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quarta-feira, 15 de abril de 2020

Posted: 15 Apr 2020 12:39 PM PDT
Foto: OPAS
A comunidade global celebrou em 14 de abril o primeiro Dia Mundial da Doença de Chagas. A data visibiliza uma das doenças tropicais mais negligenciadas, priorizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pois continua a afetar milhões de pessoas em todo o mundo. A doença de Chagas foi descoberta há mais de um século – pelo médico e pesquisador brasileiro Carlos Ribeiro Justiniano Chagas – mas permanece amplamente ignorada.
Em reconhecimento a esse crescente problema de saúde pública e à necessidade de conscientizar sobre formas de aumentar a detecção e impedir sua disseminação, a Assembleia Mundial da Saúde de 2019, órgão decisório da OMS, concordou em designar 14 de abril como Dia Mundial da Doença de Chagas.
O diretor do Departamento de Controle de Doenças Tropicais Negligenciadas da OMS, Mwelecele Ntuli Malecela, afirma que a doença de Chagas tem sido associada há muito tempo a populações rurais e vulneráveis e é caracterizada pela pobreza e exclusão. “É hora de acabar com essa negligência e o estigma social associado à infecção, que se apresenta como uma grande barreira para a triagem, diagnóstico, tratamento e controle eficazes”, explicou o diretor do Departamento de Controle de Doenças Tropicais Negligenciadas da OMS.
As consequências sociais do estigma associado à doença de Chagas levam à rejeição social. As pessoas que sofrem da doença podem enfrentar restrições ao trabalho, porque muitas vezes estão associadas a problemas de saúde e possíveis dificuldades na execução do trabalho, e até a morte súbita, criando um medo de perdas financeiras por parte dos empregadores. É por esses e outros motivos que as pessoas relutam em procurar ajuda médica – levando a manifestações clínicas mais graves e complicações finais e uma maior disseminação
da doença.
Na América Latina, a doença de Chagas tem sido transmitida principalmente aos seres humanos pelo contato com as fezes ou a urina de espécies específicas de insetos triatomíneos infectados com o parasita Trypansosoma cruzi.
Esses insetos geralmente vivem em fendas nas paredes ou no telhado de casas em áreas rurais. Normalmente, se escondem durante o dia e são ativos à noite, quando se alimentam de sangue humano, picando uma área exposta da pele, como o rosto. Logo após se alimentar com sangue, o inseto defeca ou urina próximo à picada. Os parasitas entram no corpo quando a pessoa reage instintivamente à picada, pois as fezes ou a urina contaminam o local da picada ou qualquer outra rachadura na pele, nos olhos e na boca. A transmissão também pode ocorrer pela contaminação de alimentos durante sua preparação, armazenamento e consumo, frequentemente causando surtos de transmissão oral com maiores taxas de morbimortalidade.
Urbanização e expansão
No entanto, com a rápida urbanização e movimentação de populações entre a América Latina e outros países fora da região, a doença se espalhou para áreas urbanas e para outros países e continentes, incluindo a Europa e alguns países da África, Mediterrâneo Oriental e Pacífico Ocidental.
Segundo o diretor médico do Departamento de Controle de Doenças Tropicais Negligenciadas da OMS, Pedro Albajar Viñas, nesses países, a doença de Chagas não é transmitida por insetos triatomíneos, como ocorre na América Latina, mas por outras formas não vetoriais. “Isso inclui sangue ou produtos sanguíneos para transfusão, de mãe para filho, transplante de órgãos e até acidentes de laboratório”, explicou o diretor médico do Departamento de Controle de Doenças Tropicais Negligenciadas da OMS.
Melhorar conscientização e promover comportamentos de busca à saúde
A doença é pouco compreendida pelos profissionais de saúde em áreas não endêmicas, com muitos que a consideram uma doença tropical restrita a alguns territórios da América Latina. Da mesma forma, pacientes infectados com T.cruzi em áreas não endêmicas podem não estar cientes de sua condição, o que pode levar a uma transmissão adicional por vias não vetoriais.
“Treinar o pessoal de saúde para facilitar o diagnóstico, usando todas as oportunidades possíveis de integração sistemática com outras doenças tropicais negligenciadas e outras doenças crônicas transmissíveis e não transmissíveis, juntamente com a prestação de cuidados médicos adequados, pode ajudar muito a mitigar a transmissão e melhorar o prognóstico. A falta de conscientização e conhecimento sobre a doença, junto a crenças desatualizadas e incorretas, são obstáculos claros à promoção do comportamento de busca de saúde”, ressaltou o diretor médico da OMS, Pedro Albajar Viñas.
Neste ano, a comunidade global tem a oportunidade de entender e tornar mais visíveis as dimensões de saúde, psicossociais e econômicas dessa doença há muito esquecida e ignorada.
 
Posted: 15 Apr 2020 11:57 AM PDT
Moradores fazem compras em um supermercado local em Wuhan, na China, no dia 8 de abril, depois da cidade ser reaberta após enfrentar um bloqueio de 76 dias. Foto: Wang Zheng
Moradores fazem compras em um supermercado local em Wuhan, na China, no dia 8 de abril, depois da cidade ser reaberta após enfrentar um bloqueio de 76 dias. Foto: Wang Zheng
A Organização Mundial do Comércio (OMC) informou que é difícil determinar com precisão qual será o impacto econômico – e as perspectivas de recuperação – dada a natureza sem precedentes da nova crise de coronavírus. Ainda assim, economistas da OMC acreditam que a baixa no comércio será superior a causada pela crise financeira global em 2008 e 2009.
De acordo com a Organização, o comércio mundial de mercadorias deve cair entre 13% e 32%, levando em consideração que a recuperação do comércio em 2021 dependerá de quanto tempo o surto ainda irá durar e de quão eficazes serão as respostas políticas.
Quase todas as regiões sofrerão um declínio de dois dígitos nos volumes comerciais este ano, sendo as mais afetadas as exportações da América do Norte e da Ásia. A OMC informou ainda que o comércio provavelmente cairá mais acentuadamente em setores com cadeias de valor complexas, como produtos eletrônicos e automotivos.
Setor de serviços – Enquanto isso, o comércio de serviços está sendo diretamente afetado pela pandemia da COVID-19, em decorrência das restrições de viagens impostas pelos governos de todo o mundo para conter a propagação do vírus.
“O objetivo imediato é controlar a pandemia e mitigar os danos econômicos a pessoas, empresas e países, mas os dirigentes políticos também devem começar a planejar as consequências da pandemia”, afirmou o diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo, ao apresentar a análise.
“Esses números são feios – não há como contornar isso –, mas uma recuperação rápida e vigorosa é possível”, disse. “As decisões tomadas agora determinarão a forma futura das perspectivas de recuperação e crescimento global”.
Azevêdo acrescentou: “Precisamos lançar as bases para uma recuperação forte, sustentada e socialmente inclusiva. O comércio será um ingrediente importante aqui, junto com a política fiscal e monetária”.
“Manter os mercados abertos e previsíveis, além de promover um ambiente de negócios mais favorável em geral, será essencial para estimular o investimento renovado de que precisaremos. E se os países trabalharem juntos, veremos uma recuperação muito mais rápida do que se cada país agir sozinho”, completou.
Desemprego em massa – A perspectiva da OMC surgiu quando a Organização Internacional do Trabalho (OIT) alertou que os rápidos e crescentes efeitos econômicos da COVID-19 no mundo do trabalho poderiam ser muito piores do que a crise financeira de 2008-2009, esperando-se que, apenas nos próximos três meses, ocorram cortes equivalentes a quase 200 milhões de trabalhadores em período integral.
Embora todas as regiões do mundo estejam sofrendo as consequências da COVID-19, os países árabes e a Europa tiveram o pior impacto sobre o emprego em questões percentuais, informou a agência de trabalho da ONU. As maiores perdas numéricas estão na região da Ásia-Pacífico – a mais populosa do mundo.
Em comunicado divulgado no dia 8 de abril, a OMC disse que o volume de comércio de mercadorias caiu 0,1% em 2019, pressionado pelas tensões comerciais e pela desaceleração do crescimento econômico. Em termos de dólar, as exportações caíram 3%, para 18,89 trilhões de dólares.
Enquanto isso, o valor das exportações de serviços comerciais aumentou 2%, para 6,03 trilhões de dólares em 2019. No entanto, o ritmo de expansão foi mais lento do que em 2018, quando o comércio de serviços cresceu 9%.
Dois cenários possíveis – Em sua previsão, a OMC disse que o futuro desempenho do comércio pode ser compreendido em termos de dois cenários distintos: um relativamente otimista, com uma queda acentuada no comércio, seguido por uma recuperação iniciada no final de 2020, e um mais pessimista, com maior declínio inicial e uma recuperação mais prolongada e incompleta.
Ambos cenários devem ser vistos como explorações de diferentes trajetórias possíveis para a crise, e não como previsões específicas de desenvolvimentos futuros, afirmou a Organização, enfatizando que os resultados reais podem estar facilmente fora do intervalo de precisão – no lado positivo ou no negativo.
 
