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segunda-feira, 6 de julho de 2020

Boletim diário da ONU Brasil: “Relatório sobre AIDS mostra que metas para 2020 não serão cumpridas no mundo” e 7 outros.

Relatório sobre AIDS mostra que metas para 2020 não serão cumpridas no mundo

Posted: 06 Jul 2020 12:41 PM PDT

As comunidades fazem a diferença e desempenham um papel fundamental na resposta à epidemia de AIDS nos níveis local, nacional e internacional, segundo o UNAIDS. Foto: UNAIDS

As comunidades fazem a diferença e desempenham um papel fundamental na resposta à epidemia de AIDS nos níveis local, nacional e internacional, segundo o UNAIDS. Foto: UNAIDS

Um novo relatório do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) mostra que houve progresso significativo rumo ao fim da epidemia de AIDS no mundo, mas altamente desigual, principalmente na expansão do acesso à terapia antirretroviral.

Como as conquistas não foram compartilhadas igualmente dentro dos países e entre eles, as metas globais de HIV estabelecidas para 2020 não serão alcançadas, alertou o programa da ONU.

O relatório, intitulado “Agarrar a oportunidade: enfrentando as desigualdades enraizadas para acabar com epidemias“, alerta para o fato de que os ganhos obtidos até agora podem ser perdidos e o progresso interrompido se não houver ação.

O documento destaca que os países precisam redobrar seus esforços e agir com maior urgência para alcançar as milhões de pessoas ainda deixadas para trás.

“Serão necessárias, em todos os dias desta próxima década, ações decisivas para colocar o mundo de volta nos trilhos rumo à meta de acabar com a epidemia de AIDS até 2030”, disse Winnie Byanyima, diretora-executiva do UNAIDS.

“Milhões de vidas foram salvas, particularmente as vidas de mulheres na África. O progresso alcançado por muitos precisa ser compartilhado por todas as comunidades em todos os países. O estigma, a discriminação e as desigualdades generalizadas são os principais obstáculos ao fim da AIDS. Os países precisam se guiar pelas evidências e assumir suas responsabilidades em relação aos direitos humanos.”

Quatorze países atingiram as metas de tratamento 90-90-90 (90% das pessoas que vivem com HIV conhecem seu estado sorológico positivo para o vírus; destas, 90% estão em tratamento antirretroviral; e destas, 90% têm carga viral suprimida). Entre estes países está a Suazilândia, que tem uma das mais altas taxas de prevalência de HIV do mundo, com 27% em 2019, e que, ao ter superado as metas de 2020, caminha para alcançar as metas 95–95–95, previstas para 2030.

Milhões de vidas foram salvas e milhões de novas infecções por HIV foram evitadas graças ao aumento do acesso à terapia antirretroviral. No entanto, 690 mil pessoas morreram de doenças relacionadas à AIDS no ano passado e um terço (12,6 milhões) das 38 milhões de pessoas que vivem com HIV não tinham acesso ao tratamento capaz de salvar vidas.

“Não podemos descansar à sombra dos louros alcançados, nem nos desencorajarmos por causa dos contratempos. Devemos garantir que nenhuma pessoa seja deixada para trás. Temos que fechar as lacunas. Nosso objetivo é 100-100-100 ”, disse Ambrose Dlamini, primeiro-ministro da Suazilândia.

As metas para 2020 e a realidade

O mundo está muito atrasado na prevenção de novas infecções por HIV. Cerca de 1,7 milhão de pessoas foram infectadas com o vírus, mais de três vezes acima da meta global, que previa baixar as novas infecções para 500 mil até 2020.

Houve um progresso no leste e sul da África, onde as novas infecções por HIV diminuíram 38% desde 2010. Isso contrasta fortemente com a região da Europa Oriental e Ásia Central, que registrou um aumento impressionante de 72% nas novas infecções por HIV desde 2010. Novas infecções por HIV também aumentaram 22% no Oriente Médio e Norte da África e 21% na América Latina.

O relatório mostra um progresso desigual, com muitas pessoas e populações vulneráveis deixadas para trás. Apesar de constituírem uma proporção muito pequena da população geral, cerca de 62% das novas infecções por HIV ocorreram entre populações-chave e seus parceiros sexuais, incluindo gays e outros homens que fazem sexo com homens, profissionais do sexo, pessoas que usam drogas e pessoas privadas de liberdade.

A discriminação e o estigma, juntamente com outras desigualdades e exclusões sociais, tem se mostrado como barreiras principais. Populações marginalizadas que temem julgamento, violência ou prisão lutam para acessar serviços de saúde sexual e reprodutiva, especialmente aqueles relacionados à contracepção e à prevenção do HIV.

