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terça-feira, 24 de abril de 2018

Boletim diário da ONU Brasil: “ONU usa drones para combater Aedes aegypti no Brasil” e 9 outros.

oletim diário da ONU Brasil: “ONU usa drones para combater Aedes aegypti no Brasil” e 9 outros.

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Posted: 19 Apr 2018 01:56 PM PDT
Drone utilizado pela AIEA para transportar mosquitos tornados estéreis pelo uso de radiação. Foto: AIEA/N. Culbert
Drone utilizado pela AIEA para transportar mosquitos tornados estéreis pelo uso de radiação. Foto: AIEA/N. Culbert
O combate à zika e outras doenças transmitidas pelo Aedes aegypti tem um novo aliado — os drones. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) anunciou nesta quinta-feira (19) a conclusão bem-sucedida de testes para usar as aeronaves em estratégias de controle dos mosquitos. Os veículos aéreos transportam insetos tornados estéreis por meio de radiação e libera os animais no meio ambiente para conter a proliferação da espécie.
Um obstáculo ao uso dessa estratégia é a fragilidade do Aedes aegypti. Quando liberado em um ecossistema a partir de aviões, que voam em altitudes elevadas, o mosquito da zika, dengue e chikungunya pode ter suas asas e pernas destruídas ou machucadas. Isso inviabiliza sua inserção na região visada.
A técnica do inseto estéril, conhecida pela sigla SIT, em inglês, envolve a criação em cativeiro de machos do Aedes aegypti, que perdem sua capacidade de reprodução ao serem expostos à radiação gama. O enxame é, então, disseminado na natureza, para acasalar com fêmeas do inseto. Como os parceiros são estéreis, a cópula não gera novos mosquitos — o que reduz ao longo do tempo a presença da espécie em determinado local.

Com o drone, podemos
tratar 20 hectares
em cinco minutos.

Ao longo de todo o ano passado, a agência da ONU trabalhou com o grupo suíço-americano WeRobotics e com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) para desenvolver um protótipo de aeronave capaz de transportar em segurança os Aedes modificados. Durante o deslocamento, os mosquitos também precisavam suportar temperaturas mais frias.
“O mecanismo de liberação de mosquitos havia sido até agora o gargalo na aplicação da SIT”, explica o entomologista médico da Divisão Conjunta da FAO e da AIEA de Técnicas Nucleares na Alimentação e Agricultura, Jeremy Bouyer. “Estamos satisfeitos com os testes iniciais, que mostram (uma taxa de) menos de 10% de mortalidade ao longo de todo o processo de resfriamento, transporte e liberação aérea.”
Segundo o especialista, antes, os insetos radioativamente alterados eram disseminados por via terrestre, o que gastava mais tempo e esforço. “Com o drone, podemos tratar 20 hectares em cinco minutos”, ressalta o cientista. Pesando menos de dez quilos, essas aeronaves podem carregar 50 mil mosquitos estéreis por voo. O preço do veículo — 10 mil euros — também permite reduzir pela metade o custo com a aplicação da SIT.
Com o sucesso dos primeiros experimentos com drones, o Brasil planeja usar as aeronaves a partir de janeiro do próximo ano, tanto em zonas urbanas quanto rurais. A ideia é aplicar a técnica do inseto estéril durante o pico do verão e da estação de mosquitos.
A AIEA busca atualmente reduzir o peso dos veículos e aumentar sua capacidade, para que cada drone possa transportar até 150 mil mosquitos por voo. O desenvolvimento do veículo aéreo teve o apoio financeiro da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID).
A SIT é usada há mais de 50 anos para enfrentar pestes na produção agrícola, mas apenas recentemente foi adaptada para controlar espécies de mosquitos transmissores de doenças.
 
