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quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Boletim diário da ONU Brasil: “Países só cumprirão metas da ONU com participação dos jovens, dizem dirigentes” e 12 outros.

Boletim diário da ONU Brasil: “Países só cumprirão metas da ONU com participação dos jovens, dizem dirigentes” e 12 outros.

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Posted: 31 Jan 2018 12:35 PM PST
Salina Abraham, presidente da Associação Internacional de Estudantes de Silvicultura, na abertura do Fórum da Juventude. Foto: ONU/Eskinder Debebe
Salina Abraham, presidente da Associação Internacional de Estudantes de Silvicultura, na abertura do Fórum da Juventude. Foto: ONU/Eskinder Debebe
Se os países não incluírem os jovens em processos decisórios nem acompanharem as mobilizações contra a pobreza, as mudanças climáticas e as desigualdades, a juventude pode acabar “deixando para trás” as instâncias internacionais de governança, como a ONU. O alerta é de ativistas, lideranças comunitárias e também de dirigentes das Nações Unidas, que participaram na terça-feira (30) da abertura do Fórum da Juventude do Conselho Econômico e Social da ONU (ECOSOC).
Atualmente, o mundo é o lar da maior população jovem de toda a história — são 1,8 bilhão de meninos, meninas, adolescentes e jovens adultos, de dez a 24 anos de idade. Essa multidão de millenials e de gente nascida nos anos 1990 está revolucionando a maneira como comunidades enfrentam problemas sociais.
Eles são fonte de inovação e inspiração, mas também enfrentam desafios particulares — 71 milhões de jovens estão desempregados em todo o mundo e outros 161 milhões vivem em situações de pobreza moderada a extrema, apesar de terem um trabalho.
Presente na abertura do fórum, que reuniu até esta quarta-feira (31) mais de 500 defensores da juventude, a vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed, lembrou que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) — um conjunto de metas para erradicar a miséria, acabar com a fome, proteger o meio ambiente e eliminar as desigualdades de gênero — foram pensados “com os jovens”. A dirigente defendeu que a juventude “faça barulho” para ter sua voz ouvida nas decisões visando à implementação dessa agenda.
Reafirmando o lema dos ODS — “não deixar ninguém para trás” —, a enviada especial do secretário-geral das Nações Unidas para Juventude, Jayathma Wickramanayake, enfatizou que “se não acompanharmos o ritmo, os jovens vão deixar a ONU para trás”.
Entre as participantes do fórum, Salina Abraham, presidente da Associação Internacional de Estudantes de Silvicultura, defendeu um conceito expandido de desenvolvimento sustentável.
Para ela, “desenvolvimento sustentável é não ter de deixar sua casa, família e cultura para dar às suas crianças uma vida adequada”. “É não ter de esconder sua língua ou cultura em uma tentativa de se encaixar, apenas para nunca ser verdadeiramente aceito. Desenvolvimento sustentável é ter a segurança, os recursos, o acesso e as ferramentas para criar novas oportunidades onde quer que você escolha chamar de lar”, acrescentou.
O presidente da Assembleia Geral, Miroslav Lajčák, foi categórico: “se ignorarmos os jovens, não alcançaremos nenhum ODS”. Recordando que a juventude foi historicamente excluída das instâncias decisórias internacionais, o dirigente defendeu que “os jovens não podem mais ser desmerecidos como os rebeldes, terroristas ou desprovidos de direitos”. “Eles são os inovadores, os que encontram soluções, os empreendedores sociais e ambientais”, concluiu.

Brasileiros em Nova Iorque

Em Nova Iorque, a brasileira Lorenna Vilas Boas acompanhou as atividades do fórum a convite do Grupo Interagencial de Juventude da ONU Brasil e do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC). Em entrevista ao serviço de notícias da ONU em português, o ONU News, ela defendeu a democratização de soluções sustentáveis para os problemas de mobilidade urbana.
“Não adianta a gente investir em carro ecológico se esse carro é extremamente caro e ninguém vai comprar. E também (é necessário investir) em tecnologias voltadas a uma parte da população que sofre bastante com a questão da mobilidade, pessoas que têm algum tipo de deficiência ou de necessidade e que sofrem bastante com a falta de infraestrutura”, defendeu.
Lorena tem 19 anos e é estudante de Engenharia Elétrica na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Ela participou do Fórum da Juventude ao lado de Daniel Canabrava, de 24 anos, mestre em Engenharia Urbana pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ambos participaram do Programa Embaixadores da Juventude, uma iniciativa do UNODC.
 
