Boletim diário da ONU Brasil: “Chefe humanitário pede apoio do Conselho de Segurança para garantir assistência à população síria” e 11 outros.
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Posted: 31 Jan 2019 11:01 AM PST
Crianças no acampamento de Batbu, em Alepo, na Síria. Foto: UNICEF/Watad
Com o inverno rigoroso piorando as condições de vida da população da Síria, o chefe humanitário da ONU, Mark Lowcock, pediu na quarta-feira (30) que o Conselho de Segurança apoie a entrega segura de assistência no país. Dirigente também solicitou que fundos internacionais contribuam com o orçamento de ajuda emergencial, essencial para civis que vivem em meio à chuva, neve e baixas temperaturas.
“Milhões estão vivendo embaixo de tendas ou lonas ou em prédios danificados sem energia elétrica ou aquecimento. Há escassez severa de todos os (bens) básicos – de cobertores a leite e bandagens”, disse Lowcock ao Conselho de Segurança, acrescentando que as duras condições climáticas estão destruindo abrigos improvisados e forçando dezenas de milhares de pessoas a se mudar.
Segundo o chefe humanitário, desde o final do ano passado, a ONU e seus parceiros estão levantando fundos para apoiar sírios vulneráveis com itens essenciais de inverno, incluindo aquecedores, cobertores, casacos e roupas quentes.
“Nós arrecadamos 81 milhões de dólares até o momento, o que nos permitiu ajudar 1,2 milhão de pessoas. O apoio contínuo é crítico para garantir que todas as pessoas necessitadas sejam alcançadas”, disse o dirigente.
Sobre Idlib, Lowcock afirmou que o inverno pode ser difícil para a população da região, onde o risco de uma escalada militar continua presente. Durante o segundo semestre do ano passado, o Escritório das Nações Unidas para Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), chefiado por Lowcock, expressou preocupações recorrentes com a situação dos 3 milhões de sírios em Idlib e áreas vizinhas no noroeste da Síria. Caso uma incursão militar em grande escala aconteça nessas localidades, moradores não terão para onde ir.
Um acordo firmado em setembro entre a Rússia e a Turquia foi acompanhado por uma queda significativa nos confrontos no terreno e em ataques aéreos. O pacto prevê a criação de uma zona desmilitarizada em Idlib. Mas em janeiro, foi registrado um aumento dos conflitos entre grupos armados não estatais.
“Hoje eu reitero a importância de manter o acordo Rússia-Turquia e lembro a vocês que uma operação militar em larga escala em Idlib teria implicações humanitárias catastróficas”, disse Lowcock.
O dirigente lembrou que, no mês passado, o Conselho de Segurança estendeu para Idlib a autorização de operações interfronteiriças de emergência. Centenas de milhares de pessoas já eram alcançadas todos os meses por meio dessas operações em outras partes do território sírio. “Precisamos continuar sendo capazes de fornecer comida, remédios, tendas, suprimentos críticos de inverno e outros tipos de ajuda”, enfatizou o dirigente.
Em torno de 42 mil pessoas permanecem sem recursos no campo de Rukban, ao longo da fronteira da Síria com a Jordânia. As condições de vida no assentamento informal continuam piorando desde o último comboio humanitário enviado à área, no início de novembro. Oito crianças morreram no local desde o mês passado, segundo relatos.
“Novamente, o frio está tornando a situação ainda pior. Então, é crítico que as partes apoiem um segundo comboio a Rukban”, disse Lowcock, explicando que a ONU tem se envolvido em diversas frentes para garantir que isto possa acontecer. A Organização respondeu às preocupações demonstradas pela Rússia e pelo governo da Síria sobre a segurança do comboio e o monitoramento da distribuição de assistência.
“Em 27 de janeiro, nós recebemos aprovação verbal do Ministério das Relações Exteriores em Damasco para que o comboio procedesse. Garantias de segurança também foram recebidas da Rússia e das Forças Internacionais de Coalizão”, acrescentou Lowcock.
Planos estão em andamento para que o carregamento dos caminhões comece antes do final da semana, a fim de que a ajuda humanitária seja enviada até 5 de fevereiro.
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Posted: 31 Jan 2019 10:41 AM PST
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Posted: 31 Jan 2019 10:32 AM PST
O palestino Hamid, de oito anos, olha para a cidade de Hebron da cobertura de sua casa. Postos de verificação estão espalhados pela cidade velha de Hebron, que faz parte da área conhecida como H2 na Cisjordânia. Os postos afetam o movimento das pessoas, incluindo o acesso à educação, uma vez que muitas crianças passam por um ou mais locais de verificação a caminho da escola. Foto: UNICEF/Ahed Izhiman
Representantes de agências da ONU expressaram preocupação na quarta-feira (30) com o grande número de incidentes dentro ou próximo de escolas palestinas na Cisjordânia, incluindo confrontos entre alunos e forças de segurança e atos de violência de colonos israelenses. O pronunciamento de organismos internacionais também alerta para a situação de professores que são parados em postos de checagem, o que prejudica as atividades de ensino.
“Salas de aula devem ser um santuário de conflitos, onde crianças podem aprender e crescer como cidadãs ativas”, disse o coordenador humanitário da ONU para a região, Jamie McGoldrick, em comunicado assinado também pela representante especial do UNICEF, Genevieve Boutin, e pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
O posicionamento expressa preocupação com os episódios de violência desde o início do ano letivo, em setembro passado, e pede que as instituições escolares sejam mais protegidas dos efeitos da ocupação israelense. Somente em 2018, a ONU documentou 111 casos diferentes de interferências na ensino na Cisjordânia, afetando mais de 19 mil crianças.