O estigma contra pessoas vivendo com HIV ainda é comum: pelo menos 82 países criminalizam alguma forma de transmissão, exposição ou não divulgação do HIV; o trabalho sexual é criminalizado em pelo menos 103 países; e ao menos 108 países criminalizam o consumo ou posse de drogas para uso pessoal.

Mulheres e meninas da África subsaariana

Mulheres e meninas na África Subsaariana continuam sendo as mais afetadas e foram responsáveis por 59% de todas as novas infecções por HIV na região em 2019, com 4.500 meninas e mulheres jovens entre 15 e 24 anos infectadas por HIV por semana. As mulheres jovens representaram 24% das novas infecções por HIV em 2019, apesar de constituírem apenas 10% da população na África Subsaariana.

No entanto, onde os serviços de HIV são fornecidos de forma abrangente, os níveis de transmissão do HIV são reduzidos significativamente. Em Suazilândia, Lesoto e África do Sul, uma alta cobertura de opções de prevenção combinada, incluindo apoio socioeconômico para mulheres jovens e altos níveis de cobertura de tratamento e supressão viral para populações anteriormente não alcançadas, reduziu as desigualdades e reduziu a incidência de novas HIV infecções.

HIV e COVID-19

A pandemia de COVID-19 afetou seriamente a resposta à AIDS e pode causar uma ruptura ainda maior. Uma interrupção completa de seis meses no tratamento do HIV pode causar mais de 500 mil mortes adicionais na África Subsaariana durante o próximo ano (2020-2021), trazendo a região de volta aos níveis de mortalidade por AIDS de 2008. Mesmo uma interrupção menor pode causar 110 mil mortes adicionais.

“Aqueles de nós que sobreviveram ao HIV e lutaram pela vida e pelo acesso a tratamentos e cuidados não podem se dar ao luxo de perder os ganhos obtidos com tanto esforço. Em alguns países da América Latina, estamos vendo como os recursos, medicamentos, equipe de saúde e equipamentos de HIV estão sendo movidos para a luta contra a COVID-19 ”, disse Gracia Violeta Ross, presidente da Rede Boliviana de Pessoas Vivendo com HIV.

“Algumas boas lições e práticas da resposta ao HIV, como participação e responsabilidade significativas, estão sendo ignoradas. Não permitiremos que o HIV seja deixado para trás.”

Para combater estas epidemias convergentes de HIV e de COVID-19, o UNAIDS e seus parceiros estão liderando um chamado global pela Vacina Popular para a COVID-19, que foi assinada por mais de 150 líderes e especialistas mundiais exigindo que todas as vacinas, tratamentos e testes sejam realizados livres de patentes, produzidos em massa e distribuídos de maneira justa e gratuita para todos.

O UNAIDS também insta os países a aumentar os investimentos nas duas epidemias. Em 2019, o financiamento para o HIV caiu 7% em relação a 2017, para 18,6 bilhões de dólares. Esse revés significa que o financiamento está 30% abaixo dos 26,2 bilhões de dólares necessários para responder efetivamente ao HIV em 2020.

“Não podemos ter países pobres no final da fila. As pessoas não deveriam depender do dinheiro em seu bolso ou da cor de sua pele para serem protegidas contra esses vírus mortais”, disse Byanyima. “Não podemos pegar dinheiro de uma doença para tratar outra. Tanto o HIV quanto a COVID-19 devem ser totalmente financiados para evitar uma perda maciça de vidas.”

Clique aqui para acessar o relatório completo (em inglês).

 

Fundo de População da ONU e SESC unem-se para enfrentar violência de gênero no Brasil

Posted: 06 Jul 2020 12:03 PM PDT

O SESC e o Fundo da População das Nações Unidas (UNFPA) deram início a uma parceria de longo prazo para enfrentar a violência de gênero no Brasil, problema que se agravou durante a pandemia de COVID-19.

Denúncias do Disque 180 mostram um aumento de registros de 37,6% em abril, comparado ao mesmo mês ao ano passado.

A primeira ação da parceria é o lançamento da campanha “Você não está sozinha” nas redes sociais, que lembra a importância de não se omitir e denunciar esse crime, principalmente em um momento em que as vítimas têm mais dificuldade para buscar ajuda.

“Normalmente, as vítimas denunciam a agressão às segundas-feiras, após serem agredidas no final de semana e quando conseguem se distanciar dos agressores. Porém, com o isolamento social essa possibilidade não existe mais e, por isso, é necessário que a sociedade se mobilize para denunciar quando ouve ou vê ações violentas ao seu redor”, explica a analista de Saúde do SESC Roberta Vilhena.

