências recebidas pelos domicílios com menos recursos.
“Isso corrobora a importância de dotar de mais recursos à população em situação de pobreza, combinando o fortalecimento da renda do trabalho com a provisão de transferências públicas e o fortalecimento dos sistemas de proteção social”, afirmou a CEPAL.
Devido à atualização feita em 2015 da metodologia utilizada pela CEPAL para medir a pobreza monetária, e às posteriores revisões realizadas pelo organismo internacional, os números incluídos nessa edição do “Panorama Social” diferem dos divulgados no último relatório publicado em dezembro de 2017 e anteriores. Clique aqui para acessar o documento explicativo.
O relatório destacou também que a desigualdade de renda tem diminuído consideravelmente na região desde princípios da década de 2000. A média simples dos índices de Gini (onde 0 representa ausência de desigualdade e 1 desigualdade máxima) de 18 países da América Latina baixou de 0,543 em 2002 para 0,466 em 2017.
Entretanto, o ritmo de redução desacelerou recentemente. Entre 2002 e 2008, a diminuição anual média do índice foi de 1,3%; entre 2008 e 2014, de 0,8%; e entre 2014 e 2017, de 0,3%. Os sistemas de proteção social tiveram um papel importante nos últimos anos para conter deteriorações distributivas, segundo informa a CEPAL.
Apesar do contexto de ajustes fiscais, o gasto social dos governos centrais é o principal componente do gasto público total (51,4% em 2016), segundo a CEPAL. O gasto público social do governo central de 17 países da América Latina alcançou como média simples 11,2% do PIB em 2016, um leve aumento com relação a 2015 e o nível mais alto registrado desde 2000.
Em termos per capita, o gasto social médio dos países da América Latina praticamente duplicou entre 2002 e 2016, chegando a 894 dólares. No entanto, existe uma alta heterogeneidade entre países, e persistem grandes desafios de financiamento das políticas sociais para alcançar as metas da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, especialmente nos países com níveis mais elevados de pobreza e outras carências em termos de desenvolvimento social.
Para avançar em direção a níveis crescentes de participação nos benefícios do desenvolvimento e no exercício dos direitos, a CEPAL lembrou ser necessário progredir simultaneamente na inclusão social e na inclusão do trabalho da população, mediante políticas ativas.
Em média, em torno de 40% da população ocupada da América Latina recebe rendas do trabalho inferiores ao salário mínimo estabelecido por seu país, e essa proporção é muito mais elevada entre as mulheres (48,7%) e os jovens de 15 a 24 anos (55,9%). Entre as mulheres jovens esse número alcança 60,3%. De acordo com a CEPAL, é preciso implementar políticas universais sensíveis às diferenças para reduzir as desigualdades de acesso que afetam os diferentes grupos da população, assim como reconhecer o cenário de novos e antigos riscos que incidem na sociedade em seu conjunto.
Em 2017, a participação das mulheres no mercado de trabalho continuou sendo menor do que a dos homens, de 50,2% e 74,4%, respectivamente, enquanto naquele mesmo ano o desemprego feminino (10,4%) manteve-se acima dos homens (7,6%). Mais da metade das mulheres ocupadas (51,8%) são empregadas em setores de baixa produtividade e, desse total, 82,2% não estão afiliadas ou não contribuem para um sistema de pensões.
A baixa participação das mulheres no mercado de trabalho remunerado contrasta com sua alta participação no trabalho não remunerado para o próprio domicílio: na América Latina, 77% do trabalho não remunerado é realizado pelas mulheres, de acordo com os dados das pesquisas de uso do tempo.
“Sem políticas públicas adequadas que abordem assuntos-chave como a formação e o emprego das mulheres nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática, que contribuam para evitar a precarização dos empregos e que promovam a corresponsabilidade nos sistemas de cuidado, as mulheres não somente poderiam perder os benefícios dos empregos do futuro, mas, também, correm o risco de que se perpetuem as brechas existentes e as carências de trabalho decente que as afetam atualmente”, concluiu o documento.