Destacando o impacto dos incidentes no acesso seguro à educação, o comunicado ressaltou “ameaças de demolição, confrontos no caminho para a escola entre alunos e forças de segurança, professores parados em postos de checagem e ações violentas de forças israelenses e colonos em algumas ocasiões”.
“Crianças nunca devem ser alvo de violência e não devem ser expostas a qualquer forma de violência”, disseram as duas autoridades seniores da ONU na região.
Os dirigentes pediram um ambiente seguro para a aprendizagem e a garantia do direito à educação de qualidade pra milhares de crianças palestinas.
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Posted: 31 Jan 2019 10:08 AM PST
Membros da MONUSCO conversam com moradores da região de Yumbi. Foto: MONUSCO
Uma investigação preliminar da ONU revelou na quarta-feira (30) que pelo menos 535 civis foram mortos em meio a um massacre no oeste da República Democrática do Congo. Cadáveres das vítimas foram encontrados em valas comuns. Os homicídios teriam ocorrido durante conflitos entre as comunidades de Banunu e Batende, que entraram em confronto em meados de dezembro, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH).
Um inquérito está sendo realizado pelo braço de direitos humanos da Missão de Paz da ONU no país africano, a MONUSCO. O organismo já apurou que outros 111 aldeões ficaram feridos. A onda de violência afetou um total de quatro comunidades, além de Banunu e Batende, todas localizadas na região de Yumbi.
Ainda não há confirmação de quem é o responsável pelos assassinatos, mas a missão afirmou que “os ataques foram realizados de maneira organizada e planejada e foram extremamente violentos e rápidos, deixando pouco tempo para as populações fugirem”.
Os confrontos foram supostamente provocados por uma disputa envolvendo o enterro de uma liderança local da comunidade de Banunu.
“A equipe identificou um total de 59 locais de enterro em duas das cidades atacadas, mas não descarta mais locais”, de acordo com comunicado da MONUSCO divulgado nesta semana. “Além disso, 967 propriedades, incluindo igrejas, escolas e centros de saúde, foram saqueadas ou destruídas. Ao menos 363 barcos foram destruídos.”
Estima-se que 16 mil pessoas teriam fugido de Yumbi e de áreas próximas ao local dos conflitos, incluindo cerca de 7 mil pessoas que buscaram refúgio na vizinha República do Congo. Os números são estimados pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR).
A MONUSCO relata que a situação de segurança está relativamente calma atualmente, com forças da segurança nacional presentes na área. A ONU e seus parceiros humanitários enviaram ajuda de emergência para a região, com suprimentos de remédios, alimentos, água e kits contra a malária. De acordo com as Nações Unidas, mais assistência está a caminho.
Justiça para as vítimas
Após uma missão de apuração dos fatos feita com autoridades locais, a MONUSCO afirmou que as sepulturas coletivas descobertas até o momento possivelmente possuíam dezenas de corpos. Segundo relatos, as covas foram descobertas inicialmente por funcionários da Cruz Vermelha e familiares que voltaram para o local da violência após a fuga. Também foram identificadas outras 40 sepulturas individuais, mas nenhum corpo dessas covas foi exumado.
Os confrontos entre etnias em dezembro aconteceram semanas antes de uma importante eleição presidencial, que havia sido adiada por dois anos. Eleitores em Yumbi não puderam votar, uma vez que o prédio da Comissão Eleitoral estava entre os que foram totalmente destruídos.
A MONUSCO afirmou que “condena veementemente” a violência e pediu uma investigação minuciosa dos crimes. A missão afirmou estar pronta para apoiar as autoridades congolesas a “levar justiça para as vítimas e promover a reconciliação entre as duas comunidades”.
Surto de ebola no leste é 2º maior de todos os tempos
No leste da República Democrática do Congo, o surto do vírus ebola — que começou há seis meses — agora se tornou oficialmente o segundo maior de todos os tempos, afirmou a ONU também na quarta-feira.
Mais de 740 pessoas — das quais 30% são crianças — foram infectadas até o momento e 460 morreram. Um total de 258 indivíduos sobreviveu à doença. O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) afirmou que está intensificando sua resposta para ajudar as vítimas, em apoio aos esforços do governo e da Organização Mundial da Saúde (OMS) para acabar com o surto – o maior da história do país.
“A resposta a este surto mais recente continua sendo prejudicada pela insegurança, por frequentes deslocamentos de pessoas em áreas afetadas e pela resistência de algumas comunidades”, informou o UNICEF.
“Embora tenhamos conseguido controlar amplamente a doença em Mangina, Beni e Komanda, o vírus continua se espalhando na área de Butembo, em grande parte por conta da insegurança e da movimentação de pessoas”, acrescentou Gianfranco Rotigliano, representante do fundo da ONU no país.
“Estamos intensificando nossa resposta e enviando funcionários adicionais às zonas de saúde de Butembo e Katwa, onde 65% dos novos casos de ebola nas últimas três semanas ocorreram.”
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Posted: 31 Jan 2019 09:32 AM PST
Mereng Alima Bessela. Foto: ONU Mulheres/Ryan Brown
Depois de se divorciar do marido e com cinco filhos para criar, a empreendedora Mereng Alima Bessela decidiu abrir seu próprio negócio para garantir que teria condições de mandar as crianças para a escola. Hoje, a empresária de Ntui, região central de Camarões, é uma produtora de cacau — tradicionalmente plantado por homens — e tem seu próprio restaurante. Bessela também mantém um criadouro de peixes.
Assim com milhares de mulheres nessa parte do território camaronês, não falta perspicácia para Bessela, mas a negociante precisa de acesso a capacitação, ao mercado e a serviços financeiros.
