Boletim diário da ONU Brasil: “Mirando os mais jovens, secretário-geral da ONU abre conta no Instagram” e 11 outros.
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seg, 13 de mai 18:35 (há 2 dias)
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Posted: 13 May 2019 02:02 PM PDT
Conta do secretário-geral da ONU, António Guterres, no Instagram. Foto: ONU/Patrick Newman
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, há tempos enfatiza a importância dos jovens para enfrentar os desafios globais. Em 4 de maio, ele se inspirou neles para abrir uma conta na rede social Instagram, reforçando seu papel de principal influenciador da ONU.
A iniciativa teve resposta imediata. Em cinco dias, a nova conta atraiu mais de 32 mil seguidores; a maior parte dos Estados Unidos, seguido por México, Índia, Brasil e Reino Unido.
Em forte crescimento, o Instagram é muito popular entre o público jovem, como evidenciado pela maioria dos seguidores até agora, que têm entre 18 e 34 anos.
Fornecendo aos fãs de mídia social acesso a conteúdo que não é visto em outros lugares, a primeira publicação de Guterres, retratada acima, foi pessoal e autêntica.
“Olhando para esta cidade vibrante e diversificada, lembro-me de todos os vilarejos e cidades do mundo inteiro, onde ouvi pessoas expressarem a mesma simples esperança — uma vida de dignidade e segurança num planeta em prosperidade”, escreveu ele, na legenda da foto que retratou a vista a partir de seu escritório em Nova Iorque.
Construindo confiança
Em uma época em que as pessoas são mais influenciadas por aqueles em quem confiam e com quem se importam, o Instagram desempenha papel fundamental na construção desse apoio para a ONU e para o que a Organização tem a dizer.
O lançamento da conta @antonioguterres no Instagram foi apoiado tanto dentro como fora do Sistema da ONU e já registrou um alto número de engajamento e de crescimento de audiência.
Com mais de 20 mil engajamentos, ou pessoas que responderam ao conteúdo do secretário-geral, seu primeiro post tornou-se viral. Os comentários de seguidores têm sido positivos.
E sua capacidade de trazer outros grandes influenciadores a bordo não diminuiu. Malala, Leonardo DiCaprio e Yo-Yo Ma são apenas uma pequena amostra das mais de 60 celebridades que acompanham o chefe da ONU. Além disso, ele chamou a atenção de mais de 20 governos, organizações não governamentais (ONGs) e contas da sociedade civil.
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Posted: 13 May 2019 02:00 PM PDT
Jacinda Ardern, primeira-ministra da Nova Zelândia, cumprimenta o secretário-geral da ONU, António Guterres. Foto: ONU/Mark Garten
Em passagem pela Nova Zelândia, no domingo (12), o secretário-geral da ONU, António Guterres, elogiou a primeira-ministra do país, Jacinda Ardern, por sua liderança após os ataques contra mesquitas em Christchurch, em março último. Em coletiva de imprensa na capital neozelandesa, Auckland, o chefe das Nações Unidas expressou solidariedade às vítimas da violência, que deixou 51 mortos.
Guterres explicou que normalmente presta uma “visita de solidariedade” a um país muçulmano durante o Ramadã. Neste ano, no entanto, o dirigente decidiu visitar a comunidade muçulmana de Christchurch “para prestar homenagem à coragem, à resiliência, mas também à extraordinária união e à mensagem de solidariedade que foi dada pelo povo e pelo governo da Nova Zelândia”.
O ataque de 15 de março deste ano foi realizado por um atirador que entrou na mesquita de Al Noor, em Christchurch, onde matou 51 pessoas. Um segundo ataque aconteceu na mesquita de Linwood, na mesma cidade. O autor da violência foi preso e acusado de assassinato. Segundo a imprensa internacional, durante o atentado, o criminoso transmitiu ao vivo, pela Internet, imagens de uma câmera posicionada em sua cabeça.
Dois outros homens e uma mulher também foram detidos por conexões com os ataques terroristas, embora um deles tenha sido libertado na sequência.
Guterres expressou sua admiração pela resposta rápida e decisiva de Jacinda aos ataques em massa. O governo tomou medidas imediatas para fortalecer significativamente a legislação sobre controle de armas.
O secretário-geral disse ainda que os apelos da primeira-ministra para prevenir discursos de ódio nas redes sociais e na Internet e sua liderança são extremamente importantes no contexto das iniciativas da ONU para combater a intolerância e para apoiar países na proteção de locais sagrados.
Nova Zelândia ‘no fronte’ das ações climáticas
A visita do secretário-geral à Nova Zelândia é parte de uma série de viagens a Estados insulares do Pacífico, onde os debates sobre as mudanças climáticas têm ganhado destaque e urgência. Em discurso à imprensa, Guterres agradeceu a Nova Zelândia por sua posição pioneira no combate à “emergência climática” e pelo apoio do país a outras ilhas do Pacífico.
“Visitarei Fiji, Tuvalu e Vanuatu e transmitirei uma forte mensagem do Pacífico para o resto do mundo: nós precisamos acompanhar o ritmo, precisamos ter a capacidade de reverter esta tendência dramática. Não podemos permitir uma mudança climática desenfreada. Precisamos proteger as vidas de todas as pessoas e precisamos proteger nosso planeta”, enfatizou o chefe da ONU.