Clique aqui para acessar o documento completo (em espanhol).
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Posted: 15 Jan 2019 07:29 AM PST
A birmanesa Aung Ja foi vítima do crime de tráfico de pessoas para a China. No país, os criminosos a obrigaram a engravidar. Foto: ONU Mulheres/Stuart Mannion
Aung Ja* tinha 18 anos quando uma mulher de Myitkina, norte de Mianmar, a convenceu a aceitar um emprego em uma fábrica chinesa. Ela foi resgatada em 2017 e agora participa de um programa de prevenção ao tráfico de pessoas, apoiado pela ONU Mulheres. Ela contou sua história:
“(A intermediária) convenceu minha tia de que eu conseguiria um trabalho na China. Eu havia largado a escola e não estava fazendo nada, então, precisava de um trabalho. Ela me mostrou uma fotografia de uma fábrica de celulares e de uma fábrica de sapatos. Mas, quando cheguei à China, em maio de 2017, eles me forçaram a engravidar. Me deram pílulas por dez dias para preparar meu útero. Então, eu fui a uma consulta médica para ver se meu útero estava pronto e eles injetaram o esperma no hospital, no total, três vezes.
Fui alertada de que se não tomasse as pílulas e pulasse pelo quarto não iria engravidar. Então, na segunda vez, pulei muito, mas escondi as pílulas, então, não fiquei grávida.
Mulheres recebem 250 mil MMK (160 dólares) por cada mês dos cinco primeiros meses de gravidez, então 1 milhão MMK (632 dólares) no final da gravidez e 1 milhão MMK de novo se derem à luz. Se for uma menina, recebem menos do que se for um menino.
Eu não saí do quarto por cinco meses, só saí para ir ao hospital, vendada. Minha única esperança era que alguém nos ajudasse a escapar ou que eu fosse mandada de volta.
Eu ouvi que se a gravidez falhasse três vezes, eles iriam me libertar se pagasse 500 mil MMK (320 dólares), então, informei minha tia. Os líderes do vilarejo, a polícia e a Fundação Htoi de Gênero e Desenvolvimento aconselharam minha tia a pagar, porque era única maneira de me ter de volta e denunciar o caso.
Eu voltei junto com cinco vítimas.
Me senti envergonhada depois que voltei, porque todos os aldeões sabiam que eu tinha sido traficada. Mas eu me sinto melhor agora. Recebi apoio legal e treinamento de conscientização contra tráfico da Htoi e comecei a compartilhar minha experiência com amigos. Fiz uma aula para aprender tecelagem e agora ganho 25 mil MMK por cada peça de tecido que vendo”.
Aung Ja, agora com 19 anos, é uma sobrevivente de tráfico de Kachin, Mianmar, que foi resgatada na China e devolvida a seu vilarejo. Ela agora se recupera com apoio de um programa implementado pela parceira local da ONU Mulheres, a Fundação Htoi de Gênero e Desenvolvimento. Em menos de um ano, o programa, fundado pelo governo do Japão, já treinou 125 sobreviventes, mulheres de comunidades em risco e acampamentos e vilarejos de pessoas deslocadas internamente.
A história de Aung Ja se relaciona com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 5, sobre igualdade de gênero e empoderamento de mulheres, que tem como meta o fim de todas as formas de violência contra a mulher, e com o ODS 15 sobre paz e justiça, que foca no fim de abusos, explorações, tráfico e todas as formas de violência.
*Nome alterado para proteger a identidade da sobrevivente.
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Posted: 15 Jan 2019 06:25 AM PST
Paweł Adamowicz, prefeito de Gdansk, fotografado em janeiro de 2018. Foto: ACNUR/Rafal Kostrzynski
A Agência da ONU para Refugiados ( ACNUR) afirmou na segunda-feira (14) estar “profundamente chocada e triste” pela morte de Pawel Adamowicz, o prefeito da cidade polonesa de Gdansk, que foi esfaqueado no domingo, durante um evento de caridade a céu aberto. De acordo com o organismo internacional, o líder municipal recebia correspondências com discurso de ódio por causa de seus posicionamentos a favor dos refugiados.
