Boletim diário da ONU Brasil: “Brasil lança campanha de vacinação contra gripe com base em recomendações da ONU” e 6 outros.
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qua, 10 de abr 18:26 (há 6 dias)
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Posted: 10 Apr 2019 01:17 PM PDT
Lançamento da campanha nacional de vacinação do Brasil contra a gripe em Porto Alegre (RS). Foto: Ministério da Saúde/Erasmo Salomão
O Ministério da Saúde do Brasil lançou nesta quarta-feira (10), em Porto Alegre (RS), uma campanha nacional de vacinação contra a influenza, também conhecida como gripe. Até 31 de maio, a pasta pretende vacinar 58,6 milhões de pessoas em 5.570 municípios e 34 distritos sanitários especiais indígenas. Os grupos prioritários da iniciativa foram escolhidos conforme as recomendações da Organização Pan-Americana da Saúde ( OPAS) e da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Entre os dias 10 e 18 de abril, serão priorizadas as gestantes e as crianças com idade de seis meses a menores de seis anos (5 anos, 11 meses e 29 dias). Esses são os grupos considerados mais vulneráveis às complicações causadas pela doença.
A partir de 22 abril, a vacinação se estenderá aos demais públicos-alvo da campanha: puérperas (mulheres que deram à luz recentemente), profissionais da área de saúde, povos indígenas, pessoas idosas, professoras(es), pessoas com doenças crônicas e outras categorias de risco clínico, população privada de liberdade, incluindo adolescentes e jovens de 12 a 21 anos sob medida socioeducativa, e funcionárias(os) do sistema prisional.
O dia D de mobilização será no 4 de maio – um sábado em que postos de vacinação de todo o país estarão abertos.
Quando a pessoa for se vacinar, é importante levar junto o próprio cartão de vacinação e o das filhas ou filhos. Assim, os profissionais de saúde poderão ver se são necessárias outras vacinas.
Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde, já foram notificados 255 casos de influenza no Brasil este ano, com 55 óbitos. Os números foram avaliados até 23 de março.
No mundo, estima-se que a cada ano haja 1 bilhão de ocorrências de gripe, que resultam em até 650 mil mortes. A medida mais eficaz para prevenir a influenza grave e suas complicações é a vacinação.
Entre outras importantes ações preventivas, estão:
- Lavar as mãos regularmente (com secagem adequada);
- Evitar tocar nos olhos, nariz ou boca;
- Tentar não manter contato próximo com pessoas doentes;
- Autoisolamento precoce daqueles que se sentem mal, febris e apresentam outros sintomas da gripe;
- Cobrir a boca e o nariz ao tossir ou espirrar, usando tecidos e descartando-os adequadamente.
Os vírus da gripe sofrem mutações constantemente. Por isso, a Rede Global de Vigilância de Influenza da OMS (GISN, na sigla em inglês) — uma aliança de 144 Centros Nacionais de Influenza de todo o mundo — monitora os vírus que circulam em humanos. Três dessas instituições ficam no Brasil.
Estratégia global
A OMS lançou em março deste ano uma estratégia global de controle da influenza para o período 2019-2030. O novo plano busca prevenir a gripe sazonal, controlar a disseminação da gripe dos animais para os seres humanos e se preparar para a próxima pandemia da doença.
O marco da agência da ONU tem dois objetivos principais: o primeiro é construir nos países capacidades mais fortes de vigilância e resposta a doenças, prevenção e controle, bem como preparação. Para alcançar essa meta, a estratégia pede que todos os Estados-membros tenham um programa de influenza adaptado, capaz de contribuir para a preparação nacional e global, assim como para a segurança da saúde.
O segundo objetivo é desenvolver ferramentas melhores para prevenir, detectar, controlar e tratar a gripe. Exemplos disso são as vacinas, os antivirais e formas de tratamentos mais eficazes, além de medidas para tornar esses recursos acessíveis a todos os países.
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Posted: 10 Apr 2019 12:47 PM PDT
Projeto Transdiálogos leva conhecimento e sensibilização sobre os desafios da população LGBT para profissionais de saúde de Porto Alegre. Foto: UNAIDS
Em Porto Alegre (RS), o projeto Transdiálogos capacita profissionais de saúde para melhorar o atendimento à população LGBT. Iniciativa faz parte da resposta do município à epidemia de HIV. A cidade é a capital brasileira com a maior taxa de detecção do vírus — eram 65,9 casos para cada 100 mil habitantes em 2018, segundo o governo. Entre gays, lésbicas, pessoas trans e bissexuais, a vulnerabilidade à infecção por HIV aumenta.