Guterres também lembrou a aprovação de uma lei na Nova Zelândia para alcançar a neutralidade em carbono antes de 2050. O texto também visa manter o aquecimento global a 1,5°C até o final do século. Esse teto de temperatura foi defendido pela comunidade científica em relatório da ONU divulgado em outubro de 2018.
O secretário-geral alertou que a vontade política para enfrentar o aquecimento global está sumindo em outros países, apesar de os governos terem consciência da necessidade de agir. Este é um dos motivos pelos quais Guterres promoverá a Cúpula da ONU sobre o Clima, que será realizada na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, em setembro.
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Posted: 13 May 2019 01:20 PM PDT
Foto: OIT/João Roberto Ripper/Sérgio Carvalho.
Na ocasião do dia 13 de maio, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) alerta para a necessidade de se combater as formas contemporâneas de escravidão, que também atingem crianças, no Brasil e no mundo.
A escravidão moderna ainda é um fenômeno real e amplo, afetando mais de 40 milhões de pessoas globalmente, das quais 25% são crianças. O Brasil ratificou a Convenção nº 182 da OIT, que proíbe as piores formas de trabalho infantil, por meio do Decreto nº 3.597/2000.
Nos dias de hoje, a escravidão é muito diferente daquela praticada durante os períodos colonial e imperial. Atualmente, as pessoas escravizadas não são compradas, mas aliciadas e, muitas vezes, o patrão gasta apenas com o transporte do trabalhador até a propriedade. Ela está presente em todas as regiões do mundo, inclusive nos países desenvolvidos, e em numerosas cadeias produtivas globais.
Segundo a ONU, as formas contemporâneas de escravidão no mundo incluem trabalho forçado, servidão doméstica, formas servis de casamento e escravidão sexual. São situações das quais as vítimas não são capazes de se desvencilhar de forma voluntária, digna e segura.
No Brasil, são registrados casos de trabalho análogo à escravidão em fazendas, fábricas e domicílios. Desde 1995, mais de 53 mil trabalhadores foram resgatados dessa situação no país, segundo o Observatório Digital do Trabalho Escravo, desenvolvido e mantido pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) em cooperação com a OIT.
O Artigo 149 do Código Penal brasileiro prevê pena de dois a oito anos para quem reduzir alguém à condição análoga à de escravo. A lei define o trabalho análogo ao de escravo quando há condições degradantes de trabalho; jornadas exaustivas, com danos para a saúde e risco de vida; trabalho forçado por meio, por exemplo, de ameaças e isolamento geográfico; e servidão por dívida.
Acordada internacionalmente, a meta 8.7 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 das Nações Unidas busca tomar medidas imediatas e eficazes para erradicar o trabalho forçado, acabar com a escravidão moderna e o tráfico de pessoas, e assegurar a proibição e eliminação das piores formas de trabalho infantil, incluindo recrutamento e utilização de crianças-soldado, e até 2025 acabar com o trabalho infantil em todas as suas formas.
Nesse sentido, a OIT lidera uma campanha em curso, juntamente a outros parceiros, para convencer 50 países a ratificarem o Protocolo de Trabalho Forçado, chamada 50 for freedom, na qual pessoas do mundo todo são encorajadas a adicionar seus nomes para ajudar a alcançar a meta até o final deste ano de 2019. Quer fazer parte da campanha? Clique aqui!
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Posted: 13 May 2019 01:08 PM PDT
Presidente e ministro do STF, Dias Toffoli abordou vínculos entre o trabalho da Justiça brasileira e as metas de desenvolvimento sustentável da ONU, conhecidas como a Agenda 2030. Foto: Agência CNJ/Gil Ferreira
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, anunciou neste mês (7) a instituição do Laboratório de Inovação, Inteligência e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (LIODS). A iniciativa foi criada para unir conhecimento e cooperação em prol das metas globais da ONU, sobretudo as que envolvem paz, justiça e eficiência institucional.
Toffoli divulgou o laboratório durante a apresentação de uma pesquisa que detalha os vínculos entre os ODS e as diretrizes da Justiça brasileira. O relatório foi elaborado pelo Comitê Interinstitucional, estabelecido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
A publicação traça um levantamento do número de ações distribuídas e decididas pelo Judiciário e aborda quais temas geram maior número de demandas nas cortes, como saúde, educação, questões previdenciárias, execução fiscal, violência, organizações criminosas e corrupção. Com o panorama, espera-se identificar como o trabalho da Justiça se aproxima do cumprimento dos ODS.
Toffoli afirmou que o documento contribui para a criação de novos caminhos e a promoção de “ações para acabar com a pobreza, fomentar a prosperidade e o bem-estar para todos, proteger o meio ambiente e enfrentar as mudanças climáticas, abrangendo três dimensões: econômica, social e ambiental”.
Também presente na cerimônia, a representante-residente do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento ( PNUD) no Brasil, Katyna Argueta, lembrou que a Agenda 2030 e os ODS são o acordo mais ambicioso que a comunidade internacional alcançou em sua história. Segundo a dirigente, “essa agenda é uma oportunidade para construir conjuntamente, com todos os setores da sociedade, o país que queremos e merecemos”.
Para a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, os ODS devem ser defendidos por todos que acreditam em ética, integridade, solidariedade e fraternidade entre os seres humanos e entre os povos. “A iniciativa permite ao Poder Judiciário examinar como ele tem contribuído para o desenvolvimento humano ao resolver casos complexos, enfrentar corrupção e dispor-se a exercer sua tarefa de pacificação social”, enfatizou a magistrada.