Posted: 15 Apr 2020 11:55 AM PDT
Alta-comissária da ONU para os direitos humanos, Michelle Bachelet, concede coletiva de imprensa na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque. Foto: ONU/Jean-Marc Ferre
Alta-comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet. Foto: ONU/Jean-Marc Ferre
Respondendo a um impasse de uma semana que se desenvolveu na fronteira entre a Bolívia e o Chile, a alta-comissária das Nações Unidas para os direitos humanos, Michelle Bachelet, pediu nesta quarta-feira (15) aos países da América Latina e de outras partes do mundo que abram suas fronteiras aos seus próprios cidadãos presos no exterior, muitos deles com pouco ou nenhum acesso a cuidados de saúde e outras necessidades básicas.
“De acordo com o direito internacional, todos têm o direito de retornar ao seu país de origem – mesmo durante uma pandemia”, disse a alta-comissária, exortando os Estados a fazer todo o possível para garantir o retorno seguro, digno e voluntário e a reintegração sustentável de seus nacionais.
“Quando os migrantes desejam voltar para casa voluntariamente, os governos têm a obrigação de receber seus próprios nacionais e garantir que eles tenham acesso a cuidados de saúde e outros direitos”, disse Bachelet.
“Caso contrário, eles estão colocando os migrantes em situações de extrema vulnerabilidade, especialmente durante a atual pandemia de COVID-19. Em geral, são os trabalhadores migrantes mais pobres que tentam voltar para casa através das fronteiras terrestres, em muitos casos depois que a quarentena os privou de qualquer renda, e estão sendo impedidos de fazê-lo.”
“Os Estados devem incluir todos os migrantes, independentemente do status migratório, nos planos nacionais de prevenção, resposta e recuperação da COVID-19 e garantir acesso igual a informações, testes, cuidados de saúde e proteção social”, acrescentou Bachelet.
Ela elogiou a cooperação e as medidas tomadas pelo Chile e pela Bolívia para acabar com o impasse relativo ao retorno dos cidadãos bolivianos, que começou quando a pandemia prejudicou seus meios de subsistência no Chile, e a Bolívia fechou suas fronteiras em 26 de março.
Como resultado, cerca de 1.300 bolivianos, incluindo idosos, crianças e mulheres grávidas, que tentavam retornar ao país de origem, ficaram presos no lado chileno da fronteira, onde acabaram dormindo com pouca comida e água, sob temperaturas negativas.
“Isso não precisava ter acontecido”, disse Bachelet. “Isso mostra como é essencial para todos os países resolverem esses problemas assim que eles surgirem, ou preverem com antecedência, a fim de evitar sofrimento desnecessário”.
Nos dias 12 e 13 de abril, as autoridades chilenas transportaram cerca de 800 migrantes bolivianos de Colchane para a capital regional de Iquique, onde foram colocados em escolas e tiveram acesso a cuidados de saúde e serviços básicos. Em 13 de abril, um novo grupo de cerca de 200 bolivianos chegou a Iquique.
O governo anunciou que cerca de metade seria transferida de Iquique no final da semana para Pisiga, um acampamento no lado boliviano da fronteira, onde uma equipe da ONU, incluindo alguns funcionários de Bachelet, tem ajudado as autoridades locais e atores humanitários a fornecer suprimentos e serviços básicos para os migrantes que retornam, além de avaliar suas necessidades e promover sua proteção.
A expectativa é de que o restante seja levado diretamente de Iquique para suas casas na Bolívia no final da quarentena obrigatória de 14 dias exigida pelas autoridades bolivianas.
Com centenas de outros migrantes bolivianos planejando potencialmente retornar através das fronteiras com outros países vizinhos, é crucial que o Estado e os atores locais garantam que todos possam retornar com segurança ao seu local de origem e os ajudem a se reintegrar em suas comunidades.
Questões semelhantes têm afetado os migrantes que tentam cruzar as fronteiras terrestres em outros lugares da região, e alguns dos que conseguiram voltar foram submetidos a hostilidade, discriminação e até atos de violência.
“Estou chocada ao ver como a pandemia da COVID-19 está gerando estigmatização e discriminação dentro e entre Estados em muitas partes do mundo”, disse Bachelet.
“As pessoas que podem ter a doença precisam de cuidados, para não se tornarem alvos de ódio e rejeição. Todos os países, incluindo os de origem e destino, têm a obrigação de respeitar, proteger e garantir os direitos humanos dos migrantes.”
“Os migrantes que retornam aos seus países de origem devem ser incluídos nas estratégias nacionais de resposta, proteção social e recuperação sem discriminação, e também devem ser protegidos contra o estigma e a exclusão na esfera pública e privada.”
 