“Durante pandemias, como a que estamos vivendo agora, mulheres e meninas correm maior risco de sofrer violência, porque muitas vezes, estão em espaços inseguros, vivendo com agressores, sem possibilidade de procurar ajuda ou proteção de familiares, amigos e também de autoridades. Por isso, precisamos atuar para que elas possam buscar ajuda o mais rápido possível. Essa campanha responde a essa demanda, porque tem a informação como central”, diz Astrid Bant, representante do Fundo de População da ONU no Brasil.

Ao longo dos próximos meses, o SESC vai adequar alguns dos seus projetos de Educação em Saúde, com o apoio do UNFPA, para atuar na prevenção da violência e abrir novos espaços de debate sobre o problema.

“A violência de gênero é uma epidemia com a qual a gente convive constantemente, mas que é pouco enfrentada. Queremos desenvolver ações sistemáticas por meio dos projetos de Educação em Saúde, buscando o diálogo, a reflexão e a construção conjunta com as comunidades de soluções eficazes”, acrescenta a analista de Saúde do SESC Thássia Ribeiro.

Os projetos Saúde Mulher, Transando Saúde, Retratos de Família e Nossa Escolha, que trabalham a temática de saúde sexual e reprodutiva, serão adaptados pelo SESC, com apoio do UNFPA para ganhar novas linhas de ação para combater a violência de gênero.

“Essa parceria vem ao encontro da nossa missão de promover diálogos e sensibilizar toda a sociedade para a promoção dos direitos humanos, em especial, os direitos sexuais e reprodutivos. A parceria com o SESC é estratégica e permitirá que todos esses conteúdos possam alcançar se sensibilizar um número cada vez maior de pessoas”, diz Bant.

Segundo Vilhena, esses projetos passarão por adaptações nos próximos meses e, em 2021, as ações já terão entre suas principais linhas de atuação o combate à violência de gênero. O Fundo de População das Nações Unidas já é parceiro do SESC em programas de saúde sexual e reprodutiva e dessa sinergia surgiu a interesse em unir forças em mais um campo.

Além dos quatro projetos que serão adaptados, SESC e UNFPA estudam o desenvolvimento de um novo programa, baseado na diferentes vivências e realidades do país. A ideia é construir, junto com as comunidades, soluções que envolvam o fortalecimento e apoio às vítimas da violência de gênero, em sua maioria mulheres, bem como ações para homens jovens, adultos e idosos.

A campanha

A campanha foi desenvolvida para apoiar as mulheres, reforçar a importância de falar sobre a violência doméstica e o direito das mulheres a uma vida com segurança, liberdade e paz, e informar como elas podem se prevenir.

De acordo com a UNFPA, muitas pessoas têm a percepção de que esse tipo de violência é algo distante da sua realidade, fora de seu ciclo de convívio. Por isso, é importante ficar atento a qualquer sinal.

Segundo a ONU Mulheres, nos últimos meses, o número de casos de violência aumentou em vários países. O aumento também aconteceu em diferentes estados do Brasil.

De acordo com dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH), houve um aumento médio de 14,1% no número de denúncias feitas ao Ligue 180 nos primeiros quatro meses de 2020 em relação ao ano passado.

A dificuldade da denúncia

Alguns fatores fazem com que a vítima não se dê conta da situação ou tenha dificuldade de relatar o que está acontecendo. Entre eles está o envolvimento emocional, já que a maior parte dos agressores é do convívio das vítimas, o que dificulta a denúncia e gera medo.

As vítimas que estão em relacionamentos abusivos têm dificuldade de reconhecer que aquela postura é agressiva, em especial quando não há violência física, tendo em conta que socialmente as mulheres sempre estiveram sob o domínio de homens.

Outro fator é a falta de credibilidade dada pela sociedade às mulheres que relatam terem sido alvo de violência. Muitas vezes, elas não são vistas como vítimas, mas como responsáveis por provocarem aquela atitude do agressor. Em um momento de distanciamento social, torna-se ainda mais difícil denunciar, diante das dúvidas sobre para onde ir.

O UNFPA lembra que a violência atinge mulheres independentemente de classe social, renda, etnia, cultura, idade, grau de escolaridade, orientação sexual ou religião. Todos os dias, há notícias de mulheres que sofreram violência ou foram assassinadas por seus companheiros ou ex-parceiros.

