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quarta-feira, 29 de abril de 2020

Posted: 26 Apr 2020 07:33 PM PDT

Sérgio Moro
Sérgio Moro

Suponho que para a maioria dos brasileiros que como eu, estarrecidos diante da demissão pedida por Sérgio Moro. Esse desfecho traz algumas considerações inevitáveis, desde que se observe friamente o fato.

Independente da admiração e respeito que sempre tive por Moro - que inclusive cheguei a pintar, num retrato de que me orgulho - não há como fechar os olhos ao significado e às possíveis consequências de sua renúncia neste momento crucial da história brasileira.
Se, numa análise crua, Moro quisesse supostamente escolher o pior dia, a pior hora e o pior minuto para pedir demissão do cargo de Ministro da Justiça, acertou em cheio.
Na mosca.
O país passa, talvez, por uma crise jamais vista.

Enfrenta uma enorme crise de saúde e financeira com finais absolutamente previsíveis: um retrocesso econômico e uma deterioração que exigirão, durante meses, um esforço enorme de recuperação.
No epicentro desse cenário, o país observa ainda o presidente eleito bombardeado por todos os lados por abutres que tem a nítida intenção de derrubá-lo para obter novamente seus sujos privilégios.
E por brasileiros desunidos, atolados na desinformação despejada diariamente por uma imprensalha sem escrúpulos ou o menor amor ao país.
Moro pode ser criticado por qualquer outra coisa, exceto por ingenuidade.
Sabia exatamente o que seu nome - e prestígio - significavam para o governo de Jair Bolsonaro.
E sabia exatamente o dano enorme que sua demissão causaria.
Especialmente neste momento em que a nação mais precisa de união, força, e de seus homens mais fortes lutando pela manutenção dessa frágil democracia que ameaça ser empurrada para o ralo dos abutres da politicalha.
Portanto, à luz dos fatos, não nos resta senão uma triste conclusão:
Ninguém que pensasse no Brasil tomaria tal decisão neste momento grave.
Um soldado que abandona a batalha no pior momento só tem uma classificação.

Duas, três ou quatro semanas, o que custaria realmente a Moro adiar essa decisão, se fosse necessária, em benefício de seu país?
As justificativas para a decisão são simplórias: a demissão de Valeixo ou a ‘insistência’ de Bolsonaro em acompanhar os trabalhos da Polícia Federal.
Mesmo sendo um argumento fraco, se Moro ouvia os pedidos de Bolsonaro para interferir na PF - o cometimento de um crime, evidentemente - porque se calou durante meses?
Talvez um dia, nos próximos meses ou anos, se conheça a verdadeira história por trás da demissão do ministro.
Mas isso já não importará mais.
O que realmente importa é o enorme dano à democracia que essa demissão causa neste momento, com consequências óbvias.
Dizem alguns que Moro já deixava pistas, ao longo de sua atuação no cargo, de um desfecho desse tipo.
Seu estranho silêncio durante a crise do Covid-19, seu apoio a governadores e prefeitos imorais, seu alheamento em relação às barbaridades das polícias nas ruas durante a crise, às esdrúxulas decisões do STF ou à perniciosa atuação da OAB, entre outros casos, alimentam os que acreditam que Moro jamais esteve alinhado ao governo federal.
Mais: a tentativa de nomeação de uma colunista da Folha e amiga de FHC, Ilana Szabó, ou o fato de sua assessora de Comunicação, Giselly Siqueira, ser nora de Míriam Leitão e ex assessora de Dias Toffoli e Lewandowski.
E de onde vem, subitamente, todo esse apoio e simpatia a Moro demonstrados por figuras enlameadas como Joice Hasselman, Frota ou Glenn Greenwald?
Finalmente, a grande questão:
Porque a investigação sobre Adélio Bispo, o homem que tentou matar Bolsonaro, não avançou um centímetro sequer desde o dia em que começou?

Porque Adélio Bispo continua trancafiado em um buraco qualquer a sete chaves?
Moro jamais respondeu ou responderá a essas perguntas, evidentemente.
Suposições a respeito de tudo isso serão um dia confirmadas, ou não.
Para o Brasil, isso não importará mais.
O dano está feito.
Sérgio Moro entrou na história do país como herói da luta contra a corrupção.
E sai dela, para decepção dos verdadeiros brasileiros, como político.