Posted: 15 Apr 2020 10:50 AM PDT
Clique para exibir o slide.When the clock strikes ten in the morning, Matheus Martinez, 27, is already riding his bicycle, carrying a big square backpack and cycling through the streets of Porto Alegre, in the south of Brazil.
Since 2018, the musician has been making food deliveries through apps and today, this is his main source of income.
Matheus is one of the “gig economy” workers who are unable to work from home and find themselves facing every day the fear of contracting the novel coronavirus.
“I am afraid of dying (even) if I don’t belong to any of the groups who are most at risk, but I need to go out and work”, he said. He rides his bike an average of 40 to 60 kilometers between the neighbourhoods of Azenha and Partenon on a daily basis.
“Before (the pandemic), I used to work more at nights but today, the days are kind of similar, I think probably because people are at home”, he said.
With the coronavirus outbreak in Brazil, Martinez soon turned his attention to following safe hygiene practices during deliveries.
The package handles, for example, were his first concern. Always carrying alcohol gel and sterilizing his hands when arriving to pick up the food from the restaurants, Martinez explained that this behavior change was his main defense against infection.
He emphasized that most of the restaurants had adapted to the new situation, by putting in place new hygiene practices. Some of them offered latex gloves, hand sanitizers and created a specific area at the restaurant where the backpacks can be washed.
Martinez said he had not received, however, any items provided by the food delivery companies that would help him to protect himself. He tried to buy face masks, but they weren’t available in the pharmacies. The solution to his problem came on 11 April when, in a gesture of solidarity, his roommate’s mother gave him a handmade mask.
“I need to bear the costs of every item that I have to buy to protect myself,” he said “The only thing I received (from the companies) was instructions on what to do when making a delivery”.
One of the recommendations was to avoid entering the buildings or houses, and wait for the customers at the entrance.
“If I enter the building and I’m coming from the street, I may end up touching a lot of surfaces that other people will touch”, he pointed out.
“So customers are now going to the door, and I think that is really cool. People are aware of the pandemic”, he added.
The delivery workers are paid for each delivery that they make . Since the coronavirus outbreak, Martinez said that he has been receiving more tips. “This is a very big help, because with the increase in tips, it’s like getting paid for an extra delivery”.
When he meets with other delivery workers, Martinez said that he rarely has a conversation about the pandemic. “ Our conversations revolve around financial issues, after all, that’s why we can’t stay at home, he said.
The COVID-19 pandemic is exacerbating the inequalities that already exist in all countries, from the risk of being infected by the virus, to the chance of staying alive or dealing with the dramatic economic consequences.
In this scenario, the countries’ political responses must ensure that support reaches the workers and companies that need it most, said the International Labor Organization (ILO).
Worldwide, 61.2% of employed workers are in informal jobs and are therefore more likely to face bigger exposure to health and safety risks, according to the organization.
ILO recommends that income support for the workers should be carried out through a non-contributory social security plan or existing income transfer programmes.
Vinícius Pinheiro, ILO regional director for Latin America and the Caribbean, indicated that there would be a sharp deterioration in employment and income levels in Latin American countries in view of the effects of the pandemic.
“We face an emergency that is infecting the world of work and it’s now a priority to act effectively to reduce the consequences on the region’s labor markets”, said Pinheiro.
 
Posted: 15 Apr 2020 10:47 AM PDT
Phumzile Mlambo-Ngcuka, diretora-executiva da ONU Mulheres. Foto: ONU/Rick Bajornas
* Por Phumzile Mlambo-Ngcuka
Em um mundo desigual, uma crise de saúde como a que enfrentamos hoje fere desproporcionalmente as mulheres. Chamamos as lideranças a agir agora para incluir fortes dimensões de gênero na resposta.
Olhe em volta e verá que as mulheres formam a maior parte das tropas da linha de frente na guerra contra a pandemia da COVID-19. Elas cuidam de pessoas doentes, idosas, famílias e crianças. Globalmente, as mulheres compõem 70% da equipe médica e de apoio e 85% das enfermeiras em hospitais, e metade dos médicos nos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento do Comércio) são mulheres. As mulheres estão salvando milhões de vidas enquanto se expõem a um maior risco de infecção. Além disso, 90% das atividades de assistência a longo prazo e até 10 vezes mais trabalho doméstico não-remunerado são realizadas por mulheres em todo o mundo.
Com o fechamento de escolas e creches, a crise da COVID-19 apenas ampliará a pressão dos cuidados não-remunerados e do trabalho doméstico sobre as mulheres. No entanto, essas contribuições essenciais, muitas vezes, passam despercebidas e não são recompensadas, o que significa que as mulheres podem acabar sofrendo mais enquanto salvam o mundo.
Saúde, questões sociais e econômicas estão interconectadas. As mulheres estão potencialmente mais expostas a dificuldades materiais associadas às consequências econômicas da COVID-19. Prevê-se um aumento significativo no desemprego e subemprego globalmente. Muitas mulheres – 740 milhões das quais trabalham na economia informal com empregos que oferecem pouca ou nenhuma proteção social – agora enfrentam grave insegurança econômica e poucas opções.
No México, por exemplo, 99% da maioria das trabalhadoras domésticas do país não estão vinculadas em nenhum programa de seguridade social. Algumas indústrias, como a indústria de confecção de roupas em Bangladesh, onde as mulheres constituem 85% da força de trabalho, também serão atingidas com rapidez e força por esses múltiplos choques com maior risco de perda de emprego. A situação é ainda mais angustiante para as mulheres idosas, pois existe o dobro de mulheres com mais de 65 anos e que vivem sozinhas nos países do G20, muitas vezes sem uma pensão adequada.
A mensagem é simples. A COVID-19 está afetando todo mundo, mas está afetando mais as mulheres. As respostas precisam considerar esse impacto assimétrico. Caso contrário, corremos o risco de cometer o mesmo erro que cometemos na crise financeira de 2008, quando a nossa resposta não se concentrou nas pessoas mais vulneráveis ​​de nossa sociedade; pessoas como as mães solteiras que terão maior risco de cair abaixo da linha de pobreza após o parto.
Veja a situação das pequenas e médias empresas. Essas empresas estão sofrendo e precisam de suporte econômico, mas as empresas chefiadas por mulheres têm menos capacidade financeira para lidar com a crise e obter autofinanciamento.
A resposta da COVID-19 precisa ouvir as preocupações e ideias das mulheres. Mesmo com a sua alta representação no setor da saúde, as mulheres são extremamente sub-representadas em posições de liderança.
Além disso, as políticas de confinamento para conter a pandemia também estão exacerbando a violência de gênero. Mesmo em tempos normais, é inaceitável a alta taxa de uma em cada três mulheres no mundo sofre violência doméstica e 38% de todos os assassinatos de mulheres são cometidos por seus parceiros. Com o confinamento, vimos um aumento de mais de 30% nas chamadas para as linhas de apoio em alguns países, à medida que os bloqueios para 4 bilhões de pessoas aumentam a pressão. No entanto, isso provavelmente é apenas a ponta do iceberg, já que, em média, globalmente, menos de 40% das mulheres que sofrem violência buscam ajuda de qualquer tipo ou denunciam o crime. A violência contra as mulheres já era uma epidemia assustadora e onerosa em todas as sociedades, estimada em 1,5 trilhão de dólares. Espera-se que esse número aumente agora à medida que os casos aumentem, e continue após a pandemia, criando um impacto em cascata em nossa economia.
A pandemia abalou as nossas economias e sociedades e mostrou o que precisa mudar. Não devemos sair desta crise sem as lições aprendidas. Antes, devemos ver isso como uma oportunidade para corrigir a situação desigual com a qual as mulheres vivem há décadas. Pedimos às lideranças que apliquem a perspectiva de gênero para reduzir as desigualdades existentes em nossas sociedades, à medida que implementam medidas de curto e longo prazo para combater o impacto econômico e social da COVID-19.
*Por Phumzile Mlambo-Ngcuka, diretora-executiva da ONU Mulheres e chefe de gabinete da OCDE e Sherpa para o G20 Gabriela Ilian Ramos.
 
