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quinta-feira, 28 de maio de 2020

Boletim diário da ONU Brasil: “Rede Brasil do Pacto Global realiza em junho webinars sobre sustentabilidade” e 10 outros.

Rede Brasil do Pacto Global realiza em junho webinars sobre sustentabilidade

Posted: 28 May 2020 01:39 PM PDT

Foto: Alexandra Koch/Pixabay

Rede Brasil do Pacto Global reúne especialistas para participarem da série de webinars “Quarentena com o Pacto”. O projeto, que discute sustentabilidade durante a pandemia, tem nova edição em junho e contará com dois encontros. O primeiro será no dia 4 de junho e apresentará uma visão geral da ferramenta de pegada hídrica e suas aplicações no contexto empresarial. O segundo encontro acontecerá no dia 8 e será sobre o uso da terra no mundo pós-pandemia.

Confira abaixo as próximas sessões do “Quarentena com o Pacto” que acontecerão no mês de junho. A lista de participantes poderá ter adições no decorrer do mês.

1° webinar: Entenda os riscos hídricos e saiba como fazer a gestão da água em sua empresa

Data: 4 de junho (quinta-feira), às 11h.

A sessão apresentará uma visão geral da ferramenta de pegada hídrica e suas aplicações no contexto empresarial. Também serão apresentados casos de sucesso da El Agua nos Une, iniciativa de gestão corporativa de recursos hídricos liderada pela Agência Suíça para o Desenvolvimento e Cooperação (COSUDE) e implementada no Brasil pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (FGVces).

Participantes:
Annelise Vendramini – Coordenadora da Iniciativa El Agua nos Une na FGVces
Christianne Dias Ferreira – Diretora-presidente da Agência Nacional de Águas (a ser confirmada)
Lucas Ribeiro – Gerente de engajamento corporativo do CDP Latin America
Chiara Gadaleta – Criadora da plataforma A Moda pela Água
Juliana Picoli – Especialista em Avaliação do Ciclo de Vida no FGVces
Júlio Cesar Batista Nogueira – Gerente de Sustentabilidade e Meio Ambiente na Klabin
Marina Westrupp Alacon Rayis – Engenheira de Meio Ambiente na Companhia Brasileira de Aluminio (CBA)
Regiane Velozo – Gerente de Sustentabilidade na Votorantim Cimentos (TBC)
Cláudio Bicudo – CEO na H2O Company Gestão em Sustentabilidade (TBC)
Giuliana Chaves Moreira – Assessora de Gestão Corporativa da Água na Rede Brasil do Pacto Global

Inscrições aqui.

2° webinar: Uso da terra no mundo pós-pandemia

Data: 8 de junho (segunda-feira), às 15h10

A pandemia da COVID-19 trouxe novos desafios à produção de alimentos e deixa ainda mais clara a importância da proteção das florestas. Como o Brasil, dono da maior floresta tropical do mundo e um dos principais líderes da agricultura global, tem respondido à crise nos setores ambiental e da agropecuária e quais mudanças podemos esperar dessas áreas quando a crise passar? Para debater o tema, este webinar acontecerá em parceria com a Coalizão Brasil e com especialistas que poderão ajudar a compreender as transformações atuais e futuras relacionadas à agricultura e às florestas.

Participantes:
Juliana Lopes – Coordenadora Plataforma Ação pelo Agro Sustentável
Ana Luci Grizzi – Líder da área de prática de Direito Ambiental do Veirano Advogados
Joice Ferreira – Ecóloga e pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental
Ricardo Abramovay – Professor Sênior do Instituto de Energia e Ambiente da USP
Mediação de André Guimarães – cofacilitador da Coalizão Brasil e Diretor Executivo do IPAM

Inscrições aqui.

 

COVID-19: é necessário agir agora ou arriscar ‘devastação inimaginável’, diz chefe da ONU

Posted: 28 May 2020 12:37 PM PDT

Os programas de assistência alimentar no Chade promovem agricultura sustentável e fortalecem a renda e os meios de subsistência. Foto: WFP/Giulio D'Adamo

Os programas de assistência alimentar no Chade promovem agricultura sustentável e fortalecem a renda e os meios de subsistência. Foto: WFP/Giulio D’Adamo

A menos que países do mundo ajam juntos agora, a pandemia de COVID-19 causará “devastação e sofrimento inimagináveis ​​em todo o mundo”, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, nesta quinta-feira (28), em uma reunião virtual de alto nível sobre financiamento para o desenvolvimento.

Lembrando que 60 milhões de pessoas foram empurradas para a pobreza extrema; a fome atinge “proporções históricas”; cerca de 1,6 bilhão de pessoas ficaram sem meios de subsistência; e houve uma perda de 8,5 trilhões de dólares na produção global – a maior contração desde a Grande Depressão da década de 1930 -, ele pediu uma resposta com “unidade e solidariedade”.

“Estamos solicitando ações coletivas imediatas em seis áreas de importância crítica”, disse Guterres no evento online para alavancar mais fundos para o desenvolvimento sustentável.

Começando com a crise de liquidez global, ele disse que é ali que as crises econômicas e de saúde se encontram. “Um nexo perigoso que poderá se prolongar e aprofundar as duas (crises)”, exigindo a extensão dos Direitos especiais de saque (Special Drawing Rights) para complementar as reservas de gastos públicos.

Os Direitos especiais de saque são um ativo de reserva internacional, criado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) em 1969 para complementar as reservas oficiais de seus países-membros.

Observando que as consequências econômicas da pandemia ameaçam uma onda de inadimplência nos países em desenvolvimento, prejudicando os esforços para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030, o chefe da ONU pediu “soluções duráveis ​​para dívidas, para criar espaço para investimentos em recuperação e nos ODS”.

Em seguida, ele pediu aos credores privados que detêm uma parcela crescente da dívida soberana dos países em desenvolvimento a encontrar incentivos para encorajar mais credores a fornecer alívio da dívida.

Guterres chamou a atenção para o financiamento externo, dizendo que alinhar os incentivos nos sistemas financeiros globais com os ODS aumentaria a confiança “para relançar o investimento no desenvolvimento sustentável”.

Voltando-se ao fluxo financeiro ilícito, como sonegação de impostos e lavagem de dinheiro, que priva os países em desenvolvimento de centenas de bilhões de dólares por ano, ele disse que “precisamos tapar os vazamentos” revisando os sistemas nacionais e as estruturas internacionais.

O chefe da ONU enfatizou ainda a necessidade abrangente de “se recuperar melhor” dos estragos da pandemia de coronavírus.