Posted: 31 Jan 2018 12:08 PM PST
Um bebê é examinado com suspeita de desnutrição no hospital Al-Jomhouri, apoiado pelo UNICEF em Sa'ada, no Iêmen. Foto: UNICEF / Maad Al-Zekri
Um bebê é examinado com suspeita de desnutrição no hospital Al-Jomhouri, apoiado pelo UNICEF em Sa’ada, no Iêmen. Foto: UNICEF / Maad Al-Zekri
Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) lançou na terça-feria (30) um apelo para arrecadar 3,6 bilhões de dólares com o objetivo de fornecer este ano ajuda humanitária vital para 48 milhões de crianças que vivem em situações de conflitos, desastres naturais e outras emergências em 51 países.
Em todo o mundo, conflitos violentos estão elevando as necessidades humanitárias a níveis críticos, deixando as crianças especialmente vulneráveis. Os conflitos que duram anos – como em Iêmen, Iraque, Nigéria, República Democrática do Congo, Síria e Sudão do Sul, entre outros – continuam cada vez mais complexos, trazendo novas ondas de violência, deslocamentos e rupturas na vida das crianças.
“Meninas e meninos não podem esperar pelo fim das guerras, com crises que ameaçam a sobrevivência imediata e o futuro no longo prazo de crianças e jovens em uma escala catastrófica”, disse o diretor global de Programas de Emergência do UNICEF, Manuel Fontaine.
“As crianças são as mais vulneráveis quando conflitos ou desastres provocam o colapso de serviços essenciais, como saúde, água e saneamento. A menos que a comunidade internacional tome medidas urgentes para proteger e prestar assistência vital a essas crianças, elas encaram um futuro cada vez mais sombrio.”
As partes em conflito estão mostrando um flagrante desrespeito pela vida das crianças. Elas não estão apenas sob ataque direto, como também estão sendo privadas de serviços básicos, à medida que escolas, hospitais e infraestruturas civis são danificados ou destruídos. Aproximadamente 84% (3,015 bilhões de dólares) do apelo de financiamento de 2018 será destinado ao trabalho em países afetados por crises humanitárias, violência e conflitos.
O mundo está se tornando um lugar mais perigoso para muitas crianças, com uma em cada quatro vivendo atualmente em um país afetado por conflitos ou desastres. Para muitas delas, a vida cotidiana é um pesadelo.
A propagação de doenças transmitidas pela água é uma das maiores ameaças à vida das crianças que vivem em meio a crises. Ataques às infraestruturas de água e saneamento, táticas de cerco que negam seu acesso a água potável, bem como deslocamento forçado para áreas sem infraestrutura, tudo isso deixa crianças e famílias em risco de acessar água contaminada e saneamento inseguro. Meninas e mulheres enfrentam ameaças adicionais, já que muitas vezes desempenham o papel de coletar água para suas famílias em situações perigosas.
“Mais de 117 milhões de pessoas que estão vivendo em situações de emergências não têm acesso a água potável e, em muitos países afetados por conflitos, mais crianças morrem de doenças causadas por água impura e saneamento pobre do que pela violência direta”, disse Fontaine.
“Sem acesso a água potável e saneamento, as crianças ficam doentes e muitas vezes não podem ser tratadas, já que hospitais e centros de saúde não funcionam ou estão superlotados. A ameaça é ainda maior à medida que milhões de crianças enfrentam níveis de desnutrição potencialmente fatais, tornando-as mais suscetíveis a doenças transmitidas pela água, como cólera, criando um círculo vicioso de desnutrição e doença.”
Sendo a principal agência humanitária que trabalha com água, saneamento e higiene em emergências, o UNICEF fornece mais da metade dos serviços de emergência de água, saneamento e higiene em crises humanitárias no mundo.
Quando as catástrofes acontecem, o UNICEF trabalha com parceiros para fornecer rapidamente acesso a água potável, serviços de saneamento e suprimentos de higiene para prevenir a propagação de doenças. Isso inclui o estabelecimento de latrinas, a distribuição de kits de higiene e o transporte de milhares de litros de água para campos de deslocamento diariamente; o apoio a hospitais e centros de tratamento de cólera; e a reparação de sistemas de água e saneamento. Essas medidas salvam vidas, têm impacto a longo prazo e abrem caminho para outros serviços importantes, como clínicas de saúde, programas de vacinação, apoio nutricional e educação de emergência.
O maior componente do apelo do UNICEF neste ano é para crianças e famílias atingidas pelo conflito na Síria, que em breve entra em seu oitavo ano. O UNICEF busca quase 1,3 bilhão bilhão de dólares para apoiar 6,9 milhões de crianças sírias dentro do país e aquelas que vivem como refugiadas em nações vizinhas.
Trabalhando com parceiros e com o apoio de doadores, em 2018, o UNICEF pretende providenciar para 35,7 milhões de pessoas o acesso a água potável; alcançar 8,9 milhões de crianças com educação básica formal ou não formal; imunizar 10 milhões de crianças contra o sarampo; fornecer apoio psicossocial a mais de 3,9 milhões; tratar 4,2 milhões com desnutrição aguda grave.
Nos primeiros dez meses de 2017, como resultado do apoio do UNICEF, 29,9 milhões de pessoas tiveram acesso a água potável; 13,6 milhões de crianças foram vacinadas contra o sarampo; 5,5 milhões de crianças tiveram acesso a alguma forma de educação; 2,5 milhões de crianças receberam tratamento para desnutrição aguda grave;
2,8 milhões de crianças tiveram apoio psicossocial.
 
Posted: 31 Jan 2018 10:56 AM PST
Cooperativa que recebe apoio da ONU e do governo no semiárido piauiense. Foto: FIDA/Manoela Cavadas
Cooperativa que recebe apoio da ONU e do governo no semiárido piauiense. Foto: FIDA/Manoela Cavadas
O Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) confirmou nesta semana (28) que seguirá investindo na produção familiar em zonas rurais do semiárido piauiense. Organismo das Nações Unidas anunciou que deverá liberar 20 milhões de dólares para comunidades agrícolas até 2021. Outros 20 milhões serão disponibilizados pelo governo do estado que, em parceria com a agência da ONU, implementa atualmente o Projeto Viva o Semiárido, iniciativa para fortalecer a produção local.
Também nesta semana, no âmbito da iniciativa com o FIDA, o Piauí aprovou a liberação de 7 milhões de reais para 23 municípios do semiárido. Verba será utilizada na implementação de planos de negócios de mais de mil famílias de agricultores familiares.
Em cerimônia que formalizou o repasse de recursos, o representante do FIDA para América Latina e Caribe, Paolo Silveri, afirmou que o montante permitirá aos produtores melhorar suas capacidades de gestão e ter acesso a mercados.
A verba está dividida entre 30 planos de investimentos, voltados para os setores da cajucultura, ovinocaprinocultura, mandiocultura, apicultura, fruticultura irrigada, avicultura, piscicultura, artesanato, suinocultura e beneficiamento de frutas.
“São os últimos (planos), uma vez que o projeto já está quase completamente executado um ou dois anos antes de finalizar. Este é um dos motivos da liberação do aditivo de 40 milhões de dólares, sendo metade por parte do FIDA e outra do governo do estado”, explicou Silveri.
Também presente, o secretário de Desenvolvimento Rural do Piauí, Francisco Limma, acrescentou que “outro ponto a ser destacado é o crescimento da participação de mulheres, jovens e quilombolas nos planos”. Algumas estratégias de negócios atendem exclusivamente a esses públicos.
Segundo a pasta estadual, no total, 150 termos de cooperação já foram assinados, beneficiando 6 mil famílias com investimentos de 25 milhões de reais.
Durante o evento, foi realizada ainda uma capacitação para os dirigentes das associações e cooperativas contempladas com os novos planos de investimentos. Formação abordou desafios de gerenciamento, prestação de contas e contratação de serviços.
Marineide Francisca do Nascimento Bispo, da comunidade quilombola Caraíbas, no município de Isaías Coelho, elogiou a qualificação. “Através destas palestras, adquirimos conhecimentos, principalmente na área de gestão, que serão levados às comunidades.”
A associação que representa a comunidade de Marineide possui 45 sócios, sendo 35 mulheres e dez jovens. Eles serão beneficiados com um investimento de quase 340 mil reais para fomentar a apicultura.
 