Posted: 19 Apr 2018 01:54 PM PDT
Faiza (centro), de 31 anos, da aldeia de Manono na província de Tanganyika, faz parte de um grupo de mulheres congolesas que criou um espaço para deslocados internos na escola primária EP Moni, em Kalemie. Foto: ACNUR/Colin Delfosse
Faiza (centro), de 31 anos, da aldeia de Manono na província de Tanganyika, faz parte de um grupo de mulheres congolesas que criou um espaço para deslocados internos na escola primária EP Moni, em Kalemie. Foto: ACNUR/Colin Delfosse
À medida que as crises se multiplicam em todo o mundo e milhões de pessoas são deslocadas dentro das fronteiras de seus países por conflitos armados, violência generalizada ou violações de direitos humanos, um grupo de Estados, agências da ONU e parceiros renovou seu compromisso para trabalhar de forma colaborativa.
Nesse sentido, foi lançado na terça-feira (17), durante reunião em Genebra, na Suíça, um Plano de Ação para Avanço da Prevenção, Proteção e Soluções para Deslocados Internos (2018-2020). A reunião marcou o 20º aniversário do Guia sobre Deslocamento Interno — amplamente aceito como padrão global para proteger e assistir deslocados internos.
O deslocamento interno tem sido reconhecido como uma questão de preocupação global desde o início dos anos 1990, mas a dinâmica para enfrentá-lo tem sido insuficiente, apesar de todos os esforços. Enquanto isso, o número de deslocados internos vem aumentando.
“Passos ousados e ambiciosos são necessários para enfrentar esse desafio complexo de direitos humanos, humanitários e de desenvolvimento”, disse a relatora especial sobre os direitos humanos dos deslocados internos, Cecilia Jimenez-Damary.
“O Plano de Ação busca propor um diálogo estratégico, uma ação combinada e recursos adequados para enfrentar o sofrimento dos deslocados internos, ao mesmo tempo em que os engajam nas decisões que os afetam”, completou.
Ao final de 2016, mais de 40 milhões de pessoas foram forçadas a se deslocar dentro de seus próprios países por conflitos armados, violência generalizada ou violações de direitos humanos. Número quatro vezes maior do que a população de Londres ou Nova Iorque.
Somente em 2016, desastres geraram mais 24 milhões de deslocamentos internos. Todos os anos, cerca de 15 milhões de pessoas também são deslocadas por projetos de desenvolvimento. Além disso, sabe-se que milhões de outros deslocamentos não são sistematicamente registrados, inclusive aqueles causados por grilagem de terras, violência criminal ou seca.
“Enfrentar as necessidades de proteção dos deslocados à força e buscar soluções para suas dificuldades contribui para uma maior estabilidade de países e regiões inteiras”, disse o alto-comissário da ONU para refugiados, Filippo Grandi.
“Semelhante aos refugiados, os deslocados internos frequentemente enfrentam grande incerteza. Eles podem ser desalojados mais de uma vez à medida que buscam oportunidades para recomeçar suas vidas, e correm o risco de serem marginalizados nas sociedades em que vivem. As consequências do nosso fracasso em resolver o deslocamento interno podem ser devastadoras.”
Mark Lowcock, subsecretário-geral para assuntos humanitários e coordenador de ajuda de emergência da ONU, lembrou que a comunidade internacional se comprometeu em 2015 a “não deixar ninguém para trás” na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
“Essa promessa deve se estender aos milhões de deslocados internos por conflitos armados, violência e desastres. Continuaremos a trabalhar com os governos afetados e com os próprios deslocados internos para garantir que suas necessidades sejam atendidas”, disse.
Elaborado sob a liderança da relatora especial, da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), o Plano de Ação envolve múltiplas fases e pede a todos os atores relevantes que intensifiquem os esforços para prevenir, responder e resolver o deslocamento interno.
Para isso, propõe ações concretas para facilitar e fortalecer a participação dos deslocados internos nas decisões que lhes dizem respeito e ampliar as leis e políticas nacionais sobre deslocamento interno.
Recomenda também ações para melhorar a coleta e a análise de dados sobre situações de deslocamento globalmente e ampliar o engajamento a fim de encontrar soluções duradouras para os deslocados internos.
 
Posted: 19 Apr 2018 01:45 PM PDT
Coordenador Residente do Sistema ONU no Brasil, Niky Fabiancic, participa de audiência pública no Senado. Foto: ©ACNUR / Luiz Fernando Godinho
O Coordenador Residente do Sistema ONU no Brasil, Niky Fabiancic, participou de audiência pública na Comissão Mista do Senado que analisa a Medida Provisória 820/2018, que trata de medidas de assistência emergencial para acolhimento a pessoas em situação de vulnerabilidade decorrente de fluxo migratório provocado por crise humanitária.
O dirigente pediu que, no curso dos debates para transformar a MP em lei, os parlamentares utilizem como referência “os princípios e direitos consagrados na Carta da ONU e na Declaração Universal dos Direitos Humanos, como não-discriminação, o direito à liberdade de locomoção e residência dentro do território, direito universal à educação, à saúde e ao trabalho e o direito de buscar e gozar de asilo em outros países”. A Declaração celebra 70 anos em 10 de dezembro de 2018.
“Não acreditamos em fechar fronteiras, acreditamos em construir pontes. Pontes para um futuro melhor para todas e todos. Pontes entre seres humanos, particularmente com aqueles que têm necessidades e que vivem momento difíceis”, afirmou Fabiancic.
A MP, de 16 de fevereiro de 2018, tramita no Congresso Nacional em regime de urgência.
Para ler a íntegra do discurso do Coordenador Residente do Sistema ONU, clique aqui.
 