Mantenha o curso do desenvolvimento

A COVID-19 expôs e está exacerbando profundas desigualdades e injustiças que precisam ser combatidas, inclusive para mulheres que, frequentemente com menos economias e rendas mais baixas, sofrem impactos econômicos piores que os homens.

“Todos os nossos esforços devem ir para a construção de caminhos sustentáveis ​​e resilientes que nos permitam não apenas vencer a COVID-19, mas enfrentar a crise climática, reduzir a desigualdade e erradicar a pobreza e a fome”, destacou o chefe da ONU.

Ele defendeu que devemos enfrentar esses desafios e perigos com “toda urgência, seriedade e responsabilidade”.

“Passar pela COVID-19 e se recuperar melhor custará dinheiro. Mas a alternativa custará muito mais”, concluiu o secretário-geral da ONU. “Esta é uma crise global, e cabe a todos nós resolvê-la”.

Nova arquitetura financeira

Mesmo antes da COVID-19, as restrições financeiras colocavam desafios para os países em desenvolvimento cumprirem os ODS. Hoje, choques econômicos e financeiros desencadeados pelo coronavírus deixaram muitos com dificuldades para responder à pandemia e suas consequências sociais e econômicas.

O presidente da Assembleia Geral da ONU, Tijjani Muhammad-Bande, sustentou que, para alcançar os ODSs até 2030, “precisamos repensar nossos sistemas econômicos”, exigindo “liderança, vontade política e esforços de colaboração entre uma ampla variedade de atores para proteger o futuro de gerações vindouras”.

Ele destacou a necessidade de mobilizar recursos financeiros públicos, privados e externos, tanto para recuperação rápida quanto para progresso a longo prazo na consecução da Agenda 2030.

Observando que muitos países em desenvolvimento estão financeiramente mal equipados para interromper a disseminação da COVID-19, bem como suas consequências sociais e econômicas, o presidente da Assembleia Geral afirmou que “propostas concretas e ações oportunas” eram necessárias para impedir que esses países promovam “calotes desordenados”.

“Agora é a hora de revisar a arquitetura financeira internacional”, disse ele, argumentando que os planos devem “não apenas abordar a atual escassez de liquidez, mas também fornecer soluções duráveis ​​que criem espaço fiscal vital para investimentos em desenvolvimento sustentável para os países necessitados”.

Muhammad-Bande enfatizou que a COVID-19 e suas consequências econômicas e sociais relacionadas não podem ser abordadas sozinhas, mas integradas a discussões mais amplas sobre financiamento para o desenvolvimento sustentável. “As Nações Unidas nos fornecem um fórum para reunir todos atores e comunidades políticas especializadas para enfrentar esses desafios”, lembrou.

Mundo interconectado

O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, chamou a pandemia de “um lembrete gritante” de como nosso mundo se interconectou, explicando que “para manter nossos cidadãos seguros e saudáveis, precisamos derrotar a COVID-19 onde quer que esteja”.

Isso requer um plano global coordenado que também facilite a recuperação das economias global e domésticas.

Empregos e negócios em todos os países dependem da “saúde e da estabilidade das economias em outros lugares” – tudo isso depende do sucesso da economia global em enfrentar esta tempestade, disse o co-organizador da cúpula de alto nível.

“A COVID-19 é um desafio sem precedentes para o mundo moderno, mas também uma oportunidade única para construir um futuro melhor, criar um mundo seguro e próspero”, acrescentou.

Andrew Holness, primeiro-ministro da Jamaica, chamou a pandemia de “um alerta” para a comunidade internacional revigorar um sistema abrangente de governança econômica global “que possa lidar com as perturbações globais e promover o desenvolvimento inclusivo”.

Ele disse que um grande desafio para o sistema financeiro internacional era canalizar os fluxos de crédito público e privado para fluxos de capital de desenvolvimento, produtivos e inclusivos.

“Os fluxos de trabalho sobre liquidez global e estabilidade financeira, bem como vulnerabilidade da dívida, devem informar nossa resposta às dimensões financeiras dessa crise”, endossou o primeiro-ministro jamaicano.

 

ARTIGO: Investimentos precisam ser feitos, aqui e agora, para preservar as vidas de quem gera a vida

Posted: 28 May 2020 12:25 PM PDT

Foto: Jean Borges/Pixabay

Foto: Jean Borges/Pixabay

O Brasil precisa intensificar os esforços para acabar em definitivo com as mortes maternas que são evitáveis, em especial durante a pandemia, que pode provocar impactos na oferta de atendimento médico para mulheres. O alerta é da representante do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) no Brasil, Astrid Bant, em artigo de opinião publicado nesta quinta-feira (28), Dia Nacional pela Redução da Mortalidade Materna, no jornal Folha de Pernambuco.

Confira a íntegra:

Neste dia 28 de maio, data que marca o Dia Nacional pela Redução da Mortalidade Materna, o Fundo de População da ONU reforça a necessidade do Brasil de intensificar seus esforços para acabar, em definitivo, com as mortes maternas evitáveis, de mulheres que morrem durante o parto ou por complicações relacionadas à gravidez e puerpério. Há urgência neste apelo, principalmente durante a pandemia de COVID-19, ocasião que pode impactar a oferta de atendimento obstétrico, pré-natal e saúde materna, culminando em um possível agravamento do problema.

Ao redor do mundo, 800 mulheres morrem, todos os dias, por complicações relacionadas à gravidez, parto e puerpério. É como se cinco aviões cheios de mulheres caíssem, todos os dias, e todas elas morressem. No Brasil, a cada 100 mil crianças que nascem, 59,1 mulheres morrem, conforme dados recentes do Ministério da Saúde. No Chile, por exemplo, a cada 100 mil crianças nascidas, a taxa de mulheres que morrem é de 22, menos da metade.

É preciso observar que, na realidade brasileira, mais da metade dos casos de mortes maternas são consequências de intervenções mal executadas, omissões, negligência, tratamento incorreto ou uma cadeia de eventos relacionadas a essas causas. Em 2018, 67% das mortes ocorridas foram em decorrência desses fatores. Mulheres que morreram por hipertensão, hemorragia, infecção puerperal e aborto. Mulheres que, com atendimento pontual e de qualidade, poderiam não ter morrido.

Essa é uma realidade que está intimamente ligada à desigualdade social e racial. É uma calamidade que tem endereço e cor. Do total, por exemplo, 65% das vítimas eram mulheres pretas e pardas.

Para evitar essas mortes, basta um atendimento pré-natal de qualidade, que identifique casos de risco aumentado e possibilite intervenções adequadas e a tempo, e serviços obstétricos e de parto acessíveis, mesmo em regiões remotas. Dificuldades em proporcionar esses serviços resultam em tragédias instantâneas, que dilaceram famílias e impactam gerações inteiras.