Sanar essas necessidades é o propósito de um projeto da ONU Mulheres em comunidades ao longo da estrada que está sendo construída entre os municípios de Batchenga, Ntui e Yoko. A iniciativa oferece treinamento sobre gestão empresarial e outras habilidades para agricultoras e empreendedoras. O objetivo do programa é facilitar o acesso a serviços públicos e preparar as empreendedoras para oportunidades de negócios, assim que a construção da rodovia for finalizada.
Financiado pelo Banco de Desenvolvimento da África Central, o Gender Road Project busca empoderar ao menos 20 mil mulheres que moram na área.
Essa é a história de Mereng Alima Bessela:
“Meu marido estava indo atrás de outras mulheres, então me divorciei dele. Eu tenho quatro meninas e um menino e estou mandando todos eles para a escola. Eu sou uma guerreira e faço tudo que preciso. A coisa mais importante é que meus filhos terminem a escola e encontrem bons empregos.
Eu comecei o negócio do restaurante há três anos, quando soube que o governo estava construindo uma estrada entre Ntui e Yoko. Eu sabia que o projeto da estrada iria trazer mais pessoas.
O negócio está indo bem! Eu cozinho comida tradicional e todos gostam.
Em 2017, participei de um treinamento fornecido pelo Ministério da Pesca e Pecuária, em que eu tive a ideia de começar um viveiro de peixes. Eu me apaixonei pela piscicultura.
De manhã, quando vou ao viveiro alimentar os peixes, é minha parte favorita do dia. Eu jogo comida no viveiro e os peixes ficam animados. Às vezes fico tão feliz que esqueço do tempo e fico os olhando por uma hora, esquecendo que preciso começar a cozinhar no restaurante!
Eu gastei muito dinheiro construindo meus viveiros, mas houve muitos erros. Por exemplo, quando você projeta viveiros de peixes, se houver tocos de árvores no fundo, você precisa removê-los ou a água pode drenar. É por isso que tenho que reabastecer meu viveiro frequentemente. A maneira que eles construíram os canais também é errada. Quando chove forte, a lama bloqueia o canal e a água pode transbordar e os peixes podem sair.
Eu aprendi tudo isso nas muitas sessões de treinamento que tive com o projeto da ONU Mulheres. Eu aprendi como construir o reservatório, como criar e multiplicar o número de peixes e como alimentar os peixes usando comida local e natural, que é orgânica e mais barata. Eu aprendi técnicas de gestão empresarial, que me ajudaram a ampliar meus negócios.
E eu também sou agricultora. Após meu divórcio, eu comprei uma terra florestada, limpei e comecei minha própria plantação de cacau. Meu sonho é construir minha própria casa quando a plantação de cacau começar a dar colheitas. Aí eu vou poder fechar este restaurante e viver da plantação de cacau e passar o resto dos meus dias na minha própria casa.
Agora, o maior desafio é o acesso a financiamento. Eu tenho muitas ideias de negócios, mas não tenho dinheiro suficiente para investir.”
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Posted: 31 Jan 2019 08:51 AM PST
Crianças sobreviventes do Holocausto em Auschwitz. Imagem extraída de um filme produzido pelas tropas soviéticas durante a libertação do campo de concentração e extermínio na Polônia. A obra audiovisual foi gravada por Alexander Voronzow e colegas da unidade de filmes da Primeira Frente Ucraniana do Exército Vermelho. Foto: Arquivo Estatal do Filme e Fotografia Documentários de Belarus
A memória coletiva tem que ser livre para se acertar com a mágoa e moldar um futuro melhor.
Por Tzvetan Todorov (1939-2017), filósofo e ensaísta franco-búlgaro*
“Temos de lançar um véu sobre os horrores do passado”, disse Winston Churchill não muito tempo depois do final da Segunda Guerra Mundial. Por volta da mesma época, o filósofo norte-americano George Santayana emitiu um alerta, frequentemente repetido desde então, sobre o efeito de “os que esquecem o passado estão condenados a repeti-lo”. Para aqueles de nós que vivemos a história dolorosa do século 20, qual desses conselhos é o mais útil? O que deveríamos fazer — esquecer ou lembrar?
As duas operações são contraditórias apenas aparentemente. Lembrar é sempre, por definição, uma interação entre esquecer (apagamento) e a preservação completa do passado — algo que é virtualmente impossível. O escritor argentino Jorge Luis Borges cria um personagem, no seu conto Funes, o memorioso, que se lembra de cada detalhe da sua vida. É uma experiência aterrorizante.
A memória seleciona dentre o passado o que parece importante para o indivíduo ou a comunidade. Ela organiza essa seleção e grava seus valores sobre ela. As pessoas preferem se lembrar das páginas gloriosas da sua história em vez dos seus episódios vergonhosos, e indivíduos frequentemente tentam, sem sucesso, libertar-se da memória de um evento traumático.
Como viver com memórias dolorosas
Por que precisamos lembrar? Porque o passado é o próprio cerne da nossa identidade individual ou coletiva. Se não tivermos um senso da nossa própria identidade e a confirmação da nossa existência que ele oferece, nós nos sentimos ameaçados e paralisados. A necessidade de uma identidade é, portanto, bastante legítima. Temos de saber quem nós somos e a que grupo pertencemos. Mas as pessoas, como os grupos, vivem entre outras pessoas e outros grupos. E logo, não é suficiente dizer simplesmente que todos têm o direito de existir. Temos de considerar como o nosso exercício desse direito afeta a existência dos outros. Na arena pública, nem todos os lembretes do passado são dignos, e os que encorajam a vingança são sempre suspeitos.