Entretanto, a violência não atinge todas as mulheres da mesma maneira. O crescimento da taxa de homicídio (2007-2017) segundo raça/cor demonstra que as mulheres negras são as maiores vítimas. Segundo o Atlas da Violência 2019, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), nesse período, houve um crescimento de violência contra elas de 29,9%, em comparação com o número de 4,5% de mulheres não negras.

Mulheres lésbicas e bissexuais sofrem diversos tipos de violência em função de sua orientação sexual, desde agressões físicas, verbais e psicológicas até os chamados “estupros corretivos” (que pretendem modificar a orientação sexual delas). E as mulheres transexuais também são alvo constante de preconceitos e agressões múltiplas, devido a diversas formas de discriminação.

Em caso de violência contra a mulher, denuncie. Ligue 180 (Central de Atendimento à Mulher).

 

ONU expressa alarme por prisões em Hong Kong

Posted: 06 Jul 2020 11:33 AM PDT

Porto de Hong Kong. Foto: Man Chung/Unsplash

Porto de Hong Kong. Foto: Man Chung/Unsplash

O escritório de direitos humanos da ONU (ACNUDH) expressou alarme pela prisão de manifestantes em Hong Kong, depois que a China adotou uma lei de segurança nacional para a região Administrativa Especial.

O porta-voz Rupert Colville informou a jornalistas em Genebra na última sexta-feira (3) que o Escritório do Alto Comissário para Direitos Humanos continuava a analisar a nova lei, que entrou em vigor na quarta-feira, considerando sua conformidade com as obrigações internacionais de direitos humanos.

“Acho que muitas centenas de pessoas foram presas desde que os protestos começaram na quarta-feira, pelo que ouvi, compreendemos que dez destas pessoas foram enquadradas na nova lei mas não tenho mais detalhes, neste ponto, da natureza das acusações”, informou o porta-voz.

Ele acrescentou que colegas estão “ativamente tentando conseguir os detalhes para avaliar que tipo de questões temos sobre casos individuais”. Rupert Colville relatou definições “vagas e muito amplas” de alguns dos crimes na nova legislação que foi adotada pelo congresso chinês.

“Isto pode levar a interpretação discriminatória ou arbitrária e cumprimento da lei que poderia comprometer a proteção de direitos humanos”, ele explicou.

Reiterando as preocupações sobre restrições de liberdade de expressão destacadas pela ala comissária Michelle Bachelet, o oficial do ACNUDH insistiu que tais leis “nunca deveriam ser usadas para criminalizar conduta e expressão que é protegida sob legislação internacional de direitos humanos”.

Princípio de legalidade – Infrações criadas sob a nova legislação de segurança nacional deveriam atender ao princípio da legalidade, que está garantida no artigo 15.1 do Acordo Internacional de Direitos Civis e Políticos, acrescentou o porta-voz.

Este desdobramento segue uma declaração conjunta de dezenas de peritos independentes alegando a repressão de “liberdades fundamentais” dos manifestantes de Hong Kong.
Citando o alegado uso de agentes químicos contra os manifestantes, os peritos também relataram assédio sexual contra mulheres nas delegacias de polícia e assédio de trabalhadores em saúde.

Segundo os peritos, a lei, elaborada sem uma consulta significativa da população de Hong Kong, tem o risco de prejudicar o direito a um julgamento justo e poderia motivar um “aumento expressivo em detenção arbitrária”.

Os peritos independentes não são funcionários da ONU nem são remunerados pela Organização.

Um país, dois sistemas – A estrutura de governança “um país, dois sistemas” , introduzida no fim do domínio britânico, também corre o risco de ser afetada, os peritos insistiram, possibilitando que o governo chinês estabeleça “agências” em Hong Kong “quando necessário”.

Provisões aplicáveis a crime de “conspiração com um país estrangeiro ou com elementos externos que coloquem em perigo a segurança nacional”, incluídos no artigo 29 da nova lei, também causam preocupação, acrescentou o porta-voz do ACNUDH.

“Isto pode levar a uma restrição do espaço civil e da possibilidade dos atores da sociedade civil exercerem seu direito de participar de assuntos públicos”, ele afirmou.

“Estas medidas também poderiam levar a uma criminalização dos defensores de direitos humanos e ativistas pelo exercício de seu direito a liberdade de expressão, associação e reunião pacífica”, concluiu.