Posted: 31 Jan 2018 10:44 AM PST
Alunos da Escola Municipal Lindolfo Collor em Maceió, Alagoas. Foto: Pei Fon/ Secom Maceió
Alunos da Escola Municipal Lindolfo Collor em Maceió, Alagoas. Foto: Pei Fon / Secom Maceió
Mais de 180 mil escolas brasileiras iniciaram um novo ano letivo na segunda-feira (29) em todo o país. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2015, 93,5% das crianças e dos adolescentes de 4 a 17 anos estão na escola. Os 6,5% restantes representam mais de 2,8 milhões de meninos e meninas nessa faixa etária que não comparecerão às aulas.
“Reverter a exclusão escolar é urgente. A cada ano que passam fora da escola, crianças e adolescentes têm seu direito de aprender negado e ficam ainda mais longe da garantia de outros direitos. A exclusão afeta justamente meninos e meninas vindos das camadas mais vulneráveis da população”, explica Ítalo Dutra, chefe de Educação do UNICEF no Brasil. Do total de crianças e adolescentes fora da escola, 53% vivem em domicílios com renda per capita de até meio salário mínimo.
“Para eles, estar na escola pode ser a diferença entre vida e morte, entre ter seus direitos garantidos no presente, uma oportunidade no futuro, ou perpetuar um quadro de pobreza e vulnerabilidade. Enfrentar a exclusão escolar no Brasil é urgente, além de uma obrigação do país prevista nas metas do Plano Nacional de Educação (PNE, 2014-2024)”, completa Dutra.
Segundo o UNICEF, o primeiro desafio é encontrar cada um desses meninos e meninas fora da escola e dar respostas específicas para as barreiras sociais, culturais e econômicas que os afastam das salas de aula, deixando-os invisíveis à gestão educacional.
“Não adianta, portanto, apenas ofertar vagas na escola. É necessário ir atrás de cada menino e menina, entender as causas da exclusão e tomar as medidas necessárias para garantir a (re)matrícula e a permanência na escola, aprendendo”, esclarece o chefe de Educação do UNICEF.
Muitas vezes, a criança que está invisível para a educação é bem conhecida pela equipe de saúde que visita o bairro em que ela mora, ou já está cadastrada em algum projeto da assistência social. A chave para encontrá-la e levá-la à escola, portanto, está em um esforço conjunto das áreas de Educação, Saúde, Assistência Social, entre outras, – em parceria com toda a sociedade – para planejar, desenvolver e implementar políticas públicas que contribuam para a inclusão escolar.

Busca Ativa Escolar

A iniciativa Busca Ativa Escolar, liderada pelo UNICEF em parceria com o Instituto TIM, a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e o Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social (Congemas), oferece uma tecnologia social e uma plataforma gratuita para ajudar estados e municípios no enfrentamento da exclusão escolar (http://buscaativaescolar.org.br).
A iniciativa reúne representantes de diferentes áreas da administração municipal – Educação, Saúde, Assistência Social, por exemplo – dentro de um mesmo sistema online de gestão. Cada pessoa ou grupo tem um papel específico, que vai desde a identificação de uma criança ou adolescente fora da escola até a tomada das providências necessárias para a matrícula e o acompanhamento da permanência do aluno na escola.
Lançada em junho de 2017, a Busca Ativa Escolar já conta com a adesão de mais de 590 municípios em todas as regiões do país. Cada um desses municípios firmou um compromisso de ir atrás de cada criança e cada adolescente, com foco em garantir o direito de aprender a todos, sem exceção.
 
Posted: 31 Jan 2018 10:12 AM PST
Foto: UNAIDS
Foto: UNAIDS
Uma seção especial sobre HIV foi publicada em dezembro pelo periódico Health and Human Rights Journal, do Centro de Saúde e Direitos Humanos da universidade norte-americana de Harvard, informou o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS).
A publicação traz 11 artigos sobre temas como estigma e discriminação relacionados com o HIV, desigualdade de gênero e efeitos do abuso e da criminalização de populações-chave.
Os textos também trazem reflexões críticas sobre a resposta à Aids, e exigem esforços renovados para enfrentar barreiras legais, sociais e estruturais para alcançar uma saúde melhor para todos.
Os artigos potencializam a experiência da resposta ao HIV e oferecem abordagens inovadoras e práticas para expandir os programas de direitos humanos e acesso ao tratamento, além de integrar os direitos humanos no trabalho de eliminação de doenças.
Segundo os textos, não haverá fim da AIDS sem esforços para construir lições baseadas em direitos. O documento também enfatiza ser necessário encontrar formas inovadoras de expandir as proteções, promover a igualdade de gênero, apoiar a sociedade civil e o envolvimento da comunidade, fortalecer a responsabilização e promover a inclusão.
“A seção especial da revista (…) descreve e reflete sobre os progressos feitos na realização dos direitos humanos como um imperativo para a saúde. Isso nos permite refletir sobre como a epidemia de HIV transformou nossa compreensão dos determinantes estruturais, legais e sociais da saúde e as abordagens para efetivá-las”, disse Michel Sidibé, diretor-executivo do UNAIDS.
Clique aqui para acessar a seção especial (em inglês).
 