As vítimas do mal podem, nas suas vidas pessoais, ser tentadas a buscar esquecer a experiência completamente, eliminando memórias dolorosas ou humilhantes. Para uma mulher que foi estuprada, por exemplo, ou uma criança que foi vítima de incesto, não seria melhor agir como se esses eventos traumáticos nunca tivessem acontecido? Sabemos pelas reações das pessoas que isso é desaconselhado porque tal recusa total em lembrar é perigosa. Memórias reprimidas permanecem mais vivas do que nunca e provocam neuroses severas. É melhor aceitar um passado angustiante do que negá-lo ou reprimi-lo. O importante é não ir ao outro extremo e se atormentar infinitamente com isso, mas se distanciar gradualmente disso e neutralizá-lo, de modo a domá-lo.
É assim que o luto funciona em nossas vidas. Primeiro, recusamos a aceitar a perda que vivemos e sofremos terrivelmente pela ausência repentina de alguém amado. Depois, embora sem nunca deixar de amá-los, nós lhes damos um status especial — eles não estão nem ausentes nem presentes como antes. Um processo de distanciamento se desdobra e apazigua a dor.
Um ato de fé no futuro
As comunidades são raramente tentadas a esquecer completamente os acontecimentos maus que lhes sobrevieram. Os afro-americanos hoje não buscam esquecer o trauma da escravidão que seus ancestrais sofreram. Os descendentes de pessoas que foram fuziladas e queimadas até morrer em Oradour-sur-Glane1**, em 1944, não querem que esse crime seja esquecido. Na verdade, eles querem preservar as ruínas da cidade deixadas pelo acontecimento.
Também aqui, como é o caso com indivíduos, pode-se esperar que as alternativas infrutíferas de apagar totalmente o passado ou ponderá-lo infinitamente poderiam ser evitadas. O sofrimento deve ser inscrito na memória coletiva, mas apenas de modo que possa ampliar a nossa capacidade de encarar o futuro. É para isso que servem perdões e anistias. Eles são justificados quando crimes são publicamente admitidos, não para garantir que eles sejam esquecidos, mas para entender que o que passou passou e para dar ao presente uma nova chance. Os israelenses e palestinos não estavam certos quando se encontraram em Bruxelas, em março de 1998, e observaram que “apenas para começar a falar uns com os outros, temos de deixar o passado no passado”?
Quando Churchill pediu que um véu fosse colocado sobre os horrores do passado, ele estava correto de uma certa maneira, mas o seu conselho precisa ser qualificado por todos os tipos de condições. Ninguém deveria impedir que a memória seja reconquistada. Antes de virarmos a página, disse o futuro presidente búlgaro Jeliu Jelev, após a queda do comunismo, devemos primeiro lê-la. E esquecer significa muitas coisas diferentes para os algozes e suas vítimas. Para essas, é um ato de generosidade e fé no futuro; para os primeiros, é fruto de covardice e de uma recusa em aceitar responsabilidade.
No entanto, lembrar o passado é suficiente para impedi-lo de se repetir, como Santayana parece dizer? Longe disso. Na verdade, acontece o oposto normalmente. O agressor de hoje encontra uma justificativa para as suas ações num passado em que ele foi vítima. Os nacionalistas sérvios buscaram justificativas olhando bem lá atrás — para a sua derrota militar para os turcos no Kosovo, no século 14.
Os franceses justificaram a sua beligerância em 1914 referindo-se à injustiça que haviam sofrido em 1871. Hitler encontrou razões no humilhante Tratado de Versalhes, ao final da Primeira Guerra Mundial, para convencer os alemães a embarcar numa Segunda Guerra. E após a Segunda Guerra Mundial, o fato de que os franceses foram vítimas da brutalidade nazista não os impediu — em muitos casos, as mesmas pessoas que se uniram ao exército após lutarem na resistência — de atacar e torturar civis na Indochina e na Argélia. Os que não esquecem o passado também correm o risco de repeti-lo invertendo o seu papel: não há nada que possa impedir uma vítima de se tornar, mais tarde, um agressor. A memória do genocídio que os judeus sofreram é vívida em Israel, contudo os palestinos são, por sua vez, vítimas de injustiça.
Uma pessoa ou comunidade pode precisar se apropriar da memória de um herói passado ou — o que é mais surpreendente — de uma vítima, como um modo de afirmar seu direito de existir. Isso serve aos seus interesses, mas tampouco os tornam mais virtuosos. Isso, na verdade, pode cegá-los para injustiças no presente pelas quais eles são responsáveis.
Os limites desse tipo de lembrança, que enfatiza os papéis do herói e da vítima, foram ilustrados durante as cerimônias realizadas em 1995 para marcar o 50º aniversário do bombardeio de Hiroshima e Nagasaki. Nos Estados Unidos, as pessoas só estavam interessadas em recordar o papel heroico dos EUA em derrotar o militarismo japonês. No Japão, a atenção se concentrou nas vítimas das bombas atômicas.
Mas há muito a ser dito para se erguer do próprio sofrimento e do sofrimento dos parentes e se abrir para o sofrimento dos outros e não reivindicar um direito exclusivo ao status de ex-vítima. De maneira semelhante, aceitar os erros que nós mesmos cometemos — mesmo que eles não sejam tão sérios quanto os erros que cometeram contra nós — pode nos transformar para melhor.
O passado não tem direitos próprios. Ele deve servir ao presente, assim como o dever de lembrar deve servir à causa da justiça.
*Publicado originalmente em dezembro de 1999, no Courier da UNESCO **Vila francesa onde a SS alemã massacrou 642 pessoas durante a Segunda Guerra Mundial
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Posted: 31 Jan 2019 07:26 AM PST
Após uma série de eleições altamente esperadas em toda a América Latina, a incerteza política em algumas das maiores economias da região aumentou, segundo especialista do FMI. Foto: Agência Brasil
Por Alejandro Werner*
A atividade econômica na América Latina continua a acelerar, mas em um ritmo menor do que o antecipado.