 

Relatório da ONU defende abordagem que une saúde humana, animal e ambiental para evitar futuras pandemias

Posted: 06 Jul 2020 11:29 AM PDT

Eventos climáticos extremos atingem o mar Adriático em Ražanac, na Croácia. Foto: OMM/Aleksandar Gospić

Eventos climáticos extremos atingem o mar Adriático em Ražanac, na Croácia. Foto: OMM/Aleksandar Gospić

Enquanto a pandemia da COVID-19 ameaça vidas e perturba economias em todo o mundo, um novo relatório alerta para a possibilidade de surgimento de novos surtos de doenças zoonóticas caso os países não tomem medidas para impedir sua disseminação. O estudo faz dez recomendações para evitar futuras pandemias.

O relatório “Prevenir a Próxima Pandemia: Doenças Zoonóticas e Como Quebrar a Cadeia de Transmissão” é um esforço conjunto do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e do Instituto Internacional de Pesquisa Pecuária (ILRI).

Ele identifica sete tendências que impulsionam o surgimento de doenças zoonóticas, incluindo a crescente demanda por proteína animal, a expansão agrícola intensiva e não sustentável, o aumento da exploração da vida selvagem e a crise climática. O relatório conclui que a África, em especial, por ter enfrentado várias epidemias zoonóticas, incluindo os recentes surtos de Ebola, pode ser uma fonte de soluções importantes para conter futuros surtos.

“A ciência é clara ao dizer que, se continuarmos explorando a vida selvagem e destruindo os ecossistemas, podemos esperar um fluxo constante de doenças transmitidas de animais para seres humanos nos próximos anos”, afirmou a diretora-executiva do PNUMA, Inger Andersen.

“As pandemias são devastadoras para nossas vidas e nossas economias e, como vimos nos últimos meses, a população mais pobre e vulnerável é a mais impactada. Para evitar futuros surtos, precisamos ser mais conscientes sobre a proteção do meio ambiente”, complementou.

Uma “doença zoonótica” ou “zoonose” é uma doença transmitida de animais para seres humanos. A COVID-19, que já causou mais de meio milhão de mortes em todo o mundo, provavelmente foi originada em morcegos. Mas ela é apenas a mais recente dentre tantas doenças cuja disseminação foi intensificada pelas ações humanas – como ebola, Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), Febre do Nilo Ocidental e Febre do Vale Rift.

Todos os anos, cerca de 2 milhões de pessoas, principalmente de países de baixa e média renda, morrem devido a doenças zoonóticas negligenciadas. Estes surtos também podem causar doenças graves, mortes e perda de produtividade em rebanhos nos países em desenvolvimento, deixando milhões de pequenos agricultores em extrema pobreza.

Nas últimas duas décadas, as doenças zoonóticas causaram perdas econômicas no valor de mais de 100 bilhões de dólares, sem contar a pandemia de COVID-19, que poderá custar 9 trilhões de dólares nos próximos anos.

Países africanos podem liderar esforços na prevenção de pandemias

As doenças zoonóticas estão em ascensão em todo o mundo. Os países africanos, alguns dos quais já lidaram de forma bem sucedida com outros surtos zoonóticos fatais, podem aproveitar suas experiências para combater futuros surtos por meio de abordagens que incorporem saúde humana, animal e ambiental.

O continente abriga grande parte das florestas tropicais remanescentes do mundo e outras paisagens selvagens. A população humana na África também é a que mais cresce, o que facilita o encontro entre rebanhos e animais selvagens, que, por sua vez, eleva o risco de disseminação de doenças zoonóticas.

“A situação no continente hoje é propícia para intensificar as doenças zoonóticas existentes e facilitar o surgimento e a disseminação de novas doenças”, disse o diretor-geral da ILRI, Jimmy Smith.

“Mas, com suas experiências com a ebola e outras doenças emergentes, os países africanos estão demonstrando maneiras proativas de gerenciar esses surtos. Por exemplo, para controlar as doenças eles estão aplicando novas abordagens baseadas em riscos, ao invés de abordagens baseadas em regras, por serem mais adequadas para ambientes com poucos recursos, e estão unindo conhecimentos humanos, animais e ambientais em iniciativas proativas como a One Health.”

Os autores do relatório identificam a abordagem da One Health, que une conhecimentos em saúde pública, veterinária e ambiental, como o melhor método para prevenir e responder aos surtos de doenças zoonóticas e pandemias.