O Transdiálogos é fruto de uma parceria entre o Executivo municipal, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento ( PNUD) e o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS). A estratégia é implementada desde 2014.
“O projeto busca a promoção de práticas de humanização do sistema de saúde para acolher esse grupo (a população LGBT), fazendo com que se sinta seguro e respeitado. É um reforço ao sistema público de saúde com foco na inclusão”, explica o gerente de projeto na área de saúde do PNUD Brasil, Joaquim Fernandes.
Dados do Ministério da Saúde apontam que 827 mil pessoas vivem com HIV no Brasil, mas apenas 55% estão em tratamento. Cerca de 45 mil se infectam com o vírus no país por ano.
Em 2012, o governo do Rio Grande do Sul e 14 municípios do estado aderiram à Declaração de Paris, um compromisso global da ONU para atingir, até 2020, as chamadas metas 90-90-90. Esses objetivos incluem: ter 90% de todas as pessoas vivendo com HIV cientes de que possuem o vírus, 90% de todas as pessoas diagnosticadas com HIV recebendo terapia antirretroviral ininterruptamente e 90% de todas as pessoas em tratamento com supressão da carga viral.
A Prefeitura de Porto Alegre é uma das signatárias do acordo. O Transdiálogos é uma das ações implementadas pela capital gaúcha para alcançar os índices previstos no marco das Nações Unidas.
Segundo a oficial de projeto do PNUD, Lilia Rossi, garantir o princípio de equidade do Sistema Único de Saúde (SUS), ampliando o acesso aos serviços, é uma medida necessária para lidar com os desafios associados à realidade epidêmica de Porto Alegre.
“Em termos de políticas públicas, trabalhar com os profissionais de saúde é fundamental para ampliação do acesso e garantia de direitos da população mais vulnerável. No total, desde 2014, 120 unidades de saúde já foram cobertas pelas ações do projeto. Até o fim do ano, serão 141”, afirma.
Os encontros de capacitação com os profissionais de saúde acontecem nas próprias unidades, com a participação da equipe técnica da Secretaria Municipal de Saúde e uma representante da Associação Igualdade, que apoia o projeto.
“Apresentamos alguns conceitos primordiais e distribuímos materiais informativos para os profissionais de saúde a fim de sensibilizá-los. Após a intervenção, fazemos uma avaliação rápida sobre a abordagem”, explica a coordenadora da área de políticas de saúde integral LGBTQI+, da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre, Simone Nunes Avila.
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Posted: 10 Apr 2019 11:49 AM PDT
Edital visa compreender como a monitoração eletrônica tem contribuído para enfrentar a superlotação do sistema carcerário brasileiro. Foto: CNJ
O projeto Justiça Presente, criado para enfrentar a crise do sistema penal brasileiro, abriu edital para a realização de diagnósticos e avaliações sobre as experiências de monitoração eletrônica no país. Objetivo é compreender o papel dessa ferramenta na redução da superlotação e da superpopulação prisionais. Seleção recebe inscrições até 19 de maio.
Acesse o edital clicando aqui.
O Justiça Presente é fruto de uma parceria entre o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento ( PNUD). Com o edital, o projeto quer entender e combater os principais problemas na execução dos serviços de monitoração eletrônica. A proposta é compreender os desafios associados às dimensões tecnológicas e aos fluxos metodológicos dos serviços de monitoramento. A avaliação deverá analisar o papel de diversos atores nessa forma de acompanhamento, incluindo a própria pessoa monitorada.
De acordo com o PNUD, a pesquisa exigirá o uso de técnica quantitativa e qualitativa e uma abordagem interdisciplinar para traçar um panorama sobre os serviços de monitoração eletrônica em todo o país. O diagnóstico deve incluir levantamentos em processos, identificação de padrões discursivos, análise de atores envolvidos e investigação de rotinas de atendimento e acompanhamento dos monitorados.