O enfraquecimento da economia global e as crescentes incertezas políticas estão contribuindo para desacelerar o crescimento latino-americano. Em média, a região deve crescer 2% em 2019 e 2,5% em 2020 — bem abaixo de outras regiões.
O aperto das condições financeiras globais e os baixos preços das commodities, derrubados pelas tensões comerciais entre Estados Unidos e China, contribuem para a desaceleração da região. Além disso, a política monetária foi apertada em algumas economias para conter as pressões inflacionárias decorrentes da depreciação do câmbio, o que desacelerou ainda mais o crescimento.
Olhando para a política fiscal — que também se tornou menos acomodatícia — cerca de metade das economias da região reduziu seus déficits primários como percentual do PIB em 2018. Mas isso não foi suficiente para colocar a dívida pública em uma trajetória descendente — com exceção da Argentina.
Incerteza política obscurece as perspectivas
Após uma série de eleições altamente esperadas em toda a América Latina, a incerteza política em algumas das maiores economias da região aumentou — pesando sobre as perspectivas.
Por exemplo, no México, a suspensão de um projeto de construção de aeroportos e o retrocesso em reformas de energia e educação aumentaram a incerteza política no país. No Brasil, um Congresso fragmentado poderá criar obstáculos para a implementação da ambiciosa agenda de reformas estruturais, consolidação fiscal e reforma previdenciária.
A incerteza política continuada pode desencorajar investimentos futuros e prejudicar as perspectivas de crescimento para a região.
Riscos globais e domésticos
Vários riscos podem prejudicar ainda mais as perspectivas para a América Latina e o Caribe. Por exemplo, a escalada das tensões comerciais entre China e Estados Unidos, ou uma desaceleração em algumas economias importantes, poderiam resultar em um menor crescimento do comércio para a região.
A região também sofrerá caso as condições financeiras globais se tornem ainda mais apertadas — incluindo picos de volatilidade financeira global, maiores taxas de juros nos EUA e um dólar norte-americano mais forte.
Além disso, uma maior volatilidade nos mercados globais poderá resultar em menos capital fluindo para a região — potencialmente prejudicando o potencial de investimento.
Os riscos domésticos incluem menor confiança devido à incerteza política no Brasil e no México, e incerteza relacionada à eleição na Argentina.
No Brasil, o sentimento do mercado pode se deteriorar com a falta de progresso nas reformas do sistema previdenciário ou na consolidação fiscal. A confiança dos empresários mexicanos pode ser prejudicada se o papel do setor público na economia se expandir, se a posição fiscal se deteriorar ou se houver retrocessos no novo pacto comercial com os Estados Unidos e o Canadá. Na Argentina, as próximas eleições gerais em 2019 podem reduzir o apetite por reformas.
Políticas para apoiar a expansão
À medida que a economia global desacelera, a estreita janela de oportunidades na região para concluir as reformas está se fechando.
A redução do endividamento e do déficit terá que continuar em vários países para garantir a sustentabilidade da dívida. Essas políticas devem minimizar os efeitos adversos sobre a atividade econômica e a pobreza, inclusive protegendo o investimento em infraestrutura e o gasto social bem direcionado, ao mesmo tempo em que os gastos não prioritários são reduzidos.
Além disso, a política monetária precisará administrar o “trade-off” entre apoiar o crescimento e manter as expectativas de inflação ancoradas em face da depreciação cambial e dos preços voláteis das commodities. Manter a flexibilidade da taxa de câmbio é fundamental para resistir a choques.
América do Sul
Na Argentina, a economia entrou em recessão em 2018. Enquanto uma severa seca reduziu significativamente a produção agrícola e as exportações, a forte desvalorização do peso em meados de 2018 alimentou a inflação, reduzindo a renda disponível e a confiança do investidor.
O plano de estabilização do governo, baseado em políticas monetárias e fiscais revistas e fortalecidas, ajudou a reduzir a turbulência financeira e estabilizou a taxa de câmbio. A inflação e as expectativas de inflação estão em trajetória descendente desde outubro, e devem continuar em queda lenta em 2019.
Isso deve permitir uma queda gradual nas taxas de juros, que junto com salários reais mais altos e exportações mais fortes devem provocar uma recuperação da atividade econômica a partir do segundo trimestre de 2019.
No Brasil, o crescimento deverá ser de mais de 2% em 2019-2020 pela primeira vez desde 2013. A agenda de reformas favoráveis ao mercado do novo governo ajudou a aumentar a confiança dos empresários e a melhorar as perspectivas de crescimento no curto prazo. As prioridades políticas são reformar o sistema previdenciário e reduzir o déficit orçamentário para garantir a sustentabilidade da dívida pública.
O crescimento no Chile continuará forte em 2019-2020, liderado pelo consumo privado robusto e pelo investimento dinâmico. Espera-se que a normalização da política monetária, iniciada em outubro de 2018, prossiga gradualmente. A expectativa é de um estreitamento moderado do déficit estrutural, orientado pelas metas fiscais anunciadas. A implementação da agenda de reformas estruturais anunciadas pelas autoridades pode conduzir a perspectivas de crescimento mais favoráveis.
A previsão é de que o crescimento econômico da Colômbia aumente — liderado pelo contínuo apoio à política monetária, gastos de ano eleitoral por governos subnacionais, implementação da agenda de infraestrutura 4G e um impacto positivo das recentes mudanças na política tributária sobre o investimento.
Uma Lei de Financiamento aprovada em dezembro passado, abrangendo reforma tributária que aumenta a arrecadação, incluindo o aumento do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) e de impostos sobre consumo e renda, deverá ajudar a Colômbia a atingir a meta fiscal em 2019. Mas uma carga tributária corporativa menor, enquanto potencialmente impulsiona investimento e crescimento, pode resultar em receitas fiscais mais fracas a partir de 2020.