10 recomendações

O relatório identificou dez ações práticas que os governos podem tomar para evitar surtos futuros:

Investir em abordagens interdisciplinares, como a One Health;
Incentivar pesquisas científicas sobre doenças zoonóticas;
Melhorar as análises de custo-benefício das intervenções para incluir o custo total dos impactos sociais gerados pelas doenças;
Aumentar a sensibilização sobre as doenças zoonóticas;
Fortalecer o monitoramento e a regulamentação de práticas associadas às doenças zoonóticas, inclusive de sistemas alimentares;
Incentivar práticas ​​de gestão sustentável da terra e desenvolver alternativas para garantir a segurança alimentar e meios de subsistência que não dependam da destruição dos habitats e da biodiversidade;
Melhorar a biossegurança, identificando os principais vetores das doenças nos rebanhos e incentivando medidas comprovadas de manejo e controle de doenças zoonóticas;
Apoiar o gerenciamento sustentável de paisagens terrestres e marinhas a fim de ampliar a coexistência sustentável entre agricultura e vida selvagem;
Fortalecer a capacidade dos atores do setor de saúde em todos os países;
Operacionalizar a abordagem da One Health no planejamento, implementação e monitoramento do uso da terra e do desenvolvimento sustentável, entre outros campos.

O relatório foi lançado no Dia Mundial das Zoonoses, instituído em 6 de julho por instituições de pesquisa e entidades não governamentais em homenagem ao trabalho do biólogo francês Louis Pasteur. Em 6 de julho de 1885, Pasteur administrou com sucesso a primeira vacina contra a raiva, uma doença zoonótica.

 

Iniciativa da UNESCO convida jovens a se engajar em pesquisas sobre impactos da COVID-19

Posted: 06 Jul 2020 10:49 AM PDT

Os jovens pesquisadores receberão treinamento, certificados e farão parte da publicação da pesquisa. Foto: UNESCO

Os jovens pesquisadores receberão treinamento, certificados e farão parte da publicação da pesquisa. Foto: UNESCO

A iniciativa global “Jovens como Pesquisadores” conecta e engaja jovens em pesquisas sobre os impactos da COVID-19 na juventude e as ações que já implementaram para enfrentá-los.

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e as Cátedras da UNESCO na National University of Ireland Galway (NUIG) e na Penn State University (PSU) reúnem um consórcio de atores liderados por jovens ou ligados à juventude para apoiar a pesquisa por meio de treinamento, mentoria e coordenação.

O que é a pesquisa?
Cinco temas foram selecionados para definir o escopo geral das pesquisas:

bem-estar,
aprendizado,
uso de tecnologia,
direitos humanos e
ação jovem

Foi realizada uma pesquisa global para determinar, dentro dessa estrutura, as principais questões de preocupação para os jovens.

Como posso fazer parte da pesquisa?
Há várias maneiras de fazer parte da pesquisa:

A equipe do projeto inclui jovens do NUIG, PSU, UNESCO e nossos parceiros, incluindo cinco jovens que fazem parte do Comitê Diretor;
Participando de uma equipe de pesquisa com até 10 jovens que trabalharão juntos para elaborar e conduzir a pesquisa;
Participando da iniciativa como um todo, respondendo a questionários, participando de entrevistas e de grupos focais;
Atuando como revisor, um passo importante antes da publicação dos resultados;
E, finalmente, participando da avaliação ao final do projeto.

Haverá apoio contínuo aos participantes a fim de que se sintam confortáveis em trabalhar em cada estágio do processo de pesquisa, desde a elaboração até a publicação dos resultados, incluindo como lidar com problemas, dificuldades e qualquer outra situação que possa surgir.

Não será cobrada nenhuma taxa para fazer parte do projeto e todas as formas de participação são voluntárias e não remuneradas.

Não é necessário ter experiência prévia com pesquisa. Os pesquisadores receberão treinamento, certificados e farão parte da publicação da pesquisa.

Inscrição

São buscadas candidaturas de jovens que desejem fazer parte de equipes de pesquisa e preencham os seguintes requisitos:

Ter entre 18 e 35 anos;
Possuir experiência prévia de pesquisa, tendo integrado algum projeto ligado à iniciativa “Jovens como Pesquisadores”; por meio de estudos universitários; por meio de trabalho voluntário em uma ONG, ou por interesse em aprender mais sobre a realização de pesquisas;
Ter acesso à Internet;
Ter disponibilidade de até 10 horas por semana de julho a outubro (a confirmar);
Ter interesse em questões de desenvolvimento;
Ter facilidade de trabalhar em inglês ou francês (outros idiomas podem ser adicionados no futuro).

Caso tenha interesse, preencha a inscrição online ou envie o formulário preenchido para yar@unesco.org(link sends e-mail)

Um painel formado por parceiros e jovens fará a seleção, a partir das inscrições, e elaborará as propostas para as equipes de pesquisa. As vagas são limitadas. As inscrições se encerram no dia 12 de julho de 2020.