Posted: 15 Apr 2020 08:22 AM PDT
Clique para exibir o slide.Quando o relógio marca 10 horas da manhã, Matheus Martinez, de 27 anos, já está montado em sua bicicleta, carregando sua grande mochila quadrada e pedalando pelas ruas de Porto Alegre (RS).
Desde 2018, o músico passou a fazer entregas por meio de aplicativos de entregas e, hoje, tem a atividade como principal fonte de renda.
Matheus faz parte do grupo de trabalhadores autônomos que não têm a possibilidade de trabalhar de casa e se veem enfrentando o medo da infecção pelo novo coronavírus todos os dias.
“Eu tenho medo de morrer (mesmo) não estando no grupo de risco, mas eu preciso sair e trabalhar”, relata. Diariamente, ele percorre uma média de 40 a 60 quilômetros entre os bairros de Azenha e Partenon.
“Antes, eu trabalhava muito mais à noite e, hoje, o dia está meio similar, acho que muito pelo fato de as pessoas estarem em casa”, afirma.
Com a disseminação do novo coronavírus no Brasil, Martinez logo direcionou sua atenção aos procedimentos de higiene durante as entregas.
As alças das embalagens, por exemplo, foram seu primeiro foco de preocupação. Carregando sempre álcool em gel consigo e esterilizando as mãos quando chega aos estabelecimentos, o jovem diz que sua mudança de comportamento é sua principal defesa.
Em entrevista ao Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio), ele relata que a maioria dos estabelecimentos se adaptou aos procedimentos de higiene. Alguns chegam a oferecer luvas aos entregadores, disponibilizam álcool em gel e áreas para lavagem das mãos e até das mochilas.
Martinez afirma não ter recebido, contudo, itens de higiene fornecidos pelas empresas de aplicativo. O jovem tentou comprar máscaras por conta própria, mas não encontrou o produto nas farmácias.
A solução só apareceu no dia 11 de abril, quando, em um gesto de solidariedade, a mãe de um colega de apartamento confeccionou uma máscara e lhe deu de presente.
“Eu preciso arcar com os custos de tudo para me proteger”, relata. “A única coisa que eu recebi (dos aplicativos) foi informação: faça tal coisa na hora da entrega”.
Entre as recomendações das empresas, está a de não entrar nos prédios ou residências, mas aguardar os clientes no portão de entrada.
“Se eu entrar no prédio e estou vindo da rua, posso acabar entrando em contato com muitas superfícies que outras pessoas vão entrar em contato”, aponta.
“Então, os clientes têm vindo até a porta, e achei isso muito legal. As pessoas se conscientizaram”, completa.
Além disso, o jovem afirma estar recebendo mais gorjetas. “Isso é uma ajuda muito boa, porque só em gorjeta vem quase uma corrida extra.”
Quando se reúne com outros entregadores, Martinez diz que o debate sobre a pandemia quase não acontece. As conversas giram em torno de questões financeiras, afinal, é por esse motivo que não podem permanecer em casa, relata.
A pandemia da COVID-19 está exacerbando as desigualdades já existentes em todos os países, desde o risco de ser infectado pelo vírus, até a chance de se manter vivo ou lidar com as dramáticas consequências econômicas.
Nesse cenário, as respostas políticas dos países devem garantir que o apoio chegue às trabalhadoras, aos trabalhadores e às empresas que mais precisam, afirmou a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Em todo o mundo, 61,2% das pessoas empregadas estão em trabalhos informais e, portanto, mais propensas a enfrentar maior exposição a riscos de saúde e de segurança, de acordo com a organização.
A OIT recomenda que o apoio à renda para esses trabalhadores seja realizado por meio de um plano de seguridade social não contributiva ou dos programas de transferência de renda já existentes.
A previsão é de forte deterioração da situação do emprego e da renda nos países latino-americanos diante dos efeitos da pandemia, apontou o diretor regional da OIT para a América Latina e o Caribe, Vinícius Pinheiro.
“Enfrentamos uma emergência que está infectando o mundo do trabalho e agora é uma prioridade agir de maneira eficaz para reduzir as consequências nos mercados de trabalho da região”, disse Pinheiro.
 
Posted: 15 Apr 2020 08:09 AM PDT
Clique para exibir o slide.Por meio de parceria com o governo de Alagoas, o Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (ONU-HABITAT) disponibilizou dados para subsidiar gestores dos governos estadual e municipal na elaboração de medidas rápidas e emergenciais de enfrentamento à COVID-19.
A parceria no projeto “Prosperidade Urbana Sustentável e Inclusiva no Estado de Alagoas: Uma Iniciativa Integrada” também visa elaborar medidas a longo prazo, visando a melhoria das condições urbanas nos assentamentos precários de Maceió.
Os assentamentos precários não são territórios homogêneos entre si, por isso, o ONU-HABITAT Brasil preparou materiais apontando as localidades mais vulnerabilizadas, tendo como objetivo auxiliar o governo do estado no enfrentamento da COVID-19.
A Nota Técnica , recebida pela secretária especial do Tesouro da Secretaria de Fazenda do Estado de Alagoas, Renata Santos, contém dados e informações que permitem a formulação de respostas rápidas e a priorização de territórios e ações específicas para os assentamentos precários de Maceió.
O documento traz dados de natureza espacial e tabular oriundos tanto do trabalho do ONU-HABITAT no estado desde 2017 – como o mapeamento de todas as grotas da cidade – quanto de outras fontes, como o Censo Demográfico 2010.
Essas informações foram também disponibilizadas em uma plataforma interativa do Google que permite a visualização das diferentes condições de vulnerabilidade dos moradores de grotas e favelas da capital.
Foram abordadas questões como o abastecimento de água, a infraestrutura de coleta de esgoto, a densidade de domicílios em cada assentamento e a densidade de moradores em cada domicílio e por dormitório, e os níveis de informalidade de emprego e renda.
Segundo Renata Santos, diversas medidas e iniciativas emergenciais já estão sendo implementadas pelo governo do estado, mas o recebimento da Nota Técnica pode auxiliar na elaboração de medidas específicas que se adaptem à realidade das favelas e grotas.
“O documento que temos em mãos hoje é fruto do conhecimento do ONU-HABITAT sobre Alagoas e sobre as grotas de Maceió, construído durante os quase três anos de parceria com o governo do Estado”, disse.
“Ações e medidas de mitigação dos graves efeitos da crise sanitária, incluindo a recuperação econômica dos assentamentos e comunidades atingidas, pedem a cooperação de uma multiplicidade de atores”, afirmou o oficial sênior internacional do ONU-HABITAT, Alain Grimard.
“Apoiamos o governo do estado de Alagoas na articulação de respostas emergenciais no curto prazo e também aconselhamos a realização de um planejamento de longo prazo que possibilite a recuperação das condições de vida dos moradores de assentamentos precários e de Maceió”, concluiu Grimard.
O conteúdo da Nota Técnica alinha-se com o posicionamento da sede do ONU-HABITAT em Nairóbi, no Quênia, que incentiva a cooperação entre atores locais, regionais e internacionais para mitigar a propagação da pandemia causada pelo coronavírus.
Acesse as mensagens-chave do ONU-Habitat no link: https://unhabitat.org/
 