Segundo a imprensa, o assassino de Adamowicz é um homem de 27 anos, com um histórico de violência, que havia sido liberado da prisão no mês passado. Após atacar o prefeito no palco, diante de centenas de pessoas, o criminoso disse para a multidão que passou a se ressentir do ex-partido político de Adamowicz, após ser preso em 2014 por crimes violentos. Não há evidência, até o momento, de que o atentado à vida do prefeito tenha sido motivado por questões políticas.
Em pronunciamento sobre o caso, o ACNUR descreveu o governante de Gdansk como “um líder moral profundamente corajoso, que mostrou o caminho para ajudar refugiados e migrantes a se integrar”.
O represente da agência para a Europa Central, Montserrat Feixas Vihe, afirmou que Adamowicz “recebia correspondências com discurso de ódio por seu posicionamento pró-refugiados, mas (o prefeito) não fraquejou em sua crença de que a integração, que traz consigo novos talentos, habilidades, cores, línguas e uma nova mentalidade, era uma proposta com ganhos para todos em sua cidade”.
Na sequência do assassinato, manifestações de luto foram registradas em toda a Polônia. O presidente Andrzej Duda disse que o ocorrido é “um mal difícil de imaginar” e declarou o dia do falecimento como dia de luto nacional.
A nota do ACNUR acrescenta que os funcionários da instituição estavam “profundamente chocados e tristes” com a notícia da morte de Adamowicz, prefeito da cidade portuária desde 1998. “Nossos pensamentos estão com sua família, amigos e colegas”, completa o comunicado.
A agência lembra ainda que Adamowicz lançou, à frente da Prefeitura, o “Modelo de Integração de Imigrantes” de Gdansk, após se encontrar com o Papa Francisco em 2016. Essa estratégia para acolher estrangeiros foi um modelo que inspirou outras cidades polonesas.
Em fevereiro do ano passado, o ACNUR publicou uma matéria sobre os esforços do prefeito para mostrar “um novo tipo de solidariedade” com os refugiados e migrantes, com base no famoso legado da sua cidade como berço da luta para derrubar a ditadura comunista.
“Para mim, tudo se resume aos argumentos morais”, disse à época o prefeito ao organismo da ONU, explicando que o modelo de integração, adotado em seguida por outras cidades, precisava ser criado.
“O mais importante são os nossos valores cristãos, a obrigação humanitária de ajudar as pessoas. Eu senti que cabia a nós assumir a liderança.”
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Posted: 15 Jan 2019 06:19 AM PST
Foto: Flickr/S Pakhrin (CC)
Com taxas de crescimento em exportações de mais de 7% ao longo de 13 anos, o comércio global de bens criativos é um setor resiliente e em expansão impulsionado pela China, de acordo com novo relatório da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD).
A segunda edição do periódico “Creative Economy Outlook: Trends in International Trade em Creative Industries” examina o cenário global e apresenta 130 perfis de países com dados comerciais de bens e serviços criativos.
Os dados, que cobrem o período de 2002 a 2015, mostram a contribuição da economia criativa ao comércio mundial. Durante este período, o valor do mercado global para bens criativos duplicou, indo de 208 bilhões de dólares, em 2002, para 509 bilhões de dólares, em 2015.
O relatório também identifica o crescimento notório da China, cujas exportações de bens criativos cresceram o dobro da média global entre 2002 e 2015.
Estes números são significativos em duas frentes, disse Pamela Coke-Hamilton, que dirige a divisão comercial da UNCTAD.
“A economia criativa tem valor tanto cultural quanto comercial”, disse Coke-Hamilton. “Este valor duplo levou governos em todo o mundo a focar na expansão e no desenvolvimento de suas economias criativas como parte de estratégias de diversificação econômica e de esforços para estimular prosperidade e bem estar”.