Durante a pandemia de COVID-19, essas necessidades não param. Mulheres continuam engravidando e dando à luz. Os serviços precisam continuar funcionando. No entanto, o Fundo de População da ONU destaca que há risco de restrição no atendimento pré-natal, com redução do número de visitas ao médico ou visitas executadas sem as condições adequadas. Isso pode ocorrer em decorrência da sobrecarga do sistema de saúde, com recursos humanos e financeiros direcionados para atender a emergência, ou mesmo por receio das próprias gestantes em comparecer às unidades de saúde.

A pandemia também pode fazer com que partos sejam realizados sem a adequada assistência, levando a condições inseguras e eventuais desfechos delicados, com riscos para a mãe e o bebê. A data de hoje é um alerta, sobretudo, para que essa crise de saúde mundial não culmine em novas tragédias.

Diminuir a mortalidade materna é um dos compromissos feitos pelo Brasil para 2030, por meio dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Temos apenas uma década pela frente. Os investimentos precisam ser feitos, aqui e agora, para preservar as vidas de quem gera a vida.

 

Participação comunitária fortalece prevenção à COVID-19 nos abrigos para venezuelanos em Roraima

Posted: 28 May 2020 11:55 AM PDT

Nova rotina nos abrigos: venezuelana voluntária pulveriza produto para limpar mesa de alimentação. Foto: Allana Ferreira/ACNUR

Entre os desafios humanitários impostos pela pandemia da COVID-19, a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e seus parceiros têm continuado as atividades de proteção nos 13 abrigos temporários da Operação Acolhida, que atualmente acolhem cerca de seis mil refugiados e migrantes venezuelanos nas cidades de Boa Vista e Pacaraima, no Estado de Roraima.

Grande parte destas atividades conta com o apoio da própria população abrigada, conforme revela a primeira edição do Relatório de Registro e Abrigo em Roraima publicado pelo ACNUR, referente ao mês de abril de 2020.

O envolvimento dos refugiados e migrantes venezuelanos na gestão dos abrigos se dá por meio das Oficinas de Participação Comunitária, que complementam o trabalho das organizações parcerias responsáveis pelo manejo destes espaços. Segundo o relatório do ACNUR, cerca de 480 voluntários formam 54 comitês que promovem a participação comunitária na gestão desses espaços – são, em média, quatro comitês por abrigo.

A implementação dos comitês é uma das estratégias do ACNUR e seus parceiros para promover a participação da comunidade no dia-a-dia dos abrigos, uma vez que seus integrantes exercem diferentes responsabilidades.

No abrigo Rondon 3, em Boa Vista, que conta com mais de 1,2 mil refugiados e migrantes, o Comitê de Alimentação tem 48 membros que realizam a distribuição regular das três refeições diárias e oferecem instrução a respeito de métodos preventivos contra a COVID-19 nas filas que se formam para distribuição de alimento.

Dezoito venezuelanos do abrigo Jardim Floresta, também na capital, são voluntários do Comitê de Saúde e desenvolvem atividades de prevenção ao novo coronavírus e monitoramento de suspeitos de contaminação.

Já em Pacaraima, são 254 pessoas da etnia Warao compartilhando o abrigo Janokoida, que na língua de seus moradores significa “Grande Casa”. Antes da pandemia da COVID-19, a população era de 511. No entanto, com as medidas de prevenção, parte dos abrigados foram tranferidos para o Janoko Yakera, “Casa Bonita”.

Os Warao também se organizaram e criaram o Comitê de Educação, que implementou atividades com professores da organização Visão Mundial para crianças de 3 a 17 anos, uma vez que as aulas do município estão suspensas por conta da pandemia.

Outros comitês instalados nos abrigos lidam com infraestrutura, com o reparo dos banheiros, pias e torneiras. Há também os comitês para água, saneamento e higiene, que desinfectam os abrigos com pulverização de creolina, e de promoção cultural, com atividades que respeitam as regras de distanciamento social.

Para o Representante do ACNUR no Brasil, José Egas, o trabalho dos comitês é fundamental para a prevenção da COVID-19 nos abrigos. “Eles estabelecem melhores canais de diálogo com a população abrigada e fortalecem a proteção dessas pessoas ao identificar necessidades e soluções dentro da própria comunidade”, explicou.

O relatório do ACNUR, que será publicado mensalmente, traz também o perfil dos 5,8 mil venezuelanos atualmente abrigados em Roraima e mostra uma igualdade de gênero nesta população: são 2.961 mulheres e meninas e 2.935 homens e meninos.

Pouco mais da metade delas (52%) tem entre 18 e 59 anos e outras 35% têm de 0 a 11 anos. Em relação aos homens, a população se divide majoritariamente entre adultos de 18 a 59 anos (47%) e crianças de 0 a 11 anos (37%).

Conheça a história de venezuelanos abrigados e seu trabalho nos Comitês de Participação Comunitária

Abrigamento e proteção

A Operação Acolhida – resposta governamental ao fluxo de refugiados e migrantes venezuelanos para o Brasil – mantém em Roraima 13 abrigos, sendo 11 em Boa Vista (um específico para a população indígena) e dois em Pacaraima (um alojamento de trânsito e outro exclusivo para indígenas venezuelanos). Com parceiros da sociedade civil e com o Ministério da Defesa, o ACNUR fornece apoio ao Ministério da Cidadania (MdCid) na gestão das instalações.

Por meio de um acordo de cooperação com o MdCid, a Fraternidade Humanitária Internacional (FFHI), a Associação Voluntários para o Serviço Internacional (AVSI) e a Fraternidade Sem Fronteiras, organizações da sociedade civil parceiras do ACNUR, fazem a gestão humanitária dos abrigos juntamente com a Força Tarefa Logística Humanitária das Forças Armadas, dentro do escopo da Operação Acolhida.

A Operação Acolhida fornece serviços relacionados à assistência emergencial com infraestrutura, segurança, saúde e alimentação para migrantes e refugiados venezuelanos. A Agência Humanitária da Igreja Adventista do Sétimo Dia (ADRA) e o Instituto Pirilampos desenvolvem atividades de suprimento de água, saneamento, higiene e proteção à infância em diversos dos abrigos, que também contam com a atuação de diversas agências da ONU, como UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), OIM (Organização Internacional para as Migrações), UNFPA (Fundo de População das Nações Unidas), entre outras.

As atividades do ACNUR são apoiadas por doações da comunidade internacional, empresas e doadores individuais. Neste ano, a contribuição feita pelo governo do Japão direcionada às ações de abrigamento na região norte do país foi fundamental para reforçar a resposta neste setor. O ACNUR agradece às importantes contribuições de todos os seus doares, que permitem o fortalecimento de mecanismos de proteção à população refugiada em situação de vulnerabilidade.