Em abril último, a experiência do Comitê Interinstitucional do CNJ foi apresentada no Panamá durante o workshop técnico “Acelerando o progresso do ODS 16 na América Latina e no Caribe”. Esse objetivo aborda a promoção da paz, justiça e eficiência das instituições. O evento foi realizado pelo PNUD em parceria com o Ministério da Segurança e o Ministério de Governo do Panamá, além da Aliança Global para o ODS 16. Na ocasião, 78 representantes de governos da região se reuniram com atores da sociedade civil, setor privado e agências das Nações Unidas.
Acesse o relatório do Comitê Interinstitucional na íntegra clicando aqui.
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Posted: 13 May 2019 12:55 PM PDT
Menina de Hodeida, no Iêmen, vive com pais, três irmãos e seis irmãs. A família enfrenta risco de desnutrição devido à guerra e a falta de fontes de receita para comprar comida. Foto: UNICEF/Taha Almahbashi
Enquanto os iemenitas continuam a finalizar os procedimentos para a implementação do acordo de Hodeida, sob o qual a coalizão governamental e líderes rebeldes se comprometeram a retirar forças da cidade-porto de mesmo nome, o presidente do Comitê de Coordenação de Reorganização disse na sexta-feira (10) ter recebido uma oferta da oposição houthi para iniciar uma retirada unilateral.
Em comunicado divulgado na sexta-feira, o tenente general dinamarquês Michael Lollesgaard, que lidera a equipe de observadores e monitores da ONU, disse que a Missão da ONU para apoiar o Acordo de Hodeida (UNMHA) “monitorará e informará sobre a redistribuição unilateral”, cujo início estava previsto para sábado (11), e que deve ser concluído até terça-feira (14).
O tenente-general observou que este foi “um primeiro passo prático no terreno” desde que o acordo foi concluído após as históricas consultas lideradas pela ONU entre o governo e os líderes houthis em Estocolmo no final do ano passado, o que marcou um avanço nas negociações do conflito civil que engoliu o Iêmen nos últimos quatro anos.
No entanto, ele ressaltou que o acordo deve ser seguido pelas “ações comprometidas, transparentes e sustentadas das partes para cumprir integralmente suas obrigações”. Além do porto de Hodeida, que é fundamental para a importação de alimentos e medicamentos para os iemenitas, os houthis concordaram em se retirar dos demais portos regionais de Salif e Ras-Issa.
“Além disso, esta remobilização unilateral deve permitir o estabelecimento de um papel de liderança da ONU no apoio à Corporação dos Portos do Mar Vermelho na gestão dos mesmos”, bem como melhorar o Mecanismo de Verificação e Inspeção das Nações Unidas (UNVIM), em conformidade com o acordo.
Hodeida foi foco dos confrontos entre as forças do governo e os combatentes da oposição houthi. Como uma porta de entrada crucial da ajuda humanitária, a implementação completa do acordo continua a ser fundamental para garantir o acesso humanitário efetivo ao Iêmen, onde milhões permanecem dependentes de assistência vital.
“As partes no conflito iemenita devem continuar a trabalhar urgentemente em direção a esse objetivo e a todos os compromissos assumidos em Estocolmo em dezembro de 2018”, disse ele, acrescentando que a ONU “continuará apoiando as partes” a fim de cumprir suas obrigações e devolver a paz ao povo iemenita e a estabilidade à sua terra.
No domingo (12), a UNMHA divulgou um comunicado confirmando que o primeiro dia da retirada das forças houthis dos portos de Hodeida, Salif e Ras-Issa “seguiu os planos estabelecidos”.
Todos os três portos foram monitorados simultaneamente por equipes das Nações Unidas, enquanto as forças militares deixavam esses locais e a Guarda Costeira assumia a responsabilidade pela segurança.
Nos próximos dias, a expectativa é de que as atividades da UNMHA se concentrem na remoção de sinais da presença militar houthi, incluindo minas.
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Posted: 13 May 2019 12:16 PM PDT
Estiagem de 2001 arrasou produção agropecuária na Nicarágua. Foto: FAO
Por José Graziano da Silva, diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO)*
A visão da natureza como um anexo externo à civilização, conectado a esta por um balcão de suprimento inesgotável de recursos, já não se sustenta mais. A errática e decrescente disponibilidade de água no mundo é o melhor exemplo disso.
Enfrentamos, sem dúvida, um divisor de águas imperativo. Vistas do alto, as águas dominam 75% do planeta, e isso semeou a ilusão de uma infinitude. A inércia dessa ilusão pulsa cada vez mais frágil, porém, à medida em que a espiral do aquecimento climático nos empurra para a exatidão de uma aritmética estreita.
Cerca de 97% da água visível no planeta está nos oceanos e é salgada; dos 3% restantes, 2,2% estão na forma de gelo; 0,6%, embaixo da terra; 0,1% na atmosfera, e somente 0,1% nos rios e lagos imediatamente ao alcance da mão. Temperaturas mais elevadas vêm acelerando a evaporação dessa reserva para tornar áreas secas mais secas, enquanto as estiagens provocam prejuízos recordes e os lençóis freáticos se tornam mais rebaixados.
O fenômeno sempre existiu, mas o impacto da mudança do clima, associado ao crescimento populacional, à demanda agrícola e à urbanização acelerada, alterou os dados da equação.