Posted: 15 Apr 2020 07:54 AM PDT
Foto: UNAIDS
Conselho do Fundo Global de Combate à AIDS, Tuberculose e Malária aprovou, por unanimidade, um novo mecanismo para apoiar os países na resposta à COVID-19 e amenizar o impacto nos sistemas de saúde e em programas de combate ao HIV, tuberculose e malária de forma eficaz, dobrando o valor do financiamento disponível para até US$ 1 bilhão.
O Mecanismo de Resposta à COVID-19 autoriza o financiamento de US$ 500 milhões, além de até US$ 500 milhões em flexibilizações de doações, anunciadas pelo Fundo Global em 4 de março, e que já estão sendo implementadas por 54 países.
Peter Sands, diretor-executivo do Fundo Global, enfatizou a urgência da situação e pediu aos parceiros que unam forças para responder a uma emergência de saúde pública sem precedentes que ameaça prejudicar o progresso em HIV, tuberculose e malária, e sobrecarregar os sistemas comunitários e de saúde com consequências potencialmente catastróficas.
“É absolutamente crucial tomar medidas imediatas, tanto para proteger as pessoas neste momento, quanto para manter programas que salvam vidas, combatendo o HIV, a tuberculose e a malária. Enfrentamos um desafio monumental e temos que trabalhar juntos como nunca foi feito antes. Não é apenas a coisa certa a fazer, é também o mais sensato a ser feito. Devemos nos unir para lutar”, afirmou o diretor-executivo do Fundo Global.
O Fundo Global está respondendo rapidamente à pandemia da COVID-19 sob a liderança da Organização Mundial da Saúde (OMS) e em estreita colaboração com outros parceiros. O Mecanismo de Resposta à COVID-19 fornecerá apoio adicional às respostas dos países à pandemia e dará continuidade aos serviços prestados contra o HIV, tuberculose e malária, através da rápida distribuição de fundos. Além disso, permite que o Fundo Global mobilize recursos adicionais de doadores públicos e privados dispostos a apoiar os países mais vulneráveis enquanto combatem à COVID-19.
Com uma verba inicial de US$ 500 milhões, o Mecanismo de Resposta à COVID-19 vai alavancar o princípio de propriedade do país e permitirá que os países solicitem financiamento para controle e contenção para amenizar o impacto no HIV, tuberculose e malária e apoiar sistemas de saúde, incluindo redes de laboratórios, cadeias de suprimentos e respostas lideradas pela comunidade.
Vários membros do Conselho do Fundo Global enfatizaram a importância de remover as barreiras que envolvem direitos humanos e gênero para os cuidados de saúde, e o papel das comunidades, essencial para uma resposta eficaz. Assim como no HIV, tuberculose e malária, a COVID-19 afetará desproporcionalmente os mais pobres, os mais marginalizados e os mais vulneráveis.
O avanço da segurança de saúde global e o fortalecimento dos sistemas locais de saúde são fundamentais para a missão do Fundo Global de acabar com as três epidemias mais mortais do mundo – HIV, TB e malária – e combater doenças novas e emergentes como a COVID-19.
O Fundo Global arrecada e investe mais de US$ 4 bilhões por ano para apoiar programas de combate à AIDS, Tuberculose e Malária em mais de 100 países. A infraestrutura e as capacidades para eliminar doenças como AIDS, TB e malária – cadeias de suprimentos médicos, laboratórios, agentes comunitários de saúde, vigilância de doenças – também são necessárias para combater a COVID-19.
O Fundo Global está respondendo rapidamente e, desde 4 de março, permitiu que os países usassem até 5% do financiamento aprovado. Um orçamento de US$ 70 milhões foi aprovado em 54 países além de dois subsídios regionais, e mais solicitações de financiamento estão sendo consideradas. Sob orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Fundo Global incentiva fortemente os países a tomarem providências imediatas para reduzir as possíveis consequências negativas da COVID-19 em programas existentes apoiados por doações do Fundo Global.
 