Posted: 31 Jan 2018 09:49 AM PST
Clique para exibir o slide.Toda manhã, o sírio Salim, de 32 anos, pega duas linhas de metrô e duas de trem antes de entrar no ônibus que o levará ao trabalho. O refugiado deixa sua casa em São Caetano do Sul, na região metropolitana de São Paulo, em torno das 7 horas da manhã para garantir tempo suficiente para chegar ao destino.
Ele começa o seu dia junto com outros cinco funcionários verificando se as encomendas de remédios e suplementos estão seguras para serem entregues aos clientes. À tarde, Salim revisa o processo de documentação e ajuda a equipe no que for preciso.
Salim e sua esposa, Salsabil – ambos farmacêuticos que viviam em Damasco –, chegaram a São Paulo há três anos com sua filha mais velha, Jury, e obtiveram o visto humanitário concedido pelo governo brasileiro aos refugiados sírios que buscam proteção internacional.
Os procedimentos simplificados para emissão de vistos nos consulados brasileiros do Oriente Médio permitiram que a família viajasse em segurança para o maior país da América Latina, onde puderem requisitar o status de refugiados.
Além de abandonar casa, familiares e amigos, eles esperavam também deixar para trás suas carreiras. Isso porque seus diplomas precisariam ser traduzidos e revalidados para então poderem ser inscritos no Conselho Regional de Farmácia – um processo longo, complexo e caro.
Por conta das dificuldades, Salim começou a trabalhar em uma loja de acessórios para o celular no centro da cidade, enquanto Salsabil vendia comida síria tradicional nas ruas.
Entretanto, Salim não desistiu. Buscou informações em universidade públicas sobre a revalidação de diplomas. No entanto, em cada uma delas recebia informações diferentes sobre como proceder.
Incansável, ele pediu conselhos em uma rede social a um grupo de sírios que moram no Brasil. Um deles sugeriu que buscasse informações com a Compassiva, uma ONG parceira da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) que tem projetos voltados para atender essa população.
O processo de revalidação pode ser longo e cansativo, mas o apoio dado pela Compassiva a Salim e Salsabil, inclusive com aulas de português para ajudá-los no aprendizado do idioma, deu esperanças ao casal.
“Não é apenas um pedaço de papel”, diz André Leitão, presidente executivo da Compassiva. “Revalidar o diploma é o primeiro passo para que essas pessoas possam recuperar a sua dignidade, sua identidade”.
A ONG já ajudou cerca de 60 refugiados a aplicar os formulários necessários, sendo que 20 já tiveram seus diplomas revalidados. Quando o programa começou, em 2016, 90% dos pedidos eram feitos por sírios, a maioria engenheiros, médicos e dentistas. Atualmente, os sírios compõem cerca de 50% dos refugiados atendidos, já que outras nacionalidades também começaram a requisitar o serviço financiado pelo ACNUR.
Algumas semanas após a entrada do pedido, a espera do casal terminou e seus diplomas foram revalidados. Na sequência, Salim e Salsabil estavam vendendo comida síria em um evento promovido pela Compassiva, quando um executivo da empresa Jadlog perguntou à ONG se conheciam algum farmacêutico. Para Salim, foi a sorte grande estar ali naquele dia, e seu atual chefe afirma que foi sua competência que garantiu o emprego.
“Ele estudou por cinco anos para ser farmacêutico e, devido ao que aconteceu em sua país, teve de vir ao Brasil”, diz Genivan Borges, dono da franquia da JadLog, onde Salim trabalha.
“Se você fechar as portas (aos refugiados) e disser não, você pode perder uma grande oportunidade. Para mim, essa oportunidade foi encontrar Salim. Ele é um profissional excelente.”
O trabalho de Salim é tão notório que a própria Jadlog está buscando outra vaga para ele, no período vespertino. A empresa também pretende oferecer um posto para Salsabil em uma farmacêutica.
Enquanto a filha do casal, de 6 anos, fica na escola, os outros dois filhos nascidos no Brasil – Walid, de 3 anos, e Yasmin, de oito meses – ficam em casa com a mãe. Ela pretende aceitar a oferta da JadLog para trabalhar fora quando todas as crianças estiverem na escola.
A família diz estar feliz por residir em um país que não só os acolheu, como também possibilitou que reconstruíssem suas vidas com dignidade. “Vários países têm paz. Eu poderia ter achado isso em outros lugares”, diz Salim. “Mas não encontrei apenas paz aqui no Brasil. Encontrei um futuro”.
 
Posted: 31 Jan 2018 09:20 AM PST
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1. Recifes de coral

Com três quartos dos recifes de corais do mundo já sob risco — devido a ameaças que vão desde espécies invasivas à acidificação do oceano e poluição por protetores solares — a hora da ação é agora. A Iniciativa Internacional para os Recifes de Coral escolheu 2018 como o Ano Internacional dos Recifes de Coral. As ações já começaram em Fiji, com o anúncio governamental de importantes locais de preservação. A ONU Meio Ambiente já começou uma análise detalhada da situação dos recifes de coral no Pacífico. Aguarde mais notícias e ações sobre o tema durante o ano.

2. Poluição por plástico

Com base no impulso gerado pela Assembleia Ambiental da ONU do ano passado, um grande foco será dado este ano no sentido de combater a poluição por plástico — eliminando as sacolas descartáveis, banindo os microbeads (micropartículas de plásticos) nos cosméticos e promovendo o uso de alternativas sustentáveis. A expectativa é de que haja mais notícias e importantes anúncios sobre este tema, incluindo de companhias multinacionais, em 2018.

3. Deixar o mundo dos esportes mais verde

Com as Olimpíadas de Inverno em Pyeongchang, na Coreia do Sul, no mês que vem, a Copa do Mundo da Rússia, em junho e julho, e os Jogos Olímpicos de Verão da Juventude, em Buenos Aires, em outubro, 2018 será um ano esportivo. Fique atento aos anúncios de novos compromissos de sustentabilidade de importantes organizações esportivas. Com bilhões de fãs de esporte no mundo todo, o impacto potencial é enorme.

4. Meio ambiente e migração

Em dezembro, a comunidade internacional irá se reunir nos Marrocos para tentar fechar um novo pacto para migrantes e refugiados. As mudanças climáticas e a degradação ambiental já foram oficialmente reconhecidas como impulsionadores da migração — um fato que, corroborado pelos desastres relacionados ao clima, continuam a gerar manchetes na imprensa.

5. Cidades e mudanças climáticas

Um importante tema de 2018 será como as cidades do mundo podem liderar a redução da emissão de gases do efeito estufa e desenvolver formas inovadoras de se adaptar às mudanças climáticas. Momentos importantes nessa frente será a Conferência de Cidades Resilientes que ocorre em abril em Bonn, na Alemanha, e a Cúpula de Ação Global para o Clima, que será realizada em setembro em São Francisco, nos Estados Unidos.