“Nossas equipes estão trabalhando incansavelmente para evitar que o vírus se espalhe entre refugiados e migrantes abrigados em Roraima, e também para garantir atendimento adequado às pessoas suspeitas ou infectadas. O aumento das nossas atividades implica na necessidade de mais investimentos. Por isso, neste momento as contribuições dos doadores são ainda mais necessárias”, completou o Representante do ACNUR no Brasil.

Esta ação foi realizada pelo ACNUR no marco da Plataforma R4V – Resposta a Venezuelanos, uma coordenação interagencial do sistema das Nações Unidas e da sociedade civil. A Plataforma R4V é composta por um conjunto de parceiros e tem como objetivo responder ao fluxo de venezuelanos na América Latina e Caribe. No Brasil, a Plataforma R4V é composta de 13 agências da ONU e 27 organizações da sociedade civil.

Acesse o relatório na íntegra, clique aqui.

 

Saiba como os manguezais nutrem a vida marinha

Posted: 28 May 2020 11:08 AM PDT

Flamingos nos manguezais de Dubai. Foto: Rob Barnes/AGEDI

As árvores de mangues armazenam mais carbono em seus solos se comparadas a outras espécies, o que as tornam ativos valiosos na luta contra o aquecimento global. Elas também diminuem o impacto das tempestades, servem de zonas de reprodução para peixes e outros animais marinhos e constituem eficazes sistemas de filtragem que evitam o influxo de água salina que torna o solo inadequado para a agricultura.

De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), governos e comunidades costeiras de países tropicais estão se sensibilizando cada vez mais sobre o valor dos manguezais para a natureza e os seres humanos.

A biodiversidade é um importante benefício ecossistêmico das florestas de mangue. A comunidade local e o ecoturismo baseado na diversidade biológica dos manguezais podem ajudar na conservação e no manejo sustentável desses ambientes naturais. Os turistas têm diversas opções para conhecer a fauna e a flora desses ecossistemas, como passeios de barco, caiaque, mergulho com snorkel, observação de pássaros e pesca noturna de caranguejos. Em Madagascar, os mangues abrigam lêmures, que estão no grupo de mamíferos mais ameaçados do planeta – e que foram documentados pela primeira vez há poucos anos.

“As florestas de mangue são ecossistemas altamente produtivos e sua conservação deve ser uma prioridade, mas onde os manguezais já desapareceram, a restauração também é possível”, diz o especialista em ecossistemas costeiros e marinhos do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Gabriel Grimsditch.

Em 2019, as Nações Unidas fizeram um apelo global para mobilizar o apoio político e financeiro necessário e restaurar os ecossistemas mundiais desmatados e degradados. A Década de Restauração de Ecossistemas da ONU ocorrerá de 2021 a 2030 e intensificará o trabalho para enfrentar a degradação das paisagens — como os manguezais, nossas florestas azuis.

Iniciativas de restauração de florestas azuis

Recentemente, o PNUMA e outros colaboradores, em parceria com o Projeto Florestas Azuis, financiaram projetos bem-sucedidos de captura de carbono de manguezais no Quênia e em Madagascar.

Esses projetos vinculam as florestas de mangue ao mercado internacional de carbono, com o valor deste item sendo direcionado ao plantio e à conservação dos manguezais e oferecendo outros benefícios para as comunidades locais. Atualmente, o PNUMA está estudando como ligar os ecossistemas de ervas marinhas ao mercado de carbono no Quênia.

As experiências nesses países foram apresentadas no Indian Ocean Blue Carbon Hub Inaugural Think Tank, que aconteceu mês passado, nas Ilhas Maurício, por serem os únicos projetos financeiros bem-sucedidos de captura de carbono de manguezais baseados no trabalho de comunidades costeiras. Como resultado, ocorreu o reconhecimento de que a biodiversidade e os outros benefícios desses ecossistemas, incluindo a captura de carbono, são vitais para uma economia saudável e baseada na natureza.

“É importante restaurarmos os mangues, mas quem pagará por isso?”, questionou o Blue Carbon Lead da GRID-Arendal e coordenador do Projeto Florestas Azuis (Blue Forest, em inglês) do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), Steven Lutz. “Estamos estudando como o valor pelo carbono retirado dos manguezais pode estimular florestas saudáveis ​​e meios de subsistência costeiros”.

No Equador, o Projeto Florestas Azuis apoiou a parceria da Conservação Internacional com o governo e as comunidades locais para a criação de acordos de conservação de manguezais. Com o programa Socio Manglar (em espanhol), as comunidades indígenas recebem incentivos econômicos – com base na biodiversidade desses ambientes – para se comprometerem com a conservação e proteção desses ecossistemas. Como recompensa, eles ganham uso exclusivo do aratu-vermelho e do berbigão, pescados muito lucrativos no país.

aratu-vermelho do Equador, um pescado lucrativo no país. Foto: Daniela Hill

“A restauração não será alcançada facilmente. Recursos financeiros consideráveis ​​e uma forte participação das comunidades locais a longo prazo são necessários para termos projetos bem-sucedidos”, diz a especialista em ecossistemas marinhos do PNUMA, Isabelle Vanderbeck, que trabalha em estreita colaboração com o GEF em projetos de restauração de manguezais.

Uma resolução adotada pela Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente em 15 de março de 2019 “encoraja os Estados-membros a investirem em pesquisa, educação e sensibilização da população, a oferecerem capacitações para a gestão sustentável e restauração dos manguezais e ecossistemas relacionados e a pensarem em maneiras de mobilizar os recursos necessários para os países em desenvolvimento”.

O que é o Projeto Florestas Azuis do GEF?

A Área Focal de Águas Internacionais do GEF está permitindo que o Projeto Florestas Azuis realize a primeira avaliação em escala mundial sobre como os valores de captura de carbono e outros serviços de ecossistemas costeiros podem ser aproveitados para uma melhor gestão ambiental e construção de comunidades mais sustentáveis – enquanto mitigam, ainda, as mudanças climáticas. O projeto também visa aprofundar conhecimentos para promover tomadas de decisão bem embasadas, gerar conscientização, incentivar a cooperação entre todas as partes interessadas e fornecer experiências e ferramentas para ser aplicado globalmente.

A Década de Restauração de Ecossistemas da ONU 2021–2030, liderada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura e por outros parceiros, como a iniciativa Africa Restoration 100, o Fórum Global de Paisagens e a União Internacional para a Conservação da Natureza, abrange os ecossistemas terrestres, costeiros e marinhos. Como um apelo global à ação, a Década reunirá apoio político, pesquisa científica e força financeira para incentivar massivamente os esforços pela restauração.