Posted: 19 Apr 2018 12:55 PM PDT
Atividade realizada em Brasília (DF) teve o objetivo de refletir e incentivar a cidadania alimentar com base no afeto, nas tradições e no direito. Foto: PEXELS
Atividade realizada em Brasília (DF) teve o objetivo de refletir e incentivar a cidadania alimentar com base no afeto, nas tradições e no direito. Foto: PEXELS
Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) e o Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutrição da Universidade de Brasília (OPSAN) organizaram na quarta-feira (18), como parte do 25º Congresso Brasileiro de Nutrição (CONBRAN), a oficina “Por uma comida que seja nossa!”.
A atividade, que aconteceu no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília (DF), teve o objetivo de gerar reflexões e promover a cidadania alimentar com base no afeto, nas tradições e no direito.
“Estamos vivendo um momento fundamental em que a alimentação e a nutrição despontam com metas audaciosas no âmbito da Década de Ação das Nações Unidas sobre Nutrição e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)”, afirmou Alice Medeiros, consultora de Nutrição e Alimentação da OPAS/OMS no Brasil.
No entanto, ela lembrou a importância das políticas públicas, “que devem ser construídas coletivamente na luta por sistemas alimentares mais justos, equitativos e saudáveis para todas as pessoas”.
Medeiros declarou que ainda existem muitos obstáculos e desafios a serem superados para que o direito humano à alimentação adequada e saudável e o direito à saúde se tornem uma realidade para a população brasileira. “Juntos, vamos ressignificar a comida e perceber que comer é um ato político”.
A oficina, que foi realizada dividida em três momentos, contou com a participação de mulheres quilombolas, de religiões de matriz africana e terreiros, indígenas e agricultoras, que representaram a diversidade da alimentação nos mais diversos cantos e culturas do país.
Os participantes se reuniram em grupos para discutir aspectos relacionados à alimentação: afeto, tradição e direito. “A comida é poderosa. É mais do que nutrientes; é carinho. É mais que os ingredientes de uma receita; é afeto, e está presente em nossas vidas o tempo todo”, ressaltou Maína Castro, do OPSAN.
A mãe de terreiro Marcele de Xangô, afirmou que, nas religiões de matriz africana e terreiros, a alimentação não é apenas fundamental para a nutrição, mas também é considerada de forma simbólica, como parte dessa cultura tradicional.
“O alimento para gente é sagrado, rezado. É importante que as pessoas conheçam essa tradição. Não podemos deixar que nossa comida tradicional se perca com o tempo. Temos que resgatar as receitas de nossos avós e bisavós”, defendeu.
 
Posted: 19 Apr 2018 12:23 PM PDT
Campanha #MulheresRurais chega a sua terceira edição com ações pelos direitos das mulheres indígenas. Imagem: FAO
Campanha #MulheresRurais chega a sua terceira edição com ações pelos direitos das mulheres indígenas. Imagem: FAO
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) lançou nesta semana a terceira edição da sua campanha #MulheresRurais, mulheres com direitos, iniciativa que defende o empoderamento das latino-americanas e caribenhas vivendo no campo. Com o projeto, a agência da ONU acompanhará processos decisórios nos países da região para garantir igualdade de gênero em estratégias de desenvolvimento agrícola.
Em 2018, o programa da FAO criará o Mapa de aliados das mulheres rurais, uma ferramenta interativa que permitirá encontrar instituições com experiências positivas e inovadoras, voltadas para a autonomia das agricultoras, mulheres indígenas e afrodescendentes. A campanha também retomará ações de conscientização nas redes sociais.
No Brasil, a campanha será implementada em nível nacional pela Secretaria Especial da Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário (SEAD). As iniciativas da pasta serão realizadas com o selo Aqui Tem Mulher Rural. A rotulação distingue produtos da agricultura familiar que têm a participação das mulheres em seu processo de fabricação.