Secas e estiagens intermitentes afetaram duramente mais de 1 bilhão de pessoas na última década. Dados reunidos pelo World Water Development Report (um esforço de mapeamento global do suprimento de água feito por agências da ONU) indicam que o regime de alto estresse hídrico já comanda a vida de mais de 2 bilhões de pessoas no planeta.
Em 2018, ondas de calor, secas e incêndios fustigaram duramente a Europa, os Estados Unidos e até geografias do Círculo Polar Ártico. Anomalias igualmente graves atingiram a paisagem do Nordeste do Brasil. De 2012 a 2018, a região viveu uma das mais longas secas da sua história. Quase 80% das cidades do semiárido nordestino decretaram estado de emergência nesse período. Na Argentina, a maior seca em cem anos desidratou a planície fértil da pampa úmida, fazendo com que as colheitas do terceiro maior produtor de soja do mundo registrassem quebras de 30% a 50%, onerando o custo da alimentação com desdobramentos sociais e políticos sensíveis.
A FAO e o Programa Mundial de Alimentos (PMA) trabalham em regime de emergência neste momento para obter junto à comunidade internacional recursos da ordem de US$ 72 milhões, que permitam levar ajuda alimentar a mais de 700 mil pessoas — famílias de pequenos agricultores em sua maioria — flageladas por secas e chuvas torrenciais que vêm castigando sucessivamente os sistemas agroalimentares de Guatemala, Honduras e El Salvador.
Organismos internacionais preveem que até 2050 a demanda global de água aumentará de 20 a 30% e, se nada for feito, a oferta diminuirá de forma alarmante. De fato, projeções científicas trabalham com um aumento de até 60% na ocorrência de secas nos próximos anos.
A rota de colisão já dispõe de prefigurações pedagógicas. Um dos alarmes mais estridentes ecoa da região do Sahel, na África. A faixa de terra que corta o coração da África estende-se como um corredor horizontal de 5 mil km2 que vai do Oceano Atlântico, a oeste, ao Mar Vermelho, a leste; da savana do Sudão, ao sul, até o deserto do Saara, ao norte. Sahel significa fronteira, hoje na verdade um mosaico de fronteiras geográficas, étnicas, geopolíticas, ecológicas e humanitárias.
Trata-se de diversos países fustigados por secas, guerras e conflitos étnicos, sob o pano de fundo de uma crônica falta de alimentos, que compõem esse corredor que reúne quase 500 milhões de habitantes distribuídos por realidades extremadas, entre as quais o pódio da pobreza mundial.
Alterações climáticas têm afetado diretamente esse cinturão explosivo para agravar a duração e a intensidade de secas, os surtos de fome e tudo o que isso adiciona ao abismo da insegurança e do sofrimento.
Para que o Sahel não se transforme em um ponto de não retorno da crise ambiental planetária, é preciso agir já. Nesse contexto, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) lançou projetos-piloto no Senegal e Níger para a implementação de 1 milhão de cisternas no Sahel. O programa foi inspirado na bem-sucedida experiência implantada no semiárido brasileiro nos últimos quinze anos. Na seca virulenta de 2012 a 2018, graças ao armazenamento hídrico e à capilaridade das políticas sociais que o acompanham, como o Bolsa Família, o crédito rural, o seguro safra e a aposentadoria rural, não houve êxodo na região, não ocorreram saques, e a fome não semeou cemitérios de crianças.
O que a FAO quer levar para o Sahel é justamente a experiência de convívio com a escassez de água, sem renunciar aos sistemas produtivos locais nem permitir que populações pobres sejam reduzidas à condição de flagelados.
Partimos de um princípio tão simples quanto desassombrado: a convivência com as adversidades climáticas será cada vez mais necessária; as populações pobres formarão a linha de frente desse aprendizado; ele exigirá uma associação de inovações técnicas e sociais articuladas pelo princípio de que não existe vida sem água e que, portanto, a água deve ser gerida como um bem comum.
Em recente troca de correspondências com o papa Francisco a respeito do Dia Mundial da Água (cujo lema em 2018 era “Não deixar ninguém para trás”), convergimos em torno desse chão firme. Para salvar vidas em ambiente de dignidade, temos também que salvar os meios de subsistência, sobretudo dos mais vulneráveis. A água é um elo mais forte dessa interação. Sua disponibilidade e acesso remetem inelutavelmente ao passo seguinte da relação da humanidade com a natureza e com ela mesma, sob o primado do bem comum.
*Artigo publicado originalmente no jornal Valor Econômico, em 13 de maio de 2019.
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Posted: 13 May 2019 12:13 PM PDT
Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, durante café da manhã com jovens na Nova Zelândia. Foto: ONU/Mark Garten
Em conversa nesta segunda-feira (13) com jovens maoris e povos das Ilhas do Pacífico na Nova Zelândia, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou que a “natureza não negocia” e enfatizou quatro medidas essenciais que governos devem priorizar para alcançar a neutralidade de carbono até 2050.
Reconhecendo o papel dos jovens para avançar ações climáticas no mundo todo, Guterres relembrou os presentes de que o “objetivo central é não ter mais de 1,5°C de aumento de temperatura no final do século”.
“A comunidade internacional, e especialmente a comunidade científica, foi muito clara de que, para alcançar este objetivo, precisamos alcançar neutralidade de carbono até 2050”.
Para isso, ele pediu que nações do mundo todo promovam quatro mudanças essenciais:
1. Imposto sobre poluição, não sobre pessoas
O chefe da ONU pediu que a ênfase seja colocada em impostos sobre emissões de carbono, conhecidos como “precificação de carbono”, em vez de serem aplicados sobre os salários.
