(Bloomberg) — Os comentários do presidente da Rússia, Vladimir Putin, de que vai esperar para tomar a vacina Sputnik V contra o coronavírus devido à sua idade repercutiram na Argentina, onde o governo planeja usar o imunizante para vacinar inicialmente grupos prioritários, incluindo idosos.
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, de 61 anos, disse na semana passada que os primeiros suprimentos da vacina russa deveriam chegar antes do fim do ano e que ele seria o primeiro da fila a tomá-la para reduzir quaisquer preocupações. A Argentina planeja administrar a vacina a 10 milhões de pessoas nos primeiros meses de 2021, com a possibilidade de mais 5 milhões de doses em março.
A Sputnik V finaliza os dados do ensaio com 110 voluntários de 60 anos ou mais, e os resultados são esperados até o fim do mês, de acordo com o Fundo de Investimento Direto Russo (RDIF, na sigla em inglês). Até o momento, as autoridades não encorajaram idosos a tomarem a vacina, mas também não proibiram.
“Nenhum problema de segurança com a Sputnik V foi determinado com voluntários idosos”, disse o RDIF em comunicado. “O desenvolvedor da vacina está analisando os dados clínicos e preparando um relatório que será usado pelo Ministério da Saúde para decidir sobre o uso da vacina contra a Covid-19 para grupos da população com mais idade.”
Os comentários de Putin foram destaque nas páginas dos principais sites da mídia na Argentina na quinta-feira.
Uma equipe liderada pela secretária de Acesso à Saúde, Carla Vizzotti, está atualmente em Moscou como parte de uma revisão que ainda exigirá a aprovação da reguladora ANMAT na Argentina. Vizzotti disse a uma estação de rádio local que a eficiência da Sputnik está sendo monitorada e que a Rússia está finalizando os dados dos ensaios.
A Rússia já iniciou um programa de vacinação em massa no país para pessoas de 18 a 60 anos. Autoridades estimam a eficácia da vacina em 91,4%.
A Argentina vai aguardar o resultado final antes de importar as vacinas por avião para Buenos Aires, disse uma pessoa com conhecimento direto do assunto. Fernández não tomará a vacina a menos que seja comprovadamente eficaz para sua faixa etária, disse a pessoa, que pediu para não ser identificada.
“É muito desconfortável para o governo argentino”, disse Jimena Blanco, diretora de pesquisa para a América Latina da consultoria Verisk Maplecroft, em Buenos Aires. “Isso pode ser uma grande decepção para os eleitores da coalizão, já que a vacina seria uma das conquistas que Fernández poderia promover”, afirmou em entrevista por telefone.
Fernández não mencionou os ensaios pendentes da Sputnik quando anunciou o acordo com a Rússia durante conferência de imprensa em 10 de dezembro.
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