Calcula-se que a economia do Peru tenha crescido quase 4% em 2018, apoiada por preços mais altos de commodities e políticas fiscal e monetária anticíclicas. A expectativa é de que o crescimento se mantenha próximo dos 4% em 2019-2020, com uma demanda interna robusta compensando uma consolidação orçamentária gradual.
Na Venezuela, a crise econômica e humanitária continua. A previsão é de que o PIB real caia ainda mais em 2019, acelerando o declínio acumulado desde 2013 para mais de 50% — diante da baixa da produção de petróleo e do agravamento das condições do setor não petrolífero. A hiperinflação e a migração de venezuelanos também devem se intensificar em 2019. Os acontecimentos políticos em desenvolvimento acrescentam outra camada de incerteza às perspectivas do país.
México, América Central e Caribe
No México, a perspectiva continua obscurecida pela incerteza. As projeções de crescimento para 2019 e 2020 foram revisadas para 2,1% e 2,2%, respectivamente, devido ao crescimento mais fraco de 2018, à incerteza em relação às políticas do novo governo e às condições monetárias e financeiras mais apertadas do que o esperado.
A implementação rigorosa do orçamento prudente de 2019, que busca manter o superávit primário em 1% do PIB, será crucial para demonstrar o compromisso do novo governo mexicano com a responsabilidade fiscal e a redução contínua da dívida pública. O avanço de reformas estruturais muito necessárias pode impulsionar o crescimento potencial a médio prazo.
Na América Central e na República Dominicana, a atividade econômica deverá crescer em 2019-2020, mas em um ritmo mais lento do que o inicialmente previsto. As principais revisões ocorreram na Costa Rica, onde uma lei de reforma fiscal foi aprovada em dezembro. Embora este tenha sido um passo essencial para o restabelecimento da sustentabilidade fiscal, reduzirá o crescimento no curto prazo. Na Nicarágua, a agitação social e a incerteza política também prejudicaram as perspectivas de crescimento.
A atividade econômica no Caribe ainda deve se recuperar em 2019-2020 — graças ao turismo robusto de norte-americanos na região, à reconstrução após furacões devastadores de 2017 em alguns países dependentes do turismo e à maior produção de commodities em alguns exportadores.
*Alejandro Werner é mexicano e diretor do departamento do hemisfério ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI).
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Posted: 31 Jan 2019 06:42 AM PST
Embarcações no litoral chinês. Foto: Banco Mundial/Curt Carnemark
Por Gita Gopinath, conselheira econômica e diretora de Pesquisa do Fundo Monetário Internacional (FMI)*
Embora o crescimento global em 2018 tenha permanecido próximo das altas pós-crise, a expansão global está se enfraquecendo e num ritmo que está mais rápido do que o esperado. Essa atualização das Perspectivas da Economia Mundial estima o crescimento global em 3,5% em 2019 e 3,6% em 2020, 0,2% e 0,1% abaixo das projeções de outubro último.
As revisões para baixo são modestas; contudo, acreditamos que os riscos de correções para baixo mais significativas estão aumentando. Embora os mercados financeiros nas economias avançadas tenham parecido estar dissociados das tensões comerciais na maior parte de 2018, os dois tornaram-se entrelaçados mais recentemente, causando aperto das condições financeiras e escalada dos riscos para o crescimento global.
Nós revisamos levemente para baixo as nossas previsões para as economias avançadas, principalmente devido às revisões para baixo para a zona do euro. Dentro da zona do euro, as revisões significativas são para a Alemanha, onde dificuldades de produção no setor automobilístico e a demanda externa mais baixa vão pesar sobre o crescimento em 2019, e para a Itália, onde os riscos financeiro e soberano — e as conexões entre eles — estão adicionando entraves ao crescimento.
A expansão dos EUA continua, mas permanece a previsão de uma desaceleração, com o afrouxamento do estímulo fiscal. Entre as economias avançadas, prevemos que o crescimento desacelere de 2,3% em 2018 para 2% em 2019 e 1,7% em 2020. Esse ímpeto minguante de crescimento deu pouco impulso à inflação. Embora o núcleo de inflação esteja próximo da meta nos Estados Unidos, onde o crescimento está acima da tendência, ele permanece significativamente abaixo da meta na zona do euro e no Japão.
A expansão da atividade econômica em economias emergentes e em desenvolvimento também está prevista para cair para 4,5%, com uma recuperação para 4,9% em 2020. A projeção para 2019 foi diminuída (em 0,2%) desde outubro principalmente por causa de uma grande contração prevista na Turquia, em meio ao aperto de políticas e ajustes a condições externas de financiamento mais restritivas. Há também um significativo rebaixamento do crescimento no México em 2019-2020, refletindo um investimento privado menor. A retomada prevista em 2020 se deve a uma recuperação esperada na Argentina e Turquia.
A perspectiva para mercados emergentes e economias em desenvolvimento reflete os entraves continuados oriundos de fluxos de capital mais fracos, após taxas de juros mais altas dos EUA e a depreciações das taxas de câmbio, ainda que elas tenham se tornado menos extremas. Entre as economias emergentes, parte da alta dos preços retrocedeu perto do final de 2018.
No geral, as forças cíclicas que impulsionaram um crescimento global de base ampla desde a segunda metade de 2017 podem estar se enfraquecendo um pouco mais rápido do que o esperado em outubro. O comércio e o investimento desaceleraram, a produção industrial fora dos Estados Unidos desacelerou e os índices de compra enfraqueceram, sinalizando um impulso abrandado. Embora isso não signifique que estamos diante de uma grande desaceleração, é importante avaliar os muitos riscos crescentes.