Mobilização regional e protagonismo indígena

A Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar (REAF), do MERCOSUL, promoverá um concurso de pesquisas, ensaios acadêmicos e experiências de organizações sobre eliminação da violência de gênero no mundo rural.
Também como parte da campanha, a FAO realizará um concurso de receitas ancestrais e saudáveis, que serão publicadas em um livro de forma participativa, por mulheres de diferentes países.
O organismo internacional trabalhará com lideranças indígenas das Américas Central e do Sul para dar visibilidade às suas perspectivas do que é desenvolvimento rural sustentável.
A ONU Mulheres incluíra a campanha em suas atividades e a difundirá em diversos espaços de diálogo. A decisão da instituição vem após o encontro anual da Comissão sobre o Estatuto da Mulher (CSW), que teve como tema, em 2018, os desafios vividos pelas mulheres e meninas no meio rural.
Em fevereiro, 29 países da América Latina e Caribe se reuniram em evento preparatório para a congregação da comissão. Nessa ocasião, aprovaram a Declaração de Santo Domingo, documento em que as nações da região assumem compromissos pelo fim da violência de gênero no campo.
A ONU Mulheres divulgará a campanha na IV Cúpula Ibero-Americana de Agendas Locais de Gênero, que ocorrerá em maio, no Equador. O encontro terá uma oficina para elaborar estratégias de participação política das mulheres indígenas.

Como participar da campanha?

Qualquer pessoa, instituição ou organização pode apoiar a campanha usando o selo #MulheresRurais, mulheres com direitos e difundir #HistóriasQueEmpoderam em suas redes sociais. O selo está disponível para aplicação em materiais de divulgação que mencionam a iniciativa ou declaram apoio à estratégia da FAO — acesse clicando aqui.
A iniciativa tem uma proposta aberta e participativa: é fácil adaptar as artes existentes e inclusive criar novos layouts, usando como base o manual gráfico da campanha. Para acessar o manual, clique aqui.
As instituições interessadas em contribuir com a difusão da campanha ou em organizar conversas e atividades em comunidades rurais poderão registrar-se como colaboradoras, tornando-se parte do Mapa de aliados das mulheres rurais.
Qualquer organização ou centro de pesquisa também pode apoiar a #MulheresRurais, compartilhando publicações, vídeos, estudos e documentos. Para enviar conteúdos, clique aqui. As análises encaminhadas serão incluídas no Repositório de Conhecimentos sobre Mulheres Rurais da FAO. Informações servirão de base para a produção de novos materiais de conscientização durante todo o ano.
 
Posted: 19 Apr 2018 11:53 AM PDT
Manifestação em frente a sede da CIDH, em Washington, abril de 2016, no contexto do assassinato da líder Berta Cáceres, em março de 2016. Foto: CIDH/OEA
Manifestação em frente a sede da CIDH, em Washington, em abril de 2016, no contexto do assassinato da líder hondurenha Berta Cáceres, em março de 2016. Foto: CIDH/OEA
O primeiro acordo regional vinculante para proteger os direitos de acesso à informação, à participação pública e o acesso à Justiça em assuntos ambientais (Princípio 10 da Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento), adotado em 4 de março na Costa Rica, é um marco histórico para a região.
Por isso, autoridades e especialistas reunidos na quarta-feira (18) na sede da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) em Santiago, no Chile, chamaram os países latino-americanos e caribenhos a assinar o documento e ratificá-lo este ano para que entre em vigor o mais rápido possível.
Durante a segunda reunião do Fórum dos Países da América Latina e do Caribe sobre o Desenvolvimento Sustentável, que ocorre na sede da CEPAL, os principais atores participantes desse processo — que levou à adoção de um instrumento legal inédito para a região e único do tipo no mundo — endossaram a importância do chamado “Acordo de Escazú” e pediram que todos os países da região o ratifiquem a partir de 27 de setembro, quando o documento estará aberto a assinaturas das delegações participantes da Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque.
Em um evento sobre este acordo regional, realizado paralelamente ao fórum, autoridades dos governos de Chile e Costa Rica — países que exerceram a presidência do processo de negociação — junto a representantes do público e de organismos internacionais participantes, indicaram que este novo instrumento legal ajudará a construir legitimidade e coesão social nos países da região, tal como afirmou Andrea Sanhueza, representante eleita do público e coordenadora do encontro.
“Este é um acordo histórico, porque consagra pela primeira vez a proteção dos direitos humanos dos defensores ambientais, o que permite assegurar que casos como o cruel assassinato de Berta Cáceres (defensora ambiental hondurenha) não fiquem impunes”, declarou Alicia Bárcena, secretária-executiva da CEPAL, organismo que atua como secretaria técnica do processo.
“Este é um acordo feito por nós, para nós e as gerações vindouras. É um instrumento visionário e sem precedentes, um tratado ambiental de segunda geração porque vincula explicitamente o ambiental com os direitos humanos e garante direitos procedimentais que são essenciais para implementar de forma adequada a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”, afirmou.
 