A coordenadora da Unidade de Paz e Governança Democrática do PNUD, Moema Freire, ressalta que a análise será realizada no contexto de ações voltadas à redução da superlotação e da superpopulação carcerárias. “Seus resultados serão uma importante contribuição para o avanço das estratégias relacionadas à aplicação da monitoração eletrônica no país”, diz a especialista.
“Essa pesquisa inédita nos permitirá conhecer a fundo a realidade da monitoração eletrônica no país e, a partir desses dados, qualificar a política judiciária no tema”, acrescenta o coordenador do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas (DMF/CNJ), Luís Lanfredi.
Para o diretor-executivo do DMF, Victor Pimenta, o edital é uma oportunidade para o CNJ e a sociedade em geral conhecerem mais sobre os serviços de monitoração eletrônica e sobre a aplicação dessas políticas pelo Judiciário. “A monitoração tem repercutido em um menor uso da prisão ou estamos colocando tornozeleiras em pessoas que já estariam em liberdade? Esperamos que a pesquisa possa nos ajudar a responder perguntas como essa.”
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Posted: 10 Apr 2019 11:16 AM PDT
Clique para exibir o slide.A violência e a criminalidade na América Latina devem ser combatidas não apenas com a aplicação da lei, mas com a garantia de mais qualidade de vida à população, incluindo o combate a violações de direitos humanos e às desigualdades. A avaliação é do assessor especial da ONU para a segurança humana, Yukio Takasu, que esteve em evento no Rio de Janeiro (RJ) na segunda-feira (8).
Takasu participou da Assembleia Geral do Comitê Permanente da América Latina para Prevenção do Crime (COPLAD), programa do Instituto Latino-Americano das Nações Unidas para Prevenção do Crime e Tratamento do Delinquente (ILANUD). O órgão de assessoramento das Nações Unidas enviará contribuições ao próximo Congresso da ONU de Prevenção ao Crime e de Justiça Criminal, que ocorrerá em abril de 2020 em Quioto, no Japão.
Em entrevista ao Centro de Informação da ONU para o Brasil (UNIC Rio), Takasu explicou que as Nações Unidas têm adotado oficialmente desde 2012 o conceito de “segurança humana”, que para além das políticas de repressão ao crime, visa tratar a segurança como algo mais abrangente do ponto de vista do desenvolvimento sustentável.
“O conceito de segurança humana é relativamente novo, começou a ser adotado em 1994, quando o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) lançou um relatório sobre o tema, afirmando que o desenvolvimento deveria ser entendido de uma maneira mais ampla”, disse.
“Mas ninguém adotou essa abordagem na agenda política naquela época. No fim dos anos 1990, esse tema passou a ser mais falado, após a crise financeira. Apenas em 2012 a Assembleia Geral da ONU adotou uma resolução com um entendimento comum sobre o que a segurança humana significava.”
Segundo Takasu, o conceito aborda todo o espectro de direitos humanos e significa que cada indivíduo tem direito à vida e à dignidade. Tal abordagem ganhou mais força após a aprovação pela comunidade internacional em 2015 da Agenda 2030 e seus 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Takasu lembrou que o ODS 16, que visa promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, é essencial para o alcance dos demais objetivos globais. “Todas as metas são de alta prioridade para os países latino-americanos, especialmente para o Brasil que tem uma das maiores taxas de homicídios da região.”
O Brasil subiu duas posições entre 2015 e 2016 e passou a ter a sétima maior taxa de homicídio da região das Américas, com um indicador de 31,3 mortes para cada 100 mil habitantes, de acordo com relatório publicado em maio do ano passado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Segundo a publicação “ World Statistics 2018”, que apresenta as mais recentes estatísticas mundiais de saúde, o país das Américas com maiores índices de homicídios é Honduras, com uma taxa de 55,5 mortes para cada 100 mil habitantes. Em seguida está a Venezuela (49,2), que passou para a segunda posição antes ocupada por El Salvador (46), atualmente em terceiro lugar.
Os demais países com altos índices de homicídio são Colômbia (quarto lugar), com 43,1 assassinatos para cada 100 mil habitantes; Trinidad e Tobago (quinto lugar), com 42,2; e Jamaica (sexto lugar), com índice de 39,1.