“Dentro da economia criativa, as indústrias criativas geram renda através de comércio e direitos de propriedade intelectual, e criam novas oportunidades, especialmente para pequenas e médias empresas”, afirmou Coke-Hamilton.
Design e artes visuais estão entre os setores de maior desempenho, com moda, design de interiores e joias representando 54% de exportações de bens criativos em economias desenvolvidas e 70% (incluindo brinquedos) em economias em desenvolvimento.
As indústrias criativas – que incluem arquitetura, artes e artesanatos, propaganda e marketing, mídia e publicações, pesquisa e desenvolvimento, software, jogos de computador e outros trabalhos criativos essenciais – são a alma da economia criativa.
“Embora a queda em comércio global tenha impactado todas as indústrias, o relatório mostra que a economia criativa é mais resiliente que a maioria”, disse Marisa Henderson, chefe do programa de economia criativa da UNCTAD.
“O desempenho da economia criativa é encorajador e mostra que ela está prosperando através da interseção entre cultura, tecnologia, empresas e inovação”.
Ásia artística
A China é a maior importadora e exportadora individual de bens e serviços criativos. O país é a principal força por trás do boom da economia criativa durante a última década e meia e é dona de grande parte dela. O comércio chinês em bens criativos entre 2002 e 2015 foi exponencial, com taxas de crescimento médio anual de 14%.
Em 2002, o comércio da China em bens criativos foi de 32 bilhões de dólares. Em 2014, este número aumentou mais de cinco vezes, chegando a 191,4 bilhões de dólares.
Houve uma queda em 2015, quando a China registrou comércio de 168,5 bilhões de dólares em bens criativos, mas, comparativamente, o país manteve a maior porcentagem do comércio de bens criativos. Em 2016, as exportações chinesas foram quatro vezes maiores do que as dos Estados Unidos.
Os dados do relatório também indicam que a Ásia superou todas as outras regiões, com a China e o Sudeste Asiático somando juntos 228 bilhões de dólares em exportações criativas, quase o dobro da Europa.
China, Hong Kong (China), Índia, Cingapura, a província chinesa de Taiwan, Turquia, Tailândia, Malásia, México e Filipinas foram as 10 maiores economias em desenvolvimento que estimularam comércio global em bens criativos.
“Geralmente, comércio Sul-Sul está em crescimento e parece pronto para ser uma área de vibrantes crescimentos futuros, especialmente para economia criativa”, disse Henderson.
Entre economias desenvolvidas, os Estados Unidos, França, Itália, Reino Unido, Alemanha, Suíça, Holanda, Polônia, Bélgica e Japão representam os 10 maiores exportadores de bens criativos.
Serviços criativos
O relatório também destaca a mudança de produção de bens criativos para entrega de serviços criativos como uma tendência emergente. Isto é alinhado à mudança global em direção a serviços, à medida que produções industriais e agrícolas caem.
Henderson explicou como jornais e produtos publicados, que originalmente representavam bens criativos, mudaram para se tornar um serviço criativo, com expansão da mídia online impulsionada por inscrições digitais e propagandas online.
“Serviços criativos irão crescer”, disse. “Embora os dados sobre comércio em serviços criativos sejam limitados, mais países estão relatando sobre comércio de serviços criativos, conforme se torna uma caraterística que define economias locais e regionais”.
Dados disponíveis de exportações de serviços criativos de 38 países desenvolvidos (com um conjunto de dados comparável) permaneceram relativamente estáveis entre 2011 e 2015, com crescimento médio anual de 4%.
De todo comércio em serviços para os 38 países, serviços criativos representaram uma porção média de 18%, crescendo de 17,3% em 2011 para 18,9% em 2015.
Brasil
De acordo com o relatório, exportações de bens criativos do Brasil somaram 923,4 milhões de dólares em 2014. Bens de design, como moda, acessórios, design de interiores e joias foram as principais exportações.
O Brasil tem a indústria da moda como parte mais valiosa de sua crescente economia criativa. No entanto, o relatório destaca que o valor de exportações de bens de design caiu de 880 milhões de dólares, em 2005, para 614 milhões de dólares, em 2014.