Posted: 19 Apr 2018 11:20 AM PDT
Segundo a OPAS/OMS, evidências científicas recentes apontam que medidas regulatórias têm impacto na prevenção e controle da obesidade. Foto: EBC
Segundo a OPAS/OMS, evidências científicas recentes apontam que medidas regulatórias têm impacto na prevenção e controle da obesidade. Foto: EBC
Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) participou na quarta-feira (18) da abertura do 25º Congresso Brasileiro de Nutrição (CONBRAN 2018). Na ocasião, a coordenadora da Unidade de Determinantes da Saúde, Doenças Crônicas Não Transmissíveis e Saúde Mental da OPAS/OMS no Brasil, Katia Campos, ressaltou que há uma série de medidas essenciais para melhorar a nutrição no Brasil.
“Uma das principais é a educação alimentar e nutricional, que precisa estar articulada com outras ações de política pública, a exemplo da taxação de bebidas adoçadas, da regulação de ambientes escolares e da rotulagem nutricional frontal de alimentos processados e ultraprocessados”, enumerou.
Segundo ela, evidências científicas recentes apontam que medidas regulatórias como essas são as que têm maior impacto na prevenção e controle da obesidade. Katia destacou ainda que o CONBRAN 2018 acontece em um momento único, uma vez que, nos últimos anos, foram assinados importantes compromissos nacionais e internacionais para garantir o acesso universal a uma alimentação mais saudável e sustentável.
“Um exemplo é a aprovação da Década de Ação das Nações Unidas sobre Nutrição e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, os ODS, que buscam acabar com a fome, melhorar a nutrição e promover a agricultura sustentável em todo o mundo.”

Década de Ação

A Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou em 1º de abril de 2016 a Década de Ação das Nações Unidas sobre Nutrição, de 2016 a 2025. A resolução tem o objetivo de desencadear uma ação intensificada para acabar com a fome e erradicar a desnutrição em todo o mundo, além de assegurar o acesso universal a dietas mais saudáveis e sustentáveis para todas as pessoas, sejam elas quem forem e onde quer que vivam.

ODS

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) foram fixados em 2015 pela Organização das Nações Unidas (ONU) como um plano de ação para as pessoas, o planeta e a prosperidade. Trata-se de uma agenda de ação até 2030, com 17 Objetivos e 169 metas construídas sobre o legado dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM).
 
Posted: 19 Apr 2018 10:48 AM PDT

A militância e o trabalho de escritores, educadores e artistas indígenas têm sido fundamentais para combater o preconceito e o desconhecimento da sociedade brasileira sobre esses povos, cuja história foi contada principalmente sob o ponto de vista de não indígenas.
No momento em que ocorre na sede da ONU, em Nova Iorque, a 17ª Sessão do Fórum Permanente sobre Assuntos Indígenas, o Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio) entrevistou quatro intelectuais de diferentes etnias indígenas brasileiras sobre formas de garantir direitos e valorizar a cultura e os conhecimentos dessas populações.
“Muita coisa sobre os povos indígenas foi escrita a partir do olhar de um pesquisador, de alguém que vai estudar os nossos povos. Hoje, através dos livros e com o movimento da literatura indígena, que vem se fortalecendo há 30 anos, os escritores estão contando a história do seu povo”, disse o poeta Tiago Hakiy, descendente do povo sateré-mawé.
Poeta Tiago Hakiy, descendente do povo sateré-mawé. Foto: Arquivo pessoal
Poeta Tiago Hakiy, descendente do povo sateré-mawé. Foto: Arquivo pessoal
Nascido em Ribeirinha (AM), Tiago lembra que a oralidade é essência do conhecimento indígena e que muitos dos ensinamentos são passados a partir de “contação de histórias”. Assim, a literatura se apresenta como uma ferramenta de preservação da memória desses povos.
Formado em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), o contador de histórias é autor de diversos livros, como “Awyató-pót: histórias indígenas para crianças”; “O canto do Uiarapuru e Guayne derrota a cobra grande”. Em 2012, venceu o Concurso Tamoio de Textos de Escritores Indígenas.