6. Grandes gatos

No último século, o mundo perdeu 95% de sua população de tigres. Em apenas 20 anos, a população de leões na África caiu mais de 40%. Leopardos da neve, onças e espécies similares também estão em perigo devido à perda de seus habitats, à caça e outros tipos de ameaças. Em 2018, a expectativa é de que haja novas iniciativas para proteger os “grandes gatos” do mundo.
 
Posted: 31 Jan 2018 08:01 AM PST
Marcha das Mulheres Negras contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver, ocorrida em 2015, em Brasília. Foto: ONU Mulheres/Bruno Spada
Marcha das Mulheres Negras contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver, ocorrida em 2015, em Brasília. Foto: ONU Mulheres/Bruno Spada
ONU Mulheres anunciou na quarta-feira (30) que o tema do Dia Internacional da Mulher deste ano é “o tempo é agora: ativistas rurais e urbanas transformam a vida das mulheres”. Em 2018, o 8 de março ocorre em meio a um movimento global sem precedentes por direitos, igualdade e justiça. Assédio sexual, violência e discriminação contra as mulheres capturaram as atenções e o discurso público, com crescente determinação em favor da mudança, disse a agência da ONU.
Pessoas do mundo todo estão se mobilizando por um futuro mais igualitário, por meio de protestos e campanhas globais. Entre elas, está o movimento #MeToo, nos Estados Unidos, que teve reflexos em outros países — com #EuTambém, no México, Espanha e América Latina; #QuellaVoltaChe, na Itália; #BalanceTonPorc, na França; e #Ana_kaman, nos Estados Árabes; “Ni Una Menos”, na Argentina. Outras iniciativas que abordaram temas que vão desde a questão da igualdade salarial até a representação política das mulheres.
Segundo a agência das Nações Unidas, o Dia Internacional da Mulher de 2018 é uma oportunidade para transformar esse impulso em medidas concretas de empoderamento de mulheres de todos os ambientes — rural e urbano — e de reconhecer as ativistas que trabalham sem descanso para reivindicar direitos e desenvolvimento pleno.
Em sintonia com o tema prioritário do próximo 62º período de sessões da Comissão sobre a Situação das Mulheres, que ocorre de 12 a 23 de março em Nova Iorque, o Dia Internacional da Mulher também presta atenção aos direitos e ao ativismo das mulheres rurais, que constituem mais de 25% da população mundial, e a maioria de 43% das mulheres da força de trabalho agrícola mundial.
Estas mulheres cultivam as terras e plantam sementes para alimentar as populações, garantem a segurança alimentar das suas comunidades e geram resiliência diante do clima. Contudo, em praticamente todos os indicadores de desenvolvimento, as mulheres rurais estão atrasadas em relação aos homens rurais e as mulheres urbanas devido às desigualdades de gênero e à discriminação arraigadas.
Por exemplo, menos de 20% das pessoas em todo mundo que possuem terras são mulheres. Além disso, enquanto a diferença mundial de salário entre mulheres e homens se situa em 23%, nas áreas rurais pode chegar até 40%. Por outro lado, elas carecem de infraestrutura e serviços, trabalho decente e proteção social e se encontram em uma situação mais vulnerável em face dos efeitos das mudanças climáticas.
Para materializar a promessa dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável de não deixar ninguém para trás, é preciso atuar com urgência nas áreas rurais para garantir um nível de vida adequado, uma vida sem violência ou práticas nocivas para as mulheres rurais, assim como o seu acesso à terra e aos bens produtivos, à segurança alimentar e à nutrição, ao trabalho decente, à educação e à saúde, incluindo a saúde sexual e reprodutiva e seus direitos conexos, segundo a ONU Mulheres.
As mulheres rurais e suas organizações representam um potencial enorme e, atualmente, estão se mobilizando para reclamar os seus direitos e melhorar seus meios de vida e bem-estar, segundo a agência da ONU. Utilizam métodos agrícolas inovadores, criam negócios exitosos e adquirem novas habilidades, lutam por direitos legais e se apresentam como candidatas políticas.
“Este é um momento em que milhares de mulheres valentes da indústria cinematográfica, do teatro e das artes começaram a alçar as suas vozes contra o abuso e as agressões sexuais por parte de homens poderosos do setor. No âmbito das mulheres rurais, estas vozes encontram um poderoso aliado na Aliança Nacional de Camponesas, uma organização norte-americana de camponesas que conhece bem o abuso de poder”, segundo a ONU Mulheres.
O 8 de março une as ativistas de todo o mundo e a ONU Mulheres para aproveitar a oportunidade, celebrar os avanços, tomar medidas e transformar a vida das mulheres em todo o mundo. Agora é o momento, concluiu a agência das Nações Unidas.
 
Posted: 31 Jan 2018 07:40 AM PST
Zeid Ra'ad Al Hussein em Davos durante o Fórum Econômico Mundial. Foto: Fórum Econômico Mundial/Jakob Polacsek
Zeid Ra’ad Al Hussein em Davos durante o Fórum Econômico Mundial. Foto: Fórum Econômico Mundial/Jakob Polacsek
Com grandes empresas se unindo aos esforços da ONU pelo respeito dos trabalhadores LGBTI, o chefe de direitos humanos das Nações Unidas, Zeid Ra’ad Al Hussein, defendeu na sexta-feira (26) o papel de liderança que o setor privado tem na promoção de oportunidades iguais para gays, lésbicas, bissexuais, pessoas trans e intersexo. Em Davos para o Fórum Econômico Mundial, dirigente divulgou diretrizes da ONU para combater discriminação no mercado.
“Empresas que atuam para acabar com a discriminação e apoiar comunidades LGBTI podem ser o motor da mudança”, afirmou Zeid, que apresentou os chamados Padrões de Conduta para Empresas, documento sobre o enfrentamento da LGBTIfobia no mundo dos negócios. Publicação traz recomendações para diferentes contextos — locais de trabalho, mercados de fornecedores e nas próprias comunidades onde vivem funcionários, clientes e parceiros.
Enfatizando que as diretrizes são o conjunto “mais abrangente de parâmetros para um comportamento institucional responsável”, Zeid acrescentou que o documento serve de guia para empresas de qualquer nacionalidade, localização, setor e tamanho.
Além das companhias que apoiaram inicialmente a publicação, dezenove corporações adotaram recentemente os padrões de conduta — Airbnb, Airbus, AXA, Barilla, Bloomberg L.P., Cisco Systems Inc., Gol, Hermes Investment Management, Lloyd’s, Lush Fresh Handmade Cosmetics – North America, Marriott International, MAS Holdings, Nasdaq, New York Life, Santander Group, Tesco, Trillium Asset Management, Unilever, Vert Asset Management e Xerox.
Acesse os Padrões de Conduta clicando aqui.
 