Segundo o Atlas da Violência publicado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública no ano passado, em 2016, o Brasil alcançou a marca histórica de 62.517 homicídios. Isso equivale a uma taxa de 30,3 mortes para cada 100 mil habitantes, que corresponde a 30 vezes a taxa da Europa. Apenas nos últimos dez anos, 553 mil pessoas perderam suas vidas devido à violência intencional no Brasil.
De acordo com Takasu, os países latino-americanos estão sofrendo com problemas de capacidade em segurança e Justiça, assim como baixa confiança por parte da população nas instituições e na polícia.
Diante desse cenário, ele afirmou ser necessário identificar as causas da violência e da criminalidade, como falta de governança e de acesso da população a serviços, além da discriminação e da exclusão social.
Sugeriu também avançar em uma abordagem integrada, envolvendo setores público, privado e sociedade civil, em constante consulta às comunidades locais. “É necessário reunir atores para trabalhar de maneira cooperativa. (…) As comunidades locais estão em melhor posição para construir ambientes seguros”.
Para o especialista, é necessário também focar na proteção das populações mais vulneráveis, como mulheres e crianças.
“É muito importante que os países latino-americanos apresentem uma perspectiva regional na conferência de Quioto. O crime deve ser combatido não apenas com a aplicação da lei, mas com mais qualidade de vida”, disse, completando que as políticas públicas de segurança devem ser baseadas em evidências científicas.
Takasu salientou que a Agenda 2030 é muito mais abrangente do que os anteriores Objetivos do Milênio, cujo prazo foi encerrado em 2015. Segundo ele, as metas que precisam ser alcançadas agora pelos países nos próximos 11 anos não incluem apenas o combate à pobreza e o impulso à saúde, por exemplo, mas também questões como fim da discriminação, redução das desigualdades, promoção da igualdade social e da proteção ao meio ambiente.
Para o assessor especial da ONU, a prevenção e o controle da criminalidade não podem ser feitos de maneira isolada, mas devem incluir aspectos que visem ao desenvolvimento sustentável e à justiça social como um todo.
“Uma forma de prevenir (a criminalidade) também é ter dados estatísticos melhores. (…) É necessário padronizar os indicadores entre os países latino-americanos, para que eles possam monitorar o progresso”, afirmou.
A Assembleia Geral do COPLAD realizada no Rio de Janeiro teve entre seus objetivos elaborar uma proposta de criação de um monitor para homicídios na América Latina.
Desigualdades
O desembargador Reis Friede, presidente do Tribunal Regional Federal (TRF) da 2ª região, enfatizou durante o evento no Rio a importância de se ir além do conceito tradicional de segurança — focado na segurança física e de territórios — incluindo também as questões sociais.
Ele disse ser especialmente necessária essa abordagem diante do cenário brasileiro em que 60 mil homicídios são registrados anualmente no país, sendo mais da metade jovens entre 15 e 29 anos. Entre 2006 e 2016, houve um crescimento de 23% do assassinato de pessoas negras, salientou.
Durante o evento, a ativista de direitos humanos norte-americana e presidente da organização sem fins lucrativos Robert F. Kennedy Human Rights, Mary Kerry Kennedy, recebeu o Prêmio de Segurança Humana das mãos do assessor especial da ONU.
Em seu discurso de agradecimento, ela afirmou que “sempre que uma vida é tirada pela violência, a imagem de uma nação inteira é degradada”.
Ela comentou ainda a pressão sofrida por meninos e homens em todos os países para serem mais violentos com o objetivo de aparentar uma suporta virilidade, o que acaba gerando violência contra mulheres, contra outros homens e contra eles mesmos.
“Ensinamos estudantes a conversar sobre suas emoções, já são 3 milhões de estudantes alcançados”, declarou, referindo-se ao trabalho de sua organização.
Entre os desafios de segurança, ela destacou os altos índices de feminicídio na América Latina, a falha dos países em levar à Justiça aqueles que matam pessoas de grupos vulneráveis e ativistas de direitos humanos, assim como os altos índices de impunidade para os assassinatos em geral cometidos na região. “Homicídios também são cometidos pela polícia, treinada para matar sem responsabilização”, declarou.
Os países-membros do COPLAD são Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela.