Uma escalada das tensões comerciais e uma piora das condições financeiras são fontes principais de risco para as perspectivas. Uma incerteza mais elevada no comércio diminuirá ainda mais o investimento e abalará as cadeias de produção. Um aperto mais sério das condições financeiras é particularmente custoso dados os altos níveis de dívida do setor público e privado nos países.
A desaceleração do crescimento da China poderia acontecer mais rapidamente do que o previsto, em especial se as tensões comerciais continuarem, e isso pode desencadear abruptas vendas de títulos nos mercados financeiro e de commodities, com foi o caso de 2015-16. Na Europa, o suspense do Brexit continua, e os custosos spillovers entre o risco financeiro e soberano na Itália permanecem uma ameaça.
Prioridades de políticas
Dado esse pano de fundo, os formuladores de políticas precisam agir agora para reverter entraves ao crescimento e se preparar para a próxima desaceleração.
A principal prioridade de políticas é de que os países resolvam de modo cooperativo e rápido os seus desentendimentos comerciais e a consequente incerteza de políticas, em vez de erguer mais barreiras prejudiciais e desestabilizar uma economia global que já desacelera. O chamado dos líderes do G-20 em Buenos Aires para reformar a Organização Mundial do Comércio (OMC) tem que ser cumprido. Onde há pouco espaço fiscal, a política fiscal precisa se ajustar de uma maneira sensível ao crescimento, para garantir que a dívida pública esteja num caminho sustentável, ao mesmo tempo em que projeta os mais vulneráveis.
A política monetária em economias avançadas deve continuar a se normalizar cuidadosamente. Os grandes bancos centrais estão sabiamente cientes da desaceleração do impulso — e esperamos que eles calibrem seus próximos passos em linha com esses desdobramentos. Ferramentas macroprudentes devem ser usadas onde vulnerabilidades financeiras estão crescendo. Por todas as economias, medidas para impulsionar o crescimento potencial da produção e aprimorar a inclusão são imperativas.
Por fim, uma vez que o espaço de políticas para os países está mais limitado do que em 2008, a cooperação multilateral será ainda mais importante no caso de um declínio mais agudo no crescimento global, e é essencial que as instituições multilaterais como o FMI tenham recursos adequados para lidar com os riscos crescentes.
*Publicado originalmente no Blog do FMI em 21 de janeiro de 2019
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Posted: 31 Jan 2019 06:35 AM PST
A CEPAL deu início ao período de candidaturas para seu curso sobre economias latino-americanas 2019. Foto: PEXELS
A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) deu início ao período de candidaturas para a edição deste ano de seu curso sobre economias latino-americanas, um programa de formação dirigido a jovens pesquisadores, graduados e pós-graduados, interessados em estudar o processo de desenvolvimento na região.
A vigésima edição do curso ocorrerá entre 15 de julho e 30 de setembro na sede da organismo regional das Nações Unidas em Santiago, no Chile.
As candidaturas poderão ser feitas pela Internet até 12 de abril. A lista de pessoas selecionadas será publicada no site da CEPAL em 19 de abril.
O curso, coordenado pela Divisão de Desenvolvimento Produtivo e Empresarial da CEPAL, foi criado em 2000 e desde então teve a participação de mais de 500 estudantes de 35 países e de diferentes universidades do mundo.
As aulas, em espanhol e inglês, são ministradas por pesquisadores da CEPAL e por prestigiados professores de diversas universidades, tanto da América Latina e do Caribe como de outras regiões.
Trata-se de um espaço de pensamento plural que promove discussão, reflexão, geração e intercâmbio de ideias sobre os problemas latino-americanos, com base nos aportes especializados das diferentes divisões da CEPAL e os avanços na fronteira da pesquisa acadêmica.
A nova edição do curso tem colaboração do Institute for New Economic Thinking.
A inscrição e o curso estão isentos de pagamento. Os participantes precisam arcar com os custos de transporte, viagem, acomodação e hospedagem.
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Posted: 31 Jan 2019 06:15 AM PST
Manifestante diante da Guarda Nacional da Venezuela, em protesto em maio de 2017. Foto: Wikimedia Commons/Efecto Eco
Sanções que podem levar à fome e a falta de provisões médicas não são a resposta para a crise na Venezuela, disse nesta quinta-feira (31) o especialista em direitos humanos da ONU Idriss Jazairy. Os comentários foram feitos após os Estados Unidos anunciarem sanções contra a estatal de petróleo venezuelana PDVSA.
“Estou especialmente preocupado após ter ouvido informações de que essas sanções têm por objetivo mudar o governo da Venezuela”, disse Jazairy, relator especial da ONU para o impacto negativo de sanções.
“A coerção, seja militar ou econômica, nunca pode ser usada para buscar uma mudança de governo em um Estado soberano. O uso das sanções por potências de fora para retirar um governo eleito é uma violação de todas as normas da lei internacional”.
“Chamo a comunidade internacional a se engajar em diálogo construtivo com a Venezuela para encontrar soluções para os reais desafios enfrentados”, disse o especialista.
“Sanções econômicas estão efetivamente agravando a grave crise que afeta a economia venezuelana, somando-se aos danos causados pela hiperinflação e pela queda nos preços do petróleo. Este é o momento em que a compaixão deveria ser manifestada para o povo da Venezuela promovendo, sem restrições, o acesso a alimentos e remédios”, disse Jazairy.
Precipitar uma crise econômica e humanitária na Venezuela não é a base para a solução pacífica de controvérsias, observou Jazairy. “Peço aos Estados que se envolvam e facilitem diálogos construtivos com todas as partes para encontrar soluções que respeitem os direitos humanos dos venezuelanos”, disse ele.