Posted: 31 Jan 2018 07:07 AM PST

Em parceria com o governo do Piauí, o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola das Nações Unidas (FIDA) desenvolve o Projeto Viva o Semiárido, uma iniciativa para reduzir a miséria e promover o crescimento econômico em comunidades rurais do estado. Com investimentos de 106 milhões de reais, o organismo da ONU tem auxiliado famílias a aprimorar a gestão dos negócios, aumentar a produtividade dos cultivos e desbravar novos mercados.
Implementado em 89 municípios piauienses, a iniciativa estimula atividades que podem elevar tanto a capacidade de consumo dos agricultores familiares, quanto o potencial de venda dos alimentos por eles produzidos. O FIDA também desenvolve ações de adaptação das propriedades agrícolas às condições climáticas. As cadeias e modelos produtivos visados pelo projeto são a apicultura, ovinocaprinocultura, cajucultura, piscicultura, quintais produtivos, mandiocultura, artesanato, entre outros.
Outra frente de atuação é o incentivo à articulação a nível local, a fim incluir a população em espaços de discussão sobre políticas e programas governamentais. Com a iniciativa, o fundo da ONU espera ainda fortalecer economicamente as cooperativas de produtores, tornando-as aptas a replicar boas práticas e a o promover o acesso a mercados.
O Projeto Viva o Semiárido também realiza capacitações entre mulheres, jovens e quilombolas — públicos prioritários da iniciativa. O programa também implementa estratégias de educação contextualizada para o semiárido nas escolhas públicas rurais.
 
Posted: 31 Jan 2018 06:30 AM PST
Projeto do UNAIDS utilizará poder do audiovisual para discutir a discriminação vivida por pessoas trans. Imagem: UNAIDS
Projeto do UNAIDS utilizará poder do audiovisual para discutir a discriminação vivida por pessoas trans. Imagem: UNAIDS
Até 9 de fevereiro, o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) recebe inscrições para o projeto “Luz, Câmera, Zero Discriminação”, uma iniciativa voltada para pessoas trans que queiram conhecer técnicas de produção audiovisual. Os selecionados participarão de uma capacitação na cidade de São Paulo, onde trabalharão ao lado de uma equipe profissional. A meta é criar vídeos que abordem o estigma vivido pela população trans.
Com o projeto, o organismo da ONU espera usar o poder do audiovisual para mostrar a dignidade e o orgulho das pessoas trans através de vídeos que serão veiculados nas redes sociais, promovendo um debate sobre desafios e avanços na sociedade. A proposta é contribuir para a inclusão social, acesso ao mercado de trabalho e acesso à saúde, incluindo prevenção, testagem e tratamento do HIV.
A formação para os candidatos escolhidos acontece de fevereiro a março de 2018. Participantes aprenderão sobre roteirização e vão se envolver em todas as etapas de realização e produção dos filmes — concepção de storyboards, pré-produção, direção, fotografia, filmagem, edição e pós-produção.
O projeto “Luz, Câmara, Zero Discriminação” é financiado com recursos do Fundo para AIDS da gigante dos cosméticos MAC e é realizado no âmbito da iniciativa Fast-Track Cities (Aceleração da Resposta à AIDS nas Cidades, em português).
Leia a chamada pública completa clicando aqui.
 
Posted: 31 Jan 2018 06:20 AM PST
Além de estarem mais expostos ao risco de morte violenta intencional, os negros e negras também integram o grupo de brasileiros que têm, em geral, piores indicadores de saúde. Foto: EBC
Além de estarem mais expostos ao risco de morte violenta intencional, os negros e negras também integram o grupo de brasileiros que têm, em geral, piores indicadores de saúde. Foto: EBC
Mortalidade de recém-nascidos antes dos seis dias de vida, infecções sexualmente transmissíveis, mortes maternas, incluindo óbitos por abortos sépticos — quando o feto não é eliminado completamente causando infecção —, hanseníase e tuberculose. Estes são alguns dos problemas de saúde evitáveis mais frequentes entre a população negra, tanto em comparação ao contingente branco quanto em relação às médias nacionais, alertaram as Nações Unidas na segunda-feira (29), com base em dados oficiais.
Além de estarem mais expostos ao risco de morte violenta intencional — como tem indicado a campanha Vidas Negras, da ONU —, os negros e negras também integram o grupo de brasileiros que têm, em geral, piores indicadores de saúde, expressos na maior incidência de doenças. É o que revelam as estatísticas oficiais citadas pelas Nações Unidas.
Segundo o Ministério da Saúde, 55% dos casos registrados de Aids em 2016 ocorreram em pessoas negras e 43,9% em brancas. Os óbitos pela doença também afetam mais negros (58,7%) que brancos (40,9%). No mesmo ano, 38,5% das notificações de sífilis adquirida ocorreram entre pessoas brancas e 42,4% em negras. Das mulheres gestantes diagnosticadas com sífilis, 59,8% eram negras e 30,6% brancas.
Em relação à raça/cor das mães das crianças com sífilis congênita, as negras foram mais que o dobro (65,1%) das brancas (25,0%). A hanseníase, doença infecciosa causada por bactéria cuja transmissão está relacionada a condições precárias de moradia e higiene, em 2014, teve 31.064 casos notificados, mais de dois terços (21.554) na população negra. Nos registros de tuberculose, no mesmo ano, 57,5% das pessoas que apresentaram a doença eram negras.
“A população negra não é uma população doente”, explica Lúcia Xavier, coordenadora da organização de mulheres negras Criola. “O que acontece é que ela vive com menos qualidade. O grupo é mais vulnerável às doenças porque está sob maior influência dos determinantes sociais de saúde, ou seja, as condições em que uma pessoa vive e trabalha, a insalubridade, as baixas condições sanitárias às quais está submetida, por exemplo. E a soma desses diversos indicadores de vulnerabilidade aumenta também o risco de perder a vida”, afirma.
Segundo o Ministério da Saúde, atualmente, 80% da população que só tem o SUS como plano de saúde é negra. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (2015), das pessoas que já se sentiram discriminadas nos serviços, por médicos ou outros profissionais de saúde, 13,6% destacam o viés racial da discriminação. A coordenadora de Criola chama atenção para o fato de que o desempenho desigual em saúde tem causas que vão para além das possíveis restrições ou dificuldades no acesso aos serviços públicos. “Estudos mostram que o racismo não é uma questão vinculada especificamente ao SUS. Na rede privada, o racismo também está presente. A diferença nas taxas de mortalidade hospitalar é uma evidência”, observa.
Para Lúcia, o enfrentamento ao racismo institucional deve se dar junto com outras medidas de redução das desigualdades raciais. “O combate ao racismo institucional é fundamental para a equidade. Mas a falta de saúde resulta de uma série de outros fatores ligados às práticas racistas. Como um povo que está sujeito a discriminação pode ter melhor qualidade de vida?”, questiona.