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Posted: 10 Apr 2019 10:50 AM PDT
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Posted: 10 Apr 2019 08:38 AM PDT
Paciente com princípio de dengue é tratado num hospital em Buga, na Colômbia. Foto: OPAS
A Organização Pan-Americana da Saúde ( OPAS) divulgou na terça-feira (9) um relatório com dez recomendações para que países das Américas consigam levar serviços de saúde para toda a população. Entre as orientações, está a criação de mecanismos de regulação do setor privado. Carissa Etienne, chefe da agência da ONU, lembra que a “saúde é um direito humano fundamental, não é um privilégio nem uma mercadoria”.
“Sem os recursos necessários, um firme compromisso do Estado e vontade política, a saúde universal não será uma possibilidade”, acrescentou a dirigente em evento no México para o lançamento da publicação.
Atualmente, estima-se que 30% da população das Américas não tenha acesso aos cuidados de saúde de que precisa. Para apoiar os países a alcançar a saúde universal, conforme previsto pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ODS), a OPAS criou em fevereiro de 2018 uma comissão de alto nível sobre o tema. O relatório difundido nesta semana é o primeiro produzido pela entidade.
Também presente na apresentação do documento, Néstor Méndez, secretário-geral adjunto da Organização dos Estados Americanos (OEA) e presidente da comissão da OPAS, ressaltou que “as Américas ainda sofrem com uma desigualdade persistente que resultou em acesso insuficiente a serviços públicos de qualidade”.
“É vital que os sistemas de saúde sejam fortalecidos e integrados aos sistemas de proteção social, com capacidade de influenciar os determinantes sociais da saúde, como pobreza e exclusão, a fim de melhorar a saúde da população”, acrescentou o dirigente.
“Devemos isso aos mais vulneráveis das Américas, aqueles que não podem esperar mais para ter uma vida saudável e se beneficiar de serviços de saúde de qualidade, oportunos e acessíveis.”
Entre as recomendações da OPAS para a universalização da cobertura de saúde, estão:
- Desenvolver modelos de atenção baseados na atenção primária à saúde (APS);
- Gerar mecanismos de participação social;
- Gerar mecanismos de regulação e controle do setor privado;
- Eliminar barreiras ao acesso à saúde;
- Abordar os determinantes sociais com intervenções intersetoriais;
- Reposicionar a saúde pública como eixo orientador da resposta do Estado;
- Valorizar recursos humanos como protagonistas da APS.
Segundo a chefe de Direitos Humanos da ONU e integrante da comissão, Michelle Bachelet, “a saúde é um dos direitos que devemos garantir a todas e todos, sem qualquer tipo de exclusão”. “No entanto, é também uma das áreas em que há maior vulnerabilidade”, lamentou a representante das Nações Unidas.
Na avaliação da ex-presidenta do Chile, são necessárias “garantias explícitas e verificáveis” de que a saúde seja um direito concreto para as pessoas. Michelle pediu que os Estados se comprometam com o avanço da qualidade e da igualdade no atendimento.
“O direito à saúde é construído deixando para trás relações desiguais e investindo em serviços de saúde próximos às pessoas”, disse a dirigente. “Governos, sociedade civil e setor privado devem se envolver.”
A publicação da comissão da OPAS enfatiza a necessidade de investir na atenção primária de saúde. O documento foi apresentado em evento que reuniu os 17 membros da comissão, bem como delegações de 28 países das Américas, incluindo 18 ministros da Saúde da região.
O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, disse que o encontro ocorreu no momento em que o país começa uma transformação na saúde. “Vamos garantir que o direito à saúde seja uma realidade delineada na Constituição”, afirmou o chefe de Estado.
López Obrador anunciou que seu governo realizará mudanças para prestar assistência médica aos 60 milhões de mexicanos que hoje não têm direito à seguridade social. “Vamos integrar o sistema de saúde, federalizá-lo e criar um sistema nacional de saúde e bem-estar que cuide daqueles que não têm a possibilidade de obter seguro.”
O relatório da comissão vai orientar o trabalho da OPAS e a cooperação técnica que o organismo presta a seus países-membros. As recomendações também vão contribuir para os preparativos regionais para a Reunião de Alto Nível sobre Cobertura Universal de Saúde, a ser realizada em setembro na Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque.
Acesse a publicação: em espanhol ou em inglês.