Arte militante

Daniel Muduruku, escritor indígena que recebeu o Prêmio Jabuti de Livro Infantil. Foto: Arquivo pessoal
Daniel Muduruku, escritor indígena que recebeu o Prêmio Jabuti de Livro Infantil. Foto: Arquivo pessoal
O escritor Daniel Muduruku, que já recebeu vários prêmios no Brasil e no exterior, como o Prêmio Jabuti de Livro Infantil, afirma que a literatura tem um papel militante para esclarecer muitos dos equívocos que a sociedade brasileira alimenta a respeito da história dos povos indígenas.
“A nossa literatura é militante, ela tem um papel fundamental de transformar um pensamento equivocado em pensamento real. A população brasileira foi educada a pensar o índio como um ser do passado, do princípio da história”, disse o escritor da etnia munduruku.
Com mais de 30 livros publicados, Daniel, que nasceu em Belém (PA), é graduado em Filosofia, História e Psicologia e doutor em Educação pela Universidade de São Paulo (USP). Para ele, em geral, os brasileiros aceitaram a ideia de um suposto atraso dos povos indígenas, fazendo com que essas populações ficassem escravas de um passado memorial.
“Certa vez eu ouvi: ‘os índios não fazem música, só batem o pé’. Eu me perguntei: como não fazem música? Os índios são grandes compositores e poetas porque a poesia acontece no pular n’água, na tardinha que vai indo, no dia a dia. Tudo isso é poesia para o indígena”, disse a compositora Marcia Kambeba.
Cantora e compositora indígena Marcia Kambeba. Foto: Arquivo pessoal
Cantora e compositora indígena Marcia Kambeba. Foto: Arquivo pessoal
Descendente do povo Kambeba, Marcia nasceu em uma aldeia no Alto Solimões, no Amazonas. Ela cursou Geografia na UFAM, mas sua principal atividade é a música. Ela escreve composições em tupi e português e é sempre convidada para palestras e encontros sobre a valorização da cultura dos povos indígenas.
“Pisamos na nossa própria história quando tratamos com preconceito a história do outro. E quem é o outro? É o indígena, é o negro. Os primeiros a pisarem no nosso solo, os primeiros a fazerem música”, ressaltou Márcia.

Extermínio dos saberes

Doutor em História pela USP, Edson Kayapó lembra que o conhecimento científico sempre tratou os saberes indígenas como inferiores. Essa forma de subjugar produz o que o escritor português Boaventura de Sousa Santos chama de “epistemicídio” (o extermínio dos saberes e conhecimentos).
“Os livros de história são perniciosos porque eles ensinam que tudo começou em 1500, e os milhares de anos antes disso são apagados. Os portugueses e europeus admitem que havia pessoas aqui e que eles tiveram dificuldade de reconhecê-las como humanos. Quando as reconheceram, chamaram todos de índio. Esse nome, definitivamente, não representa a nossa diversidade”, afirmou Edson, que também é coordenador da licenciatura intercultural indígena do Instituto Federal da Bahia (IFBA).
Edson Kayapó na aldeia Jaqueira. Foto: Ibui Pataxó
Edson Kayapó na aldeia Jaqueira. Foto: Ibui Pataxó
Atualmente, há mais de 900 mil indígenas no Brasil de mais de 300 povos e falantes de mais de 270 línguas. Eles já foram 8 milhões, em 1500, segundo a Fundação Nacional do Índio (FUNAI).
“Na medida em que o diálogo não acontece, as pessoas permanecem na ignorância. Muitos ainda alimentam ideias preconceituosas de que o indígena não pode usar celular, não pode usar roupa, o que faz do Brasil não o país da democracia racial, mas o país do racismo cordial.”
Uma das questões mais preocupantes para os povos indígenas brasileiros é a luta pela demarcação das terras. Atualmente, segundo o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), no Brasil, existem 1.296 terras indígenas. Este número inclui as terras já demarcadas (401), em alguma das etapas do procedimento demarcatório (306), terras que se enquadram em outras categorias que não a de terra tradicional (65) ou, ainda, terras sem nenhuma providência do Estado para dar início à sua demarcação (530).
“Ainda hoje repercute a lógica de ‘tem muita terra para pouco índio’. Para que o índio precisa de terra se índio não planta, é preguiçoso, só fica namorando e tomando açaí? ‘Vamos transformar essas terras produtivas, vamos liberar mais terra para produzir soja’. E aí as populações indígenas são o tempo todo pressionadas”, disse o educador descendente do povo kayapó.
ONU lança documentário ‘Guarani e Kaiowá: pelo direito de viver no Tekoha’