Novas mídias, como filmes, representaram 102 milhões de dólares, seguidas por artes visuais (92 milhões de dólares) e artes e artesanato (73 milhões de dólares). Importações foram três vezes maiores que exportações, com valor de 2,9 bilhões de dólares em 2014.
Os principais mercados de destino para as exportações de bens criativos do Brasil foram as Américas (63%), Europa (24%), África (9%) e Ásia (4%). Embora a proporção de exportações para as Américas tenha continuado crescendo, a para a Europa caiu de 34%, em 2005, para 24%, em 2014. Os principais parceiros exportadores para bens criativos foram os Estados Unidos, Reino Unido, Peru, Angola e Chile.
De acordo com dados do relatório, o Brasil teve balança comercial positivo com seus principais parceiros comerciais.
O relatório também destacou que, em 2014, o setor empregou mais de 11 milhões de pessoas (com cerca de 2 milhões de novos empregos).
No total, exportações de serviços criativos do Brasil chegaram a 1,8 bilhão de dólares em 2014, lideradas por Pesquisa e Desenvolvimento (525,1 milhões), serviços de computador (946,9 milhões), audiovisual e serviços relacionados (265,4 milhões) e serviços de informação (71,3 milhões).
Clique aqui para acessar o relatório completo (em inglês).
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Posted: 15 Jan 2019 04:42 AM PST
Policial patrulha distrito da zona 1, na Cidade da Guatemala. Foto: Banco Mundial/Jesus Alfonso
Com manifestações esperadas em diversas cidades da Guatemala nesta semana, a alta-comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, pediu na segunda-feira (14) que o governo guatemalteco garanta a liberdade de expressão e de opinião e o direito à associação e reunião pacíficas.
“Liberdade de expressão, sem medo de represálias e intimidação, é a espinha dorsal da democracia”, afirmou Bachelet. “Uma cultura de direitos humanos e paz é fortalecida quando grupos sociais diversos podem se expressar em espaços públicos e podem exercer livremente seus direitos”.
As manifestações foram organizadas por grupos da sociedade civil para destacar diversas questões, incluindo a decisão unilateral do governo em 7 de janeiro de encerrar os trabalhos da Comissão Internacional Contra a Impunidade na Guatemala (CICIG), um órgão anticorrupção da ONU criado há 11 anos junto ao governo do país. O mandato da CICIG estava inicialmente previsto para seguir até 3 de setembro de 2019.
A alta-comissária também expressou preocupação com a erosão em andamento de diversas instituições estatais, incluindo ataques recentes à independência da Corte Constitucional.
“Também gostaria de destacar que é essencial garantir o Estado de Direito, a independência judicial e a imparcialidade e o respeito às instituições democráticas, especialmente à Corte Constitucional, ao Judiciário, à Instituição Nacional de Direitos Humanos, ao Escritório do Procurador Público e ao Tribunal Eleitoral”, afirmou.
Destacando o papel crucial desempenhado por estas instituições no respeito e na garantia aos direitos humanos, ao Estado de Direito e à democracia, Bachelet explicou que o “exercício correto de suas funções é fundamental no contexto atual e para que as eleições gerais sejam realizadas nos próximos meses”.
Bachelet afirmou estar pronta, junto a seu escritório na Guatemala, para continuar fornecendo apoio às autoridades estatais no cumprimento de obrigações e compromissos internacionais de direitos humanos.
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Posted: 14 Jan 2019 12:44 PM PST
Kiara, de cinco anos, trabalha como vendedora num transporte público em Buenos Aires, Argentina. Foto: UNICEF/Sebastian Rich
Alguns países estão longe de dar um futuro melhor para as crianças, que continuam morrendo precocemente ou são vítimas de pobreza, tráfico ou escravidão, afirmou nesta segunda-feira (14) a alta-comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet.
