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segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

A volta do passado


 A VOLTA DO PASSADO
 Hoje em dia, no século 21, o judeu está em perigo tanto quanto esteve nos dias e anos precedentes ao surgimento do nazismo.
Sim, o antissemitismo existe no mundo desde a Antiguidade, desde a Pérsia da Rainha Esther, desde a tentativa dos gregos em querer assimilar nossa cultura e tradições, desde também os pogroms na Rússia e Polônia.
Logo antes das políticas alemãs e de outros países europeus, os judeus nascidos nestes recantos se consideravam, ingenuamente, cidadãos alemães, poloneses, franceses, italianos, gregos e outros.
A percepção desses judeus era que como cidadãos legítimos destas nações, eles não seriam afetados pelo ódio porque eram tão alemães, franceses, italianos, poloneses, austríacos quanto qualquer outra pessoa lá nascida.
Pouco a pouco, as leis anti-judeus foram surgindo nestes países e foram sendo publicadas e aplicadas, mas mesmo assim milhares de judeus, principalmente aqueles cidadãos de classe média e alta, da academia, da literatura, da música  e muitos mais, deram pouca atenção a isso interpretando que seus status nas referidas comunidades acabariam prevalecendo sobre suas origens judaicas.
Ledo engano. O antissemitismo e o racismo desses povos foram sendo incitados e impregnaram a consciência coletiva da Europa. A onda racista culpava os judeus por todos os defeitos do mundo, especificamente pelo controle das finanças, das comunicações, ou simplesmente por serem diferentes, com uma cultura e tradição próprias.
Entretanto, com o passar dos dias, meses e anos, o judeu perfeitamente adaptado nesses países percebeu que não passaria incólume da desgraça.
A perseguição alcançaria todo e qualquer judeu. Mesmo aqueles casados com pessoas de origens diferentes seriam cruelmente atacados e suas posições nas respectivas sociedades não os protegeria da tragédia. Suas casas, suas riquezas, suas posições como pessoas diferenciadas não lhes valeriam para nada. Foram todos engolidos no que seria o maior e pior plano de destruição do povo judeu.
Entretanto, a comunidade judaica parece ter esquecido um pouco desta história. Apesar de termos sobrevivido ao nazismo e fascismo, ainda acreditamos que passaremos incólumes a uma nova e crescente onda de antissemitismo.
Milhares de judeus pensam que este ódio que está renascendo tem tudo a ver com a postura do Estado de Israel e as posturas palestinas.
Existe a crença de que tudo isso passará quando o conflito árabe- israelense tiver sido resolvido. Vemos inclusive muitos judeus que protestam contra Israel, porque consideram o país como opressor.
É fato que a política de Israel intensifica a tendência anti judaica do mundo, mas, infelizmente o problema é muito maior.
O ódio contra judeus pelo simples fato de serem judeus ressurge de uma forma muito semelhante aos anos pré Segunda Guerra Mundial.
Tanto na Europa quanto nos Estados Unidos acontecem demonstrações que utilizam as mesmas frases nazistas de um passado recente.
“Fora Judeus” “Morte aos Judeus” aparecem em protestos contra nosso povo. A manifestação mais recente aconteceu na Polônia, é a prova mais contundente desse ódio puro, mas inúmeros países nobres têm presenciado e ignorado muitas passeatas com estas características.
Os símbolos efetivamente judaicos são motivos também para agressões e impropérios racistas. O judeu não se sente mais seguro nas ruas da Europa, mas muitos alimentam a ideia que tudo passará com a paz em Israel.
Não. O que ocorre é produto puro e intransigente do antissemitismo mostrando sua face novamente.
Subir no ônibus com uma kipá e ser selvagemente agredido por isso, bombas diante de nossas sinagogas e esfaqueamento de religiosos, agressões vocais e físicas contra nós cada vez mais são parte do cotidiano na Europa.
O movimento ariano nos Estados Unidos está aumentando cada vez mais e consideram o judeu como um povo inferior.
O discurso geral novamente atribui ao judeu como detentor das finanças do mundo e do controle dos meios de comunicação. Afirmam que o judeu e o judaísmo são o veneno que assola o mundo. Começamos novamente a ser indesejados e mais uma vez somos o bode expiatório para as classes políticas tanto da direita quanto da esquerda.
Sim, hoje temos Israel como nosso porto seguro, com seu compromisso de receber todos os judeus do mundo, mas o perigo é que continuemos a nos sentirmos ingenuamente cidadãos dos nossos países de origem e nos considerarmos imunes a este ódio puro que renasce.
O temor é que só abriremos os olhos quando for tarde demais.
Parece que a história do Holocausto e as políticas públicas de promoção de diversidade já não nos valem para nada. Mesmo os discursos de tolerância que nossos líderes pregam parecem ser incapazes de garantir um futuro mais justo e a extinção do antissemitismo crescente.
A resposta para tudo isso pode ser Israel, mas temos que ficar alertas para não sermos humilhados pelo mundo novamente.

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