Covid-19: Número de mortos e infectados dispara no Brasil e os hospitais abeiram-se do colapso

Ministério da Saúde anunciou mais 357 mortes e 3504 infectados em 24 horas. Total de óbitos supera os 3600 e há várias cidades brasileiras no limite das suas capacidades hospitalares.
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Autoridades do Rio de Janeiro estão preocupadas com a propagação do vírus em favelas como a do Vidigal REUTERS/PILAR OLIVARES
A propagação do novo coronavírus pelo Brasil acelerou intensamente nos últimos dias e o país está a converter-se num autêntico epicentro da doença no continente sul-americano. O Ministério da Saúde brasileiro revelou na sexta-feira à tarde que foram registadas 357 mortes e mais 3503 casos de infecção em apenas 24 horas. O número total de óbitos está nos 3670 e o de infectados em 52.995. Várias cidades estão a actuar no limite das suas capacidades hospitalares e há unidades de cuidados intensivos à beira do colapso.
São Paulo lidera a lista dos estados brasileiros com o maior número de casos, concentrando 1512 mortos e 17.826 casos de infecção, seguindo-se o Rio de Janeiro, com 570 óbitos e 6282 casos confirmados da covid-19.
Em todo o território brasileiro, 13 estados têm mais de mil casos registados da doença: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina, Pará, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Ceará, Bahia, Maranhão e Amazonas.
Os números podem, no entanto, ser bastante superiores, devido à capacidade reduzida de realização de testes por parte das autoridades.
No início da crise, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta – entretanto demitido por se opor à postura negacionista do Presidente Jair Bolsonaro –, admitia que o sistema de saúde brasileiro deveria “entrar em colapso” durante o mês de Abril. E em algumas cidades do país, isso já está a acontecer.
Segundo a secretaria da Saúde do Rio de Janeiro, na sexta-feira já não havia vagas em nenhuma das unidades de cuidados intensivos dos sete hospitais públicos na capital do estado equipados para lidar com a crise.
As únicas camas disponíveis – e apenas 20 – encontravam-se num hospital situado a 120 quilómetros da cidade. Só a recuperação ou a morte de um paciente com covid-19 é que pode abrir vagas nestes estabelecimentos.
Por isso mesmo, foi antecipado para este sábado a abertura de hospital de campanha, com capacidade para 200 camas, no Leblon. Uma outra estrutura semelhante, com 400 camas, junto ao estádio Maracanã, só será inaugurada no próximo mês.
Também as cidades de Belém (Pará) e Fortaleza (Ceará) estão no limite das suas capacidades de tratamento de casos graves de covid-19. Segundo o Globo, já não há camas disponíveis em Belém e os hospitais de Fortaleza estão com uma taxa de ocupação de 92%. 
Em Manaus, capital do estado do Amazonas, o número elevado e exponencial de mortes por causa da pandemia levou as autoridades a ordenarem a escavação de enormes valas num dos maiores cemitérios da cidade. De acordo com a Associated Press, estão a ser enterradas 100 pessoas por dia nas novas sepulturas.
Com Lusa