 

Médico Drauzio Varella recebe prêmio da OMS sobre Dia Mundial sem Tabaco

Posted: 28 May 2020 10:00 AM PDT

Tabagismo é a causa de 8 milhões de mortes ao ano no mundo. Foto: PEXELS

Tabagismo é a causa de 8 milhões de mortes ao ano no mundo. Foto: PEXELS

Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou os ganhadores do Prêmio Dia Mundial sem Tabaco 2020. O médico brasileiro Drauzio Varella é um dos contemplados pelo seu trabalho de combate ao tabagismo, que provoca mais de 8 milhões de mortes todos os anos no mundo.

A lista, que inclui outros agraciados de México, Bolívia e Venezuela, foi divulgada às vésperas do Dia Mundial sem Tabaco, lembrado em 31 de maio.

A OMS também concedeu o prêmio a três instituições bolivianas que ajudaram a aprovar uma legislação de controle de tabaco em repartições públicas, transformando esse ambientes em 100% livres de tabaco, além de outros locais de trabalho.

Trata-se do primeiro país das Américas a aprovar um projeto de lei neste século de combate ao produto.

Os três premiados são a Assembleia Nacional Boliviana, o Ministério da Saúde e a Aliança Bolívia sem Tabaco, que cooperaram para que a legislação fosse adotada. Pela nova regra, os maços de cigarro terão que exibir imagens maiores sobre os danos do fumo.

Os ganhadores da edição 2020 do prêmio foram selecionados pela OMS após sugestões de uma consulta pública. Todos eles contribuem para o controle do tabaco em seus países.

Nicotina eletrônica

No México, os Ministérios da Saúde, das Finanças e da Economia devem dividir o prêmio após aumentarem os impostos sobre a venda de cigarro e proibirem a importação de sistemas de entrega de nicotina eletrônica e produtos de tabaco aquecido que levam ao uso do narguilé também conhecido como “vaping” pela juventude mexicana.

A OMS decidiu ainda agraciar o Ministério da Saúde da Venezuela por causa de uma proibição total de comerciais, promoção e patrocínio de tabaco, como prevê a Convenção sobre o Controle do Tabaco. Com isso, o país se tornou o oitavo nas Américas a implementar a recomendação.

Ao comentar a concessão do prêmio a Drauzio Varella, a OMS destacou a influência do médico em assuntos de saúde no Brasil, lembrando que ele é também um grande defensor da prevenção e controle de câncer, e que coopera com autoridades de saúde e com as famílias para alertar sobre os perigos do tabagismo.

Varella é ainda um grande promotor do aumento de impostos sobre o tabaco para reduzir o consumo.

O Dia Mundial sem Tabaco foi criado pelos países-membros da OMS em 1987. O objetivo é aumentar a conscientização para os efeitos nocivos do tabaco e para os riscos corridos por fumantes passivos.

Em 2020, o tema do Dia Mundial é: “Protegendo a juventude da manipulação da indústria e prevenindo-a do uso do tabaco e da nicotina”.

 

Projeto do Banco Mundial modernizará setores energético e mineral do Brasil

Posted: 28 May 2020 09:20 AM PDT

O setor de energia do Brasil é considerado um dos mais sofisticados da America Latina. Foto: Banco Mundial/Mariana Ceratti

O setor de energia do Brasil é considerado um dos mais sofisticados da America Latina. Foto: Banco Mundial/Mariana Ceratti

O Banco Mundial aprovou empréstimo de 38 milhões de dólares para o Projeto de Fortalecimento dos Setores de Energia e Mineral II (META 2), no Brasil. O objetivo é modernizar esses setores e promover a extração e o processamento sustentáveis de minerais e metais.

Outra meta é permitir a produção de energia de forma mais competitiva e confiável, a preços mais baixos.

O especialista em energia Jimmy Pannett, do Banco Mundial, explica como o projeto atuará.

“O programa oferecerá a instituições públicas e agências setoriais atividades de assistência técnica, como estudos, treinamentos, metodologias, bases de dados e equipamentos de tecnologia da informação.”

Os setores energético e mineral do Brasil estão entre os maiores entre as economias em desenvolvimento e são essenciais para o crescimento do país.

O setor energético responde por cerca de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Petróleo e gás respondem por 13% e Mineração e Processamento Mineral, por 4%. No entanto, esses setores ainda enfrentam desafios para desenvolver todo o seu potencial e promover a sustentabilidade ambiental e a inclusão social.

Além disso, também estão em diferentes estágios de desenvolvimento. O setor energético brasileiro é um dos mais sofisticados da América Latina, mas enfrenta uma série de desafios para promover abastecimento seguro, custo acessível e maior resiliência às mudanças climáticas.

No setor de gás natural, o Brasil começou a adotar diversas medidas em um novo programa com potencial para aumentar a segurança energética e reduzir os custos de energia industrial. Mas ainda precisa solucionar questões regulatórias e de governança. Já o setor mineral precisa se modernizar para alcançar práticas sustentáveis e uma nova estratégia apoiada na sustentabilidade, de acordo com o Banco Mundial.

Na primeira fase, a assistência técnica prestada pelo Projeto META ajudou algumas principais instituições públicas a reduzir o crescimento das emissões de carbono, com sustentabilidade ambiental e social.

 

Refugiada cega supera desafios para seguir estudando

Posted: 28 May 2020 08:44 AM PDT

Margetu estuda na Escola Primária de Mogadishu, no campo de refugiados de Kakuma, no noroeste do Quênia. Foto: Hannah Maule-ffinch/ACNUR

Em um caminho longo e sinuoso, duas meninas caminham juntas para a escola. Uma guiando a outra. Margetu carrega folhas grandes e grossas de papel em uma das mãos enquanto a outra segura firmemente a mão de sua melhor amiga Natasha.

Essas folhas de papel significam tudo para Margetu. São seus materiais em braille. Sem eles, a menina de 14 anos não consegue estudar. Margetu perdeu a visão por razões desconhecidas ainda bebê, quando sua família morava na Etiópia.

Quando ela tinha sete anos, os combates nas regiões central e sul da Etiópia obrigaram sua família a fugir para o país vizinho, o Quênia, em busca de segurança. Eles encontraram refúgio no campo de refugiados de Kakuma, onde vivem desde 2013. A família recebe apoio da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) com abrigo, comida, registro legal e educação.

Quando questionada sobre a vida no campo, Margetu hesita em responder: “Viver em um campo é… um pouco difícil”, diz, acrescentando rapidamente: “o melhor é vir para a escola, porque então você pode aprender e talvez mudar seu futuro”. Seu tom de voz pode ser calmo e quieto, mas a força e a resiliência de Margetu brilham quando ela fala.

