Parlamento da Rússia autoriza uso de tropas na Síria
Segundo governo russo, objetivo é ajudar na luta contra o Estado Islâmico.
Moscou apoia o regime de Bashar al-Assad contra rebeldes locais.
O Parlamento da Rússia concordou com o pedido do presidente do país, Vladimir Putin, e autorizou nesta quarta-feira (30) o envio de tropas aéreas russas à Síria. O objetivo é ajudar o governo sírio a combater militantes do Estado Islâmico (EI).
A medida deve afetar o equilíbrio de forças na Síria, já que, apesar de terem como alvo comum o Estado Islâmico, Rússia e Estados Unidos apoiam forças diferentes no conflito. Enquanto o governo russo apoia o presidente sírio, Bashar al-Assad, as forças ocidentais dão suporte a grupos de rebeldes locais, que são contrários a Assad. A guerra civil no país já dura quatro anos e fez mais 250 mil vítimas.
Os ataques aéreos russos na Síria começaram horas após a autorização do Parlamento. Segundo o Ministério da Defesa, os alvos são equipamentos militares, comunicações e depósitos de armas, munição e combustível, informou a agência Interfax.
"Estes ataques aéreos foram feitos de acordo com as forças sírias e com a ajuda do centro de coordenação antiterrorista de Bagdá", disse um responsável do Ministério da Defesa russo, Yuri Yakubov, citado pela Interfax. Segundo ele, os aviões russos foram pilotados por militares sírios.
Decisão da Rússia
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse nesta quarta-feira que a única maneira de combater terroristas é agir preventivamente, dizendo que o envolvimento militar russo no Oriente Médio vai apenas envolver a Força Aérea e será temporário.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse nesta quarta-feira que a única maneira de combater terroristas é agir preventivamente, dizendo que o envolvimento militar russo no Oriente Médio vai apenas envolver a Força Aérea e será temporário.
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Falando durante encontro do governo, Putin disse que ainda era possível e necessário unir esforços internacionais para atacar os militantes islâmicos na Síria.
Segundo o chefe da administração da Presidência russa, Sergei Ivanov, que anunciou mais cedo o envio de tropas, a luta contra o EI é importante para a Rússia.
"Não se trata de conseguir objetivos em política externa, nem de satisfazer ambições, como nos acusam nossos parceiros ocidentais. Trata-se exclusivamente dos interesses da Federação da Rússia", ressaltou o funcionário do Kremlin. A Rússia tem aumentado sua presença militar no país do Oriente Médio.
"A utilização das Forças Armadas no território de um terceiro país só é possível com base em uma resolução da ONU [Organização das Nações Unidas] ou a pedido do governo legítimo desse país. Neste caso, a Rússia será de fato o único país que atuará sobre uma base legítima: a pedido do presidente da Síria", afirmou Ivanov.
"O presidente sírio se dirigiu a nosso país para pedir ajuda militar, portanto podemos dizer que é preciso combater o terrorismo, e que os esforços devem ser combinados, mas que continua sendo necessário respeitar a legislação internacional", disse Ivanov aos jornalistas, após discursar em nome de Putin.
“Se houver uma coalizão unida, o que eu duvido, ou no fim duas coalizões – uma americana e uma russa – elas vão coordenar suas ações”, disse Ivan Konovalov, um especialista militar, à Reuters. “Para as forças russas operarem lá legitimamente era necessária uma lei.”
Há relatos de que a Rússia já está realizando ataques aéreos na Síria, não confirmados pelo Kremlin.
Da última vez que o Parlamento russo concedeu a permissão de tropas no exterior, as forças armadas foram usadas para conquistar a Crimeia da Ucrânia durante o conflito do ano passado.
Apoio na ONU
Putin, que reiterou seu apoio ao regime do presidente sírio, Bashar al-Assad, defendeu a criação de uma coalizão internacional para lutar contra os jihadistas, ao lado do governo de Damasco e do Irã, durante seu pronunciamento na segunda-feira (28) na Assembleia Geral da ONU em Nova York.
Putin, que reiterou seu apoio ao regime do presidente sírio, Bashar al-Assad, defendeu a criação de uma coalizão internacional para lutar contra os jihadistas, ao lado do governo de Damasco e do Irã, durante seu pronunciamento na segunda-feira (28) na Assembleia Geral da ONU em Nova York.
No entanto, após sua reunião com o presidente americano Barack Obama também na segunda, descartou totalmente uma operação terrestre das tropas russas na Síria, mas reconheceu que Moscou estava avaliando o uso da Força Aérea para bombardear posições do Estado Islâmico no país árabe.
Tanto Putin como seu ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, asseguraram que qualquer intervenção militar, seja na Síria ou em outro país, necessita de uma autorização do Conselho de Segurança da ONU para garantir sua legitimidade.
O principal órgão executivo da ONU se reunirá em Nova York após ser convocado pela Rússia, que apresentará seu projeto de resolução sobre a necessidade de coordenar as ações contra o Estado Islâmico e outros grupos terroristas.
Além disso, o Kremlin convidou mais países a se juntarem ao centro de troca de informações para a luta contra os grupos jihadistas que foi criado recentemente junto com Síria, Irã e Iraque.
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