No Brasil, a pressão do agronegócio é mais dramática no Mato Grosso do Sul. Relatórios preliminares de identificação territorial da FUNAI apontam que as áreas reivindicadas pelos guarani e kaiowá somam cerca de 700 mil hectares, em áreas não contínuas, o que representa 2% do território do estado. A demarcação definitiva destas áreas resultaria na diminuição da violência, que prevalece nas reservas onde ocorreram mais de 450 homicídios e 700 suicídios nos últimos 16 anos.
Edson denuncia exploração ilegal de madeira no rio Amazonas, na região de Breves, no Pará. Foto: Arquivo pessoal
Edson denuncia exploração ilegal de madeira no rio Amazonas, na região de Breves, no Pará. Foto: Arquivo pessoal
“Agronegócio é um nome ideológico para identificar uma prática histórica que é a prática do latifúndio, da exploração, da monocultura. Hoje, não é mais capitania hereditária, sesmaria, agora, é agronegócio. Aí a gente vê que, da escravidão indígena às colheitadeiras movidas por satélite, permanece a opressão, a expropriação e uma política genocida que definitivamente não recua”, disse Edson Kayapó.
O Fórum Permanente da ONU sobre Assuntos Indígenas acontece até 27 de abril com o tema “Povos indígenas, direitos coletivos à terra, territórios e recursos”.
As reuniões discutem o desenvolvimento socioeconômico e cultural, além de avanços na área da educação, meio ambiente, saúde e direitos humanos. No primeiro fórum, realizado em 2002, as Nações Unidas afirmaram que esses povos tinham “esperanças, direitos e aspirações que devem ser tratados pela Organização”.
 
Posted: 19 Apr 2018 09:01 AM PDT
O FMI prevê crescimento de 2,3% para a economia brasileira este ano. Foto: EBC
O FMI prevê crescimento de 2,3% para a economia brasileira este ano. Foto: EBC
A economia brasileira deve crescer 2,3% este ano e 2,5% em 2019, segundo projeções divulgadas na terça-feira (17) pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). O avanço do país ficará pouco acima da média regional latino-americana e caribenha, cuja alta prevista para 2018 é de 2%. No ano que vem, os países da região devem crescer em média 2,8%, de acordo com relatório do organismo internacional.
Um crescimento gradual deve continuar na América Latina e no Caribe, uma região severamente afetada pelo declínio dos preços das matérias-primas de 2014 a 2016, lembrou o FMI. “Após uma profunda recessão em 2015 e 2016, a economia brasileira retornou ao crescimento em 2017 (1%) e deve crescer 2,3% em 2018 e 2,5% em 2019, impulsionada por um consumo e investimento privado mais fortes”, disse o documento.
Enquanto a economia mundial continua a mostrar recuperação, o documento alertou para a possibilidade de turbulências adiante, causadas pelo aumento do protecionismo ou por guerras comerciais.
“O crescimento global deve desacelerar nos próximos dois anos”, disse o relatório, explicando que “quando as lacunas de produção se fecharem, a maioria das economias avançadas estará pronta para retornar a taxas de crescimento potencial bem abaixo das médias pré-crise — detidas pelo envelhecimento populacional e por uma fraca produtividade”.
Olhando para as maiores economias, o World Economic Outlook, relatório semestral do FMI sobre a saúde da economia global, mostrou projeções de crescimento de 2,4% para a zona do euro, 1,2% para o Japão, 6,6% para a China e 2,9% para os Estados Unidos.
“Apesar das boas notícias de curto prazo, as perspectivas de longo prazo são mais preocupantes”, disse Maurice Obstfeld, conselheiro econômico e diretor de pesquisa do FMI, agência especializada das Nações Unidas que trabalha para garantir a estabilidade do sistema financeiro global.
“As economias avançadas — que enfrentam o envelhecimento populacional, a queda das taxas de participação na força de trabalho e o baixo crescimento da produtividade — provavelmente não recuperarão as taxas de crescimento per capita que desfrutaram antes da crise financeira global”, declarou.
Obstfeld pintou um quadro diferente para as economias emergentes e em desenvolvimento, dizendo que, entre os não exportadores de commodities, alguns países podem esperar taxas de crescimento de longo prazo nos níveis pré-crise.
No entanto, apesar de algumas melhorias nas perspectivas para os preços das commodities, ele indicou que alguns exportadores de matérias-primas precisarão diversificar suas economias para impulsionar o crescimento futuro e a resiliência.