2. Fim do subsídio a combustíveis fósseis
Guterres destacou que o dinheiro de contribuintes não deve ser usado para aumentar a frequência de furacões, a propagação de secas e de ondas de calor, o degelo das geleiras e o branqueamento dos corais.
3. Cessar a construção de novas minas de carvão até 2020
Energia a base de carvão é um ponto-chave, segundo o Relatório de Lacunas de Emissões de 2018, da ONU Meio Ambiente. Todas as minas atualmente em operação deixam para o mundo cerca de 190 gigatoneladas de CO2. Se todas as minas de carvão atualmente sob construção começarem suas operações e seguirem até o final de suas vidas técnicas, as emissões irão aumentar mais 150 gigatoneladas. Isso prejudica a capacidade de limitar o aquecimento global em até 2°C, como previsto pelo Acordo de Paris de 2015.
4. Foco em uma economia verde
“É muito importante que, no mundo todo, os jovens, a sociedade civil e a comunidade empresarial tenham entendido que a economia verde é a economia do futuro e que a economia cinza não tem futuro”, disse Guterres. “É muito importante que vocês convençam governos de que eles precisam agir, porque ainda há muita resistência”, disse aos jovens que estavam presentes.
“Governos ainda estão com medo de avançar”, lamentou, explicando que “eles sentem os custos da ação climática, esquecendo que os custos de não agir são muito maiores do que quaisquer custos de ação climática”.
“A natureza não negocia”, disse. “É muito bom ver jovens no fronte”.
O chefe da ONU convocou para 23 de setembro uma Cúpula sobre Mudança Climática para aumentar ambições para ações climáticas decisivas.
Líderes mundiais pedem mais ações
Na semana passada, oficiais seniores de todo o Sistema ONU afirmaram que ações climáticas para mitigar a ameaça existencial apresentada pela mudança climática são um “ imperativo moral, ético e econômico”. Os líderes de mais de 30 agências e entidades da ONU emitiram um apelo conjunto para governos de todo o mundo “aumentarem ambições e tomarem ações concretas” antes da Cúpula sobre Ação Climática.
O apelo destacou que, para atingir as metas do Acordo de Paris para o clima, países precisam “cumprir suas obrigações de direitos humanos, incluindo o direito à saúde, o direito à segurança alimentar, o direito ao desenvolvimento, os direitos dos povos indígenas, de comunidades locais, migrantes, crianças, pessoas com deficiências e pessoas em situação vulnerável”.
Como estabelecido no Relatório Especial sobre Aquecimento Global, do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, limitar o aquecimento global a 1,5°C “é necessário para prevenir mudanças irreversíveis”.
“Alcançar este objetivo irá exigir mudanças em uma escala sem precedentes em todos os níveis, mas ainda é possível se agirmos agora”, disseram os líderes no apelo.
O comunicado foi emitido após consultas durante um encontro do Conselho de Chefes-Executivos da ONU para Coordenação e pediu para países garantirem as “medidas de adaptação” apropriadas para proteger pessoas, empregos e ecossistemas.
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Posted: 13 May 2019 10:29 AM PDT
Semiárido brasileiro. Foto: EBC
O Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG), o Instituto Brasileiro de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e o Environmental Defense Fund (EDF) promovem esta semana (14 e 15) em Brasília (DF) seminário sobre oportunidades de negócios para uma economia rural sustentável. O evento reunirá especialistas internacionais, representantes do governo brasileiro e do setor privado.
O “Seminário Internacional Oportunidades de Negócios para uma Economia Rural Sustentável:a contribuição das florestas e da agricultura” tem como objetivo explorar novas oportunidades de negócios sustentáveis para o setor rural brasileiro, bem como identificar desafios e estratégias para desenvolvê-las.
As ameaças urgentes de mudança do clima, perda de biodiversidade e degradação ambiental, combinadas com as crescentes demandas globais por alimentos, combustíveis e fibras, criam grandes oportunidades e desafios econômicos para o setor rural. O Brasil, como um dos principais produtores agrícolas do mundo e administrador da maior floresta tropical, já diminuiu suas emissões de carbono mais do que qualquer outro país, por meio de políticas para reduzir o desmatamento na Amazônia.
No contexto do Acordo de Paris sobre as mudanças do clima e das crescentes preocupações públicas e privadas sobre sustentabilidade ambiental, especialistas discutirão três principais oportunidades relacionadas ao desenvolvimento de uma economia rural sustentável, durante o seminário:
1) Investimentos multilaterais já estão sendo canalizados para o Brasil e outros países como compensação pela mitigação das mudanças do clima por meio de reduções no desmatamento. O seminário discutirá a melhor maneira de aumentar os investimentos em outras medidas de conservação florestal.
2) As principais empresas e governos internacionais estão cada vez mais comprometidos com a eliminação do desmatamento em suas cadeias de fornecimento e com o suprimento de commodities agrícolas, produtos de madeira e biocombustíveis de áreas que atendam a esses requisitos. O seminário debaterá como o país poderia se posicionar como uma região de abastecimento sustentável e preferencial.
3) À medida que os sistemas de comércio de emissões (emission trading systems – ETS) amadurecem, como ocorre em Europa, Califórnia (EUA), China e no setor de aviação internacional, e que a cooperação internacional em mudança do clima se expande sob o Acordo de Paris, o seminário busca refletir se o Brasil pode potencialmente se engajar nesses sistemas. Os desafios incluem ainda o aprimoramento das políticas de comando e controle e a criação de incentivos, instituições e legislações econômicas apropriadas.