Posted: 15 Apr 2020 07:20 AM PDT
Foto: Rick Bajornas/ONU
A crise da COVID-19 é nova para todas, todes e todos. Agora, é necessário que as pessoas possam atuar, interagir e se comunicar de formas diferentes das que estão acostumadas. Contudo, as desigualdades, agravadas pelo impacto da COVID-19 sobre as pessoas com deficiência, não são novas. Na resposta à crise atual, o risco é de que as pessoas com deficiência sejam novamente deixadas para trás. A boa notícia é que a Organização Internacional do Trabalho (OIT) já sabe o que funciona: justiça social, inclusão efetiva, igualdade de oportunidades e trabalho decente.
A recente publicação da OIT “Pessoas com deficiência na resposta à COVID-19” lista cinco pontos-chave para a inclusão de pessoas com deficiência na resposta à pademia da COVID-19.
Adotar medidas de apoio para promover a igualdade – Políticas de trabalho de casa devem assegurar que as(os) trabalhadoras(es) com deficiência disponham das adequações necessárias em suas casas, tais como as que deveriam existir em seu local de trabalho habitual. Outras medidas de autoisolamento como resposta à COVID-19 devem levar em consideração a situação particular das pessoas com deficiência, incluindo o fato de algumas necessitarem de assistência pessoal.
Assegurar uma comunicação acessível e inclusiva – Toda comunicação relacionada à saúde pública, à educação e ao trabalho sobre a pandemia, incluindo arranjos de trabalho de casa, devem ser acessíveis às pessoas com deficiência, inclusive por meio do uso da linguagem de sinais, legendas e websites com tecnologia específica. A comunicação deve ainda abordar a situação particular das pessoas com deficiência.
Proporcionar proteção social adequada – A proteção social é essencial para que as pessoas com deficiência possam cobrir gastos extras relacionados à deficiência, que podem aumentar devido ao impacto da crise e impactar os seus sistema de apoio. Pessoas com deficiência, especialmente mulheres, fazem parte de um grupo que enfrenta taxas de desemprego mais elevadas. Por isso, agora mais do que nunca, as medidas de proteção social, sensíveis às questões de gênero, devem ser construídas de forma a apoiar as pessoas com deficiência a entrar, permanecer e progredir no trabalho mercado
Assegurar o direito do trabalho agora e sempre – O diálogo social e a participação são fundamentos dos movimentos pelos direitos das pessoas com deficiência e pelos direitos trabalhistas. E em meio à atual pandemia, são mais necessários do que nunca. A multiplicidade de pontos de vista – dos governos, das organizações de trabalhadores e de empregadores e das organizações de pessoas com deficiência – oferecem uma variedade de soluções. Portanto, é indispensável a implementação das Normas Internacionais do Trabalho e de outros instrumentos de direitos humanos, especialmente a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.
Mudar a narrativa – Para atingir todos os pontos mencionados anteriormente, é fundamental incluir pessoas com deficiência como cocriadoras das respostas à COVID-19, como defensoras e usuárias, e não como vítimas. Todas as crises trazem oportunidades e a oportunidade do momento é promover a inclusão de todos os grupos anteriormente discriminados – incluindo as pessoas com deficiência – como elemento central em todas as respostas à pandemia. Com base na experiência adquirida na área de inclusão de pessoas com deficiência e no fortalecimento de parcerias, é possível construir uma resposta à crise da COVID-19 forma sustentável e inclusiva.
A OIT tem um compromisso de longa data com a promoção da justiça social e do trabalho decente para as pessoas com deficiência. Uma abordagem dupla é necessária para a inclusão da deficiência. De um lado, programas ou iniciativas específicas para a deficiência, com o objetivo de superar desvantagens ou barreiras específicas, enquanto, do outro, a inclusão de pessoas com deficiência nos principais serviços e atividades, como treinamento de habilidades, promoção de emprego, estratégias para a proteção social e a redução da pobreza. Os esforços da OIT para incluir pessoas com deficiência também abrangem todo o espectro de suas atividades, incluindo práticas internas e parcerias com outras agências da ONU, conforme descrito na Estratégia e Plano de Ação para Inclusão da Deficiência da OIT 2014-17 .
 
Posted: 15 Apr 2020 07:14 AM PDT
Economia brasileira deve recuar 5,3% este ano, segundo previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI). Foto: Lukas Blazek/Unsplash
Economia brasileira deve recuar 5,3% este ano, segundo previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI). Foto: Lukas Blazek/Unsplash
O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê uma queda de 3% da economia global este ano diante da pandemia de COVID-19, na maior recessão mundial desde a Grande Depressão de 1929.
A previsão divulgada na terça-feira (14) reflete o impacto da pandemia, forçando uma revisão das estimativas publicadas em janeiro, quando estava previsto um crescimento de 3,3%.
Nos países lusófonos, a instituição prevê uma queda de 1,4% para a economia de Angola, de 5,3% para o Brasil e de 8% para Portugal. Não foram publicadas estimativas individuais para outros países de língua portuguesa.
Em 2021, a economia deve mostrar sinais de recuperação, com a economia angolana avançando 2,6%, a brasileira, 2,9%, e a portuguesa, 5%.
Na zona do euro, economia deve ter uma contração de 7,5%. Já o Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano deve ter um recuo de 5,9%. Mercados emergentes e economias em desenvolvimento devem recuar 1%.
A pesquisa parte do pressuposto de que a pandemia atingirá seu pico no segundo trimestre para a maioria dos países do mundo, recuando nos últimos seis meses do ano.

Escala

O FMI diz no relatório que “a magnitude e a velocidade do colapso da atividade econômica” causada pela COVID-19 “é diferente de tudo o que já aconteceu na nossa época.”
Em comparação, a economia global recuou 0,1% durante a crise financeira de 2009. A instituição afirma que “esta é uma crise como nenhuma outra” e, por isso, “existe uma incerteza substancial sobre seu impacto na vida e nos meios de subsistência das pessoas.”

Incerteza

Muitos países enfrentam agora várias crises em setores como saúde, finanças e mercados, que interagem de maneiras complexas.
Governos estão fornecendo apoio sem precedentes a famílias, empresas e mercados financeiros, mas continua existindo “uma incerteza considerável sobre qual será o cenário econômico no fim do bloqueio.”
Em relação a 2021, o FMI prevê um crescimento de 5,8% para o PIB global, se a pandemia desaparecer no segundo semestre de 2020 e as ações políticas conseguirem evitar um cenário de falências generalizadas, perda prolongada de empregos e tensões financeiras.
A recuperação será parcial, ficando abaixo do nível que era projetado antes do surto. Em dois anos, a perda acumulada do PIB global pode ser de cerca de 9 trilhões de dólares, mais do que o PIB anual do Japão e da Alemanha juntos.
O FMI afirma que “esta é uma crise verdadeiramente global” e nenhum país será poupado.
Pela primeira vez desde a Grande Depressão, economias avançadas, mercados emergentes e economias em desenvolvimento estarão em recessão ao mesmo tempo. A renda per capita deve diminuir em mais de 170 países.
Segundo a pesquisa, combater a propagação do vírus usando bloqueios “permite que os sistemas de saúde lidem com a doença, o que permite a retomada da atividade econômica.” Nesse sentido, o FMI afirma que não há escolha entre salvar vidas e salvar meios de subsistência.

Resposta

Os países devem continuar investindo em seus sistemas de saúde, realizar testes generalizados e retirar restrições comerciais aos suprimentos médicos.
Outra recomendação é que haja um esforço global que deve garantir que tanto os países de alta renda como os de baixa renda tenham acesso imediato a tratamentos e vacinas quando estes forem desenvolvidos.
Para o FMI, políticas já adotadas por muitos governos “têm sido a salvação para famílias e empresas.” Esse apoio deve continuar durante toda a fase de contenção para minimizar danos como a perda de empregos.
Os governos também devem começar a planejar a recuperação. À medida que as medidas de contenção são levantadas, as políticas devem mudar rapidamente para apoiar a demanda. Medidas como estímulo fiscal, moratória de pagamentos e reestruturação da dívida podem ser necessárias durante recuperação.
Clique aqui para acessar o relatório completo (em inglês).
 