Graças ao ACNUR e seu parceiro Educate a Child, Margetu frequenta a escola desde que chegou a Kakuma.

“É muito bom poder ir à escola”, disse Margetu. “Aprender é muito importante. É algo que pode mudar a vida das pessoas de maneiras diferentes. Quando você aprende, pode conseguir um emprego para ajudar a si mesmo e às pessoas ao seu redor. Estudar é bom para todo mundo.”

Por meio de sua parceria com a Educate a Child, o ACNUR ajuda a garantir que estudantes como Margetu tenham acesso a uma educação de qualidade em Kakuma. Juntos, trabalham para treinar e empregar professores qualificados, melhorar a segurança dos ambientes de aprendizagem e fornecer aos alunos material escolar, incluindo dispositivos de assistência especiais para estudantes como o Margetu.

Margetu é cega desde que era bebê e conta com o auxílio de uma máquina de braille na sala de aula. Foto: Hannah Maule-ffinch/ACNUR

A paixão e dedicação de Margetu a levaram ao topo de sua classe. Ela aprende todos as matérias com facilidade, mas a sua favorita é o inglês, porque esse é o principal idioma usado pelas diferentes pessoas que vivem em Kakuma para se comunicar.

Na escola, Margetu tem uma máquina em braile que usa para participar das atividades da escola. A máquina nem sempre funciona muito bem e Margetu gostaria de ter mais materiais adaptados às suas necessidades. Mas ela não deixa que isso se torne um obstáculo.

 

Casal de produtores rurais de MG aposta na entrega direta a consumidores em meio à pandemia

Posted: 28 May 2020 07:23 AM PDT

O casal de agricultores familiares Jessica Chryssafidis, de 27 anos, e Conrado Pereira, de 35, em seu sítio de Paraisópolis (MG). Foto: FAO

O casal de agricultores familiares Jessica Chryssafidis, de 27 anos, e Conrado Pereira, de 35, em seu sítio de Paraisópolis (MG). Foto: FAO

A pandemia da COVID-19 e o isolamento social fizeram o casal de agricultores familiares do sul de Minas Gerais Jessica Chryssafidis, de 27 anos, e Conrado Pereira, de 35, apostar no serviço de entregas diretas aos consumidores, conectando o campo e a cidade.

No sítio Lumiar, de 2,3 hectares, localizado no município de Paraisópolis, os jovens agricultores possuem uma pequena agroindústria de laticínios onde produzem queijos, iogurtes e outros derivados.

Com a pandemia e o isolamento social, as vendas nos pequenos comércios locais e padarias diminuíram em cerca de 35%. Contudo, o que poderia significar uma crise para a família abriu uma janela de oportunidades, com a demanda crescente de pedidos de entrega em domicílio. “A perspectiva que vimos para lidar com essa situação foi a venda direta aos consumidores”, diz Jéssica.

A produção de derivados de leite representa 70% da renda da família e, atualmente, são utilizados cerca de 5 mil litros de leite/mês. Como a produção da família é pequena, o casal também compra o leite dos vizinhos, garantindo uma renda para outros pequenos produtores locais.

Segundo Jéssica, a região é considerada uma “bacia leiteira, um importante vetor de desenvolvimento para famílias de agricultores locais, além de integrar o circuito turístico de Serras do Sul de Minas Gerais”.

O município de Paraisópolis conta com uma população de aproximadamente 20 mil habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

COVID-19 impulsa as entregas diretas

Jéssica conta que a família já havia iniciado em maio de 2019 o serviço de “tele entrega”, com 30 consumidores de cidades da região do entorno, uma vez ao mês, em suas casas. Em fevereiro de 2020, a rede de consumidores cresceu, alcançando 150 clientes.

“Havia uma perspectiva de aumento desse mercado, porque os grandes centros urbanos carecem de produtos originados de pequenos agricultores”, diz.

A estratégia deu certo e, dois meses depois, a família planejou voltar a vender seus produtos para consumidores de grandes cidades como São Paulo e São José dos Campos, mas desta vez envolvendo outros produtores locais de pão, chocolate e pimenta como uma forma de “testar” uma nova forma de comercialização.

No entanto, o mês de abril também trouxe a COVID-19 para a região, provocando o fechamento de mercados locais e feiras.

Contudo, o cenário que poderia ser motivo de preocupação para a família trouxe novos consumidores urbanos: a família agricultora já contabilizava 300 clientes que recebem os produtos da agricultura familiar em suas casas.

“Ficamos felizes, mas assustados, porque não estávamos preparados em termos de infraestrutura para uma operação de vendas tão grande”, comenta Jéssica.

A aliança com outros agricultores locais

Para atender aos pedidos dos consumidores, a agricultora explica que chamou outros produtores familiares locais para comercializarem juntos, por meio de cestas de produtos.

“Vivemos uma situação inesperada e, de certa maneira, privilegiada, diante desse contexto. E nosso papel, nossa responsabilidade aqui na fazenda é mapear esses produtores que estão tendo dificuldades em vender para que possam comercializar conosco”.

Até o mês de maio, a família já conta com quase 500 consumidores, a grande maioria em centros urbanos.

Segundo Jessica, a família já está investindo na expansão da produção, com o envolvimento de mais de 10 pequenos agricultores de seu município e da região do entorno para a venda conjunta e já estão colhendo os frutos desta aliança.

“O resultado para nós e para os outros agricultores foi muito importante para a manutenção da produção e da renda das famílias envolvidas”.

Segundo Jessica, os planos para os próximos meses são organizar os agricultores da região em rede, desenvolver um site de vendas e estabelecer um cronograma de vendas quinzenais.

“Apesar dos desafios dessa crise, nos sentimos privilegiados porque estamos investindo muito rapidamente no aumento da produção, mais rápido do que prevíamos”, conta a agricultora. “Entendemos que as ‘bandeiras’ que sempre defendemos da produção local, do comércio justo e das cadeias curtas de produção e consumo são, finalmente, uma realidade para nós.”

Cuidados em tempos de COVID-19

Quanto aos cuidados de higiene e manuseio de seus produtos, a agricultora explica que a família sempre se preocupou com estes processos.

“Produzir queijos com segurança significa usar máscaras, roupas próprias, a higiene constante de mãos e sapatos. Agora, prestamos ainda mais atenção”.

Como uma grande parte das entregas são feitas nas cidades de São Paulo e São José dos Campos, centros urbanos com alto índice de contágio com a COVID-19, o uso de luvas, máscaras e gel de álcool fazem parte da rotina.

Como a família também investia no turismo rural com visitas ao sítio e estadia aos finais de semana, desde o início da pandemia, o casal encerrou a atividade turística para seguir as diretrizes de isolamento social. “Voltaremos com as atividades quando terminar a quarentena”.

