Mongólia escolhe Presidente: criador de cavalos, ex-estrela de judo ou mestre de feng shui?
26.06.2017 às 12h19
O distante país asiático vai hoje às urnas, depois de uma campanha marcada por suspeitas de corrupção e pela preocupação com a crise económica no país
As urnas estão abertas na Mongólia e decorre a votação para a escolha do novo Presidente. A campanha eleitoral foi dominada pelas suspeitas de corrupção e pela apreensão com a situação financeira do país.
O Presidente cessante,Tsakhia Elbegdorj, do Partido Democrata (DP, liberal conservador) não pôde concorrer, por já ter cumprido o limite de dois mandatos de quatro anos. Ao seu lugar concorrem o presidente do Parlamento, Miyeegombyn Enkhbold, do Partido do Povo Mongol (MPP, social-democrata, hoje no Governo), o ex-deputado e ex-ministro Battulga Khaltmaa (DP), que fez carreira desportiva na luta livre e no judo, e Sainkhüügiin Ganbaatar, do Partido Revolucionário do Povo Mongol (social-democrata).
Se nenhum dos candidatos obtiver uma maioria absoluta de votos, haverá uma segunda volta. O regime da Mongólia é semipresidencialista, pelo que o chefe de Estado pode vetar leis aprovadas pelo Parlamento e nomear o primeiro-ministro, em articulação com o ramo legislativo.
Battulga foi lutador de luta-livre e sambo (arte marcial soviética de que foi campeão mundial), e presidente da Federação de Judo da Mongólia. Foi durante o seu mandato que o país teve a sua primeira medalha de ouro nos jogos olímpicos (Pequim 2008, judo). Também foi pintor e empresário de imobiliário e hotelaria, atividade em que também é suspeito de deter contas offshore não declaradas.
Enkhbold anuncia-se como criador de cavalos, embora tenha sido primeiro-ministro em 2007 e, antes disso, presidente da Câmara da capital, Ulan Bator (1999-2005). Apesar de se declarar humilde e rural, tem uma fortune de milhões e foi acusado de corrupção enquanto autarca.
Quanto a Ganbaatar, foi o último a declarar a candidatura e deverá, por isso, provocar a primeira ida a uma segunda volta em presidenciais na Mongólia. Sindicalista e nacionalista, repudia o investimento externo e, antes de entrar na vida política, tinha uma escola de feng shui.
A nação de três milhões de habitantes, que foi um oásis de estabilidade democrática desde o final do regime comunista há quase três décadas, enfrenta agora uma séria crise económica, a que acrescem acusações várias de corrupção entre a classe dominante.