O primeiro dia do Seminário se concentrará em discutir as oportunidades de negócios potenciais que o Brasil pode desenvolver a partir dos mercados emergentes de carbono e suas limitações, de cadeias de fornecimento sustentáveis e de novos investimentos multilaterais vinculados a resultados ambientais.
No segundo dia, os especialistas irão explorar como o país pode aproveitar essas novas oportunidades de negócios utilizando e melhorando políticas públicas existentes. Os painéis se concentrarão no Código Florestal brasileiro e nas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) sob o Acordo de Paris. Os especialistas também investigarão como o crédito rural pode fomentar a produção agrícola, a proteção ambiental e o feedback biofísico da proteção florestal na agricultura.
Clique aqui para acessar a agenda do evento.
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Posted: 13 May 2019 10:06 AM PDT
Sonia Favaretto durante Cúpula de Líderes do Pacto Global da ONU. Foto: Pacto Global da ONU
O Pacto Global das Nações Unidas lançou mais uma edição da premiação voltada para os pioneiros no caminho da sustentabilidade corporativa mundial. O SDG Pioneers reconhece líderes empresariais de companhias signatárias que contribuíram com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) por meio de projetos no setor privado.
Em 2019, a premiação terá como foco pessoas com menos de 35 anos. O vencedor da categoria Jovens Profissionais do Prêmio ODS Rede Brasil do Pacto Global será automaticamente finalista da disputa em Nova Iorque.
Abaixo, confira artigo da atual vice-presidente da Rede Brasil do Pacto Global e SDG Pioneer 2016, Sonia Favaretto. A diretora de Imprensa, Sustentabilidade, Comunicação Social e Investimento Social da bolsa de valores B3 conta a experiência de ter sido escolhida e faz uma reflexão sobre seu papel no caminho da paz e da prosperidade mundial.
O que é ser pioneira?
Por Sonia Consiglio Favaretto
O que é ser uma pioneira? Pergunta inescapável desde que fui reconhecida pelas Organização das Nações Unidas (ONU) como uma das 10 SDG Pioneers do mundo em junho de 2016, ano inesquecível.
Mas, antes até, veio a avalanche de sentimentos. Da incredulidade (eu estava esperando os vencedores serem anunciados para ver o que era necessário melhorar para o próximo ano), a surpresa, gratidão, aceitação, alegria. E desfrute. Sim, porque aquela semana em Nova Iorque foi coisa de filme, de fotos com Ban Ki-moon na Assembleia Geral da ONU a jantar de homenagem no Cipriani, além dos incríveis painéis na Times Square.
Mas a pergunta segue: o que é ser uma pioneira? No dicionário, a definição é “palavra usada para descrever alguém que é o primeiro a abrir caminho por meio de uma região mal conhecida”. Desbravador, descobridor, aquele que prepara os resultados futuros. Isso se relaciona diretamente ao que faço em sustentabilidade há quase duas décadas. Então, sinto-me um pouco mais confortável nesse belo rótulo, acomodo-me melhor nessa “fantasia” e consigo carregar um pouco mais esse importante título.
Para falar a verdade, não sei se Nova Iorque me deixou meio anestesiada depois de minha imagem ter sido mostrada no painel da Reuters ou naquele embaixo da loja do M&M — sem deslumbramento, apenas com uma sensação de “é isso então” —, mas foi somente ao retornar ao Brasil que senti a necessidade de pensar sobre o que tinha acontecido. De assumir a responsabilidade por essa deferência que recebi. Na verdade, as pessoas me lembram mais desse reconhecimento do que eu mesma. Quando me enviam e-mails me nominando e parabenizando; quando meu chefe diz a uma ex-funcionária minha que ela trabalhou com uma das dez melhores do mundo; quando meu time ou o pessoal do mercado me lembram.
Bate uma responsabilidade. Ou aumenta. De olhar para você, seus gestos, suas falas, seus sorrisos e olhares. E pensar que, talvez, seu lugar no mundo seja esse. Tentando ajudar a construir um futuro necessário, urgente. Inspirando essa nova geração tão especial com quem tenho o privilégio de trabalhar — Luiza, Rebeca, Luanny, Catarina e Giovanna, obrigada! Despertando um novo pensamento no executivo que ainda estava distante do tema. Bolando novos métodos, estratégias, formas, formatos. E sempre com a legião de outros pioneiros — com ou sem reconhecimento da ONU, o são — a fazer o mesmo. A lutar bravamente para que a temperatura do planeta não aumente mais do que o aceitável — não me arrisco mais a falar em graus —, para que a gente reveja nossos negócios, comportamentos, pensamentos.
Quando estava indo para a COP de Paris, em 2015, tive o seguinte insight sobre mim: “eu não tive filhos, mas trabalho para deixar um mundo melhor para os filhos do mundo”. Talvez seja disso que se trate. Talvez a melhor moldura para este pensamento inspirador seja mesmo aquela noite em Nova Iorque, véspera de retorno ao Brasil, depois de tudo. Sentada na Times Square, embaixo do painel da Reuters onde minha caricatura rosa de pioneira passava randomicamente. Eu ali, olhando para mim mesma, no local icônico da cidade que nunca dorme, degustando cada segundo daquele momento mágico. Que bom que o painel era alto, que eu tinha que ficar com a cabeça voltada para cima a fim de me ver. Pois é a postura que se deve ter neste momento: elevar os olhos para o céu e agradecer.
