Putin, Duterte e extrema-direita veem com bons olhos chegada de Trump
Líderes populistas comemoram eleição do republicano nas redes sociais
MOSCOU E MANILA - Enquanto uma fração significativa das lideranças mundiais entrou em luto com a eleição de Donald Trump, uma ala de autoridades políticas controversas reagiu euforicamente à entrega da chave da Casa Branca ao republicano. Países que mantiveram relação fria ou hostil com o governo de Barack Obama encaram a vitória do magnata como uma chance de recomeço de relacionamento. No rol dos esperançosos estão o presidente russo, Vladimir Putin, a líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, e o premier israelense, Benjamin Netanyahu. A lista conta também com um nome inusitado — Malik Obama, meio-irmão do atual mandatário americano.
Originário de uma pequena aldeia no oeste do Quênia, Malik se juntou recentemente à causa de Trump após acusar seu irmão mais novo de desonestidade, arrogância e de não ter feito mais pelo país africano. Para ele, o presidente eleito é um “Malcolm X reencarnado, um Malcolm X branco”, referindo-se ao lendário e controverso defensor dos direitos civis dos negros americanos.
No Twitter, Malik comemorou: “Felicito o presidente Trump! Deus é grande!”, e denunciou a “mídia corrupta”.
Na Índia, um grupo de simpatizantes de Trump chegou a celebrar sua vitória quatro dias antes de as eleições acontecerem. Entre os chefes de Estado, o primeiro a telefonar para Trump parabenizando-o por sua vitória foi o presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi. Meses atrás, o magnata afirmou que ele e o marechal norte-africano têm uma “boa química”. Sisi foi autor do golpe de Estado que, em 2014, derrubou o presidente Mohamed Mursi, o primeiro eleito democraticamente após a ditadura de quase 30 anos de Hosni Mubarak.
O presidente russo Vladimir Putin também foi um dos primeiros a felicitar o republicano. Num comunicado divulgado pelo Kremlin, Putin “expressou a esperança de um trabalho conjunto para restabelecer as relações russo-americanas, e também para conduzir os assuntos internacionais e buscar respostas eficazes para os desafios da segurança global”. A campanha de Hillary Clinton acusou Moscou de estar por trás do vazamento de 30 mil mensagens do comitê democrata por hackers.
Putin ignorou as acusações e, no fim de outubro, elogiou o candidato republicano:
— Trump pode ser extravagante, mas não é insensato. Ele representa as pessoas comuns e age como uma delas.
ELOGIO DO 'TRUMP DO LESTE'
Outro potencial aliado do magnata é o presidente filipino Rodrigo Duterte, conhecido como “o Donald Trump do Oriente”, por suas declarações irresponsáveis e ocasionalmente obscenas. Nos últimos meses, o líder asiático atacou os EUA, ameaçando cortar pactos de defesa e interromper exercícios militares conjuntos, e xingou o presidente Obama.
— Gostaria de parabenizar o senhor Donald Trump. Vida longa (a ele) — discursou, em visita à Malásia.
Já o controverso premier da Hungria, Viktor Orbán, considerado um dos líderes mais autoritários da Europa, comentou a vitória do republicano no Twitter: “Que ótima notícia. A democracia está viva”. Orbán é criticado por grupos de direitos humanos devido à sua política de imigração. No mês passado, ele prometeu alterar a Constituição para impedir que a União Europeia envie refugiados ao país.
Orbán e Trump compartilham a afinidade por fortalecimento de fronteiras. Enquanto Trump promete construir um muro separando os EUA do México, o húngaro anunciou recentemente que reforçará a cerca de arame farpado na divisa do Sudoeste do país, que serve como porta de entrada na Europa para milhares de refugiados da guerra síria.
O premier israelense, Benjamin Netanyahu, também não escondia sua preferência pelo candidato republicano. Em um comunicado, o primeiro-ministro afirmou que “Trump é um verdadeiro amigo de Israel, e eu estou ansioso para trabalhar com ele para assegurar a estabilidade e a paz de nossa região”.
O premier conservador e Obama tiveram uma série de atritos. Em 2011, na conferência do G-20 em Cannes, um microfone ligado acidentalmente mostrou Obama dizendo ao então presidente francês, Nicolas Sarkozy: “Você está de saco cheio dele (Netanyahu)? Eu tenho que lidar com ele todos os dias”.
Presidente da Frente Nacional, partido francês de extrema-direita, Marine Le Pen elogiou a eleição de Trump no Twitter, antes mesmo da divulgação oficial do resultado: “Parabéns ao novo presidente dos EUA, Donald Trump, e ao povo livre americano!”. O pai de Marine e fundador da legenda, Jean-Marie Le Pen, também usou a rede social para anunciar o futuro que projeta para o cenário político de seu país: “Hoje os EUA, amanhã a França”.
Nigel Farage, ex-líder do partido ultranacionalista inglês Ukip e um dos maiores defensores do Brexit, revelou no Twitter que o resultado da eleição americana não o surpreendeu: “2016 será, aparentemente, o ano de duas grandes revoluções políticas. Eu achava que o Brexit seria grande mas parece que isso (a vitória de Trump) será ainda maior”.
(Com Vivian Oswald, de Pequim)
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