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sexta-feira, 27 de março de 2020

Coronavírus: crítica ao isolamento por motivos econômicos não está baseada em dados ou estudos

Coronavírus: crítica ao isolamento por motivos econômicos não está baseada em dados ou estudos
Clarice Cardoso, do UOL, em São Paulo
Há dias, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem estimulado o fim da quarentena e o retorno da população ao trabalho, defendendo o isolamento parcial contra a pandemia de covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. A medida, contudo, contraria orientações de autoridades mundiais em saúde e levou o prefeito de Milão, Giuseppe Sala, pedisse desculpas por um vídeo que endossava a ideia.
Médicos ouvidos pelo UOL também desaconselham o isolamento parcial. Apesar das claras orientações de profissionais da saúde, apoiadores do presidente têm promovido atos incitando a população a voltar às ruas a fim de combater os impactos da pandemia na economia. Estudos comprovam, porém que o fim do isolamento social não impedirá a recessão econômica: a redução no consumo e no trabalho, por si só, já impacta a economia.
Além disso, em reuniões com secretários estaduais de diversos estados, autoridades federais admitem não ter estudos que embasem a orientação. Mesmo assim, o presidente apareceu em rede nacional, nesta sexta-feira, dizendo em entrevista à Band não acreditar nos números oficiais e voltando a orientar o fim do isolamento adotado em todo o mundo: "Quem pode trabalhar tem que voltar a trabalhar. (...) Alguns vão morrer, lamento, é a vida".
Na contramão dessa opinião estão o presidente da Câmara, Rodrigo Maia — que afirmou que o fim precoce do isolamento pode provocar uma tragédia no país — e do próprio ministro da Economia, Paulo Guedes — que, apesar de amenizar a fala de Bolsonaro, defendeu o isolamento durante o que chama de "primeira onda" da pandemia. Ele próprio, que aos 70 anos é considerado parte do grupo de risco, tem se mantido em isolamento em sua casa no Rio de Janeiro.

Covid-19 em números

O número de casos de covid-19 no Brasil segue crescendo. Hoje, o Ministério da Saúde anunciou que subiu para 92 o número de pessoas que morreram em decorrência da covid-19: 15 novas mortes em 24 horas. No total, o país tem 3.407 casos oficiais. Os dados indicam: 145 casos no Norte; 539 no Nordeste; 318 no Centro-Oeste; 1.952 no Sudeste; e 463 no Sul. No mundo, os números também não param de crescer, com a Espanha (769 óbitos) e Itália (969) registrando recordes em 24 horas. Já no Reino Unido o primeiro-ministro britânico Boris Johnson anunciou que foi diagnosticado com covid-19.

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