Baixa qualidade dos dados

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), após sua recente Conferência Sanitária das Américas, em setembro do ano passado, recomendou aos Estados-membros — inclusive o Brasil — que promovam políticas públicas capazes de abordar “a etnicidade como determinante social da saúde”. Para isto, entre outras medidas, também sugeridas pela OPAS, é fundamental: “dispor de dados suficientes e de qualidade, e gerar evidência sobre desigualdades e iniquidades étnicas em saúde para a tomada de decisões políticas”.
É justamente o que destacou Fernanda Lopes, representante auxiliar do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) no Brasil. Para ela, o problema é justamente a não adoção dos dados desagregados como instrumento de gestão. “Ao desagregar os dados por raça/cor as iniquidades ficam evidentes, se estes dados não são utilizados para orientar as políticas, os planos e os programas, as mudanças nas condições de vida e no cuidado não acontecem”.
“Não há insuficiência de dados, a qualidade é que precisa ser apurada. Já não se pode aceitar dados cuja informação sobre raça/cor é ‘ignorada’. Os indicadores precisam ser sensíveis. Se não são desagregados, não poderão captar as necessidades reais dos grupos. Não haverá investimentos corretos, as desigualdades serão mantidas e/ou agravadas”, analisa.
Vitória Lourenço, de 25 anos, fez um levantamento sobre o perfil por trás dos números da morte materna no Rio de Janeiro, entre 2009 e 2013, com informações do banco do Sistema Único de Saúde (DataSUS) e dados fornecidos por meio da LAI (Lei de Acesso a Informação). Ela descobriu que as mães que morrem por causas relacionadas à gravidez, parto e pós-parto, no estado, são jovens, negras e de baixa escolaridade. No Brasil, de todas as mortes maternas de jovens, as negras são 55,3% enquanto as brancas 47,5%.
Vitória, que também é mãe, chamou atenção para a questão da qualidade dos dados, que tem dois problemas principais: o modo como as informações são trabalhadas e o preenchimento do quesito “cor” por profissionais de saúde. “Existe ainda um tabu em perguntar como a pessoa se identifica. E aí fica muitas vezes a critério do profissional que pode inserir ‘branco’ para classificar alguém que se identifica de outra forma. Eu mesma já fui lida como ‘parda’ várias vezes, preferindo ser identificada como ‘preta’. No Rio, não temos uma formação obrigatória para os profissionais sobre a importância do quesito cor”, lembra.
Em relação à forma como os dados são trabalhados, Vitória destaca uma segunda problemática, que é a baixa presença negra na produção de pesquisas sobre raça, racismo e saúde. “Geralmente, somos só estatísticas. Não estamos nos espaços que analisamos dados produzidos e isso tem um impacto direto no conhecimento que se tem sobre o tema. Somos 53% da população e porque não conhecemos nossa realidade? Como pode ser tabu falar da saúde de tanta gente?”
No caso da juventude negra, a questão da qualidade dos dados se agrava. Embora hoje existam informações desagregadas sobre homicídios e outras causas externas de morte entre pessoas de 15 a 29 anos, a análise dos dados explora, menos do que se deveria, as combinações entre raça, sexo e faixa etária. Identidade de gênero, que é um fator de risco para mortes violentas no Brasil, se quer existe nas estatísticas de saúde.
Para Fernanda Lopes, também existe uma dificuldade em falar e trabalhar a saúde da população jovem de forma específica, porque tradicionalmente não se trabalha saúde e, sim, doenças e agravos. “Aquele estado de bem-estar físico, mental, espiritual descrito pela OMS como saúde não pode ser traduzido apenas como ausência de sinais e sintomas de doenças”.
“Sabemos que saúde e a doença não são obras do acaso ou do destino. A condição de saúde é determinada por fatores econômicos, políticos, sociais, culturais e ambientais. Logo, para se alcançar o estado de bem-estar é preciso investimentos diversos dentro e fora do serviço de saúde. Se o racismo não for reconhecido e enfrentado, a juventude negra não terá saúde e estará sempre vivenciando maiores riscos de adoecimento e morte”, ressalta.
O excesso de importância dado ao adoecimento tem levado a um ciclo que engloba produção de dados, de um lado, e um olhar das políticas, de outro, ambos bastante concentrados nas causas externas. Isto tem gerado uma zona cinzenta em relação, por exemplo, ao conhecimento das condições mais gerais de saúde da juventude negra.
“Não sabemos o que acomete essa população além das causas externas de morte. Sabemos os dados referentes à gravidez, mas não temos algo referente ao câncer; sabemos alguma coisa sobre HIV/Aids, mas não sabemos como está a prevalência da anemia falciforme. Não sabemos sobre a qualidade do cuidado em saúde das e dos jovens”, diz Lúcia Xavier.
Entre as recomendações da Conferência Sanitária das Américas, está justamente a de que dados e informações desagregadas componham o enfoque étnico na aplicação de estratégias e planos de ação de saúde, de acordo com as realidades nacionais. No Brasil, muito sobre as condições de vida e saúde da juventude negra ainda está por ser conhecido. Este é um dos passos fundamentais para que se alcance as metas da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável, sem que nenhum jovem seja deixado para trás.
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Posted: 31 Jan 2018 05:26 AM PST
Pescador no Lago Iranduba, em Manaus. Foto: Banco Mundial/Julio Pantoja
Pescador no Lago Iranduba, em Manaus. Foto: Banco Mundial/Julio Pantoja