“Estou profundamente preocupado com as informações de sérias violações de direitos humanos ocorrendo na Venezuela, incluindo um crescente risco de violência, e ameaças implícitas de violência internacional. Há necessidade de todas as partes e todos os países trabalharem para uma solução pacífica que não leve a mais violência”, acrescentou o especialista.
Seu pedido ecoou comentários do porta-voz do secretário-geral da ONU, que enfatizou a “urgente necessidade de todos os atores relevantes se engajarem em um diálogo político inclusivo e confiável para lidar com a longa crise enfrentada pelo país, com total respeito ao Estado de direito e aos direitos humanos”.
O especialista citou a Declaração da ONU para os Princípios da Lei Internacional que se refere a relações amigáveis e de cooperação entre os Estados, em linha com a Carta das Nações Unidas, que pede para os Estados resolverem suas diferenças por meio do diálogo e das relações pacíficas, e evitar o uso de medidas econômicas, políticas ou outras para coagir outro Estado em relação ao exercício de seus direitos soberanos.
“Peço a todos os países que evitem aplicar sanções a menos que seja aprovado pelo Conselho de Segurança da ONU, como requerido pela Carta das Nações Unidas”, concluiu o relator especial.
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Posted: 31 Jan 2019 05:53 AM PST
Da esquerda para a direita, Papa Francisco; chefe do UNAIDS, Michel Sidibé; e Lorena Castillo de Varela, primeira-dama do Panamá e embaixadora especial do UNAIDS na América Latina. Foto: UNAIDS
No Panamá, o chefe do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS ( UNAIDS), Michel Sidibé, acompanhou a visita do Papa Francisco à Fundação e Lar do Bom Samaritano, que abriga 16 pessoas vivendo com HIV. Durante o encontro com moradores do centro de apoio, o pontífice encorajou as pessoas a não discriminar os seus vizinhos. Apelo foi celebrado pela agência da ONU.
“O bom samaritano, seja na parábola ou em todas as suas casas, mostra-nos que o nosso vizinho é, antes de tudo, uma pessoa, alguém com um rosto real e particular, não algo a evitar ou ignorar, seja qual for a sua situação”, disse o chefe da Santa Sé, que esteve no Panamá entre 23 e 27 de janeiro, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude. A ida à fundação aconteceu no último dia de sua viagem.
Francisco disse ainda que o trabalho da instituição de acolhimento confirma a crença religiosa das pessoas, “ungindo feridas, renovando a esperança e estimulando a fé”.
Há 15 anos, a Fundação e Lar do Bom Samaritano oferece assistência e tratamento abrangentes para ajudar as pessoas que vivem com HIV a recuperar a sua saúde e dignidade. O centro também apoia os beneficiários a se reconectar com suas comunidades e famílias. O organismo oferece educação sobre a prevenção do vírus para milhares de pessoas, incluindo estudantes e outros jovens que podem estar em risco de infecção pelo HIV.
Sidibé elogiou as atividades da instituição, que “abraça todas as pessoas, independentemente de sua saúde ou estado sorológico para o HIV”.
“Organizações de fé como essa têm uma capacidade incrível de tocar as vidas das pessoas que são mais difíceis de alcançar e remover as barreiras do estigma e da discriminação. As comunidades religiosas que falam sobre o HIV podem nos aproximar do fim da epidemia de AIDS”, acrescentou o dirigente.
O UNAIDS trabalha em estreita colaboração com a Igreja Católica e a Santa Sé para alcançar objetivos comuns, como a eliminação das novas infecções por HIV entre crianças e o aumento do acesso a testes e tratamento pediátricos. O programa da ONU considera que a zero discriminação é fundamental para cumprir essas metas.
Globalmente, ainda existem lacunas significativas na prevenção, diagnóstico e tratamento do HIV entre crianças. Em 2017, houve 180 mil novas infecções pelo vírus entre meninos e meninas no mundo. Apenas metade (52%) de todas as crianças expostas ao HIV receberam testes de diagnóstico precoce nos primeiros dois meses de vida. Somente 52% das crianças soropositivas tiveram acesso a tratamento em 2017.
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Posted: 31 Jan 2019 05:21 AM PST
Foto: OPAS
O Ministério Público do Pará e o Fundo das Nações Unidas para a Infância ( UNICEF) promovem nesta quinta-feira (31) um seminário sobre adolescência, sexualidade e direitos Humanos. Painéis vão discutir medidas educativas e de prevenção para reduzir casos de gravidez entre adolescentes. Além de especialistas, ativistas e representantes do governo, evento terá jovens como palestrantes e debatedores.
O encontro acontece até as 18h, no Auditório da Promotoria de Justiça da Infância e Juventude. O objetivo do seminário é melhorar a atuação dos membros e servidores do Ministério Público, além de ampliar o diálogo desse organismo do Judiciário com a sociedade civil. A iniciativa visa ainda fortalecer a política do MP de estimular o protagonismo juvenil na defesa dos direitos sexuais e reprodutivos.
O órgão ministerial integra o grupo de instituições que criou o Plano de Impacto Coletivo sobre Direitos Sexuais e Reprodutivos de Belém. O documento destaca que são necessárias ações do poder público e da sociedade civil para avançar na garantia dos direitos humanos de crianças e adolescentes. O marco foi formulado no contexto da Plataforma dos Centros Urbanos, uma iniciativa do UNICEF para reduzir as desigualdades nas grandes cidades do Brasil. A Prefeitura de Belém apoia a agência da ONU no desenvolvimento do projeto.
O seminário está sendo realizado um dia antes da Semana de Prevenção à Gravidez na Adolescência, agendada para começar amanhã (1º).
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