Tensões comerciais

Enquanto alguns governos estão buscando reformas econômicas substanciais, as disputas comerciais arriscam desviar outros países de passos construtivos que precisam tomar para melhorar e assegurar as perspectivas de crescimento, alertou Obstfeld.
Apesar do crescimento econômico generalizado, o otimismo público vem se deteriorando ao longo do tempo pelas tendências de polarização de empregos e salários, aumentando a ameaça de desdobramentos políticos que poderiam desestabilizar várias políticas econômicas, para além das comerciais.
“Os governos precisam enfrentar os desafios de fortalecer o crescimento, distribuindo seus benefícios de forma mais ampla, ampliando as oportunidades econômicas por meio de investimentos em pessoas […] que poderiam transformar radicalmente a natureza do trabalho”, ressaltou Obstfeld. “Os conflitos comerciais desviam essa agenda vital”, declarou.
As tensões comerciais começaram no início de março, quando os EUA anunciaram que cobrariam tarifas maiores sobre as importações de aço e alumínio por razões de segurança nacional, provocando retaliações da China sobre as importações norte-americanas.
No ambiente atual, desequilíbrios globais excessivos precisam ser reduzidos de forma multilateral, de acordo com o FMI. “Os acordos multilaterais, se consistentes com as regras multilaterais, também podem fornecer um impulso útil para um comércio mais aberto”, declarou.
Enquanto cada governo pode fazer muito para promover um crescimento mais forte, resiliente e inclusivo, a cooperação multilateral permanece essencial para enfrentar uma série de desafios — incluindo a mudança climática, as doenças infecciosas, a segurança cibernética, a taxação de empresas e a corrupção.
“A interdependência global só continuará crescendo e, a menos que os países enfrentem (esse cenário) em um espírito de colaboração, não de conflito, a economia mundial não poderá prosperar”, disse Obstfeld.
 
Posted: 18 Apr 2018 01:58 PM PDT
Indígena da etnia Bororo Boé durante os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas. Foto: Agência Brasil/Marcelo Camargo
Indígena da etnia Bororo Boé, no Brasil. Foto: Agência Brasil/Marcelo Camargo
Em encontro na Universidade de Brasília (UnB) com alunos e pesquisadores indígenas, o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) elogiou na terça-feira (17) o interesse dos povos originários em conhecer acordos internacionais de direitos humanos. Para a agência da ONU, convenções podem fortalecer mobilização pelo fim das disparidades enfrentadas por essas populações no Brasil.
“Estudantes indígenas têm demonstrado grande interesse em conhecer mais sobre marcos internacionais de direitos humanos e espaços multilaterais, a exemplo do Programa de Ação da Conferência Internacional de População e Desenvolvimento de 1994 e do Consenso de Montevidéu de 2013, como marcos que possam, a partir de perspectivas interculturais, contribuir para superação de situações de vulnerabilidade e para a redução de iniquidades”, avaliou Anna Cunha, oficial de programa do UNFPA e responsável pelo tema juventude.
A especialista participou de um debate sobre sexualidade da IV Semana de Acadêmicos Indígenas da UnB. Até amanhã (19), o evento promove discussões sobre os desafios enfrentado pelos povos originários nas áreas de saúde, educação e direitos.
Um dos objetivos do encontro é a construção e a melhoria de políticas específicas voltadas para estudantes indígenas. Outras pautas, como saúde mental, presença indígena no espaço político, arte, diversidade linguística e cinema, também estão na programação.
 
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