Veja o vídeo:

Posted: 26 Apr 2020 02:08 PM PDT

Desde o anúncio da demissão de Moro, Joice começou uma serie de ataques pessoais ao presidente e sua família

A deputada federal, Joice Hasselmann está se esbaldando com a crise instalada no planalto após a demissão de Sergio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Oportunista, como sempre, Joice está se aproveitando do momento de certa fragilidade do governo para destilar seu veneno.
Nas ultimas 24 horas, a deputada fez uma serie de ataques pessoais a Bolsonaro e seus filhos. Em uma sequencia de tuítes, Joice chamou o presidente de “mentiroso compulsivo” e disse que ele “sempre teve medo da popularidade de Moro”
Confira:
PR é um mentiroso compulsivo! Sempre teve medo da popularidade de Moro. Colocou o gabinete na cola do ex-ministro pra fritar sua reputação. Achava que assim seria mais fácil se livrar dele. Óbvio que deu ERRADO. Moro é um gigante, com a pularidade nas alturas, maior que a do PR! pic.twitter.com/T9AVRFwG3a
— Joice Hasselmann (@joicehasselmann) April 25, 2020
Joice nem disfarça seu oportunismo, Antes mesmo da oficialização da demissão de Sergio Moro, a deputada já esboçou uma “campanha presidencial” para o ex-juiz da Lava Jato, em 2022.
Posted: 26 Apr 2020 10:06 AM PDT

PT decidiu que não vai apresentar pedido de impeachment do presidente sem apoio de outros partidos de oposição e sociedade civil

Ricardo Galhardo
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva elegeu o ex-ministro Sérgio Moro, seu algoz, e não o presidente Jair Bolsonaro como alvo principal na crise causada pela demissão do titular da Justiça.

Lula usou as redes sociais - em vídeo e texto - para criticar Bolsonaro Foto: internet 

Em reunião com a executiva nacional e representantes das bancadas do PT na Câmara e no Senado, sexta-feira à noite, Lula usou a maior parte de sua fala para atacar Moro. Segundo participantes da reunião, o ex-presidente decidiu falar no começo da conversa e não no final, como é de costume. Lula fez um aparte durante a manifestação da presidente do partido, Gleisi Hoffmann, primeira a falar e imediatamente partiu para o ataque contra Moro.

De acordo com relatos, aos palavrões, Lula passou a enumerar atos de Moro contra ele próprio e o PT desde o início da Lava Jato. Em certo momento, o ex-presidente disse que Moro tinha ligações com o governo dos EUA quando era juiz mas não chegou a vincular essas ligações com a forma belicosa como o ex-juiz deixou o governo.
Em sua conta no Twitter, na manhã deste sábado, 25, Lula disse que Bolsonaro é "cria" de Moro e não o contrário.
"Não pode haver inversão da história. O Bolsonaro é filho do Moro, e não o Moro cria do Bolsonaro. Nessa disputa toda, os dois são bandidos, mas é o Bolsonaro que é a cria e não o contrário. E os dois são filhos das mentiras inventadas pela Globo", postou o ex-presidente.
Moro foi o responsável pela condenação de Lula a nove anos e seis meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá, em 2017. A pena foi aumentada pelo Tribunal Regional Federal da 4a Região (TRF-4) para 12 anos e depois reduzida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) para oito anos e dez meses.
A condenação levou Lula a ficar preso por um ano e meio na carceragem da Polícia Federal em Curitiba e impediu o petista de disputar a eleição presidencial de 2018, quando era líder nas pesquisas Lula sempre negou irregularidades no caso do tríplex e alega que Moro forçou a condenação para tirá-lo da disputa eleitoral, o que abriu caminho para a vitória de Bolsonaro.
Segundo fontes do PT, isso explica o fato de Lula ter pedido cautela ao partido horas antes, em conversa com Gleisi, Aloisio Mercadante e Fernando Haddad, ainda sob o calor do pronunciamento de Moro.

Na reunião de sexta-feira à noite o PT decidiu que não vai apresentar um pedido de impeachment de Bolsonaro de forma isolada. Se o fizer, será junto com outros partidos de oposição e entidades da sociedade civil. Mas também não vai se posicionar contra o afastamento do presidente e caso a Câmara dê início ao processo, o partido votará a favor do impeachment.
Em outra frente o PT designou enviados para procurar o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e tentar destravar a tramitação das propostas de emenda à Constituição (PECs) que alteram a forma de sucessão presidencial em caso de impeachment.

Hoje existem duas PECs sobre o tema no Congresso. A primeira, do ex-deputado Miro Teixeira (Rede-RJ), já passou Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. A segunda, dos deputados Paulo Teixeira (PT-SP) e Henrique Fontana (PT-RS), é mais detalhada mas ainda não foi analisada pela comissão. A ideia é convencer Maia a juntar as duas PECs.
"Temos que nos aprofundar nas investigações sobre o uso de fake news na eleição de Bolsonaro porque houve fraude. Com a aprovação da PEC não teríamos que nos preocupar com (Hamilton) Mourão (vice-presidente)", disse Paulo Teixeira.
As PECs prevêem a realização de novas eleições em caso de vacância na Presidência da República até seis meses antes do término do mandato. Hoje, em caso de impeachment assume o vice.


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