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Posted: 13 May 2019 08:20 AM PDT
Manifestação pública em 2015 sobre desaparecimentos forçados no México. Foto: Daniel Cima/CIDH
Ao final de uma visita de cinco dias ao México em abril, a chefe de direitos humanos das Nações Unidas afirmou que o país está passando por um período “crucial”, no qual precisa reconhecer “as sombras do passado” para poder seguir em frente.
Michelle Bachelet relembrou desaparecimentos forçados, valas clandestinas, torturas de presos e outras violações de direitos humanos no país, elogiando o novo governo do presidente Andrés Manuel López Obrador, que se comprometeu a “buscar os desaparecidos e entregar verdade e justiça às famílias das vítimas”.
Ao longo de sua visita, Bachelet se encontrou com famílias de crianças desaparecidas, com autoridades governamentais, entre outras, destacando que mais de 40 mil mexicanos estão oficialmente desaparecidos. Destes, 10 mil são mulheres e meninas. Além disso, 26 mil corpos não identificados foram registrados, junto a 850 sepulturas sem identificações.
Segundo Bachelet, os números de mortes violentas no México são semelhantes aos de um país em guerra. No total, foram 252.538 mortes violentas desde 2006.
“Meu escritório será um aliado e não hesitará em auxiliar nas investigações”, afirmou. “Iremos reconhecer quando autoridades cumprirem seus compromissos com as famílias das vítimas e também iremos apontar qualquer falta de progresso nos casos”.
Reconhecendo que desaparecimentos continuam, Bachelet disse que “mecanismos adequados” devem ser colocados em vigor, como uma Comissão da Verdade para “garantir a verdade para as vítimas e para a sociedade como um todo”.
‘Feridas que não estão limpas não irão cicatrizar’
“A busca pela verdade está intimamente relacionada com a busca por justiça. As feridas que não estão limpas não irão cicatrizar”, afirmou.
“As feridas abertas do passado, e aquelas que persistem no presente, exigem verdade, justiça, reparação e garantias de que não haverá repetição. A cura não acontece automaticamente; será resultado de ações e políticas concretas”.
Bachelet elogiou a disposição do presidente Obrador de colocar direitos humanos no centro de seu governo.
“Reconheço sua determinação e expresso minha prontidão e de meu escritório no México para apoiar esta importante mudança política”, afirmou.
Ela destacou que antes mesmo de assumir, o governo a havia convidado para uma visita, feita no início do mandato do presidente. Bachelet definiu o convite como “uma abertura para fortalecer a cooperação com organizações internacionais” a fim de promover uma sociedade que respeita direitos humanos.
“Os primeiros passos nesta direção são fundamentais”, afirmou, dizendo que o governo reconheceu a responsabilidade do Estado por sérias e amplas violações de direitos humanos, além de se desculpar por décadas de infrações.
Destacando o emblemático caso de Ayotzinapa, onde 43 estudantes de uma escola de formação de professores desapareceram, Bachelet afirmou que o governo e sua equipe irão trabalhar juntos para encontrar a verdade. O suposto assassinato dos estudantes foi subsequentemente encoberto, em meio a acusações de corrupção.
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Posted: 13 May 2019 08:02 AM PDT
Ação do Botafogo homenageou as 11,6 milhões de brasileiras que criam seus filhos sozinhas. Foto: Botafogo/Vitor Silva
Em jogo contra o Fluminense no último sábado (11), no Rio de Janeiro (RJ), o Botafogo entrou em campo com um cartaz em que a estrela icônica do seu emblema havia desaparecido. O sumiço de um dos símbolos alvinegros foi intencional. O objetivo do clube carioca era homenagear outras “estrelas solitárias” — as 11,6 milhões de mães solteiras no Brasil que têm de criar seus filhos sozinhas.
Realizada na véspera do Dia das Mães, a ação de conscientização foi fruto de uma parceria com a ONU Mulheres. Com a estratégia, o Botafogo apoiou o movimento ElesPorElas ( HeForShe, em inglês), uma iniciativa da agência das Nações Unidas para mobilizar homens e meninos pelo fim das desigualdades de gênero e em prol dos direitos das mulheres e meninas.
“A estrela solitária saiu do escudo para lembrar de outras: as 11,6 milhões de mulheres que criam seus filhos sozinhas. Estamos com elas. Feliz Dia das Mães”, lia-se no cartaz que o Botafogo levou para os gramados do Maracanã.
Segundo a representante interina da ONU Mulheres no Brasil, Ana Carolina Querino, a iniciativa foi “um chamamento público para que os homens assumam a sua responsabilidade como pais e cuidadores, fazendo defesa para o fim da ausência dos homens na sua condição de pais”.
O presidente do Botafogo, Nelson Mufarrej, afirmou que o “Botafogo faz questão de usar a força da instituição para dar luz a essa importante causa”.
“Essa ação é a forma que encontramos para homenagear as mães nesse dia especial. O futebol é dominado por exemplos de mães solitárias que lideram famílias com muito sacrifício. A nossa campanha vem para ajudar a romper as barreiras existentes”, completou o gestor.
Nas redes sociais, o lance do Botafogo ganhou o apoio da atriz Taís Araújo, que é também defensora dos Direitos das Mulheres Negras da ONU Mulheres.