 

Chefe da ONU defende ação conjunta para saída fortalecida da crise de COVID-19

Posted: 06 Jul 2020 09:02 AM PDT

Homem compra produtos frescos num Mercado no Quênia. Foto: Sambrian Mbaabu/Banco Mundial

Homem compra produtos frescos num Mercado no Quênia. Foto: Sambrian Mbaabu/Banco Mundial

Enquanto o maior fórum das Nações Unidas se prepara para avaliar o progresso rumo a um futuro mais justo para as pessoas e o planeta, o secretário-geral da ONU, António Guterres, advertiu que cada um dos objetivos da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável tem sido impactado pela pandemia da COVID-19.

O Fórum Político de Alto Nível, que começa formalmente nesta terça-feira (7), é um encontro anual de levantamento dos progressos mundiais em alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Neste ano, representantes seniores de governos se encontram  virtualmente, através de programas de vídeo conferência, para discutir e debater meios de enfrentar alguns dos maiores desafios do mundo: pobreza, mudança climática, paz e segurança e igualdade de gênero.

Foco nos planos nacionais – Os países terão a oportunidade de apresentar seus planos atualizados para transformar os 17 Objetivos em realidade (conhecidos como Revisões Voluntárias Nacionais) e diversos organismos da ONU e intergovernamentais também darão insumos para as discussões.

A extensão com a qual a pandemia de COVID-19 tem afetado muitos aspectos da sociedade e da economia está refletido no programa de 2020: o tema “construindo um retorno melhor” depois da pandemia é a base de muitas das sessões da conferência de 10 dias, cobrindo áreas como redução de pobreza, financiamento para países em desenvolvimento, proteção do planeta e acesso à energia sustentável.

Década de ação – O último relatório do secretário-geral sobre o progresso dos ODS, que formará a base para as discussões, aponta que 2020 marca o início da “década de ação para e entrega do desenvolvimento sustentável”, durante a qual o passo e a escala em que as metas gols são alcançadas serão intensificados.

O relatório aponta que a crise global resultante do avanço da COVID-19 tem tido um efeito maior nestes Objetivos, com sistemas de saúde sobrecarregados, negócios fechados e 1,6 bilhão de estudantes fora das escolas; os pobres e vulneráveis tem suportado o peso da pandemia e dezenas de milhares devem sofrer fome extrema e pobreza.

Foco na desigualdade e mudança climática – As discussões do fórum também serão informadas de um segundo relatório do secretário-geral que foca em como entregar os ODS à luz da pandemia. Nele, o chefe da ONU esboça dois temas abrangentes: redução da desigualdade, ao fazer economias mais sustentáveis e justas; e comprometimento para reduções de dióxido de carbono “rápidas e sustentáveis”.

O primeiro tema é descrito como uma estratégia central para reduzir a pobreza global. O progresso rumo à redução tem diminuído nos últimos anos e é projetado que apenas em 2020 a pandemia possa levar até 49 milhões de pessoas para a pobreza.

Melhorar a distribuição de renda, diz o relatório, pode ter um impacto maior, não apenas em manter as pessoas acima da linha da pobreza, mas também em contribuir para um rápido crescimento econômico, já que os mais pobres na sociedade ganham maior poder de compra.

Reduzir as emissões de dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa é essencial se a comunidade internacional sustentar o objetivo de manter o crescimento da temperatura global a 1,5 grau acima dos níveis pré-industriais. O relatório alerta que as políticas e estratégias atualmente em curso não vão longe o suficiente e há risco real de ultrapassar o objetivo significativamente.

No documento, o secretário-geral declara que ambição e ação imediata são o único caminho viável para limitar as mudanças climáticas protegendo as pessoas, os meios de subsistência e os ecossistemas naturais. Tal ação teria um benefício econômico tangível, salvando a economia global de dezenas de trilhões de dólares.

O relatório de progresso do chefe da ONU ressalta a importância da cooperação internacional e da solidariedade na recuperação da crise, uma “resposta em larga escala, coordenada e compreensivamente multilateral”, equivalente a pelo menos 10% do Produto Interno Bruto global. Guterres levanta a perspectiva de uma economia global pós pandemia que “construa um retorno melhor”, com medidas que reduzam o risco de crises futuras e tragam o mundo mais próximo de alcançar a Agenda 2030.

