Poderá Putin convencer Netanyahu?
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O líder russo e o chefe do gabinete israelense
mantêm boas relações de confiança a ponto de alguns jornais dos EUA
apontarem que a evidente discórdia com Barack Obama estaria
transformando Putin no principal "mandatário" no cenário de
superpotências nucleares.
Tal tese é justa em parte.
Netanyahu está convicto de que Obama está-se afastando de Israel,
efetuando uma reorientação da política norte-americana no Oriente Médio.
A nova política pressupõe mais "amizade" com os árabes e menos apoio
incontestável a Israel. Ora, a normalização das relações com Teerã, tem
sido, para Netanyahu, uma parte integrante desse novo rumo político
levado realizado pelo Presidente democrata. Se os EUA não querem levar
em consideração os interesses de Israel, então este terá de buscar apoio
de uma outra parte. O último encontro com Putin se realizou em maio,
tendo os dois políticos mantido alguns contatos telefônicos.
Vale
destacar que a visita de Netanyahu a Moscou decorre nas vésperas de um
novo encontro do sexteto com representantes do Irã em Genebra, agendado
para os dias 21-22 de novembro. Nos documentos de trabalho preparados
para a reunião foi reajustada a posição de intermediários quanto à
revogação parcial de sanções em troca da revogação do programa nuclear
iraniano e o estabelecimento do controle da AIEA. Há duas semanas a
França fez frustrar a assinatura de um acordo do sexteto com o Irã. E
decidiu fazê-lo, tomando em conta a pressão exercida por Israel.
É
difícil dizer em que veio depositar esperanças Netanyahu. Moscou tinha
feito a sua opção em prol da regulação consensual da questão nuclear
iraniana. É evidente, pois, que as sanções não adiantam a solução do
problema, anunciou na véspera o chanceler russo, Serguei Lavrov. A
Rússia tem apelado a estipular um enfoque seguinte: o mundo reconhece o
direito do Irã ao desenvolvimento da energia nuclear com fins pacíficos,
incluindo o de enriquecer o urânio desde que o programa inteiro seja
colocado sob a supervisão da AIEA. As sanções serão levantadas por
etapas, ao passo que o Irã irá implementar seus compromissos visando a
limitação do seu programa nuclear. Então, uma meta tão almejada já está
próxima, disse o chefe da diplomacia russa:
"A próxima
reunião em Genebra, marcada para o dia 21 de novembro, deverá examinar
documentos concretos, debatidos já num encontro anterior. Foram feitas
algumas emendas, propostas pelo grupo "três mais três" (ou seja, a
troika dos altos dirigentes da UE mais os EUA, a Rússia e a China). Se
procurarmos seguir uma linha conceitual reta, visando o "end game", como
dizem os ingleses, ou a meta final, teremos chances de alcançar o
objetivo traçado se este processo consensual não for entravado."
Os
EUA também procuram abrandar a posição intransigente de Netanyahu. O
secretário de Estado, John Kerry, confessou ter conversado reiteradas
vezes com o primeiro-ministro israelense. Após a reunião com o ministro
das Relações Exteriores da Turquia, em 18 de novembro, Kerry anunciou
que os EUA jamais fariam algo que pudesse abalar a segurança de Israel:
"Temos
protegido a segurança de Israel. Quero sublinhar isso. Eu, enquanto
senador, votava sempre a favor de nossos amigos israelitas. Posso
asseverar que nenhuma medida que estamos tomando agora poderá
representar perigo para Israel. Estamos convencidos de que um acordo
intercalar sobre a questão nuclear iraniana poderá diminuir a ameaça.
Temos certeza de que o acordo preparado ajudará a chegar a um convênio
universal sobre esta temática."
No
entanto, para Netanyahu se trata de uma "negociata má e inadmissível".
Israel terá de garantir sozinho a sua segurança nacional. Isto é, ele
não irá parar perante um golpe preventivo contra as instalações
nucleares do Irã. Muitos analistas supõem que o primeiro-ministro esteja
blefando. Mas todos compreendem que Netanyahu, enquanto permanecer no
cargo de primeiro-ministro, não deixará promover com facilidade
quaisquer acordos com o Irã.
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