A artista afirmou que as mães solteiras “concentram responsabilidades familiares e cobranças sociais”. “Nesse Dia das Mães, vamos lembrar dessas estrelas”, completou Taís em tweet que compartilhava a campanha do time alvinegro.
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Posted: 13 May 2019 07:29 AM PDT
Foto: PEXELS (CC)
Em reunião dos ministros da Agricultura do G20, em Niigata, no Japão, o chefe da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura ( FAO), José Graziano da Silva, alertou na sexta-feira (11) para o que descreveu como uma “globalização da obesidade”. Atualmente, mais de 2 bilhões de pessoas no mundo estão acima do peso. Mais de 670 milhões delas são obesas.
De acordo com a FAO, a obesidade agrava os riscos de doenças crônicas como diabetes, hipertensão, problemas cardíacos e algumas formas de câncer. Projeções sugerem que o número de pessoas obesas no planeta deve ultrapassar em breve os 821 milhões de indivíduos que sofrem com a fome. A inversão já foi registrada na América Latina e Caribe.
“A fome é o pior tipo de desnutrição e deve ser enfrentada, mas temos que ter em mente que outras formas de desnutrição, como a obesidade, também estão causando danos cada vez maiores e graves à humanidade”, ressaltou Graziano da Silva na reunião com lideranças do G20.
Para o dirigente, a obesidade deve ser combatida por meio de fortes parcerias público-privadas. “Para abordar os problemas interligados da fome, obesidade e mudanças climáticas, a comunidade internacional precisa introduzir normas e padrões que transformem os sistemas alimentares, de modo que eles forneçam, de maneira sustentável, alimentos saudáveis e nutritivos para todos”, cobrou o chefe da FAO.
O especialista explicou que os atuais sistemas alimentares estão deixando de oferecer às pessoas alimentos saudáveis e os nutrientes necessários em uma dieta adequada.
“Como resultado, as pessoas estão comendo cada vez mais”, disse o dirigente da agência da ONU, que explicou que os atuais desafios de nutrição envolvem não apenas a disponibilidade de comida para todos, mas também a garantia da qualidade no que chega ao consumidor.
Reunião dos ministros da Agricultura do G20. Foto: FAO
“Embora a fome esteja principalmente circunscrita às áreas afetadas por conflitos ou pelos impactos da mudança climática, a obesidade está em toda parte: estamos testemunhando sua globalização”, acrescentou Graziano.
Oito dos 20 países com as maiores taxas de aumento da obesidade adulta estão na África. No mundo, das 38 milhões de crianças com excesso de peso, na faixa etária abaixo dos cinco anos, quase metade está na Ásia.
Em nível global, o sobrepeso e a obesidade têm um custo exorbitante para a saúde e em perdas de produtividade — os prejuízos são estimados em 2 trilhões de dólares por ano. O montante é equivalente ao impacto do tabagismo ou dos conflitos armados.
Papel das empresas
Na visão da FAO, promover uma boa nutrição e dietas saudáveis não é uma tarefa individual, mas uma responsabilidade pública, que não se limita aos governos.
“Somente com o envolvimento do setor privado e da sociedade civil esta questão séria pode ser resolvida. Para regulamentar sistemas alimentares sustentáveis para dietas saudáveis, é preciso o apoio da indústria alimentícia”, afirmou Graziano.
O chefe da FAO citou o exemplo do Chile, onde relatos sugerem que a adoção de um sistema mais claro de rotulagem de alimentos levou à redução da obesidade entre crianças.
Inteligência artificial
Graziano disse ainda que são essenciais os avanços em inovação agrícola, capazes de lidar com as mudanças climáticas e apoiar os agricultores familiares. O uso de tecnologias e métodos novos de organização da produção foi considerado fundamental pelo dirigente para garantir o cumprimento, até 2030, dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
“Inovar para os agricultores familiares e abordar os fatores que impedem as transições para sistemas agroecológicos diversificados deve se tornar uma prioridade maior. A tecnologia sozinha não pode fornecer respostas para os desafios globais nem capacitar os agricultores familiares, mas pode aumentar as opções e facilitar a implantação de soluções eficazes”, defendeu Graziano.
O especialista lembrou as possibilidades associadas à inteligência artificial, à edição de genoma e às tecnologias de contabilidade distribuída. Segundo o chefe da FAO, é necessário assegurar que a tecnologia atenda aos pobres, visando ao desenvolvimento inclusivo, e seja usada para ensinar as pessoas a lidar com riscos e vulnerabilidades.
Graziano deu o exemplo do Nuru, um aplicativo para smartphone desenvolvido pela FAO em cooperação com a Universidade Estadual da Pensilvânia para lidar com a rápida disseminação da lagarta do outono. Essa praga apareceu pela primeira vez no oeste da África, em 2016, e depois se espalhou rapidamente por todos os países da África Subsaariana, infectando milhões de hectares de milho e ameaçando a segurança alimentar de mais de 300 milhões de pessoas.
“O Nuru é baseado no aprendizado de máquina e em inteligência artificial. Ele é executado dentro de um telefone Android padrão e pode funcionar também offline”, explicou o dirigente da agência da ONU.
“Com o Nuru, os agricultores podem segurar o telefone ao lado de uma planta infestada, e o aplicativo pode confirmar imediatamente se a lagarta causou o dano. Eles podem tomar medidas imediatas para destruí-la e impedir sua disseminação.”
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