Posted: 15 Apr 2020 07:09 AM PDT
Aumento extremo na temperatura na terra pode transformar a floresta amazônica em savana e até inviabilizar a vida humana dentro de dois séculos. Imagem do Vale da Morte, nos Estados Unidos. Foto: Pixabay
Aumento extremo na temperatura na terra pode transformar a floresta amazônica em savana e até inviabilizar a vida humana dentro de dois séculos. Imagem do Vale da Morte, nos Estados Unidos. Foto: Pixabay
O aumento da temperatura da terra pode colocar o mundo em estado constante de confinamento. O alerta foi feito pelo cientista Carlos Nobre em webinar realizado pela Rede Brasil do Pacto Global para discutir a relação da atual pandemia com o clima. De acordo com o especialista, uma vez que o corpo humano não consegue suportar determinadas condições de temperatura e umidade, ondas de calor levariam os seres de quase todo o mundo a evitar ambientes externos, o que tornaria o confinamento uma regra se não conseguirmos deter as mudanças do clima.
Atualmente, mesmo que todos os países cumpram com seus compromissos relacionados ao Acordo de Paris, estimativas apontam um aumento de 3,2º na temperatura do planeta. No entanto, a comunidade científica e diversas instituições ligadas à sustentabilidade, entre elas o Pacto Global, apontam o limite de 1,5º acima de níveis industriais como mais seguro para evitar resultados catastróficos para a vida na terra. Nobre aponta que um aumento extremo na temperatura pode transformar a floresta amazônica em savana e até inviabilizar a vida humana dentro de dois séculos.
Durante o webinar, o cientista abordou ainda a resposta do novo coronavírus a diferentes tipos de clima. Para ele, ainda não há comprovação científica de que o coronavírus gere um impacto menor em climas quentes, hipótese que é contestada pelas altas taxas de contaminados em Manaus. Nobre preocupa-se que a ocupação desordenada de áreas próximas à floresta possa tonar a região amazônica vulnerável a zoonoses. Em Wuhan, na China, fatores ambientais relacionados à ocupação desordenada e consumo de animais silvestres favoreceram o aparecimento do vírus.
Carlos Nobre também desmistificou a redução da poluição atmosférica verificada em vários países que adotaram o isolamento social como medida de combate à pandemia. Apesar de propagada como uma boa notícia, o cientista acredita que a redução é momentânea, mas pode ser positiva se ajudar os cidadãos a definir a qualidade do ar que querem para suas cidades no futuro.
Para o cientista, a pandemia deixa como aprendizado o alerta com relação aos riscos das mudanças climáticas e a expectativa de uma economia mais verde. “Nós temos que aproveitar a saída da crise pandêmica para colocar o Brasil cada vez mais em trajetórias de sustentabilidade”, afirma.
Carlos Nobre é pesquisador sênior do Instituto de Estudos Avançados da USP, Coordenador Científico do Instituto de Estudos Climáticos da UFES e Presidente do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas. O webinar foi realizado dentro do projeto Quarentena com o Pacto, que convida especialistas para discutir a relação da atual pandemia com a sustentabilidade. Esta edição relaciona-se com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 13 – Ação contra a mudança global do clima, e teve o apoio do site ECOA, do portal UOL.
O webinar completo pode ser assistido aqui. 
 
Posted: 15 Apr 2020 06:47 AM PDT
Carissa Etienne, diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Foto: OMS
Carissa Etienne, diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Foto: OMS
A diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne, disse que as medidas de distanciamento social estão dando às sociedades a oportunidade de se preparar e responder a pandemia da COVID-19, e que qualquer tentativa posterior de fazer a transição para medidas mais flexíveis deve ser tomada com extrema cautela.
“O distanciamento social deve ser acompanhado de medidas integrais de apoio social para garantir que os mais vulneráveis possam cumpri-lo sem riscos graves para seus meios de subsistência”, afirmou Etienne na terça-feira (14), durante uma entrevista coletiva semanal.
Ela também alertou que “a COVID-19 ainda não atingiu com toda força a nossa região, principalmente a América Latina e o Caribe, e esperamos que se intensifique nas próximas semanas. Certamente, o aumento de hospitalizações e mortes que vemos em alguns países destaca a velocidade com que a situação pode mudar em outros países”.
Até 13 de abril, houve 644.986 casos confirmados de COVID-19 nas Américas e 25.551 mortes. A diretora da OPAS observou que a transmissão comunitária está sendo reportada por um número crescente de países na América do Norte, América Central, América do Sul e Caribe.

Melhor aposta para reduzir a transmissão

As medidas de distanciamento social “continuam sendo nossa melhor aposta para reduzir a transmissão e retardar a propagação do vírus em nossas comunidades”, disse Etienne. Na terça-feira (14), a OPAS emitiu recomendações sobre esse assunto para frear a disseminação da COVID-19.
Muitos dos países da região têm implementado medidas de distanciamento social em toda a comunidade que permitem que os serviços de saúde operem dentro de sua capacidade. Segundo a diretora da OPAS, isso é encorajador, mas as medidas devem ser mantidas por um período de tempo para serem eficazes.
“Após um período de distanciamento social, qualquer tentativa de transição para medidas mais flexíveis deve ser tomada com extrema cautela. Tais decisões devem ser sempre tomadas com base em informações sobre padrões de transmissão de doenças, capacidade dos testes para COVID-19 e seguimento de contatos, disponibilidade de leitos em hospitais e outros critérios objetivos”, alertou.
Etienne disse que medidas de apoio social para garantir que os mais vulneráveis possam cumprir o distanciamento social sem riscos sérios à sobrevivência econômica exigirão “uma capacidade logística nacional e local adequada para garantir a entrega de medicamentos, exames, alimentos e outros suprimentos para nossas populações”.
“Implementar medidas necessárias para interromper a COVID-19 pode ser perturbador, mas não fazer isso aumenta o risco de prolongar a crise. Interromper o distanciamento social recomendado muito cedo pode ter o efeito oposto e levar a uma segunda onda de casos COVID-19, estendendo o sofrimento e a incerteza socioeconômica a longo prazo na região das Américas”, afirmou.

Necessidade de acelerar os testes e expandir a capacidade das UTI

“Mas sabemos que o quadro não está completo: há uma necessidade urgente de os países acelerarem e expandirem os testes para um entendimento mais preciso da pandemia nas Américas”, disse Etienne. “Precisamos agir com urgência antes que a tempestade atinja a maioria dos países, para proteger a nós mesmos, nossas famílias e nossas comunidades”.
Uma das necessidades mais importantes a curto prazo é a expansão da capacidade das unidades de terapia intensiva na região. A OPAS está compartilhando experiências no fornecimento e manejo de cuidados intensivos com os países, usando as lições aprendidas da China, da Espanha e de outros países, disse a diretora da OPAS.
“A longo prazo, precisamos planejar agora para garantir que os medicamentos e as vacinas que estão sendo desenvolvidas sejam acessíveis a todos em nossa região, especialmente nas comunidades mais vulneráveis”, afirmou.
“Somente com a implementação das intervenções necessárias para cada ambiente, guiadas pela ciência e pela solidariedade, podemos parar e, finalmente, quebrar a propagação da COVID-19 em nossa região. E, juntos, em todos os nossos países e dentro deles, podemos nos reerguer com segurança”, concluiu a diretora da OPAS.
Pronunciamento da diretora na íntegra
-Espanhol: https://www.paho.org/es/documentos/palabras-directora-ops-sesion-informativa-medios-14-abril-2020
-Inglês: https://www.paho.org/en/documents/press-briefing-directors-remarks-april-14-2020
 