 

Em parceria com OPAS, atriz brasileira Carol Castro ajuda crianças a lidar com pandemia

Posted: 06 Jul 2020 07:47 AM PDT

Em 18 minutos de história, a atriz Carol Castro interpreta várias personagens, entre elas Ário e Sara – uma criatura fantástica e uma menina que viajam juntos pelo mundo em busca de respostas sobre a COVID-19. Foto: Reprodução

Em 18 minutos de história, a atriz Carol Castro interpreta várias personagens, entre elas Ário e Sara – uma criatura fantástica e uma menina que viajam juntos pelo mundo em busca de respostas sobre a COVID-19. Foto: Reprodução

Explicar às crianças o que é a pandemia de COVID-19 e quais suas consequências pode ser uma dura tarefa para mães, pais, cuidadores(as) e professores(as). Para apoiá-los nesta missão, a atriz brasileira Carol Castro interpreta direto de sua casa a história “Meu herói é você”, que busca transmitir informações sobre a doença e ajudar crianças a lidar com este momento difícil.

O videobook é resultado de uma parceria entre a Rede Internacional de Saúde Mental e Apoio Psicossocial em Emergência Humanitárias (MHPSS.net) e a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) no Brasil.

Em 18 minutos de história, cheios de aventuras e conhecimento, Carol Castro interpreta várias personagens, entre elas Ário e Sara – uma criatura fantástica e uma menina que viajam juntos pelo mundo em busca de respostas sobre a COVID-19. A narrativa mostra às crianças como podem se proteger e proteger quem amam do novo coronavírus e como é possível lidar com emoções difíceis quando se enfrenta uma nova realidade que muda rapidamente. Assista:

O videobook “Meu herói é você” é uma adaptação do livro “My hero is you”, voltado principalmente para crianças entre 6 e 11 anos.

A obra, que já foi traduzida para mais de 100 línguas e também registrada em áudio, é fruto de um projeto do Comitê Permanente Interagências (IASC) para a Saúde Mental e Apoio Psicossocial em Emergências Humanitárias, uma colaboração de mais de 50 organizações internacionais que trabalham em crises humanitárias, incluindo OMS, Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), e outras agências humanitárias internacionais, como a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, Médicos Sem Fronteiras, Save the Children.

Durante os estágios iniciais da construção do livro, mais de 1,7 mil crianças, pais, cuidadores e professores de todo o mundo compartilharam informações sobre como estavam lidando com a pandemia de COVID-19.

A contribuição foi inestimável para a roteirista e ilustradora Helen Patuck e a equipe do projeto para garantir que a história e suas mensagens pudessem alcançar crianças de diferentes origens e continentes.

 

UN75: Seminário online discute pesquisa e educação virtual no contexto da pandemia de COVID-19

Posted: 06 Jul 2020 07:30 AM PDT

Debate discutirá o tema "Tecnologia e ensino superior: pesquisa e educação virtual no novo normal". Foto: Wikimedia Commons/Colin

Evento online discutirá o tema “Tecnologia e ensino superior: pesquisa e educação virtual no novo normal”. Foto: Wikimedia Commons/Colin

Como parte das iniciativas para comemorar o 75º aniversário da ONU (UN75), o Impacto Acadêmico das Nações Unidas (UNAI) vem promovendo uma série de diálogos com acadêmicos, educadores, pesquisadores e estudantes sobre as prioridades para o futuro, os obstáculos para alcançá-las e o papel da cooperação acadêmica global para repensar as questões de interesse mundial.

Nesse sentido, será realizado na semana que vem (15) um seminário online da série “75 para ONU75: 75 minutos de conversação”, organizado pelo impacto acadêmico das Nações Unidas, sobre o tema “Tecnologia e ensino superior: pesquisa e educação virtual no novo normal” no contexto da pandemia de COVID-19.

Serviço

Data/Horário: quarta-feira, 15 de julho de 2020 / 10h às 11h15 EDT (11h às 12h15 no horário de Brasília)

Para participar: https://bit.ly/julho15rsvp (É necessário confirmar participação até segunda-feira (13), às 18h (horário de Brasília), com um endereço de e-mail válido).

Palestrantes

Marlova Jovchelovitch Noleto, diretora do Escritório da UNESCO em Brasília e representante da UNESCO no Brasil;
António Andrade, professor e pesquisador em Tecnologia e Educação da Universidade Católica Portuguesa, de Porto;
Magno Hernany Vieira Rocha, diretor do Núcleo de Apoio ao Ensino a Distância da Universidade de Cabo Verde;
Joziana Muniz de Paiva Barçante, pró-Reitora de Pesquisa da Universidade Federal de Lavras;
Domingos Dos Santos Andrade, professor e pesquisador em software educacional da Universidade de Cabo Verde.

 

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