Armênia a caminho da União Econômica Euroasiática: vantagens e obstáculos
A Rússia, a Bielorrússia e o Cazaquistão
assinaram o tratado da União Econômica Euroasiática a 29 de maio em
Astana. O acordo deverá entrar em vigor a partir de 1 de janeiro de
2015. Em setembro do ano passado, quando a União Econômica Euroasiática
era apenas um projeto, Erevan tinha declarado sua vontade de aderir à
União Aduaneira e, mais tarde, à União Econômica Euroasiática.
Neste
momento a versão final do acordo de adesão da Armênia à União Econômica
Euroasiática já está pronta. Erevan, Minsk, Astana e Moscou se preparam
para a assinatura do tratado. Na reunião de outubro na Bielorrússia, os
líderes dos países participantes irão discutir a adesão à União não
apenas da Armênia, mas também do Quirguistão.
Até ao
último momento a Armênia esteve enfrentando uma escolha: continuar a
integração com seus parceiros históricos ou assinar o acordo de
associação com a União Europeia, que Bruxelas propunha com insistência.
Finalmente Erevan tomou a única decisão correta, diz o antigo embaixador
da Rússia na Armênia Viacheslav Kovalenko:
“Para países
pequenos como a Armênia a integração representa uma garantia de
proteção de seus interesses econômicos e de um crescimento econômico a
longo prazo. O processo de integração euroasiática prevê um trabalho
conjunto de elaboração das regras do jogo e um respeito mútuo pelas
soberanias nacionais. Uma parte considerável desse caminho já foi
percorrida, restam alguns problemas na área aduaneira e tributária que
estão sendo discutidos neste momento.”
Na opinião de
Kovalenko, a Armênia, ao assinar o acordo, irá aceder a um amplo espaço
para o desenvolvimento de sua economia nacional ao usar as vantagens da
União Aduaneira. Isso abrange tanto os preços do petróleo, como o
alargamento do mercado de escoamento de produtos agrícolas armênios. Não
é menos importante a questão da política migratória: a adesão do país à
União Econômica Euroasiática irá remover muitos obstáculos aos muitos
trabalhadores imigrantes armênios que neste momento se encontram tanto
na Rússia, como na Bielorrússia.
Contudo, tal como se
esperava, todas essas perspetivas não agradam nada a Washington, o qual
ultimamente tem cada vez menos influência no Cáucaso de Sul. As pressões
exercidas não têm precedentes, os norte-americanos há muito que
desistiram de toda a etiqueta diplomática, refere o analista político
Andrei Areshev, especialista em questões do Cáucaso:
“Também
existem problemas de caráter político. Nós compreendemos perfeitamente
que a União Aduaneira e a União Econômica Euroasiática não são criadas
no vazio. Nós vemos que a Rússia está numa situação bastante difícil
devido à situação na Ucrânia. Há pouco tempo nós assistimos à embaixada
estadunidense em Erevan ter aconselhado diretamente à Armênia a se
manter afastada da Rússia. Ou seja, nós compreendemos que a linha de
oposição aos processos de integração é bastante forte e consequente.
Aqueles que a seguem irão usar quaisquer argumentos para travar esse
processo.”
A União Econômica Euroasiática é, em primeiro
lugar, um projeto econômico. Durante o processo de elaboração do acordo
foram registradas certas contradições. Mas o principal é que nenhuma
delas é insolúvel, sublinha o diretor do Instituto do Cáucaso e analista
político Alexander Iskandaryan:
“As questões técnicas
já estão praticamente resolvidas, inclusive em relação às tarifas
alfandegárias. Falta apenas ajustar isso com os restantes países-membros
da União Econômica Euroasiática. Aqui, além do espaço integrado, ainda
existem contradições internas entre as partes, as quais, no entanto, não
são tão graves que possam criar obstáculos sérios. A assinatura, a 10
de outubro, do documento para a entrada da Armênia na União Econômica
Euroasiática será possível.”
O Ocidente continua
pressionando Erevan. Algumas forças gostariam muito que a questão “a
União Econômica Euroasiática ou a União Europeia” fosse decidida na
Armênia de acordo com o cenário ucraniano. Contudo, a liderança armênia,
segundo tudo indica, tenciona se orientar de acordo com seus próprios
interesses e não pelas vantagens que possa obter “do tio da América”.
De
resto, as vantagens desse acordo são compreendidas não apenas no espaço
pós-soviético. O interesse em uma cooperação com a União Econômica
Euroasiática já foi demonstrado pela Índia, pela China e por Israel.
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