Posted: 15 Apr 2020 06:25 AM PDT
Equipamentos de refrigeração de supermercados receberão nova tecnologia que não agride camada de ozônio. Foto: David Gomes/Pexels
Equipamentos de refrigeração de supermercados receberão nova tecnologia que não agride camada de ozônio. Foto: David Gomes/Pexels
A empresa Plotter Racks, especializada em refrigeração industrial, deu início à fabricação de novos equipamentos de refrigeração que utilizam o propano R-290 como fluido frigorífico alternativo. O material não agride a camada de ozônio e tem impacto desprezível no sistema climático global. O equipamento foi desenvolvido em parceria com o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO). A iniciativa faz parte do Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs, projeto coordenado pelo MMA e implementado pela UNIDO no Brasil.
A nova tecnologia é voltada para a instalação de equipamentos de refrigeração em empreendimentos de pequeno e médio porte, como mercados e supermercados. Além de sustentável, o fluido alternativo R-290 é mais eficiente e economicamente competitivo.
Os HCFCs são fluidos refrigerantes tradicionais nocivos à camada de ozônio, largamente usados em equipamentos de refrigeração comercial e em aparelhos de ar-condicionado. Seguindo metas estabelecidas pelo Protocolo de Montreal, o objetivo do Programa Brasileiro é eliminar esses fluidos do processo industrial no setor de refrigeração e ar condicionado no Brasil, e os substituir por alternativas sustentáveis.
A empresa Plotter Racks informa que há grande potencial para avanço no uso de substâncias naturais de refrigeração, com vantagens econômicas em sistemas que utilizam o R-290, por terem maior potencial de eficiência energética.
Após a instalação, em 2019, de uma linha de produção capaz de fabricar equipamentos de refrigeração com propano R-290, a Plotter Racks desenvolveu, no início de 2020, o primeiro protótipo do equipamento. Depois de testes com resultados positivos, a empresa deu início à produção do novo equipamento de refrigeração.
Eder Paluch, Diretor Industrial da Plotter Racks, destaca a segurança dos equipamentos desenvolvidos para a nova linha de produção. Com relação ao potencial para a empresa, o Gerente de Desenvolvimento de Produtos da Plotter Racks, Fernando Marchioro, ressalta a importância da tecnologia inovadora para o desenvolvimento de novos produtos e modelos de negócio.
Em março de 2020, o supermercado Bahamas, em Juiz de Fora (MG), foi a primeira unidade comercial de Minas Gerais a instalar o novo equipamento de refrigeração da Plotter Racks, com fluidos 100% naturais. Foram instaladas no local três máquinas para resfriamento de expositores de alimentos e bebidas utilizando o propano R-290 como fluido frigorífico. Além disso, o CO2 (R-744) – outra substância natural- passou a ser utilizado em expositores de congelados do supermercado.
No âmbito do Programa Brasileiro, a Plotter Racks fará demonstrações do novo equipamento para o setor supermercadista, com o objetivo de promover a tecnologia inovadora. Entre as ações previstas, estão visitas a linhas de produção industrial da empresa e demonstrações comparativas entre o novo sistema e tecnologias tradicionais em termos de competitividade e eficiência energética.
O Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs, coordenado pelo MMA e implementado pela UNIDO, integra as ações do Brasil voltadas ao setor industrial para cumprimento de metas pactuadas com o Protocolo de Montreal. Em vigor desde janeiro de 1989, o Protocolo de Montreal promove a redução progressiva da produção e do consumo de Substâncias Destruidoras do Ozônio (SDOs). O Brasil aderiu ao tratado internacional em junho de 1990.
Conheça mais sobre o projeto no vídeo abaixo.

 
Posted: 15 Apr 2020 06:04 AM PDT
O secretário-geral da ONU, António Guterres. Foto: Fórum Econômico Mundial/Boris Baldinger
O secretário-geral da ONU, António Guterres. Foto: Fórum Econômico Mundial/Boris Baldinger
O secretário-geral das Nações Unidas disse nesta terça-feira (14) que a Organização Mundial da Saúde (OMS) deve ser apoiada  “pois é absolutamente fundamental para assegurar o combate à COVID-19”.
Em nota emitida pelo seu porta-voz, Guterres destacou que a agência e  seu pessoal “estão na  linha de frente apoiando os estados-membros e suas sociedades, especialmente os mais vulneráveis entre eles, com orientação, capacitação, equipamentos e serviços concretos para salvar vidas humanas no combate ao vírus”.
Guterres disse que tal como destacou em 8 de abril, a pandemia da COVID-19 é um dos desafios mais perigosos que o mundo enfrenta, sendo “sobretudo uma crise humana, com graves consequências socioeconômicas e para a saúde”.
Para o secretário-geral, o vírus “não tem precedentes e requer uma resposta sem precedentes”. Ele apontou que nessas condições é possível que “os mecanismos tenham tido leituras diferentes por diferentes entidades”.
O chefe da ONU sublinhou que depois de ser virada a página sobre a pandemia, deve haver um tempo “para olhar para trás, entender como a doença surgiu e se espalhou tão rapidamente em todo o mundo, e como todos os envolvidos reagiram à crise”.
Casos – Até esta terça-feira (14), a OMS confirmou 1.848.439 casos e 117.217 mortes devido ao novo coronavírus em 213 países, áreas ou territórios.
Para o chefe da ONU, “as lições aprendidas serão essenciais para enfrentar desafios similares, que podem surgir no futuro, de uma forma efetiva” . O representante destacou, no entanto, que esta “não é a hora.”
Guterres sumblinhou que este também “não é o momento de reduzir os recursos para as operações da Organização Mundial da Saúde ou de qualquer outra organização humanitária que combate o vírus”.
Ele destacou que a união deve prevalecer, para que a comunidade internacional possa trabalhar em conjunto, “em solidariedade, para impedir o vírus e suas consequências arrasadoras”.
Em  31 de dezembro de 2019 a OMS foi notificada sobre o primeiro caso de pneumonia “de causa desconhecida” surgida na cidade de Wuhan, na China. Como parte da atuação da Organização Mundial da Saúde,  o surto foi declarado uma Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional um mês depois.
 
Posted: 15 Apr 2020 04:59 AM PDT
Tsitsina Xavante integra a iniciativa Voz das Mulheres Indígenas e é membra do Grupo Assessor da Sociedade Civil Brasil da ONU Mulheres Foto: Tiago Zenero/ONU
Tsitsina Xavante integra a iniciativa Voz das Mulheres Indígenas e é membra do Grupo Assessor da Sociedade Civil Brasil da ONU Mulheres
Foto: Tiago Zenero/ONU
A pandemia do novo coronavírus e as medidas de prevenção trazem desafios ao mundo inteiro. P

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