Mulheres rurais, mulheres com direitos

Para o representante no Brasil da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), Rafael Zavala, a iniciativa do casal demonstra que a agricultura familiar precisa se reinventar, buscar novos formatos de comercialização, bem como impulsar a associação entre agricultores para, juntos, fortalecerem suas vendas e gerar mais renda.

“Fica evidente que parte da inovação de Jéssica está em sua visão da agricultura não apenas como uma geradora de produtos, mas também como uma geradora de serviços no próprio território em que atua.”

“Os circuitos curtos de comercialização são importantes para garantir a segurança alimentar local, diminuir a pegada de carbono, fortalecer a agricultura familiar por meio da associação e a inovação, para que juntos façam o que talvez não pudessem fazer individualmente e, principalmente, para alavancar o desenvolvimento territorial”, analisa.

A FAO promove há cinco anos a campanha #Mulheres Rurais, Mulheres com Direitos, uma iniciativa conjunta e colaborativa de âmbito internacional e intersetorial na América Latina e no Caribe, para promover a visibilidade das mulheres rurais, indígenas e afrodescendentes em um contexto de desigualdades estruturais e desafios sociais, econômicos e ambientais. Diante do impacto da pandemia de COVID-19 na região, os desafios tornaram-se ainda maiores.

A agricultora Jéssica bem como outras mulheres rurais, desempenham em suas comunidades um papel crucial, como guardiãs de sementes, alimentos tradicionais, água, terra, recursos naturais, sabedoria ancestral, cultura, direitos humanos, entre outros, tornando-as verdadeiras guardiãs do desenvolvimento sustentável.

 

Países do Sul Global compartilham conhecimentos científicos sobre COVID-19 em portal da UNESCO

Posted: 28 May 2020 07:00 AM PDT

Pesquisas estão em andamento no mundo todo para encontrar uma vacina contra a doença provocada pelo novo coronavírus. Foto: Loey Felipe/UN Photo

Pesquisas estão em andamento no mundo todo para encontrar uma vacina contra a doença provocada pelo novo coronavírus. Foto: Loey Felipe/UN Photo

Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e seus parceiros organizaram um webinar no início de maio (6) para divulgar o portal COVID-19 Universal REsource (CURE) com partes interessadas do sul e do sudeste da Ásia, bem como da América Latina.

O direito de acesso à informação tornou-se mais relevante do que nunca na luta contra a pandemia da COVID-19. Compartilhar pesquisas científicas e inovações revisadas por pares é fundamental para se encontrar uma vacina, formular medidas efetivas de saúde pública e abordar as realidades pós-pandemia.

Isso exige que pesquisas científicas e informações sobre inovações possam ser localizadas, acessadas, operadas em conjunto e reutilizadas. Também é essencial que os princípios de acesso aberto e inclusão recebam apoio.

O recente webinar foi organizado para mostrar o portal (gateway) universal de recursos sobre a COVID-19 (COVID-19 Universal REsource gateway – CURE), como um exemplo de iniciativa de acesso aberto (Open Access).

A professora Devika Madalli, do Indian Statistical Institute, declarou que o portal coletará informações verificadas e com licenças de acesso aberto sobre todo o ciclo de vida da pandemia, a partir de várias fontes, e as apresentará em um site fácil de usar.

Vários participantes destacaram a importância desse portal e a necessidade de adaptá-lo às demandas das sub-regiões, no sentido de refletir diversos recursos linguísticos sobre o vírus e os contínuos esforços locais de pesquisa.

O portal CURE, uma iniciativa conjunta entre UNESCO, Indian Statistical Institute e Rede de Revistas Científicas da América Latina e Caribe, Espanha e Portugal (Redalyc), também mostra a importância da Cooperação Sul-Sul na promoção do acesso aberto.

O site e outros sistemas de inteligência artificial (IA) que coletam automaticamente informações online sobre assuntos específicos serão, ao final, integrados ao Global Open Access Portal (GOAP), que oferece uma visão mundial sobre o acesso aberto e suas iniciativas, assim como defende as políticas bem-sucedidas para promover o acesso aberto de informações científicas.

Os participantes também discutiram a relevância e os novos recursos potenciais do GOAP, como um fluxo de trabalho não comercial de acesso aberto, que “[economizaria] custos significativos na produção de periódicos em favor da publicação sem fins lucrativos e […] manteria a publicação de periódicos nas mãos de acadêmicos e do setor sem fins lucrativos”, disse a professora Arianna Becerril Garcia, diretora-executiva da Redalyc.

O professor A.R.D. Prasad, do Indian Statistical Institute, também compartilhou um canal de aprendizagem do Open Access Portal que inclui vídeos educacionais curtos sobre acesso aberto.

No final do webinar, Hezekiel Dlamini, do Escritório Cluster da UNESCO de Bangladesh, Butão, Índia, Maldivas, Nepal e Sri Lanka, destacou como o portal CURE e outros recursos do GOAP reforçam o apoio e a Cooperação Sul-Sul. Bhanu Neupane, da sede da UNESCO, convidou especialistas e instituições interessadas a unirem esforços para contribuir para a melhoria do GOAP.

Durante e após a crise da COVID-19, a UNESCO continuará a defender o acesso aberto e desenvolverá as capacidades dos Estados-membros para tomar medidas concretas rumo ao acesso universal à informação e ao conhecimento, inclusive por meio de soluções abertas, como o acesso aberto e os dados abertos.

Para obter mais informações e se unir à iniciativa para aprimorar o GOAP e avançar na promoção do Movimento de Acesso Aberto, entre em contato com Bhanu Neupane (UNESCO CI/UAI), b.neupane@unesco.org.

 

Países estão falhando em impedir comercialização prejudicial de substitutos do leite materno

Posted: 28 May 2020 06:38 AM PDT

Amamentação funciona como uma primeira vacina para recém-nascidos. Foto: OMS

Amamentação funciona como uma primeira vacina para recém-nascidos. Foto: OMS

Um novo relatório de Organização Mundial da Saúde (OMS), Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e Rede Internacional de Ação sobre Alimentos para Bebês (IBFAN) mostrou que, apesar dos esforços para impedir a promoção prejudicial dos substitutos do leite materno, os países ainda estão aquém de proteger mães e pais de informações enganosas.

A pandemia da COVID-19 destaca a necessidade de legislação mais forte para proteger as famílias de falsas alegações sobre a segurança dos substitutos do leite materno ou práticas agressivas de marketing. O leite materno salva a vida das crianças, pois fornece anticorpos que dão aos bebês um impulso saudável e os protegem contra muitas doenças da infância.

A OMS e o UNICEF incentivam as mulheres a continuar amamentando durante a pandemia de COVID-19, mesmo com confirmação ou suspeita da doença. Pesquisadores continuam testando o leite materno de mães infectadas pelo novo coronavírus e as evidências atuais indicam que é improvável que a COVID-19 seja transmitida através da amamentação ou do leite materno doado por uma mãe com suspeita ou confirmação da doença. Os inúmeros benefícios da amamentação superam substancialmente os potenciais riscos de doenças associadas ao vírus. Desta forma, não é mais seguro dar leite infantil em pó.

Dos 194 países analisados no relatório, 136 possuem alguma forma de medida legal relacionada ao Código Internacional de Comercialização de Substitutos do Leite Materno e resoluções subsequentes adotadas pela Assembleia Mundial da Saúde. A atenção ao Código está crescendo, já que 44 países reforçaram seus regulamentos sobre marketing nos últimos dois anos.

Apenas 79 países proíbem a promoção de substitutos do leite materno nas unidades de saúde e só 51 têm disposições que proíbem a distribuição de suprimentos gratuitos ou de baixo custo no sistema de saúde. No entanto, as restrições legais na maioria dos países não abordam totalmente o marketing nas unidades de saúde.

Dezenove países proibiram o patrocínio de reuniões de associações científicas e profissionais de saúde por fabricantes de substitutos do leite materno, que incluem fórmula infantil, fórmula de acompanhamento e aumento dos leites comercializados para uso por bebês e crianças com até 36 meses de idade.

“O marketing agressivo de substitutos do leite materno, especialmente por meio de profissionais de saúde em que os pais confiam para aconselhamento nutricional e de saúde, é uma grande barreira para melhorar a saúde de recém-nascidos e crianças em todo o mundo”, disse Francesco Branca, diretor do Departamento de Nutrição e Segurança Alimentar da OMS. “Os sistemas de saúde devem agir para aumentar a confiança dos pais no aleitamento materno sem a influência da indústria para que as crianças não percam seus benefícios que salvam vidas”.

A OMS e o UNICEF recomendam que os bebês sejam alimentados apenas com leite materno nos primeiros 6 meses de vida. Depois disso, devem continuar a amamentar e ingerir outros alimentos nutritivos e seguros até os 2 anos de idade ou mais.

Amamentação sob ameaça

Os bebês que são amamentados exclusivamente têm 14 vezes menos probabilidade de morrer do que os que não são amamentados. Atualmente, no entanto, apenas 41% das crianças de 0 a 6 meses são amamentadas exclusivamente, uma taxa que os Estados-membros da OMS se comprometeram a aumentar para pelo menos 50% até 2025. A comercialização inadequada de substitutos do leite materno continua prejudicando os esforços para melhorar as taxas de amamentação e a crise de COVID-19 está intensificando a ameaça.

Os serviços de saúde destinados a apoiar as mães a amamentar, incluindo aconselhamento e apoio especializado à lactação, estão sobrecarregados com a crise da COVID-19. Medidas de prevenção de infecções, como o distanciamento físico, dificultam a continuidade dos serviços de aconselhamento comunitário e de apoio de mãe para mãe, deixando uma abertura para que a indústria de substitutos do leite materno capitalize a crise e diminua a confiança na amamentação.

“À medida que a pandemia de COVID-19 avança, profissionais de saúde são desviados de seus cargos para trabalhar na resposta à pandemia; os sistemas de saúde estão sobrecarregados. Nesse momento, a amamentação pode proteger a vida de milhões de crianças, mas as novas mães não podem fazê-lo sem o apoio dos profissionais de saúde”, afirmou Victor Aguayo, chefe de Nutrição do UNICEF. “Mais do que nunca, devemos intensificar os esforços para garantir que todas as mães e famílias recebam orientação e apoio de um profissional de saúde treinado para amamentar seus filhos desde o nascimento, em todos os lugares”.

O Código proíbe todas as formas de promoção de substitutos do leite materno, incluindo publicidade, presentes para profissionais de saúde e distribuição de amostras gratuitas. Os rótulos não podem fazer alegações nutricionais e de saúde ou incluir imagens que idealizem a fórmula infantil. Em vez disso, os rótulos devem transmitir mensagens sobre a superioridade da amamentação sobre a fórmula e os riscos de não amamentar.

A OMS e UNICEF chamam os governos a fortalecer urgentemente a legislação sobre o Código durante a pandemia de COVID-19. Os governos e organizações da sociedade civil também não devem buscar ou aceitar doações de substitutos do leite materno em emergências.

“O medo da transmissão de COVID-19 está eclipsando a importância da amamentação – em muitos países, mães e bebês estão sendo separados ao nascer – e tornando a aleitamento e o contato pele a pele difíceis, se não impossíveis. Tudo com base em nenhuma evidência. Enquanto isso, a indústria de alimentos para bebês está explorando o medo de infecções, promovendo e distribuindo fórmulas gratuitas e conselhos enganosos, alegando que as doações são humanitárias e que são parceiros confiáveis”, alegou Patti Rundall, do Conselho Global do IBFAN.

O monitoramento e a aplicação do Código são inadequados na maioria dos países. O relatório “Marketing of breast-milk substitutes: National implementation of the International Code – Status report 2020” fornece informações atualizadas sobre o status da implementação de países, incluindo quais medidas foram e/ou não foram implementadas por lei.

Dado o importante papel dos profissionais de saúde na proteção de mulheres grávidas, mães e seus bebês da promoção inadequada de substitutos do leite materno, o relatório de 2020 fornece uma análise abrangente das medidas legais adotadas para proibir a promoção de substitutos do leite materno para os profissionais de saúde e nas instalações de saúde.

Amamentação e COVID-19

Até o presente momento, o novo coronavírus ativo não foi detectado no leite materno de nenhuma mãe com confirmação ou suspeita de COVID-19. É improvável, portanto, que a doença seja transmitida por meio da amamentação ou doação de leite materno.

Mulheres com confirmação ou suspeita de COVID-19 podem, portanto, amamentar se assim o desejarem. Elas devem:

Lavar as mãos frequentemente com água e sabão ou utilizar um higienizador à base de álcool, principalmente antes de tocar no bebê;
Usar máscara durante qualquer contato com o bebê, inclusive durante a alimentação;
Ao espirrar ou tossir, utilizar um lenço de papel. É necessário descartá-lo imediatamente após o uso e lavar as mãos novamente;
Limpar e desinfetar rotineiramente as superfícies depois de tocá-las;
Mesmo não possuindo máscara, as mulheres devem seguir todas as outras medidas de prevenção de infecções e continuar a amamentar.

 

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