| Bolsa pode cair até 34% em 2020, mas não significa que você deve sair dela |
|
Antes da pandemia de coronavírus, instituições financeiras estimavam que a Bolsa brasileira encerraria o ano com alta de até 21%. Com os sucessivos tombos, as projeções foram revisadas e, agora, alguns preveem desvalorização de 17% a 34%.
No início do ano, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, chegou à pontuação recorde de 119.527,63.
A XP Investimentos, por exemplo, previa que o índice chegaria a 140 mil pontos até o final do ano, e o Bank of America estimava alta a 130 mil pontos. Com a crise do coronavírus, essas projeções foram cortadas para 94 mil pontos e 76 mil pontos, respectivamente.
"Com essa recessão global impactando diariamente a economia, é natural que estimativas de crescimento caiam também", afirmou o fundador da plataforma de comparação de investimentos Yubb, Bernardo Pascowitch.
Isso quer dizer que quem investiu na Bolsa vai perder dinheiro? A renda fixa vai render mais? Profissionais de mercado dizem que a variação negativa não significa necessariamente perdas.
Bolsa não é só Ibovespa
O Ibovespa representa as ações mais negociadas no mercado, mas há outros índices e outras formas de aplicar na Bolsa. Assim, é possível que o Ibovespa tombe, mas que outros índices registrem ganhos.
Uma pessoa que tinha mais papéis de empresas de energia, por exemplo, acumulou neste ano, até a semana passada, um ganho de 9,5%, conforme o IEE, índice que acompanha as ações das companhias de energia elétrica.
Antes de se desesperar com a queda do Ibovespa, portanto, o investidor deve checar qual é a sua carteira, para saber, por exemplo, se aplicou no Ibovespa, em um fundo setorial ou em papéis de companhias de diferentes segmentos.
Perdas não são inevitáveis
Se você já conferiu sua carteira e viu que está perdendo dinheiro, os consultores destacam que o investidor só assume as perdas se sacar o dinheiro da Bolsa. Ou seja, se a pessoa não precisar do capital que está aplicado, o melhor é deixar o dinheiro lá, pois a ação que hoje está desvalorizada ainda pode se recuperar.
Desde que bateu o ponto mais baixo no ano, a 63.569 pontos, em 23 de março, o Ibovespa já subiu 23,5% até a semana passada. Ainda está longe dos 119.527,63 pontos que tinha no início do ano, mas já é um alento.
"O grau de incerteza ainda é enorme, mas já percebemos uma redução da volatilidade. A gente espera uma retomada mais acelerada a partir do terceiro trimestre", afirma Cláudio Pracownik, CEO da Genial Investimentos.
Perda ou ganho dependem da data da aplicação
O momento da aplicação também é determinante para o investidor avaliar se terá mesmo perdas na Bolsa em 2020. Quem entrou no dia 3 de janeiro está numa situação bem pior do que quem fez a aplicação em 23 de março.
Por isso mesmo, o investidor deve entender que Bolsa é um negócio para o longo prazo, acima de três ou cinco anos. Esse planejamento evita que o dinheiro aplicado tenha que ser sacado justamente no momento de baixa do mercado.
Segundo Roberto Agi, da Planejar (Associação Brasileira de Planejadores Financeiros), a crise atual está mostrando que o aplicador precisa ter consciência do seu perfil de investidor e entender a importância de diversificar o risco da carteira.
Em 2019, com o ambiente de juros muito baixos e com todas as aplicações de risco dando ganhos, criou-se a falsa impressão de que a Bolsa não tinha perdas. E muita gente que aumentou a fatia de Bolsa na carteira acabou se 'machucando'.
Roberto Agi, da Planejar
A Bolsa vai perder para a renda fixa em 2020?
A resposta depende da referência usada para fazer a comparação e do momento em que o investidor começou a aplicação.
Veja, por exemplo, uma comparação entre duas aplicações que começaram no dia 1º de janeiro, uma de renda fixa, em fundo DI, e outra no Ibovespa.
O fundo DI acompanha o CDI, ligado à taxa básica de juros, a Selic. Ele deve fechar o ano com um retorno positivo na casa de 3,5%, enquanto o Ibovespa deve ficar negativo, entre 17% e até 34%, conforme as projeções de instituições financeiras. Deve ser uma lavada.
Pergunta da semana
O leitor Andrew Correia pergunta: " Vou começar a operar no 'day trade'. Como gerar DARF [Documento de Arrecadação de Receitas Federais, para pagar Imposto de Renda sobre os ganhos] ao final do mês?"
Para gerar o DARF, acesse o link, clique na opção de pagamento e preencha os dados solicitados. O código da receita é 6015. Em período, preencha mês e ano. Em "valor principal", digite o valor de imposto a ser pago, com os centavos, sem vírgula ou ponto. Por exemplo, se o imposto é de R$ 100,00 digite 10000. Em referência, não é necessário preenchimento. Informe seu CPF, e depois é só imprimir e pagar.
A resposta é de Pedro Nogueira Lima, planejador financeiro certificado pela Planejar (Associação Brasileira de Planejadores Financeiros).
Queremos ouvir você
Tem alguma dúvida ou sugestão sobre investimentos? Mande um email para uoleconomiafinancas@uol.com.br |
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário