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segunda-feira, 9 de julho de 2018

Boletim diário da ONU Brasil: “Síria: ONU pede que Jordânia abra suas fronteiras para proteger civis do fogo cruzado” e 8 outros.

Boletim diário da ONU Brasil: “Síria: ONU pede que Jordânia abra suas fronteiras para proteger civis do fogo cruzado” e 8 outros.

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sex, 6 de jul 18:27 (Há 3 dias)
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Boletim diário da ONU Brasil: “Síria: ONU pede que Jordânia abra suas fronteiras para proteger civis do fogo cruzado” e 8 outros.

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Posted: 06 Jul 2018 08:52 AM PDT
Famílias deslocadas da área rural de Quneitra, sudoeste da Síria, para áreas próximas às colinas de Golã. Famílias estão buscando abrigo em áreas abertas e passam por necessidade de abrigo. Foto: UNICEF/Alaa Al-Faqir
Famílias deslocadas da área rural de Quneitra, sudoeste da Síria, para áreas próximas às colinas de Golã. Famílias estão buscando abrigo em áreas abertas e passam por necessidade de abrigo. Foto: UNICEF/Alaa Al-Faqir
O chefe da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) apelou na quinta-feira (5) para que a Jordânia abra sua fronteira com o sudoeste da Síria para ajudar a proteger cerca de 750 mil civis que estão em meio ao fogo cruzado e a ataques aéreos.
“Mais de 320 mil pessoas estão desalojadas e a maioria vive em condições precárias e inseguras, incluindo cerca de 60 mil pessoas acampadas na fronteira entre Nasib e Jaber, na Jordânia”, disse Filippo Grandi, alto-comissário das Nações Unidas para os refugiados.
Embora as comunidades locais na Síria tenham aberto suas portas para receber muitos dos deslocados, a maioria é forçada a viver em espaços abertos ou em abrigos improvisados ​​que oferecem pouca segurança e proteção, acrescentou.
“Há um grande número de mulheres e crianças entre os deslocados, bem como idosos, feridos e doentes, e eu estou especialmente preocupado com eles”, alertou, acrescentando que entre os deslocados estão os trabalhadores humanitários locais que “serviram a população civil” durante todo o conflito.
Grandi ressaltou a prioridade imediata de encontrar uma solução política para o conflito para poupar civis. O confronto entre forças pró-governo sírio e milícias de oposição vêm se intensificando há semanas em toda a província de Dara’a, perto da fronteira com a Jordânia, bem como na área de fronteira com Israel, nas Colinas de Golã.
Ele disse que, enquanto a ONU e seus parceiros estão fazendo o que podem para salvar vidas civis no sudoeste da Síria — tanto dentro do país quanto na fronteira com a Jordânia — a situação de segurança está dificultando os esforços para alcançar muitas pessoas em necessidade extrema.
“Peço a todas as partes que redobrem os esforços para cessar as hostilidades, permitir que os agentes humanitários forneçam assistência, abriguem e evacuem os feridos”, disse Grandi, explicando que proteção civil, segurança e ajuda humanitária são de “maior importância”.
É “um princípio fundamental do direito internacional humanitário que precisa ser garantido por todas as partes envolvidas no conflito e pela comunidade internacional em geral”, ressaltou.
“Elogio a Jordânia que generosamente fornecer proteção a centenas de milhares de refugiados sírios desde o início da crise e por fornecer e facilitar assistência aos necessitados dentro da Síria”, disse ele.
Mas, “devido aos perigos imediatos”, acrescentou Grandi, “estou defendendo a concessão de refúgio temporário na Jordânia àqueles que precisam de segurança, e que a comunidade internacional preste apoio imediato e substancial à Jordânia, num espírito de solidariedade e partilha de responsabilidades”.
Ressaltando que o ACNUR está preparado para ampliar imediatamente sua assistência dentro da Síria e da Jordânia, o alto-comissário concluiu: “milhares de vidas inocentes serão perdidas, mais uma vez, se ações urgentes não forem tomadas”.
Em comunicado divulgado por seu porta-voz na quinta-feira (5), o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse estar “seriamente preocupado com a retomada da ofensiva militar no sudoeste da Síria e com seu impacto devastador sobre os civis”.
“Ele apela a todas as partes para que tomem todas as medidas necessárias para salvaguardar vidas civis, permitir a liberdade de movimento e proteger infraestruturas civis, incluindo instalações médicas e educacionais, em todos os momentos, de acordo com o direito internacional humanitário e de direito humanos”, disse o comunicado.
 
Posted: 06 Jul 2018 07:53 AM PDT
Meteorologista brasileiro Antonio Divino Moura é coordenador-geral do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do INPE. Foto: EBC/José Cruz
Meteorologista brasileiro Antonio Divino Moura é coordenador-geral do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do INPE. Foto: EBC/José Cruz
O engenheiro e meteorologista brasileiro Antonio Divino Moura venceu o principal prêmio científico da Organização Meteorológica Mundial (OMM), informou nesta sexta-feira (6) a ONU News.
Criado em 1955, o prêmio escolhe o vencedor com base em trabalhos nos campos da meteorologia, hidrologia, climatologia e áreas relacionadas.
O meteorologista é o coordenador-geral do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do Brasil (INPE).
Falando à ONU News, do Brasil, Antonio Divino Moura diz que o reconhecimento pode abrir oportunidades para pesquisas futuras.
“Este prêmio é importante, porque reconhece pela primeira vez num brasileiro esta capacidade deste trabalho feito ao longo do tempo, na formação de recursos humanos, na pesquisa científica, nas aplicações, por exemplo, em prever o fenômeno El Niño e a seca no Nordeste do Brasil”, disse.
Divino Moura receberá o prêmio durante o Congresso da OMM em 2019. Na cerimônia, ele também dará uma palestra científica.
O engenheiro é especialista em climatologia, com foco em previsão de tempo, fenômenos como o El Niño e a interação oceano-atmosfera.
Foi diretor do Instituto Nacional de Meteorologia, representou o Brasil na OMM e também foi o primeiro-vice-presidente da agência entre 2011 e 2016.
Formado em engenharia elétrica em 1969 pela Universidade Federal de Minas Gerais, o cientista tem doutorado em Meteorologia pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, e pós-doutorado no Centro de Voos Espaciais Goddard, da NASA, com estudos observacionais, teóricos e de modelagem das secas no Nordeste do Brasil.
 
Posted: 06 Jul 2018 07:37 AM PDT
O casal de venezuelanos Ernesto e Nancy busca oportunidade no Rio de Janeiro para se recolocar no mercado de trabalho, preferencialmente dentro da suas áreas de formação. Foto: ACNUR/Diogo Felix
O casal de venezuelanos Ernesto e Nancy busca oportunidade no Rio de Janeiro para se recolocar no mercado de trabalho, preferencialmente dentro da suas áreas de formação. Foto: ACNUR/Diogo Felix
Foi promulgada na quarta-feira (4) a lei 8.020, que isenta refugiados residentes no estado do Rio de Janeiro do pagamento de taxas para revalidação de diplomas de graduação, pós-graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado nas universidades estaduais.
A medida foi tomada três meses e meio após a criação de uma lei similar em São Paulo. A iniciativa foi elogiada pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), assim como por organizações da sociedade civil, por beneficiar pessoas em situação de refúgio que buscam vagas de trabalho condizentes com suas formações e/ou desejam prosseguir suas trajetórias acadêmicas no Brasil.
O cirurgião plástico Ernesto Camacho, da Venezuela, é um deles. Membro da Federação Ibero-Americana de Cirurgia Plástica, Ernesto tem 21 anos de experiência como médico e realizou mais de 2 mil procedimentos cirúrgicos em seu país antes de buscar refúgio no Brasil. Agora, enfrenta o desafio de revalidar o diploma para voltar a atuar em sua área.
“Não sei fazer mais nada, só sei ser médico”, conta o venezuelano. “Tenho 55 anos, talvez apenas mais dez como profissional. Não posso ficar esperando”.
A revalidação de diplomas estrangeiros no Brasil é, de fato, um processo demorado, mas, acima de tudo, custoso. Os gastos totais, que incluem o requerimento e a tradução juramentada de documentos curriculares, podem chegar a 20 mil reais.
Na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), o requerente precisa desembolsar 170 reais apenas para iniciar o processo, segundo a Compassiva, organização parceira do ACNUR no apoio à revalidação de diplomas de refugiados. Agora, refugiados reconhecidos estarão isentos das taxas cobradas nas universidades.
“A medida é boa porque não temos muitas condições de fazer a revalidação”, diz Nancy Coromoto, esposa de Camacho, que trabalhava como médica de família no apoio a pacientes soropositivos na Venezuela.
“Os poucos recursos que conseguimos trazer de lá servem para nos manter aqui. Queremos nos integrar, contribuir para a economia e ter uma vida normal. Sentir-se útil é importante, ajuda no aspecto psicológico, evitando que as pessoas caiam em depressão.”
A presença de refugiados e solicitantes de refúgio com ensino superior completo é comum no Rio de Janeiro, sobretudo entre os venezuelanos, que hoje ocupam o primeiro lugar no número de chegadas ao estado.
Segundo dados do Programa de Atendimento a Refugiados da Cáritas do Rio de Janeiro, 55% dos 121 alunos matriculados atualmente no curso de português da instituição concluíram o ensino universitário. Entre os venezuelanos, esse número sobe para 73%.
Mas também há profissionais qualificados entre as demais nacionalidades de refugiados residentes no Rio. O congolês Ezequiel Pindu, por exemplo, trabalhava como enfermeiro no seu país. Chegou ao Brasil há três anos e agora sonha em retomar seu ofício.
“Sinto muita falta de exercer minha profissão. Tenho 13 anos de experiência, mas, sem poder atuar aqui, sinto que estou começando a perder meus conhecimentos”, lamenta o refugiado, pai de quatro crianças.
Para o autor do projeto aprovado na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ), deputado Wanderson Nogueira (PSOL), “a lei nos dá a possibilidade de avançar e pensar em novas legislações para garantir a qualidade de vida dos refugiados.”
A aprovação da lei é resultado também da articulação do ACNUR e de organizações da sociedade civil (Cáritas RJ, Compassiva, Conectas Direitos Humanos, Instituto de Migrações e Direitos Humanos, Instituto Igarapé e Cátedra Sérgio Vieira de Mello da UERJ), que atuaram junto aos deputados da ALERJ para esclarecer a importância da medida.
“A vigência das leis que aprovam a isenção de taxas para a revalidação de diplomas de refugiados reflete um avanço na conquista de diretos para que essas pessoas possam se recolocar no mercado de trabalho de acordo com sua formação, propiciando assim que novos conhecimentos sejam incorporados ao mercado brasileiro”, afirma Beatriz Nogueira, chefe do escritório do ACNUR em São Paulo.
Nesse mesmo sentido, a agente de Proteção da Cáritas RJ, Aryadne Bittencourt, reforça os ganhos com a promulgação da lei. “A isenção do pagamento da taxa é fundamental para o acolhimento integral de quem busca o Brasil como oportunidade de proteção. Trata-se de um exemplo de política ativa pelo Estado para integração das pessoas refugiadas”.
Na esteira de São Paulo e Rio de Janeiro, o estado de Roraima, que atualmente é a principal porta de entrada para pessoas vindas da Venezuela, também deve debater a isenção de taxas para revalidação de diplomas de refugiados.
Em março, um projeto de lei que prevê essa gratuidade foi apresentado por três parlamentares na Assembleia Legislativa local.
 
Posted: 06 Jul 2018 07:18 AM PDT
Mais de 1 milhão de venezuelanos deixaram o país para fugir da violência política, das altas taxas de criminalidade e da falta de produtos básicos. Muitos, como a família da imagem, buscaram abrigo na Praça Simon Bolívar, em Boa Vista, Roraima. Foto: ACNUR/Reynesson Damasceno
Mais de 1 milhão de venezuelanos deixaram o país para fugir da violência política, das altas taxas de criminalidade e da falta de produtos básicos. Muitos, como a família da imagem, buscaram abrigo na Praça Simon Bolívar, em Boa Vista, Roraima. Foto: ACNUR/Reynesson Damasceno
São muitas as vulnerabilidades que expõem as mulheres e a população LGBTI em contexto de migração. Tráfico humano, exploração sexual e violência são ameaças constantes aos direitos humanos de pessoas migrantes, refugiados e refugiadas.
O desafio de reduzir essas fragilidades em Roraima levou representantes de agências das Nações Unidas, da sociedade civil, do Sistema Judiciário e dos governos estadual e municipal ao auditório da Universidade Federal de Roraima na quinta-feira (5).
Cerca de 150 pessoas participaram do seminário “Migração, Refúgio e Violência de Gênero: promovendo o direito de todas e todos”, realizado pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) em parceria com a ONU Mulheres. O seminário contou com a participação de migrantes de seis abrigos de Boa Vista.
Mesas de debates compostas por especialistas que estudam e acompanham o movimento migratório discutiram e apresentaram dados importantes para impulsionar a proteção aos refugiados.
Durante o seminário, o representante no Brasil do UNFPA, Jaime Nadal, reforçou a importância de fortalecer políticas públicas para reduzir as violações aos direitos humanos de migrantes.
“Aumentar as respostas e a proteção a migrantes significa reforçar a capacidade humanitária de Boa Vista. São direitos que precisam ser garantidos a todos e todas. Mas, dentro desse grupo, ainda existem pessoas que precisam de maior atenção: idosos, mulheres, crianças e pessoas com deficiência”, destacou.
Um momento de emoção no seminário levou participantes a ficar de pé e a aplaudir a história da venezuelana Nilsa Hernandes. A migrante é coordenadora do projeto Valientes Por La Vida, que auxilia soropositivos.
“É preciso ser valente para decidir viver em outro país, enfrentar a violência e, nos casos dos soropositivos, até discriminação. Mas este seminário mostra que ainda podemos combater e melhorar esse acolhimento”, afirmou a coordenadora do projeto.
A representante da ONU Mulheres no Brasil, Nadine Gasmam, também esteve em Boa Vista para participar do seminário.
“Quanto mais consolidada for a rede de proteção à mulher de um local, mais preparado ele estará para lidar com crises migratórias. As mulheres são fundamentais no processo de estabilidade e reconstrução de uma sociedade e elas precisam ter apoio para assumir esse papel”, afirmou.
A programação do seminário encerrou-se ao som das harpas do músico venezuelano Oswaldo Ponce.
Uma pesquisa realizada por uma parceria entre a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e a organização não governamental Iniciativa Reach revelou as principais ocupações das mulheres venezuelanas que estão fora dos abrigos em Boa Vista.
A maioria delas trabalha com serviços de limpeza e atividades domésticas. Em segundo lugar, como vendedoras ambulantes. O levantamento identificou situações de assédio moral e sexual com risco de abuso e atentado violento ao pudor nos ambientes de trabalho domésticos.
Os venezuelanos e venezuelanas que vivem na capital trabalham na média de 10 a 15 dias no mês executando serviços informais. Segundo a pesquisa, as mulheres ganham menos que os homens migrantes e refugiados.
Enquanto o valor da diária para homens fica na média de 20 a 90 reais, a das mulheres fica em torno de 30 reais. Idioma, discriminação, falta de oferta de emprego e ausência de locais de acolhimentos para os filhos durante a jornada de trabalho aparecem como dificuldades encontradas por migrantes e refugiadas para conseguir um emprego e assim sobreviver fora do país de origem.
Seminário contou com presença de representante do UNFPA, da ONU Mulheres e da Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres do Governo Federal. Foto: UNFPA
Seminário contou com presença de representante do UNFPA, da ONU Mulheres e da Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres do Governo Federal. Foto: UNFPA
 
Posted: 06 Jul 2018 06:39 AM PDT
Venezuelanos no Rio
“Todos viemos com uma mala cheia de roupa. Mas trazemos uma outra mala ou mochila, cheia de sonhos e esperança”. No Brasil há quase seis meses, a venezuelana Yelitza Paredes tira o otimismo e o sorriso no rosto da vontade de buscar um futuro melhor para a família. Mãe de cinco filhos, a professora de Biologia chegou ao Rio de Janeiro na terça-feira (3), com outros 49 venezuelanos vindos de Roraima.
A viagem foi a quarta etapa do processo de interiorização de venezuelanos, uma estratégia do governo federal para realocar do Norte do Brasil estrangeiros em situação de vulnerabilidade. Nesta semana, Igarassu, em Pernambuco, Conde, na Paraíba, e a capital fluminense receberam pela primeira vez migrantes e refugiados transferidos. Sessenta e nove foram para a cidade pernambucana e outros 45 para o município paraibano.
“É uma economia pequena. Não há possibilidade de integração localmente”, avalia Paulo Sérgio de Almeida, oficial de meios de vida da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), sobre a situação de Roraima. O Sistema das Nações Unidas apoia as autoridades brasileiras no encaminhamento de venezuelanos para outras partes do país.
Com seu filho de 19 anos, Yelitza chegou à fronteira sem dinheiro. “Se gastávamos para passagem, não tinha para comer”, lembra. Em Boa Vista, passou quatro meses morando na rua e trabalhando como doméstica, ganhando de 25 a 30 reais por diária. Tudo que recebia era enviado para a família em Maturín, onde ainda moram seu marido e os outros filhos, de nove, 11 e 13 anos. O mais velho, de 21, fugiu da Venezuela e foi para o Panamá.
“Comigo, não ficava nenhum real. Preferia pedir em vez de gastar porque sei que o que está acontecendo na Venezuela é muito crítico”, explica Yelitza.
Em meio à crise, ela e os familiares comiam apenas mandioca no almoço. A venezuelana aproveitava as cascas da raiz para que os filhos tivessem o que comer. “A economia foi abalada e as famílias, fraturadas”, diz a expatriada, que teve, ela mesma, de se separar dos parentes.
Agora no Rio, a expectativa é encontrar um bom emprego, para continuar ajudando os familiares. A venezuelana diz que “seria uma honra” lecionar no Brasil. “Queremos fazer do país a nossa pátria”, completa Yelitza.
Os 50 solicitantes de refúgio e migrantes que chegaram à capital fluminense foram acolhidos pela ONG Aldeia Infantil SOS, no Itanhangá, zona oeste da cidade. A instituição recebeu 13 famílias de venezuelanos, entre eles, 13 bebês e crianças com até cinco anos de idade.
Segundo Sandra Greco, gestora nacional da entidade, serão oferecidas aulas de português e atividades profissionalizantes, visando à geração de renda e à inserção no mercado de trabalho. Mas as iniciativas serão pensadas em diálogo com os novos moradores da organização, para identificar seus desejos e as habilidades que já trazem consigo. Outra preocupação é garantir a inclusão do grupo nas redes públicas de educação e saúde.
“Nós temos que contar especificamente e potencialmente com a capacidade que o brasileiro tem de ser solidário”, acrescenta a dirigente da Aldeia. A ONG também abrigou os venezuelanos transferidos nesta semana para Pernambuco. O ACNUR está injetando recursos financeiros na instituição para garantir o acolhimento adequado da população.

A ONU e a interiorização

De acordo com Paulo Sérgio de Almeida, existem cerca de 4,2 mil venezuelanos vivendo em abrigos do governo em Roraima. Mais da metade quer deixar o estado. O ACNUR faz a identificação de quem tem interesse em participar da interiorização. “Eles não têm capacidade de sair por conta própria. A estratégia é apoiar a saída voluntária dessas pessoas.”
O venezuelano Jim Dewy conta que “trabalhava, trabalhava e não conseguia comprar nada” no estado de Anzoátegui, noroeste da Venezuela. A pé, decidiu ir para Boa Vista. Na cidade, conseguiu emprego como pedreiro, mas depois, com o aumento de estrangeiros na cidade, as oportunidades de emprego diminuíram. Por isso, optou pelo Rio de Janeiro.

Nas primeiras etapas da interiorização, 527 venezuelanos foram levados para as cidades de São Paulo, Cuiabá e Manaus, durante os meses de abril e maio. Além do ACNUR, o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a Organização Internacional para as Migrações (OIM) também apoiam as autoridades na transferência.
Anneli Nobre, assistente de projetos da OIM, explica que a instituição promove sessões informativas com os venezuelanos interessados em mudar de cidade. O objetivo é conscientizar os estrangeiros sobre a nova realidade em que vão se inserir e sobre as condições de acolhimento. Com a decisão consciente e embasada de cada beneficiário, começa uma nova etapa — a verificação de documentos. A agência se articula com o governo para assegurar que todos os transferidos cheguem ao local de destino com um CPF, o protocolo de refúgio ou residência e, se possível, carteira de trabalho.
“Vão se apresentar alguns desafios pelo tamanho da cidade, pela população, pela questão da língua também, mas, ao mesmo tempo, a OIM busca, no período antes da viagem, fornecer o máximo de informações de que as pessoas precisem para chegar com conhecimento de quais são os serviços públicos (a que elas podem recorrer)”, afirma a especialista.
Equipes da agência acompanham os migrantes e refugiados nos voos rumo ao ponto final da interiorização, além de realizar check-ups dos abrigos e instituições que serão o novo lar dos venezuelanos.
(Foto de capa do vídeo: ACNUR/Caritas/Diogo Felix)
 
Posted: 06 Jul 2018 06:29 AM PDT
Evento do Grupo de Estudos em Direitos Humanos e Alternativas Penais, no Rio de Janeiro. Foto: Grupo de Estudos em Direitos Humanos e Alternativas Penais
Evento do Grupo de Estudos em Direitos Humanos e Alternativas Penais, no Rio de Janeiro. Foto: Grupo de Estudos em Direitos Humanos e Alternativas Penais
O Poder Judiciário do Estado de Rio de Janeiro (PJERJ), com o apoio do Instituto Interamericano de Fomento à Educação, Cultura e Ciência (IFEC) — uma ONG associada ao Departamento da Informação Publica da ONU —, organizou na quinta-feira (5) na capital fluminense painel do Grupo de Estudo em Direitos Humanos e Alternativas Penais.
Os participantes discutiram questões de direitos humanos e o problema de parte da população associar esse conceito à defesa de criminosos.
“Primeiramente, acho que existe um problema de sensibilização, de conhecimento, ou mesmo de semântica”, declarou na ocasião o diretor do Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio), Maurizio Giuliano.
“Isso seria o equivalente a dizer que o o direito à educação para as crianças, os direitos das mulheres a não ser vítimas de violência, os direitos de expressão dos jornalistas e de todos os cidadãos seriam direitos para criminosos”, disse.
“Um dos direitos que mais nos preocupa neste momento são os direitos ambientais: o direito de poder seguir vivendo num planeta que seja habitável para a raça humana”, disse Giuliano.
“Os habitantes das Ilhas Malvinas enfrentam o risco de seu país desaparecer em poucas décadas, privando sua população de moradia e de meios de subsistência. Eles não são criminosos.”
Possivelmente, segundo Giuliano, há grupos que manipulam e instrumentalizam o conceito de direitos humanos na opinião pública, o que acaba gerando percepções equivocadas na população.
“Mas, na realidade, garantir os direitos de todos — mesmo daqueles que estão em conflito com a lei ou os mais marginalizados — significa garantir os direitos de toda a sociedade”, enfatizou.
“Os moradores do Leblon podem ter menos necessidades de saúde e educação pública que os moradores da Rocinha, mas se tais direitos não são garantidos para todos, cessam de existir, e isso não é aceitável.”
Giuliano criticou noções segundo as quais existe uma relação diretamente proporcional entre pobreza e crime, o que pode complicar uma boa compreensão dos direitos humanos.
 
Posted: 05 Jul 2018 04:18 PM PDT

 
Posted: 05 Jul 2018 03:32 PM PDT
Sede da ONU. Foto: Elif Gulec/ONU
Sede da ONU. Foto: Elif Gulec/ONU
A ONU realizará nos próximos dias 22 e 23 de agosto, na sua sede em Nova Iorque, a 67ª edição da Conferência da ONU de organizações não governamentais (ONG) do Departamento de Informação Pública (DPI) das Nações Unidas.
O evento é promovido em conjunto com o Comitê Executivo DPI/ONG. A conferência oferece às ONGs em todo o mundo a oportunidade de colocar uma perspectiva global sobre uma questão específica, de interagir e inspirar com exemplos de inovação, bem como destacar o valor das parcerias nas comunicações globais.
Este ano, a Conferência tem o tema “Nós, os povos… encontrando soluções globais para os problemas globais”. O foco será a importância do multilateralismo, oportunidades que o novo sistema de desenvolvimento da ONU oferecerá para a ONU se associar mais de perto com a sociedade civil, bem como a inovações na defesa dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
O número de participantes representando uma única ONG está limitado atualmente a 20, com prioridade para representantes de ONGs associadas ao DPI e aqueles que possuem status consultivo junto ao Conselho Econômico e Social da ONU, ECOSOC.
O registro para participar da conferência pode ser feito até o próximo dia 12 de agosto. Após o registro, é preciso aguardar a aprovação, que será avaliada pelos organizadores da conferência.
Há também uma chamada para a participação de jovens ativistas e para a apresentação de exposições.
Saiba todos os detalhes do encontro, incluindo como participar, clicando aqui.
 
Posted: 05 Jul 2018 03:04 PM PDT
Equipe do curta "Alma Crespa". Foto: Alma Crespa
Equipe do curta “Alma Crespa”. Foto: Alma Crespa
O programa de cooperação intergovernamental IberCultura Viva divulgou no início de junho (8) os dez vencedores do concurso de curtas-metragens “Comunidades Afrodescendentes: Reconhecimento, Justiça e Desenvolvimento”, que teve mais de 130 inscritos.
Lançado em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) no Brasil, o concurso selecionou vídeos que promovessem uma reflexão sobre as comunidades afrodescendentes no Brasil e sua busca pelo pleno exercício de direitos culturais.
Entre os dez vídeos vencedores, cinco são brasileiros — “ABAYA | resistência e ancestralidade”, de Frederico Moreira; “111 Tiros na Alma Negra”, de Pedro Henrique Lima de Oliveira; “Alma Crespa”, de Rebecca Joviano; “Afrografías”, de Denise Braz; e “BATE FOLHA: identidade ancestral”, de Carla Maria Ferreira Nogueira.
O Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio) conversou com Rebecca Joviano e Paulo China, da produtora Memory Audiovisual, idealizadores do “Alma Crespa”.
O curta conta a história de Iza (Raphaela Joviano), jovem carioca cujo sonho é ser “reconhecida por sua alma e não por sua cor”, segundo sinopse de divulgação do filme.
Produzido no Rio de Janeiro em três dias, o vídeo mostra o cenário histórico da comunidade afro-brasileira na zona portuária, região conhecida como “Pequena África”, onde Iza relembra aspectos do passado e de sua própria vivência na cidade.
“Um concurso com esse tema é muito importante, porque estimula a produzir filmes com essa temática. É muito bacana trazer esse tipo de assunto para discussão, para ênfase, para um protagonismo”, disse Rebecca.
Segundo ela, “Alma Crespa” questiona a luta diária e a falta de liberdade do povo negro no Brasil. “É importante a gente falar nos filmes sobre nossa luta, nas artes plásticas, na dança. Todo tipo de arte em que a gente tiver oportunidade de falar e inserir isso é muito importante”.
“É vibrante ver um filme desse, contando um pouquinho da nossa história, da nossa vivência e da luta, que continua. O filme tem mesmo essa mensagem: a luta continua”, acrescentou.
Paulo China destacou a importância da representatividade e do audiovisual como “ferramenta poderosa para resgatar, preservar e difundir uma história”. Para ele, a popularização do audiovisual permitiu aumentar a diversidade de pessoas produzindo nesse meio.
“Com a popularização do audiovisual, muita gente, não só negros, mas pessoas da periferia, da Baixada Fluminense e das comunidades, estão conseguindo contar suas histórias”, afirmou. “Fico muito feliz de saber que essa história está indo adiante e está sendo contada mundo afora”.
O IberCultura Viva é um programa intergovernamental de cooperação técnica e financeira voltado para o fortalecimento das políticas culturais de base comunitária dos países ibero-americanos. Os membros são Argentina, Brasil, Chile, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Peru e Uruguai.
Clique aqui para ver a lista dos filmes vencedores.
Assista ao curta “Alma Crespa”:

 

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