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Posted: 10 Apr 2019 07:59 AM PDT
Foto: Capa do relatório “Situação da População Mundial 2019”
O movimento global de direitos reprodutivos, que começou na década de 1960, transformou a vida de centenas de milhões de mulheres, de modo que elas pudessem ter informações e meios necessários para decidir sobre seus corpos e seu futuro.
No entanto, apesar dos avanços desde a criação da agência da ONU especializada em saúde sexual e reprodutiva, há um longo caminho a percorrer até que todas as pessoas possam reivindicar seu direitos e a liberdade de decidir. A conclusão é do relatório “Situação da População Mundial 2019: Um Trabalho Inacabado”, publicado nesta quarta-feira (10) pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA).
No caminho para os direitos e a liberdade de decidir, as mulheres e meninas encontraram obstáculos sociais e econômicos a cada passo. Os avanços, assim como os desafios, são expostos no levantamento a partir de dois marcos importantes: o início das atividades do UNFPA, em 1969, e a Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (CIPD), realizada no Cairo em 1994. Na ocasião, 179 governos se comprometeram a garantir acesso de todas as pessoas a cuidados em saúde reprodutiva, especialmente planejamento familiar voluntário e serviços seguros de gravidez e parto.
De acordo com o relatório, mudanças significativas ocorreram desde então. Naquela década, o número médio de nascimentos por mulher era de 4,8, comparado a 2,9 em 1994 e 2,5, atualmente. Para a América Latina e Caribe, tendência similar é verificada — a taxa de fecundidade era de 5,4 em 1969, de 3 em 1994 e, atualmente, de 2. Para o Brasil, a taxa era de 5,2, 2,6 e 1,7, respectivamente.
Com relação às mortes maternas, o relatório mostra avanços significativos. O número de mulheres que perderam a vida por causas relacionadas à gravidez, parto ou puerpério diminuiu de 369 por 100 mil nascidos vivos, em 1994, para 216 em 2015. Para a América Latina e Caribe, a razão foi de 117, em 1994, e 68 em 2015. O Brasil também apresenta redução neste indicador, sendo 88 para 1994 e 44 para 2015.
No entanto, os direitos reprodutivos permanecem fora do alcance de muitas mulheres. Globalmente, mais de 200 milhões delas desejam evitar a gravidez, mas não têm à disposição informações sobre contraceptivos modernos ou serviços que os forneçam.
O percentual de mulheres casadas ou em algum tipo de união com idade entre 15 e 49 anos que pretendem prevenir ou postergar a gravidez, mas não estão usando nenhum método contraceptivo, é de 7% para Brasil, 10% para América Latina e Caribe e de 12% no mundo.
Duas décadas e meia depois, a visão da CIPD permanece refletida na Agenda 2030 e seus 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Em 1º de abril, ministros e representantes de governo reafirmaram o compromisso político com as metas, reconhecendo que a saúde reprodutiva, os direitos individuais e o empoderamento das mulheres são a chave para o desenvolvimento sustentável. A declaração ocorreu por ocasião da 52ª sessão da Comissão de População e Desenvolvimento, em Nova Iorque.
Para o representante do UNFPA no Brasil, Jaime Nadal, os esforços precisam ser intensificados, e cada pessoa precisa ser compreendida em sua especificidade para que de fato os compromissos firmados em 1994 na Conferência possam ser alcançados.
“O compromisso para o alcance da agenda firmada em 1994 no Cairo indica a necessidade de acesso irrestrito a informação, serviços e insumos em saúde sexual, reprodutiva e direitos”, disse Nadal, lembrando que isso é necessário para que todas as mulheres tenham meios de decidir se vão engravidar, quantas vezes, com quem e quando.
“Esse esforço é da mesma maneira fundamental para que as mortes maternas sejam evitáveis e para que a discriminação e a violência baseada em gênero contra mulheres e meninas seja eliminada”, completou.
Apesar da crescente disponibilidade de informação, serviços e insumos em saúde sexual e reprodutiva, muitas mulheres ainda não podem exercer seus direitos, segundo a agência das Nações Unidas.
Centenas de milhões ainda não têm acesso a esses insumos e às escolhas reprodutivas que os acompanham. De acordo com o UNFPA, barreiras sociais, econômicas e culturais precisam ser removidas para que os direitos sejam efetivados.
Clique aqui para acessar o relatório completo.
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