Em discurso de abertura da 80ª Sessão do Comitê sobre os Direitos da Criança – que revisa os históricos das nações de acordo com a Convenção sobre os Direitos da Criança –, Bachelet destacou que 2019 marca os 30 anos da adoção do documento. A dirigente lembrou que o pacto é “de longe o tratado de direitos humanos ratificado de forma mais ampla”.
Apesar deste reconhecimento quase universal e de a convenção ter impulsionado “progresso significativo em muitos países”, com leis aprovadas para proteger jovens em “essencialmente todo Estado-parte”, Bachelet insistiu que “nem todos os Estados garantem, à máxima extensão, a sobrevivência e o desenvolvimento de todas as crianças”.
Em apelo para que as “ideias, inovações e soluções” dos jovens sejam ouvidas, Bachelet afirmou que “em quase todos os contextos, as crianças ainda são vistas como recipientes passivos de cuidados, suas vozes são rejeitadas ou ignoradas”.
Nesta semana, o comitê da ONU de 18 especialistas independentes vai revisar os históricos do Barein, Bélgica, Guiné, Itália, Japão e Síria, em diálogo com os representantes desses países.
Voltando-se para outra poderosa plataforma de direitos humanos – a Agenda 2030, com seus 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) –, a alta-comissária insistiu que “ainda não estamos no caminho” para entregar o que foi prometido.
“Com base nas tendências atuais, mais de 60 países não irão atingir a meta de mortalidade neonatal dos ODS”, afirmou Bachelet, citado a estimativa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) de que 60 milhões de crianças com menos de cinco anos irão morrer entre 2017 e 2030 de causas que podem ser prevenidas.
Sobre tráfico e escravidão, a alta-comissária explicou que crianças são “particularmente vulneráveis” às piores manifestações desses crimes: trabalho forçado, envolvendo cerca de 5,5 milhões de jovens, escravidão doméstica, escravidão sexual e casamento forçado.
Relatos coletados por funcionários e órgãos das Nações Unidas “indicam claramente que crianças migrantes e crianças deslocadas internamente, em todas as regiões, estão em risco elevado”, disse Bachelet. “E como vocês sabem, estas populações estão crescendo acentuadamente”, acrescentou a dirigente.
Citando um estudo recente de um relator especial das Nações Unidas, Bachelet destacou que a porcentagem de crianças traficadas para trabalho forçado “está aumentando e a porcentagem de crianças envolvidas em trabalho forçado é particularmente alta”.
A alta-comissária também citou dados do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), indicando que uma em cada três vítimas detectadas de tráfico é uma criança.
O número de meninas vítimas é quase o dobro do de meninos, afirmou a ex-presidente do Chile. O tráfico de crianças para exploração sexual é “muito facilitado por tecnologias digitais, que criam novos mercados e agilizam a organização de redes de tráfico”, completou a chefe de Direitos Humanos.
Sobre as “milhões de meninas” que se tornaram mães ainda na infância, Bachelet destacou que esta prática prejudica a saúde e amplia um destrutivo ciclo de pobreza.
Conflitos armados também “traumatizaram e feriram milhões a mais” de jovens, afirmou a alta-comissária, ressaltando que monitores da ONU haviam verificado, em 2016, mais de 20 mil meninos e meninas recrutados a força por grupos armados, como combatentes ou escravos.
“Estes números são uma calamidade”, disse a alta-comissária. “Cada um deles representa um precioso indivíduo, cujos sonhos e esperanças estão sendo despedaçados. Tragicamente, ainda há muito a ser feito antes de alcançarmos os quatro princípios centrais da convenção: não discriminação; os melhores interesses da criança; direito à vida, sobrevivência e desenvolvimento; e o direito de ser ouvido.”
O número de ratificações da Convenção sobre os Direitos da Criança permanece inalterado, em 196, embora o Sudão do Sul tenha ratificado recentemente o Protocolo Opcional sobre o envolvimento de crianças em conflito armado, levando o número total de ratificações para 168. A nação africana também ratificou o Protocolo Opcional sobre venda de crianças, prostituição infantil e pornografia infantil, que agora possui 175 Estados-membros.
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