De toda a água do planeta, apenas 2,5% correspondem à água doce e uma parte ainda menor é limpa, segura e potável. Ciente de que a escassez hídrica — em termos de quantidade e qualidade — é um dos maiores desafios globais, a ONU Meio Ambiente e o Sebrae estabeleceram parceria para unir a força da ecoinovação e do empreendedorismo e encontrar possíveis soluções para os desafios de gestão da água. Juntos, e com o apoio do Green Nation, lançam nesta semana um edital para selecionar as melhores ideias e startups para o ‘Camp de Ecoinovação: Desafio Água’, que será realizado em Brasília, de 19 a 21 de março, durante o 8º Fórum Mundial da Água.
Serão selecionadas as propostas com soluções mais criativas e sustentáveis para os problemas da água nas áreas de indústria, cidades e agricultura. Poderão participar do desafio as startups em estágio de operação ou tração e os empreendedores com ideias inovadoras que ainda não tenham sido comercialmente exploradas. As inscrições são gratuitas e devem ser feitas até o dia 18 de fevereiro pelo site http://sebrae.com.br/desafioagua. O processo seletivo vai eleger até dez ideias e até dez startups com projetos para o setor público e privado.
Na área de cidades, buscam-se alternativas à energia hidrelétrica, despoluição dos rios e mares e soluções em saneamento básico, entre outras. Já na indústria, que responde por 22% do consumo total da água no mundo, os desafios incluem a descontaminação da água, o consumo consciente e os processos de reúso. Por fim, na agricultura, que utiliza mais de 70% dos recursos hídricos globais, procuram-se alternativas à irrigação, às fontes de abastecimento, entre outras.
Durante o Camp de Ecoinovação, uma ideia e uma startup serão eleitas vencedoras, que serão premiadas com gadgets, mentorias exclusivas com especialistas e investidores e credenciais para participação em eventos de representatividade do segmento de startup. Todos os participantes do Camp se beneficiarão de mentorias gratuitas durante a competição, além da expansão da sua rede de contatos e da divulgação de seus projetos para um público especializado.
Para o Sebrae, é importante apresentar oportunidade para unir os pequenos negócios e ideias que gerem impacto social. “Devemos ter clareza também quanto à importância de investir em inovação de maneira sustentável, preservando o meio ambiente, e o ambiente digital favorece a sustentabilidade”, destaca a diretora técnica da instituição, Heloisa Menezes.
O diretor de Administração e Finanças do Sebrae, Vinicius Lages, explica que esse tipo de competição é fundamental para as micro e pequenas empresas. “Para os pequenos negócios, a transformação digital significa muito e aliar esta realidade a ideias inovadoras para o meio ambiente aumenta a capacidade dessas empresas no cenário econômico”, explica.
Regina Cavini, oficial sênior da ONU Meio Ambiente, destaca que o grande diferencial do Camp de Ecoinovação em relação aos demais eventos do setor é o viés da sustentabilidade, que deve ser incorporada em todas as operações do modelo de negócio: “Precisamos utilizar os recursos, como a água, de maneira mais eficiente e evitar ou reduzir os impactos negativos para o meio ambiente. Isso só é possível com ideias que pensem fora da caixa e ofereçam soluções realmente ecoinovadoras para produtos e processos, ao mesmo tempo que contribuem para o melhor desempenho das empresas e sua competitividade”.
O Camp será realizado no Espaço Green Nation, na Vila Cidadã, durante o Fórum Mundial da Água. Para o diretor do Green Nation, Marcos Didonet, a iniciativa tem papel fundamental na construção de um novo cenário de soluções com potencial de impactar milhares de pessoas, negócios e o planeta. “As ideias inovadoras que irão revolucionar a humanidade estão sendo pensadas, consolidadas e executadas por diversas pessoas de múltiplas experiências e conhecimentos. Realizar o Camp é potencializar essas possibilidades de transição, promovendo a colaboração, o compartilhamento e a cocriação”, afirma.
O Fórum Mundial da Água será sediado pela primeira vez no Hemisfério Sul, estimulando o diálogo e a mobilização de diversos atores em torno do desafio global da água. A expectativa é de que se reunirão em Brasília cerca de 40 mil representantes de 170 países.
Para mais informações, acesse o edital aqui.
Camp de Ecoinovação: Desafio Água
Quando: 19 a 21 de março de 2018
Onde: Espaço Green Nation, na Vila Cidadã, no Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha (SRPN, Asa Norte, Brasília, DF)
Quanto: A inscrição é gratuita. Todos os custos relacionados ao deslocamento, hospedagem, alimentação e de qualquer outra natureza serão de responsabilidade dos participantes.
Cronograma:
Período de inscrição: 30/01 a 18/02/2018
Análise e seleção: 19 a 21/02/2018
Divulgação do resultado: 22/02/2018
Realização: 19 a 21/03/2018
Mais informações: http://sebrae.com.br/desafioagua
Sobre a ONU Meio Ambiente
A ONU Meio Ambiente é a principal voz global em temas ambientais. Ela promove liderança e encoraja parcerias para cuidar do meio ambiente, inspirando, informando e capacitando nações e pessoas a melhorarem a sua qualidade de vida sem comprometer a das futuras gerações. A ONU Meio Ambiente trabalha com governos, com o setor privado, com a sociedade civil e com outras instituições das Nações Unidas e organizações internacionais pelo mundo. www.unep.org/americalatinacaribe/br
Para imprensa, contatar: ONU Meio Ambiente, comunicacao@pnuma.org
 

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